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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. CONJUNTO NÃO HARMÔNICO. CONDIÇÃO DE RURÍCOLA NÃO COMPROVADA. TRF3. 0007369-40.2016.4.03.9999...

Data da publicação: 11/07/2020, 19:15:53

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. CONJUNTO NÃO HARMÔNICO. CONDIÇÃO DE RURÍCOLA NÃO COMPROVADA. I- As provas exibidas não constituem um conjunto harmônico aptas a colmatar a convicção no sentido de que a parte autora exerceu atividade no campo no período exigido em lei. A presente ação foi ajuizada em 19/11/12, sendo que a parte autora implementou o requisito etário em 11/5/12 (fls. 12). Relativamente à prova de condição de rurícola da parte autora, encontram-se acostadas à exordial as cópias dos seguintes documentos: 1. Certidão de casamento da parte autora (fls. 13), celebrado em 26/6/75, constando a qualificação de lavrador de seu marido; 2. CTPS de seu marido (fls. 15), sem registro de atividades; 3. Contratos de parceria agrícola (fls. 16/18 e 20/34), firmados em 25/9/79, 7/3/84, 6/5/87, 5/5/93, 5/5/96, 10/5/99 e 10/5/00, constando o cônjuge da requerente como parceiro agricultor e lavrador; 4. Declarações de exercício de atividade rural do marido da autora nos períodos de 1975 a 2001 (fls. 35/36); 5. Ficha de cadastro de trabalhador produtor rural do FUNRURAL (fls. 37/39), datada de 7/4/81, em nome de seu marido; 6. Proposta de orçamento de crédito rural (fls. 39), datada de 2/4/84, em nome de seu cônjuge; 7. Proposta de orçamento de custeio agrícola (fls. 40), datada de 13/4/83, em nome de seu marido; 8. Autorização de impressão de talonário de produtor (fls. 41), datada de 13/10/76, em nome de seu marido; 9. Nota fiscal de compra de produto agrícola (fls. 42), datada de 1983 e 10. Notas fiscais de produtor dos anos de 1977 e 1983 (fls. 42/44), em nome do cônjuge da parte autora. No entanto, conforme consulta realizada no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS (fls. 54/56), verifica-se que a parte autora filiou-se ao Regime Geral da Previdência Social como contribuinte "Doméstico" e forma de filiação "Empregado doméstico" em 1º/2/02, com recolhimentos no período de fevereiro/02 a março/05, motivo pelo qual entendo não ser aplicável a jurisprudência no sentido de que a qualificação de lavrador do marido é extensível à esposa. Outrossim, conforme consulta no Cadastro Nacional de Informações Sociais e no Sistema Único de Benefícios - DATAPREV, cuja juntada ora determino, observa-se que o marido da demandante possui registro de atividade urbana no período de 18/3/98 a 15/6/98, efetuou recolhimento como "Empregado doméstico" de 1º/9/01 a 31/5/05, recebeu auxílio doença previdenciário no ramo de atividade "COMERCIÁRIO" e forma de filiação "EMPREGADO DOMÉSTICO" de 5/4/06 a 15/7/07, bem como recebe amparo social à pessoa portadora de deficiência no mesmo ramo de atividade e forma de filiação desde 5/3/15. II- Os depoimentos das testemunhas arroladas (fls. 89 - CDROM) mostram-se contraditórios com os documentos acostados aos autos. Isso porque as testemunhas afirmaram que a parte autora sempre trabalhou no campo e que nunca exerceu atividades urbanas, ao contrário da informação constante na consulta realizada no CNIS. Quadra acrescentar que as declarações de terceiros (fls. 35/36) atestando o exercício de atividade no campo do marido da autora não constituem início de prova material. Tais documentos não são contemporâneos ao período objeto das declarações, bem como constituem reduções a termo de prova meramente testemunhal. III- Não foram preenchidos os requisitos necessários à concessão do benefício, consoante dispõe a Lei de Benefícios. Precedentes jurisprudenciais. IV- Apelação provida. Tutela antecipada revogada. (TRF 3ª Região, OITAVA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2141221 - 0007369-40.2016.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA, julgado em 27/06/2016, e-DJF3 Judicial 1 DATA:11/07/2016 )


Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

D.E.

