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ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. REMESSA OFICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRI...

Data da publicação: 08/07/2020, 18:34:39

E M E N T A ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. REMESSA OFICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RECOLHIDA EM ATRASO. INDENIZAÇÃO. BASE DE CÁLCULO, JUROS E MULTA. CÁLCULO COM BASE NA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS. PERIODO ANTERIOR À LEI 9.032/95. BASE DE CÁLCULO. SALARIO MINIMO VIGENTE AO TEMPO DO FATO GERADOR. PERÍODO ANTERIOR À MP 1.523/1996. NÃO INCIDÊNCIA DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. REMESSA OFICIAL E RECURSO DO AUTOR PROVIDO. 1. Remessa Necessária e Apelações em mandado de segurança interpostas pelo INSS e pelo autor contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo em parte a segurança, para fins de determinar a exclusão dos juros e multa da indenização para obtenção de certidão de contagem de tempo de serviço, extinguindo o feito, com resolução de mérito, na forma do art. 487, I, do Código de Processo Civil. 2. O cerne da controvérsia consiste na forma de cálculo do valor da indenização, no caso em que o autor pretende computar tempo de serviço rural anterior à Lei n. 8.213/91, em que o trabalhador rural não era segurado de filiação obrigatória ao Regime Geral da Previdência Social e não era obrigado a recolher contribuição previdenciária, para fins de contagem recíproca, a ser utilizado no serviço público federal. 3. A possibilidade de obtenção de benefício previdenciário mediante o recolhimento extemporâneo de contribuições previdenciárias tem cunho indenizatório, nos termos do artigo 96, IV, da Lei n. 8.213/1991. A mencionada indenização é o recolhimento voluntário das contribuições pretéritas. Não sendo compulsórias estas contribuições, há uma opção do segurado em contribuir ou não, assumindo a responsabilidade pelo seu ato. Mas, se exercer a referida opção, deverá seguir a legislação em vigor, quando da opção, e não à época do fato gerador. 4. No Recurso Especial nº 1.682.678/SP, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça deliberou se art. 55, § 2º, da Lei 8.213/91, que dispensa o pagamento de contribuições previdenciárias para fins de comprovação do tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei 8.213/91, se estenderia ou não, ao caso em que o beneficiário pretende utilizar o tempo de serviço para contagem recíproca no regime estatutário, ou se estaria restrito ao regime geral de previdência (Tema/Repetitivon. 609), fixando a seguinte tese: "o segurado que tenha provado o desempenho de serviço rurícola em período anterior à vigência da Lei n. 8.213/1991, embora faça jus à expedição de certidão nesse sentido para mera averbação nos seus assentamentos, somente tem direito ao cômputo do aludido tempo rural, no respectivo órgão público empregador, para contagem recíproca no regime estatutário se, com a certidão de tempo de serviço rural, acostar o comprovante de pagamento das respectivas contribuições previdenciárias, na forma da indenização calculada conforme o dispositivo do art. 96, IV, da Lei n. 8.213/1991". 5. Para a contagem do tempo de serviço rural, deve prevalecer a norma vigente no momento da prestação do serviço, e não a norma vigente na data do requerimento administrativo. 6. Para o cálculo do valor da indenização das contribuições previdenciárias recolhidas em atraso, deve ser observada a legislação em vigor por ocasião do fato gerador, no caso, os períodos de 11/1980 a 02/1986 e 03/1989 a 06/1991, afastando-se a aplicação retroativa das alterações conferidas no artigo 45 da Lei n. 8.213/91 pela Lei nº 9.032/95 e pela MP 1523/96, sendo inexigível a cobrança de juros de mora e multa. 7. Considerando que o paragrafo 2º ao artigo 45 da Lei nº 8.212/91, que previa como base de cálculo a média aritmética simples dos 36 últimos salários de contribuição do segurado, somente foi introduzido com a vigência da Lei 9.032/95 e que a legislação em vigor à época do fato gerador previa que o pagamento de contribuições recolhidas em atraso seria feita com base no salário do período trabalhado, a base de cálculo relativo aos períodos pretendidos pelo impetrante deve corresponder ao valor do salário mínimo vigente em cada competência a ser indenizada. 8. Considerado que a incidência de juros de mora e multa, prevista no § 4.º do art. 45 da Lei n.º 8.212/91, surgiu apenas com a edição da MP n.º 1.523/96, de 12/11/1996, convertida na Lei n° 9.528/97, que é incabível a retroatividade da lei previdenciária para prejudicar o segurado, e que o impetrante pretende averbar período de serviço rural anterior à edição referida medida provisória, indevida a cobrança de juros de mora e multa no cálculo da indenização. 9. Reforma parcial da sentença parcial reforma, para que seja concedida a ordem, devendo a indenização ser calculada com base no valor do salário mínimo vigente ao tempo do fato gerador, sem a incidência dos juros de mora e multa. 10. Apelação do autor e remessa oficial providas. Apelação do INSS desprovida. (TRF 3ª Região, 1ª Turma, ApReeNec - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO - 5003327-10.2018.4.03.6112, Rel. Desembargador Federal HELIO EGYDIO DE MATOS NOGUEIRA, julgado em 05/12/2019, Intimação via sistema DATA: 06/12/2019)



