
POLO ATIVO: CLARICE MAZETE CARVALHO DOS SANTOS
REPRESENTANTE(S) POLO ATIVO: VALERIA APARECIDA SOLDA DE LIMA - MT9495-A e NAJLA MILENA CASTRO DA SILVA - MT13630-A
POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
RELATOR(A):CANDICE LAVOCAT GALVAO JOBIM

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
GABINETE DA DESEMBARGADORA FEDERAL CANDICE LAVOCAT GALVÃO JOBIM
APELAÇÃO CÍVEL (198)1014960-46.2023.4.01.9999
APELANTE: CLARICE MAZETE CARVALHO DOS SANTOS
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
RELATÓRIO
A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL CANDICE LAVOCAT GALVÃO JOBIM (RELATORA):
Trata-se de apelação interposta pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o pedido de auxílio-reclusão, para recebimento das parcelas atrasadas no período de 24/09/2008 a 31/05/2009.
Nas razões recursais (ID 337869126), a parte autora alega que faz jus ao recebimento das parcelas atrasadas do benefício uma vez que, na data da prisão do contribuinte previdenciário em 24/09/2008, os filhos do casal Fabricio Henrique Carvalhos dos Santos e Rafael Carvalho dos Santos eram menores de 16 (dezesseis) anos. Sustenta que, em 16/12/2013, realizou pedido de revisão de benefício, o qual foi julgado parcialmente procedente, concedendo-lhe o pagamento do auxílio-reclusão de 16/12/2008 a 30/05/2009, quando, na verdade, o período devido é de 24/09/2008 a 31/05/2009.
Não houve apresentação de contrarrazões.
A Procuradoria Regional da República opinou pela ausência de interesse jurídico na demanda.
É o relatório.
ASSINADO DIGITALMENTE
Candice Lavocat Galvão Jobim
Desembargadora Federal
Relatora

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
GABINETE DA DESEMBARGADORA FEDERAL CANDICE LAVOCAT GALVÃO JOBIM
APELAÇÃO CÍVEL (198)1014960-46.2023.4.01.9999
APELANTE: CLARICE MAZETE CARVALHO DOS SANTOS
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
VOTO
A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL CANDICE LAVOCAT GALVÃO JOBIM (RELATORA):
Pretende a recorrente demonstrar que faz jus ao recebimento das parcelas atrasadas do benefício de auxílio-reclusão desde a data do encarceramento do instituidor, uma vez que, na data da prisão em 24/09/2008, os filhos do casal Fabricio Henrique Carvalhos dos Santos e Rafael Carvalho dos Santos eram menores de 16 (dezesseis) anos.
O auxílio-reclusão está previsto dentre os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, nos termos do art. 18, II, b, e do art. 80, ambos da Lei nº. 8.213/91, segundo o qual ela será devida, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.
A jurisprudência do STJ assentou que os requisitos para a concessão do benefício devem ser verificados no momento do recolhimento à prisão, em observância ao princípio tempus regit actum.
No caso dos autos, a qualidade de segurado do instituidor do benefício não foi objeto recursal.
A parte autora objetiva a revisão do benefício de auxílio-reclusão concedido com data inicial em 16/12/2008 a 30/05/2009, para que conste como data inicial a data de 24/09/2008, momento em que foi efetuada a prisão de Nelson Lima dos Santos.
Os requerentes preencheram todos os requisitos legais para a percepção do benefício de auxílio-reclusão, a saber: a) são filhos do instituidor (certidão de nascimento anexa aos autos) e gozam da presunção de dependência econômica em relação a ele (art. 16, I, da Lei 8.213/1991); b) na data da prisão (24/09/2008), seu genitor mantinha a qualidade de segurado da Previdência Social; c) o instituidor esteve preso de 24/09/2008 a 31/08/2012.
Conforme se apura da certidão de nascimento juntada aos autos, RAFAEL CARVALHO DOS SANTOS, nascido em 09/04/1996, e FABRÍCIO HENRIQUE CARVALHO DOS SANTOS, nascido em 20/02/1994, eram menores de 16 anos na data da prisão do segurado. Portanto, contra eles não fluiu o prazo prescricional (art. 3º c/c art. 198, I, ambos do CC). Consequentemente, mesmo tendo sido apresentado o pedido de revisão em 16/12/2013, o termo inicial do benefício será a data da prisão ocorrida em 24/09/2008, devendo ser pago até a data de 31/05/2009.
Sobre o montante da condenação incidirão correção monetária e juros de mora nos termos estabelecidos pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal atualizado, observados os parâmetros estabelecidos no RE 870.947 (Tema 810/STF) e no REsp 1.492.221 (Tema 905/STJ), respeitada a prescrição quinquenal.
Inverto o ônus de sucumbência. Deixo de majorar os honorários advocatícios, em face do entendimento firmado pelo STJ no Tema 1.059 (Resp. n. 1865663/PR), segundo o qual a aplicação da norma inserta no art. 85, §11, do CPC pressupõe que o recurso tenha sido integralmente desprovido ou não conhecido pelo tribunal.
Ante o exposto, CONHEÇO do recurso, e no mérito, DOU PROVIMENTO à apelação da parte autora para determinar que o INSS efetue o pagamento das parcelas pretéritas do benefício de auxílio-reclusão no período de 24/09/2008 a 31/05/2009.
É como voto.
ASSINADO DIGITALMENTE
Candice Lavocat Galvão Jobim
Desembargadora Federal
Relatora

