
POLO ATIVO: RICHELY SOUSA SILVA
REPRESENTANTE(S) POLO ATIVO: VINICIUS DEL BEM GONCALVES DA SILVA - MA19329-A
POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
RELATOR(A):URBANO LEAL BERQUO NETO

PROCESSO: 1029223-20.2022.4.01.9999 PROCESSO REFERÊNCIA: 0000153-49.2019.8.10.0087
CLASSE: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689)
POLO ATIVO: RICHELY SOUSA SILVA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: VINICIUS DEL BEM GONCALVES DA SILVA - MA19329-A
POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
RELATOR:Juiz Federal PAULO ROBERTO LYRIO PIMENTA
R E L A T Ó R I O
O EXMO. JUIZ FEDERAL PAULO ROBERTO LYRIO PIMENTA (relator convocado):
Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora em face de acórdão desta Nona Turma, ao argumento de existência de omissão e contradição constatadas no julgado.
Alega a embargante que a despeito da fundamentação do julgado no sentido de possibilidade de relativizar a coisa julgada nas lides previdenciárias, consignou ser imperativo que haja pretensão resistida de modo que, para possibilitar que se reclame o exercício da jurisdição, no caso de surgimento de novas provas, tais elementos de convicção devem ser primeiramente submetidos à autarquia previdenciária.
Assinala que a omissão do julgado reside no fato de que no caso dos autos, a autarquia previdenciária ao ser cientificada da presente demanda não levantou preliminar da existência da coisa julgada e apresentou contestação de mérito, firmando sua oposição ao direito da embargante, situação que demonstra pretensão resistida e evidencia o interesse de agir, independentemente de existir requerimento administrativo prévio.
Sob tais fundamentos, sustenta que nos termos do Tema 350 restou afastada a necessidade de prévia instauração de procedimento na instância administrativa, ensejando a possibilidade do exercício da jurisdição. Ao final, requereu acolhimento aos presentes aclaratórios para que, aplicando os efeitos modificativos, seja sanada a omissão apontada e no mérito, sane a contradição decorrente e possibilite apreciação quanto ao mérito da demanda.
Contrarrazões não apresentadas, embora regularmente oportunizado o contraditório.
É o relatório.