Publicado em 12/07/2016
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0007369-40.2016.4.03.9999/SP
2016.03.99.007369-0/SP
RELATOR:Desembargador Federal NEWTON DE LUCCA
APELANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
PROCURADOR:SP124688 ELISA ALVES DOS SANTOS LIMA
ADVOGADO:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
APELADO(A):NEIDE APARECIDA UVINHA MIGUEL
ADVOGADO:SP155617 ROSANA SALES QUESADA
No. ORIG.:00020947120128260301 1 Vr JARINU/SP

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. CONJUNTO NÃO HARMÔNICO. CONDIÇÃO DE RURÍCOLA NÃO COMPROVADA.
I- As provas exibidas não constituem um conjunto harmônico aptas a colmatar a convicção no sentido de que a parte autora exerceu atividade no campo no período exigido em lei. A presente ação foi ajuizada em 19/11/12, sendo que a parte autora implementou o requisito etário em 11/5/12 (fls. 12). Relativamente à prova de condição de rurícola da parte autora, encontram-se acostadas à exordial as cópias dos seguintes documentos: 1. Certidão de casamento da parte autora (fls. 13), celebrado em 26/6/75, constando a qualificação de lavrador de seu marido; 2. CTPS de seu marido (fls. 15), sem registro de atividades; 3. Contratos de parceria agrícola (fls. 16/18 e 20/34), firmados em 25/9/79, 7/3/84, 6/5/87, 5/5/93, 5/5/96, 10/5/99 e 10/5/00, constando o cônjuge da requerente como parceiro agricultor e lavrador; 4. Declarações de exercício de atividade rural do marido da autora nos períodos de 1975 a 2001 (fls. 35/36); 5. Ficha de cadastro de trabalhador produtor rural do FUNRURAL (fls. 37/39), datada de 7/4/81, em nome de seu marido; 6. Proposta de orçamento de crédito rural (fls. 39), datada de 2/4/84, em nome de seu cônjuge; 7. Proposta de orçamento de custeio agrícola (fls. 40), datada de 13/4/83, em nome de seu marido; 8. Autorização de impressão de talonário de produtor (fls. 41), datada de 13/10/76, em nome de seu marido; 9. Nota fiscal de compra de produto agrícola (fls. 42), datada de 1983 e 10. Notas fiscais de produtor dos anos de 1977 e 1983 (fls. 42/44), em nome do cônjuge da parte autora. No entanto, conforme consulta realizada no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS (fls. 54/56), verifica-se que a parte autora filiou-se ao Regime Geral da Previdência Social como contribuinte "Doméstico" e forma de filiação "Empregado doméstico" em 1º/2/02, com recolhimentos no período de fevereiro/02 a março/05, motivo pelo qual entendo não ser aplicável a jurisprudência no sentido de que a qualificação de lavrador do marido é extensível à esposa. Outrossim, conforme consulta no Cadastro Nacional de Informações Sociais e no Sistema Único de Benefícios - DATAPREV, cuja juntada ora determino, observa-se que o marido da demandante possui registro de atividade urbana no período de 18/3/98 a 15/6/98, efetuou recolhimento como "Empregado doméstico" de 1º/9/01 a 31/5/05, recebeu auxílio doença previdenciário no ramo de atividade "COMERCIÁRIO" e forma de filiação "EMPREGADO DOMÉSTICO" de 5/4/06 a 15/7/07, bem como recebe amparo social à pessoa portadora de deficiência no mesmo ramo de atividade e forma de filiação desde 5/3/15.
II- Os depoimentos das testemunhas arroladas (fls. 89 - CDROM) mostram-se contraditórios com os documentos acostados aos autos. Isso porque as testemunhas afirmaram que a parte autora sempre trabalhou no campo e que nunca exerceu atividades urbanas, ao contrário da informação constante na consulta realizada no CNIS. Quadra acrescentar que as declarações de terceiros (fls. 35/36) atestando o exercício de atividade no campo do marido da autora não constituem início de prova material. Tais documentos não são contemporâneos ao período objeto das declarações, bem como constituem reduções a termo de prova meramente testemunhal.
III- Não foram preenchidos os requisitos necessários à concessão do benefício, consoante dispõe a Lei de Benefícios. Precedentes jurisprudenciais.
IV- Apelação provida. Tutela antecipada revogada.


ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação e revogar a tutela antecipada anteriormente concedida, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.


São Paulo, 27 de junho de 2016.
Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator


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Data e Hora: 27/06/2016 17:10:09



APELAÇÃO CÍVEL Nº 0007369-40.2016.4.03.9999/SP
2016.03.99.007369-0/SP
RELATOR:Desembargador Federal NEWTON DE LUCCA
APELANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
PROCURADOR:SP124688 ELISA ALVES DOS SANTOS LIMA
ADVOGADO:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
APELADO(A):NEIDE APARECIDA UVINHA MIGUEL
ADVOGADO:SP155617 ROSANA SALES QUESADA
No. ORIG.:00020947120128260301 1 Vr JARINU/SP

RELATÓRIO

O SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA (RELATOR): Trata-se de ação ajuizada em face do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social visando à concessão de aposentadoria rural por idade.

Foram deferidos à autora os benefícios da assistência judiciária gratuita.