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
GABINETE DA DESEMBARGADORA FEDERAL CANDICE LAVOCAT GALVÃO JOBIM
APELAÇÃO CÍVEL (198)1014960-46.2023.4.01.9999
APELANTE: CLARICE MAZETE CARVALHO DOS SANTOS
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. REQUISITOS COMPROVADOS. PARCELAS PRETÉRITAS DEVIDAS. MENORES DE 16 ANOS. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DIB FIXADA NA DATA DA PRISÃO. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA.
1. Pretende a recorrente demonstrar que faz jus ao recebimento das parcelas atrasadas do benefício de auxílio-reclusão desde a data do encarceramento do instituidor, uma vez que, na data da prisão em 24/09/2008, os filhos do casal Fabricio Henrique Carvalhos dos Santos e Rafael Carvalho dos Santos eram menores de 16 (dezesseis) anos.
2. O auxílio-reclusão está previsto dentre os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, nos termos do art. 18, II, b, e do art. 80, ambos da Lei nº. 8.213/91, segundo o qual ela será devida, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.
3. A jurisprudência do STJ assentou que os requisitos para a concessão do benefício devem ser verificados no momento do recolhimento à prisão, em observância ao princípio tempus regit actum.
4. No caso dos autos, a qualidade de segurado do instituidor do benefício não foi objeto recursal.
5. A parte autora objetiva a revisão do benefício de auxílio-reclusão concedido com data inicial em 16/12/2008 a 30/05/2009, para que conste como data inicial a data de 24/09/2008, momento em que foi efetuada a prisão de Nelson Lima dos Santos.
6. Os requerentes preencheram todos os requisitos legais para a percepção do benefício de auxílio-reclusão, a saber: a) são filhos do instituidor (certidão de nascimento anexa aos autos) e gozam da presunção de dependência econômica em relação a ele (art. 16, I, da Lei 8.213/1991); b) na data da prisão (24/09/2008), seu genitor mantinha a qualidade de segurado da Previdência Social; c) o instituidor esteve preso de 24/09/2008 a 31/08/2012.
7. Conforme se apura da certidão de nascimento juntada aos autos, RAFAEL CARVALHO DOS SANTOS, nascido em 09/04/1996, e FABRÍCIO HENRIQUE CARVALHO DOS SANTOS, nascido em 20/02/1994, eram menores de 16 anos na data da prisão do segurado. Portanto, contra eles não fluiu o prazo prescricional (art. 3º c/c art. 198, I, ambos do CC). Consequentemente, mesmo tendo sido apresentado o pedido de revisão em 16/12/2013, o termo inicial do benefício será a data da prisão ocorrida em 24/09/2008, devendo ser pago o benefício até 31/05/2009.
8. Sobre o montante da condenação incidirão correção monetária e juros de mora nos termos estabelecidos pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal atualizado, observados os parâmetros estabelecidos no RE 870.947 (Tema 810/STF) e no REsp 1.492.221 (Tema 905/STJ), respeitada a prescrição quinquenal.
9. Apelação da parte autora provida.
ACÓRDÃO
Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por unanimidade, DAR PROVIMENTO ao recurso de apelação da parte autora, nos termos do voto da Relatora.
Brasília, na data lançada na certidão do julgamento.
ASSINADO DIGITALMENTE
Candice Lavocat Galvão Jobim
Desembargadora Federal
Relatora