Processo
ApReeNec - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO / SP

5003327-10.2018.4.03.6112

Relator(a)

Desembargador Federal HELIO EGYDIO DE MATOS NOGUEIRA

Órgão Julgador
1ª Turma

Data do Julgamento
05/12/2019

Data da Publicação/Fonte
Intimação via sistema DATA: 06/12/2019

Ementa


E M E N T A



ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. REMESSA OFICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RECOLHIDA EM ATRASO. INDENIZAÇÃO. BASE DE
CÁLCULO, JUROS E MULTA. CÁLCULO COM BASE NA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA
DOS FATOS. PERIODO ANTERIOR À LEI 9.032/95. BASE DE CÁLCULO. SALARIO MINIMO
VIGENTE AO TEMPO DO FATO GERADOR. PERÍODO ANTERIOR À MP 1.523/1996. NÃO
INCIDÊNCIA DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. REMESSA
OFICIAL E RECURSO DO AUTOR PROVIDO.
1. Remessa Necessária e Apelações em mandado de segurança interpostas pelo INSS e pelo
autor contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo em parte a
segurança, para fins de determinar a exclusão dos juros e multa da indenização para obtenção de
certidão de contagem de tempo de serviço, extinguindo o feito, com resolução de mérito, na forma
do art. 487, I, do Código de Processo Civil.
2. O cerne da controvérsia consiste na forma de cálculo do valor da indenização, no caso em que
o autor pretende computar tempo de serviço rural anterior à Lei n. 8.213/91, em que o trabalhador
rural não era segurado de filiação obrigatória ao Regime Geral da Previdência Social e não era
obrigado a recolher contribuição previdenciária, para fins de contagem recíproca, a ser utilizado
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos

no serviço público federal.
3. A possibilidade de obtenção de benefício previdenciário mediante o recolhimento
extemporâneo de contribuições previdenciárias tem cunho indenizatório, nos termos do artigo 96,
IV, da Lei n. 8.213/1991. A mencionada indenização é o recolhimento voluntário das contribuições
pretéritas. Não sendo compulsórias estas contribuições, há uma opção do segurado em contribuir
ou não, assumindo a responsabilidade pelo seu ato. Mas, se exercer a referida opção, deverá
seguir a legislação em vigor, quando da opção, e não à época do fato gerador.
4. No Recurso Especial nº 1.682.678/SP, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça
deliberou se art. 55, § 2º, da Lei 8.213/91, que dispensa o pagamento de contribuições
previdenciárias para fins de comprovação do tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei
8.213/91, se estenderia ou não, ao caso em que o beneficiário pretende utilizar o tempo de
serviço para contagem recíproca no regime estatutário, ou se estaria restrito ao regime geral de
previdência (Tema/Repetitivon. 609), fixando a seguinte tese: "o segurado que tenha provado o
desempenho de serviço rurícola em período anterior à vigência da Lei n. 8.213/1991, embora faça
jus à expedição de certidão nesse sentido para mera averbação nos seus assentamentos,
somente tem direito ao cômputo do aludido tempo rural, no respectivo órgão público empregador,
para contagem recíproca no regime estatutário se, com a certidão de tempo de serviço rural,
acostar o comprovante de pagamento das respectivas contribuições previdenciárias, na forma da
indenização calculada conforme o dispositivo do art. 96, IV, da Lei n. 8.213/1991".
5. Para a contagem do tempo de serviço rural, deve prevalecer a norma vigente no momento da
prestação do serviço, e não a norma vigente na data do requerimento administrativo.
6. Para o cálculo do valor da indenização das contribuições previdenciárias recolhidas em atraso,
deve ser observada a legislação em vigor por ocasião do fato gerador, no caso, os períodos de
11/1980 a 02/1986 e 03/1989 a 06/1991, afastando-se a aplicação retroativa das alterações
conferidas no artigo 45 da Lei n. 8.213/91 pela Lei nº 9.032/95 e pela MP 1523/96, sendo
inexigível a cobrança de juros de mora e multa.
7. Considerando que o paragrafo 2º ao artigo 45 da Lei nº 8.212/91, que previa como base de
cálculo a média aritmética simples dos 36 últimos salários de contribuição do segurado, somente
foi introduzido com a vigência da Lei 9.032/95 e que a legislação em vigor à época do fato
gerador previa que o pagamento de contribuições recolhidas em atraso seria feita com base no
salário do período trabalhado, a base de cálculo relativo aos períodos pretendidos pelo impetrante
deve corresponder ao valor do salário mínimo vigente em cada competência a ser indenizada.
8. Considerado que a incidência de juros de mora e multa, prevista no § 4.º do art. 45 da Lei n.º
8.212/91, surgiu apenas com a edição da MP n.º 1.523/96, de 12/11/1996, convertida na Lei n°
9.528/97, que é incabível a retroatividade da lei previdenciária para prejudicar o segurado, e que
o impetrante pretende averbar período de serviço rural anterior à edição referida medida
provisória, indevida a cobrança de juros de mora e multa no cálculo da indenização.
9. Reforma parcial da sentença parcial reforma, para que seja concedida a ordem, devendo a
indenização ser calculada com base no valor do salário mínimo vigente ao tempo do fato gerador,
sem a incidência dos juros de mora e multa.
10. Apelação do autor e remessa oficial providas. Apelação do INSS desprovida.

Acórdao



APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO (1728) Nº5003327-10.2018.4.03.6112

RELATOR:Gab. 03 - DES. FED. HELIO NOGUEIRA
APELANTE: ADRIANO FERREIRA, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Advogados do(a) APELANTE: MANOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR - SP302550-A,
PEDRO LUIS MARICATTO - SP269016-A, ERICA HIROE KOUMEGAWA - SP292398-N

APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL - INSS, ADRIANO FERREIRA

Advogados do(a) APELADO: MANOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR - SP302550-A,
ERICA HIROE KOUMEGAWA - SP292398-N, PEDRO LUIS MARICATTO - SP269016-A

OUTROS PARTICIPANTES:










APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO (1728) Nº 5003327-10.2018.4.03.6112
RELATOR: Gab. 03 - DES. FED. HELIO NOGUEIRA
APELANTE: ADRIANO FERREIRA, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Advogados do(a) APELANTE: MANOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR - SP302550-A,
PEDRO LUIS MARICATTO - SP269016-A, ERICA HIROE KOUMEGAWA - SP292398-N
APELADO: GERENTE DA AGÊNCIA DO INSS DE PRESIDENTE VENCESLAU, INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ADRIANO FERREIRA
Advogados do(a) APELADO: MANOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR - SP302550-A,
ERICA HIROE KOUMEGAWA - SP292398-N, PEDRO LUIS MARICATTO - SP269016-A
OUTROS PARTICIPANTES:





R E L A T Ó R I O



O Exmo. Desembargador Federal HÉLIO NOGUEIRA (Relator):

Trata-se de Remessa Necessária e Apelações em mandado de segurança interpostas pelo INSS
e pelo autor contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo em parte
a segurança, para fins de determinar a exclusão dos juros e multa da indenização para obtenção
de certidão de contagem de tempo de serviço, extinguindo o feito, com resolução de mérito, na

forma do art. 487, I, do Código de Processo Civil.