O Juízo a quo julgou procedente o pedido, concedendo o benefício requerido a partir da citação, acrescido de correção monetária e de juros moratórios nos termos da Lei nº 11.960/09 a contar da citação. Os honorários advocatícios foram arbitrados em 6% sobre o valor das parcelas vencidas (Súmula nº 111 do C. STJ). Sem custas e despesas processuais. Por fim, concedeu a tutela antecipada.

Inconformado, apelou o Instituto, alegando em síntese:

- a improcedência do pedido, tendo em vista a ausência de início de prova material para comprovar a condição de rurícola da parte autora;

- que o único documento juntado em nome da parte autora consta a atividade como empregada doméstica e

- que seu cônjuge percebe amparo social à pessoa portadora por deficiência na forma de filiação "EMPREGADO DOMÉSTICO".

Com contrarrazões, nas quais a parte autora sustenta o exercício de atividade no campo no período exigido em lei, subiram os autos a esta E. Corte.

Encaminhados os autos ao Gabinete da Conciliação, determinou a Exma. Desembargadora Federal Coordenadora: "Considerando a manifestação da Procuradoria Regional Federal da 3ª Região, solicitando a suspensão das Resoluções 397/10 e 460/12 no que pertine à distribuição e respectivo encaminhamento para eventual conciliação das matérias relativas à aposentadoria por idade rural e salário-maternidade, encaminhem-se os autos aos Srs. Desembargadores Relatores" (fls. 118).

É o breve relatório.

Inclua-se o presente feito em pauta de julgamento (art. 931, do CPC).

Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator


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Data e Hora: 23/05/2016 16:14:44



APELAÇÃO CÍVEL Nº 0007369-40.2016.4.03.9999/SP
2016.03.99.007369-0/SP
RELATOR:Desembargador Federal NEWTON DE LUCCA
APELANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
PROCURADOR:SP124688 ELISA ALVES DOS SANTOS LIMA
ADVOGADO:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
APELADO(A):NEIDE APARECIDA UVINHA MIGUEL
ADVOGADO:SP155617 ROSANA SALES QUESADA
No. ORIG.:00020947120128260301 1 Vr JARINU/SP

VOTO

O SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA (RELATOR): Merece prosperar o recurso interposto pela autarquia.

Dispunha o art. 143 da Lei nº 8.213/91, com a redação dada pela Lei n.º 9.063/95, in verbis:


"O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea 'a' do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de 1 (um) salário mínimo, durante 15 (quinze) anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício."

O prazo para o trabalhador rural requerer a aposentadoria prevista no artigo acima mencionado foi prorrogado até 31/12/10, nos termos do art. 2º da Lei nº 11.718, de 20/6/08.

Por sua vez, dispõe o art. 48 da Lei de Benefícios, com a redação dada pela Lei nº 11.718/08:


"A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.

§ 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea "a" do inciso I, na alínea "g" do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.

§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9º do art. 11 desta Lei.

(...)"


Da simples leitura dos dispositivos legais, depreende-se que os requisitos para a concessão da aposentadoria por idade ao trabalhador rural compreendem a idade e a comprovação de efetivo exercício de atividade no campo em número de meses idêntico à carência do referido benefício.


Passo à análise do caso concreto.

A presente ação foi ajuizada em 19/11/12, sendo que a parte autora implementou o requisito etário em 11/5/12 (fls. 12).

Relativamente à prova da condição de rurícola da parte autora, encontram-se acostadas à exordial as cópias dos seguintes documentos:


1. Certidão de casamento da parte autora (fls. 13), celebrado em 26/6/75, constando a qualificação de lavrador de seu marido;

2. CTPS de seu marido (fls. 15), sem registro de atividades;

3. Contratos de parceria agrícola (fls. 16/18 e 20/34), firmados em 25/9/79, 7/3/84, 6/5/87, 5/5/93, 5/5/96, 10/5/99 e 10/5/00, constando o cônjuge da requerente como parceiro agricultor e lavrador;

4. Declarações de exercício de atividade rural do marido da autora nos períodos de 1975 a 2001 (fls. 35/36);

5. Ficha de cadastro de trabalhador produtor rural do FUNRURAL (fls. 37/39), datada de 7/4/81, em nome de seu marido;

6. Proposta de orçamento de crédito rural (fls. 39), datada de 2/4/84, em nome de seu cônjuge;

7. Proposta de orçamento de custeio agrícola (fls. 40), datada de 13/4/83, em nome de seu marido;

8. Autorização de impressão de talonário de produtor (fls. 41), datada de 13/10/76, em nome de seu marido;

9. Nota fiscal de compra de produto agrícola (fls. 42), datada de 1983 e

10. Notas fiscais de produtor dos anos de 1977 e 1983 (fls. 42/44), em nome do cônjuge da parte autora.


No entanto, conforme consulta realizada no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS (fls. 54/56), verifica-se que a parte autora filiou-se ao Regime Geral da Previdência Social como contribuinte "Doméstico" e forma de filiação "Empregado doméstico" em 1º/2/02, com recolhimentos no período de fevereiro/02 a março/05, motivo pelo qual entendo não ser aplicável a jurisprudência no sentido de que a qualificação de lavrador do marido é extensível à esposa.