PROCESSO: 1029223-20.2022.4.01.9999 PROCESSO REFERÊNCIA: 0000153-49.2019.8.10.0087
CLASSE: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689)
POLO ATIVO: RICHELY SOUSA SILVA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: VINICIUS DEL BEM GONCALVES DA SILVA - MA19329-A
POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
RELATOR:Juiz Federal PAULO ROBERTO LYRIO PIMENTA
V O T O
O EXMO. JUIZ FEDERAL PAULO ROBERTO LYRIO PIMENTA (relator convocado):
Nos termos do art. 1.022 do Código de Processo Civil, os embargos de declaração se prestam para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia o juiz se pronunciar de ofício ou a requerimento ou para corrigir erro material.
Dessa forma, registra-se que os embargos de declaração não dão ensejo à reapreciação da matéria, tampouco à modificação do entendimento firmado no acórdão, uma vez que a mera discordância do lado embargante com o resultado do julgamento não se mostra compatível com a via integrativa.
A propósito, confira-se o seguinte julgado:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. INEXISTÊNCIA DOS VÍCIOS PREVISTOS NO ART. 1.022 DO CPC/2015. INCONFORMISMO DO EMBARGANTE. EFEITOS INFRINGENTES. INVIABILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. REJEIÇÃO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
1. A atribuição de efeitos infringentes, em sede de embargos de declaração, somente é admitida em casos excepcionais, os quais exigem, necessariamente, a ocorrência de omissão, contradição, obscuridade, ou erro material, vícios previstos no art. 1.022 do Código de Processo Civil de 2015.
2. A omissão no julgado que permite o acolhimento do recurso integrativo configura quando não houver apreciação de teses indispensáveis para o julgamento da controvérsia.
3. No caso dos autos, não existem os defeitos apontados pelo embargante, mas, apenas, entendimento contrário à sua pretensão recursal, de modo que é manifesta a intenção de rever os pontos analisados no julgado embargado, com a atribuição de efeitos infringentes ao recurso, o que é inviável em sede de embargos de declaração, em razão dos rígidos contornos processuais desta espécie de recurso.
4. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl nos EAREsp n. 623.637/AP, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Corte Especial, julgado em 4/10/2017, DJe de 11/10/2017.)
Assim, em que pesem os argumentos trazidos pela embargante, entendo que, no caso concreto, não há que se falar em omissão do v. acórdão a ensejar o acolhimento dos embargos de declaração.
No caso dos autos, não houve qualquer vício a justificar o manejo dos aclaratórios, tampouco houve a suposta omissão/afronta a jurisprudência firmada pelo STF, conforme quer fazer crer a embargante, tendo o acórdão se pautado eminentemente pelos elementos de convicção coligidos, os quais respaldam juridicamente o entendimento sufragado.
Com efeito, a tese empregada pela embargante de que havendo contestação de mérito fica evidenciada a pretensão resistida e justifica o interesse de agir, independentemente de existir prévio requerimento administrativo, trata-se de regra de transição fixada pelo STF por ocasião do julgamento do Tema 350 e somente possui aplicabilidade nos feitos ajuizados antes da conclusão do julgamento do RE 631.240/MG, o que ocorreu em 03/09/2014 e não se aplica a presente ação, distribuída em 22/02/2019.
E neste ponto, pertinente se mostra a transcrição do Tema 350 do STF, in verbis:
I - A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas;
II – A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado;
III – Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão;
IV – Nas ações ajuizadas antes da conclusão do julgamento do RE 631.240/MG (03/09/2014) que não tenham sido instruídas por prova do prévio requerimento administrativo, nas hipóteses em que exigível, será observado o seguinte:
(a) caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido administrativo não deverá implicar a extinção do feito;
(b) caso o INSS já tenha apresentado contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão; e
(c) as demais ações que não se enquadrem nos itens (a) e (b) serão sobrestadas e baixadas ao juiz de primeiro grau, que deverá intimar o autor a dar entrada no pedido administrativo em até 30 dias, sob pena de extinção do processo por falta de interesse em agir. Comprovada a postulação administrativa, o juiz intimará o INSS para se manifestar acerca do pedido em até 90 dias. Se o pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir;
V – Em todos os casos acima – itens (a), (b) e (c) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão levar em conta a data do início da ação como data de entrada do requerimento, para todos os efeitos legais. (Leading Case RE 631240).
Dessa forma, verifica-se que a ação foi ajuizada posterior ao julgamento do RE 631.240/MG, razão pela qual não há que se falar em desnecessidade de prévio requerimento administrativo em decorrência da contestação de mérito apresentada, pois como visto, trata-se de regra de transição que possui aplicação limitada, sendo exceção a regra e não encontra aplicabilidade para ocaso dos autos.
Ademais, não há que se falar que não houve apresentação de preliminar da coisa julgada por ocasião da contestação, pois tratando-se de matéria de ordem pública não preclui, podendo ser arguida a qualquer tempo e grau de jurisdição.
Assim, não havendo omissão, os embargos devem ser rejeitados.
Ante o exposto, REJEITO os embargos de declaração opostos pela autora, nos termos da fundamentação supra.
É como voto.
Juiz Federal PAULO ROBERTO LYRIO PIMENTA
Relator convocado

PROCESSO: 1029223-20.2022.4.01.9999 PROCESSO REFERÊNCIA: 0000153-49.2019.8.10.0087
CLASSE: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CÍVEL (1689)
POLO ATIVO: RICHELY SOUSA SILVA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: VINICIUS DEL BEM GONCALVES DA SILVA - MA19329-A
POLO PASSIVO:INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
E M E N T A
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. REDISCUSSÃO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração se prestam para esclarecer obscuridade ou eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia o juiz se pronunciar de ofício ou a requerimento ou para corrigir erro material.
2. Os embargos de declaração não dão ensejo à reapreciação da matéria, tampouco à modificação do entendimento firmado no acórdão, uma vez que a mera discordância do lado embargante com o resultado do julgamento não se mostra compatível com a via integrativa.
3. No caso dos autos, não houve qualquer vício a justificar o manejo dos aclaratórios, tampouco houve a suposta omissão/afronta a jurisprudência firmada pelo STJ, conforme quer fazer crer a embargante, tendo o acórdão se pautado eminentemente pelos elementos de convicção coligidos, os quais respaldam juridicamente o entendimento sufragado.
4. Com efeito, a tese empregada pela embargante de que havendo contestação de mérito fica evidenciada a pretensão resistida e justifica o interesse de agir, independentemente de existir prévio requerimento administrativo, trata-se de regra de transição fixada pelo STF por ocasião do julgamento do Tema 350 e somente possui aplicabilidade nos feitos ajuizados antes da conclusão do julgamento do RE 631.240/MG, o que ocorreu em 03/09/2014 e não se aplica a presente ação, distribuída em 22/02/2019.
5. Embargos de declaração rejeitados.
A C Ó R D Ã O
Decide a Nona Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, por unanimidade, REJEITAR os embargos de declaração opostos pela autora, nos termos do voto do Relator.
Juiz Federal PAULO ROBERTO LYRIO PIMENTA
Relator convocado