Apela o INSS requerendo a reforma da sentença para que o pedido seja julgado totalmente
improcedente, sustentando que a indenização para fins de obtenção da certidão de tempo de
contribuição para fins de contagem recíproca seja efetivada com a incidência de juros e multa
moratória, nos termos da redação atual do artigo 96 da Lei n. 8213/91 e 45, §§ 3º e 4º da Lei n.
8212/91, matéria, inclusive pacificada junto ao Superior Tribunal de Justiça.

Apela o autor postulando a reforma em parte da sentença, para que a autoridade impetrada seja
compelida a recalcular o valor da indenização com base de cálculo de acordo com o valor do
salário mínimo vigente ao tempo da prestação do serviço (período de 11/1980 a 02/1986 e de
03/1989 a 06/1991), na medida em que desenvolveu atividades como trabalhador rural, julgando,
assim, totalmente procedentes os pedidos iniciais.

Com as contrarrazões do autor (fls. 557/560), subiram os autos a esta Corte.

O Ministério Público Federal manifestou-se pelo desprovimento da remessa oficial e da apelação
do INSS, bem como pelo provimento do recurso interposto por Adriano Ferreira para que a base
de cálculo das contribuições previdenciárias seja o salário mínimo vigente em cada competência
a ser indenizada, conforme pretende o impetrante.

Dispensada a revisão, nos termos regimentais.

É o relatório.













APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO (1728) Nº 5003327-10.2018.4.03.6112
RELATOR: Gab. 03 - DES. FED. HELIO NOGUEIRA
APELANTE: ADRIANO FERREIRA, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Advogados do(a) APELANTE: MANOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR - SP302550-A,
PEDRO LUIS MARICATTO - SP269016-A, ERICA HIROE KOUMEGAWA - SP292398-N
APELADO: GERENTE DA AGÊNCIA DO INSS DE PRESIDENTE VENCESLAU, INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ADRIANO FERREIRA
Advogados do(a) APELADO: MANOEL RODRIGUES DE OLIVEIRA JUNIOR - SP302550-A,
ERICA HIROE KOUMEGAWA - SP292398-N, PEDRO LUIS MARICATTO - SP269016-A
OUTROS PARTICIPANTES:





V O T O




Da admissibilidade da apelação

Tempestivo as apelações, delas conheço.
Admito o reexame necessário.

Da indenização das contribuições previdenciárias para fins de contagem recíproca


O autor impetrou o presente mandamus objetivando que o INSS recalcule a indenização imposta
para a averbação de filiação referente ao exercício de atividade rural, nos períodos de 11/1980 a
02/1986 e de 03/1989 a 06/1991, e fornecimento de Certidão de Tempo de Contribuição (CTC)
para fins de contagem recíproca, com base de cálculo de acordo com salário mínimo vigente à
época do fato gerador (período de 11/1980 a 02/1986 e de 03/1989 a 06/1991), sem a incidência
de juros moratórios e multa.
Relata o impetrante que o INSS adotou como base de cálculo o vencimento atual do impetrante
no serviço público, fazendo ainda incidir juros de mora e multa, resultando no montante de R$
141.199,76 de indenização.
O juiz sentenciante concedeu em parte a ordem para determinar somente a exclusão dos juros e
multa da indenização imposta para obtenção de certidão de contagem de tempo de serviço.
Pretende o INSS a reforma da sentença, sustentando a legalidade da cobrança de juros
moratórios e multa da indenização imposta para obtenção de certidão de contagem de tempo de
serviço.
Pretende o autor a reforma da sentença, para que o valor da indenização tenha como base de
cálculo o valor do salário mínimo vigente ao tempo da prestação de serviço (período de 11/1980 a
02/1986 e de 03/1989 a 06/1991).
O cerne da controvérsia consiste na forma de cálculo do valor da indenização, no caso em que o
autor pretende computar tempo de serviço rural anterior à Lei n. 8.213/91, em que o trabalhador
rural não era segurado de filiação obrigatória ao Regime Geral da Previdência Social e não era
obrigado a recolher contribuição previdenciária, para fins de contagem recíproca, a ser utilizado
no serviço público federal.
Trata-se de reconhecimento de tempo de serviço rural para fins de contagem recíproca. Com
efeito, o que caracteriza a hipótese como de contagem recíproca é justamente a finalidade
pretendida pelo autor ao requerer a expedição de certidão de tempo de serviço rural para fins de
averbação no serviço público federal, ao qual se encontra atualmente vinculado, mediante o
recolhimento de indenização relativo ao tempo rural.
A CF/88 assegura em seu artigo 201, §9º, a contagem recíproca do tempo de contribuição na
administração pública e na atividade rural, mediante compensação entre os regimes
previdenciários diversos, "segundo critérios estabelecidos em lei":
Art. 201. (...)