Outrossim, conforme consulta no Cadastro Nacional de Informações Sociais e no Sistema Único de Benefícios - DATAPREV, cuja juntada ora determino, observa-se que o marido da demandante possui registro de atividade urbana no período de 18/3/98 a 15/6/98, efetuou recolhimento como "Empregado doméstico" de 1º/9/01 a 31/5/05, recebeu auxílio doença previdenciário no ramo de atividade "COMERCIÁRIO" e forma de filiação "EMPREGADO DOMÉSTICO" de 5/4/06 a 15/7/07, bem como recebe amparo social à pessoa portadora de deficiência no mesmo ramo de atividade e forma de filiação desde 5/3/15.

Dessa forma, as provas exibidas não constituem um conjunto harmônico aptas a colmatar a convicção no sentido de que a parte autora exerceu atividade no campo no período exigido em lei, máxime no presente caso, no qual os depoimentos das testemunhas arroladas (fls. 89 - CDROM) mostram-se contraditórios com os documentos acostados aos autos. Isso porque as testemunhas afirmaram que a parte autora sempre trabalhou no campo e que nunca exerceu atividades urbanas, ao contrário da informação constante na consulta realizada no CNIS.

Versando sobre a matéria em análise, merece destaque o acórdão abaixo, in verbis:


"RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. VALORAÇÃO DE PROVA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL. INOCORRÊNCIA.

1. O conhecimento do recurso especial fundado na alínea "c" da Constituição da República requisita, em qualquer caso, a transcrição dos trechos dos acórdãos que configurem o dissídio, mencionando-se as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados, não se oferecendo, como bastante, a simples transcrição de ementas, votos ou notícias de julgamento.

2. 'A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.' (artigo 55, parágrafo 3º, da Lei 8.213/91).

3. O início de prova material, de acordo com a interpretação sistemática da lei, é aquele feito mediante documentos que comprovem o exercício da atividade nos períodos a serem contados, devendo ser contemporâneos dos fatos a comprovar, indicando, ainda, o período e a função exercida pelo trabalhador.

4. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que para fins de concessão do benefício de aposentadoria por idade, o início de prova material deverá ser corroborado por idônea e robusta prova testemunhal.

5. Em havendo o acórdão recorrido afirmado que, a par de não bastante à demonstração do tempo de serviço a prova documental, a testemunhal era insuficiente à comprovação da atividade rural desempenhada pelo segurado, a preservação da improcedência do pedido de aposentadoria por idade é medida que se impõe.

6. Ademais, a 3ª Seção desta Corte tem firme entendimento no sentido de que a simples declaração prestada em favor do segurado, sem guardar contemporaneidade com o fato declarado, carece da condição de prova material, exteriorizando, apenas, simples testemunho escrito que, legalmente, não se mostra apto a comprovar a atividade laborativa para fins previdenciários (EREsp 205.885/SP, Relator Ministro Vicente Leal, in DJ 30/10/2000).

7. Recurso não conhecido."

(STJ, REsp. n.º 434.015, 6ª Turma, Relator Min. Hamilton Carvalhido, j. 20/02/03, DJ 17/03/03, p. 299, v.u., grifos meus)


Quadra acrescentar que as declarações de terceiros (fls. 35/36) atestando o exercício de atividade no campo do marido da autora não constituem início de prova material. Tais documentos não são contemporâneos ao período objeto das declarações, bem como constituem reduções a termo de prova meramente testemunhal.

Com efeito, os indícios de prova material, singularmente considerados, não são, por si sós, suficientes para formar a convicção do magistrado. Nem tampouco as testemunhas provavelmente o seriam. Mas apenas a conjugação de ambos os meios probatórios - todos juridicamente idôneos para formar a convicção do juiz - tornaria inquestionável a comprovação da atividade laborativa rural.

O beneficiário da assistência judiciária gratuita não deve ser condenado ao pagamento de custas e honorários advocatícios, conforme a jurisprudência pacífica da Terceira Seção desta E. Corte.

Ante o exposto, dou provimento à apelação do INSS para julgar improcedente o pedido, revogando a tutela antecipada anteriormente concedida.

É o meu voto.




Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator


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Data e Hora: 27/06/2016 17:10:05



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