O número de auxílios por incapacidade temporária concedidos pelo INSS a trabalhadores diagnosticados com ludopatia, transtorno mental relacionado ao vício em jogos de aposta, saltou mais de 2.300% em apenas dois anos. 

O dado, revelado por reportagem do Intercept Brasil, expõe um novo e alarmante efeito colateral da explosão das “bets” no país.

O que é ludopatia?

Ludopatia é o nome dado ao transtorno mental caracterizado pelo vício patológico em jogos de aposta. É quando a pessoa perde o controle sobre o ato de apostar, mesmo sabendo dos prejuízos financeiros e pessoais que isso pode trazer. 

Transtorno do jogo cresce entre jovens

Entre junho de 2023 e abril de 2025, foram 276 benefícios concedidos por ludopatia. O perfil majoritário é de homens (73%) entre 18 e 39 anos, faixa etária que representa a força de trabalho em plena atividade. Além disso, pelo menos 7% dos segurados afastados por ludopatia possuem filhos.

Quando o vício vira disputa na Justiça do Trabalho?

Os impactos da ludopatia vão além do INSS e chegam aos tribunais trabalhistas. Um ex-gerente bancário, por exemplo, “conseguiu renovar judicialmente o benefício de auxílio-doença após o fim do período concedido pelo INSS”, afirma pesquisa do Intercept Brasil. 

Agora, ele tenta reverter na Justiça sua demissão por justa causa. Em outro caso, um servidor público que desviou R$ 1,5 milhão para apostas também obteve afastamento por incapacidade e move ação contra o Estado.

Previdência sem preparo para o novo perfil de incapacidade

O aumento de licença por ludopatia expõe lacunas no sistema previdenciário. Não há diretrizes específicas para avaliação pericial do transtorno nem programas de reabilitação profissional voltados a esse público. Especialistas alertam para a urgência de integração entre saúde, assistência social, trabalho e previdência, sob o risco de a falta de políticas adequadas agravar ainda mais o impacto econômico e social do vício em apostas.

Fontes: Intercept Brasil e IEPREV.

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