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição
na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos
regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos
em lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

E o artigo 96, inciso IV, da Lei n. 8.213/91, na redação vigente época do requerimento da certidão
de tempo de serviço, já previa a necessidade de indenização do tempo anterior à obrigatoriedade
de filiação à Previdência Social para contagem recíproca:

IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência Social só
será contado mediante indenização da contribuição correspondente ao período respectivo, com
os acréscimos legais;

A Lei n. 9.032/95, que acrescentou o §3º ao artigo 45 da Lei n. 8.212/91, estipulou a base de
cálculo da indenização para fins de contagem recíproca:

§ 3º No caso de indenização para fins de contagem recíproca de que tratam os arts. 94 e 99 da
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, a base de incidência será a remuneração sobre a qual
incidem as contribuições para o regime específico de previdência social a que estiver filiado o
interessado, conforme dispuser o regulamento, observado o limite máximo previsto no art. 28
desta lei.

E o Regulamento da Previdência Social previu a possibilidade de contagem recíproca de tempo
de atividade rural do período em que o exercício de atividade remunerada não exigia filiação
obrigatória à Previdência Social, mediante indenização das contribuições relativas ao respectivo
período:

Art. 122. O reconhecimento de filiação no período em que o exercício de atividade remunerada
não exigia filiação obrigatória à previdência social somente será feito mediante indenização das
contribuições relativas ao respectivo período, conforme o disposto nos §§ 7º a 14 do art. 216 e §
8º do art. 239.
(...)
Art. 123. Para fins de concessão dos benefícios deste Regulamento, o tempo de serviço prestado
pelo trabalhador rural anteriormente à competência novembro de 1991 será reconhecido, desde
que devidamente comprovado.
Parágrafo único. Para fins de contagem recíproca, o tempo de serviço a que se refere o caput
somente será reconhecido mediante a indenização de que trata o § 13 do art. 216, observado o
disposto no § 8º do 239.
Art. 125. Para efeito de contagem recíproca, hipótese em que os diferentes sistemas de
previdência social compensar-se-ão financeiramente, é assegurado:
(...)
II - para fins de emissão de certidão de tempo de contribuição, pelo INSS, para utilização no
serviço público, o cômputo do tempo de contribuição na atividade privada, rural e urbana,
observado o disposto no § 4o deste artigo e no parágrafo único do art. 123, § 13 do art. 216 e §
8o do art. 239. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007).
(...)
Art. 127. O tempo de contribuição de que trata este Capítulo será contado de acordo com a
legislação pertinente, observadas as seguintes normas:

(...)
IV - o tempo de contribuição anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à previdência
social somente será contado mediante observância, quanto ao período respectivo, do disposto
nos arts. 122 e 124; e
V - o tempo de contribuição do segurado trabalhador rural anterior à competência novembro de
1991 será computado, desde que observado o disposto no parágrafo único do art. 123, no § 13
do art. 216 e no § 8º do art. 239.
Art. 128. A certidão de tempo de contribuição anterior ou posterior à filiação obrigatória à
previdência social somente será expedida mediante a observância do disposto nos arts. 122 e
124.
§ 1º A certidão de tempo de contribuição, para fins de averbação do tempo em outros regimes de
previdência, somente será expedida pelo Instituto Nacional do Seguro Social após a
comprovação da quitação de todos os valores devidos, inclusive de eventuais parcelamentos de
débito.
(...)
§ 3º Observado o disposto no § 6º do art. 62, a certidão de tempo de contribuição referente a
período de atividade rural anterior à competência novembro de 1991 somente será emitida
mediante comprovação do recolhimento das contribuições correspondentes ou indenização nos
termos dos §§ 13 e 14 do art. 216, observado o disposto no § 8º do art. 239.

A Lei Complementar n. 128, de 19.12.2008, expressamente revogou os artigos 45 e 46 da Lei n.
8.212/91, incluiu o artigo 45-A, que passou condicionando a contagem reciproca à indenização de
20% sobre o valor da remuneração do servidor (art. 45-A, §1º, II), prevendo ainda a incidência de
juros dmora e multa (art 45-A, §2º):

Art. 45-A. O contribuinte individual que pretenda contar como tempo de contribuição, para fins de
obtenção de benefício no Regime Geral de Previdência Social ou de contagem recíproca do
tempo de contribuição, período de atividade remunerada alcançada pela decadência deverá
indenizar o INSS. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008)
§ 1o O valor da indenização a que se refere o caput deste artigo e o § 1o do art. 55 da Lei no
8.213, de 24 de julho de 1991, corresponderá a 20% (vinte por cento): (Incluído pela Lei
Complementar nº 128, de 2008)
I – da média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, reajustados,
correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo decorrido desde a
competência julho de 1994; ou (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de 2008)
II – da remuneração sobre a qual incidem as contribuições para o regime próprio de previdência
social a que estiver filiado o interessado, no caso de indenização para fins da contagem recíproca
de que tratam os arts. 94 a 99 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, observados o limite
máximo previsto no art. 28 e o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei Complementar nº 128,
de 2008)
§ 2o Sobre os valores apurados na forma do § 1o deste artigo incidirão juros moratórios de 0,5%
(cinco décimos por cento) ao mês, capitalizados anualmente, limitados ao percentual máximo de
50% (cinqüenta por cento), e multa de 10% (dez por cento). (Incluído pela Lei Complementar nº
128, de 2008)
§ 3o O disposto no § 1o deste artigo não se aplica aos casos de contribuições em atraso não
alcançadas pela decadência do direito de a Previdência constituir o respectivo crédito,
obedecendo-se, em relação a elas, as disposições aplicadas às empresas em geral. (Incluído
pela Lei Complementar nº 128, de 2008)



A possibilidade de obtenção de benefício previdenciário mediante o recolhimento extemporâneo
de contribuições previdenciárias tem cunho indenizatório, nos termos do artigo 96, IV, da Lei n.
8.213/1991.

A mencionada indenização é o recolhimento voluntário das contribuições pretéritas. Não sendo
compulsórias estas contribuições, há uma opção do segurado em contribuir ou não, assumindo a
responsabilidade pelo seu ato.

Mas, se exercer a referida opção, deverá seguir a legislação em vigor, quando da opção, e não à
época do fato gerador.

Nesse sentido orienta-se a jurisprudência do STJ e deste Regional:


TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA.
RECOLHIMENTO EM ATRASO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA DE
JUROS E MULTA MORATÓRIA. ART. 45, 4º, DA LEI N. 8.212/91. PRESCRIÇÃO. NÃO-
OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 1. O cômputo do tempo de serviço para fins de aposentadoria
será considerado desde que recolhida indenização referente às parcelas atrasadas devidas a
título de contribuição previdenciária. 2. Incidem sobre o cálculo do valor indenizatório, a teor do
disposto no art. 45, 4º, da Lei n. 8.212/91, juros e multa moratória. 3. Os institutos da prescrição e
da decadência são inaplicáveis na espécie, por se tratar de indenização sem caráter compulsório
devida ao INSS para fins de expedição de certidão de tempo de serviço do período pleiteado. 4.
Recurso especial do INSS provido. Recurso especial do contribuinte improvido. (STJ, RESP n.
577117/SC, 2ª Turma, Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ 27/02/2004).
PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. RECOLHIMENTO
EXTEMPORÂNEO DAS CONTRIBUIÇÕES. CÁLCULO DO VALOR A SER RECOLHIDO.
CRITÉRIO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO VIGENTE NO PERÍODO EM QUE REALIZADA A
ATIVIDADE LABORATIVA. 1. De acordo com o art. 45, § 1o. da Lei 8.212/91, para o
reconhecimento do exercício de atividade remunerada pelos contribuintes individuais é
necessária a indenização das contribuições previdenciárias não recolhidas em época própria. 2.
Por sua vez, a Lei 9.032/95 incluiu o § 2º ao art. 45 da Lei 8.212/91, que implementa o citado § 1º
e estabelece a forma do cálculo do valor da indenização do período laborado como contribuinte
individual e em relação ao qual não houve o recolhimento tempestivo, inovando ao determinar
que a base de cálculo da contribuição é a média aritmética simples dos 36 últimos salários-de-
contribuição do segurado. 3. Esta Corte firmou o entendimento de que, para se apurar os valores
da indenização, devem ser considerados os critérios legais existentes ao momento sobre o qual
se refere a contribuição (AgRg no REsp. 760.592/RS, 5T, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA,
DJU 02.05.2006, p. 379). 4. No caso dos autos, o período que se pretende averbar é anterior à
edição da Lei 9.032/95, razão pela qual afasta-se a incidência de suas disposições para o cálculo
do valor a ser recolhido pelo segurado, que deve observar a legislação vigente no período em que
realizada a atividade laborativa a ser averbada. 5. Ressalte-se que carece o recorrente de
interesse recursal quanto à aplicação de juros e multa para a apuração das contribuições
previdenciárias recolhidas em atraso, uma vez que o Tribunal de origem os afastou no caso, tal
como pleiteado pelo segurado. 6. Recurso Especial parcialmente provido. (STJ, RESP n.
978726/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 5ª Turma, j. 14/10/2008, DJE

24/11/2008).
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA.
PAGAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EM ATRASO. CRITÉRIO DE
CÁLCULO. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO EXERCÍCIO LABORAL. 1. Para se apurar os
valores devidos a título de contribuições à Previdência Social, devem ser considerados os
critérios legais existentes ao momento sobre o qual se refere a contribuição. 2. Assim, a aplicação
do disposto no § 2º do art. 45 da Lei nº8.212/91, acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28 de abril de
1995, só deve ocorrer a partir da edição desta legislação. 3. Na hipótese em apreço, o período
que se pretende averbar é anterior à edição da Lei n.º 9.032/95, razão pela qual afasta-se a
incidência de suas disposições para o cálculo do valor a ser recolhido pelo segurado, o qual deve
observar a legislação vigente ao período do exercício da atividade laborativa a ser averbada. 4.
Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no RESP n. 1063379/SP, Relatora Ministra LAURITA
VAZ, 5ª Turma, j. 23/06/2009, DJE 03/08/2009).
TRIBUTÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO
DAS CONTRIBUIÇÕES. CÁLCULO DO VALOR A SER RECOLHIDO. CRITÉRIO PREVISTO NA
LEGISLAÇÃO VIGENTE NO PERÍODO EM QUE REALIZADA A ATIVIDADE LABORATIVA.
RECURSO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça, em homenagem ao princípio da
irretroatividade da lei tributária, firmou o entendimento no sentido de que para se apurar os
valores da indenização, devem ser considerados os critérios legais existentes ao momento sobre
o qual se refere a contribuição (AgRg no REsp. 760.592/RS, 5T, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES
LIMA, DJU 02.05.2006); (AgRg no REsp 1063379/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 03/08/2009). 2. No caso dos autos, a maior parte do
período que se pretende averbar - 06/84; 07/84; 06/85 a 01/90 - é anterior à edição da Lei
9.032/95, razão pela qual deve ser afastada a sua incidência para o cálculo do valor a ser
recolhido pelo segurado relativo ao período apontado, devendo o Fisco observar a legislação
vigente ao fato gerador do período que se pretende averbar. 3. Ônus sucumbenciais invertidos. 4.
Recurso de Apelação provido. (TRF3, AC n. 00199950820034036100/SP, Relator Des. Fed.
HÉLIO NOGUEIRA, 1ª Turma, j. 27/06/2017, e-DJF3 DATA: 06/07/2017).
CONTRIBUIÇÃO. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO. LEI 9.032/95. DECADÊNCIA.
CÁLCULO DO VALOR A SER RECOLHIDO. CRITÉRIO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO VIGENTE
NO PERÍODO EM QUE REALIZADA A ATIVIDADE LABORATIVA. APELAÇÃO PARCIALMENTE
PROCEDENTE. 1. Alegação de decadência do direito da autarquia de cobrar as contribuições
previdenciárias afastada. Foi criado um favor legal ao se possibilitar a contabilização do tempo de
serviço mediante recolhimento a posteriori ou indenização, razão pela qual descabida se
apresenta a alegação de decadência uma vez que, se reconhecida, impossibilitaria também o
segurado de computar o período de vinculação à Previdência para efeito de benefício
previdenciário. 2. No tocante ao cálculo das contribuições devidas, no que se refere aos débitos
com fatos geradores anteriores às Leis ns. 9.032/95 e 9.528/97, o Superior Tribunal de Justiça
firmou entendimento no sentido de que deve ser aplicada a legislação vigente à época a que se
refere a contribuição. 3. Apelação da parte autora parcialmente provida. Pedido parcialmente
procedente. Devolução ao autor dos valores indevidamente recolhidos, corrigidos
monetariamente e acrescidos de juros de mora pelos mesmos critérios utilizados pela
administração para cobrança de seus créditos. 4. Sucumbência recíproca. (TRF3, AC n.
00215470820034036100/SP, Relator Des. Fed. MAURÍCIO KATO, 5ª Turma, j. 24/04/2017, e-
DJF3 DATA: 02/05/2017).
MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. COMPETÊNCIA. TERCEIRA SEÇÃO.
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. RECOLHIMENTO
EXTEMPORÂNEO DAS CONTRIBUIÇÕES. CÁLCULO DA INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DE

NORMAS POSTERIORES AOS FATOS QUE ORIGINARAM O DÉBITO. IMPOSSIBILIDADE.
PREVALÊNCIA DOS CRITÉRIOS PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO VIGENTE NO PERÍODO EM
QUE REALIZADA A ATIVIDADE LABORATIVA. NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS E
MULTA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL À ÉPOCA. PRECEDENTES DO STJ. REMESSA
NECESSÁRIA E APELAÇÃO DO INSS DESPROVIDAS. SENTENÇA MANTIDA. 1 -
Competência da Terceira Seção deste E. Tribunal para julgamento deste feito. Precedente do
Órgão Especial. 2 - O impetrante sustenta a ocorrência de ato coator praticado pelo Gerente do
Posto do INSS de Vila Mariana, porquanto teria condicionado a expedição de Certidão de Tempo
de Serviço ao recolhimento das contribuições previdenciárias relativas aos períodos de
novembro/73 a abril/74, fevereiro/75 a novembro/75, março/78 e agosto/89 a maio/90,
apresentando, para tanto, cálculo efetuado com base na Ordem de Serviço Conjunta 55/96,
editada posteriormente ao surgimento do débito em discussão. 3 - O mandado de segurança, nos
termos do artigo 5°, LXIX, da CF e artigo 1º da Lei nº 12.016/09, é cabível para proteção de
direito líquido e certo, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade. 4 - A
possibilidade de utilização da via mandamental em âmbito previdenciário limita-se aos casos em
que as questões debatidas prescindam de dilação probatória para sua verificação - matéria
exclusivamente de direito, portanto - ou naqueles em que se apresente, de plano, prova
documental suficiente ao desfecho da demanda. 5 - In casu, as alegações trazidas pelas partes,
no que concerne à (i)legalidade da aplicação de norma posterior aos fatos que originaram o
débito perante a Autarquia Previdenciária, independem da produção de prova, sendo adequada,
portanto, a via eleita para obtenção do fim pretendido. 6 - A parte impetrante aduz que o cálculo
da indenização, devida em razão da ausência de recolhimentos à Previdência no período em que
exerceu atividade como empresário, deve ser feito com base na legislação vigente à época em
que surgiu o referido débito. O INSS, entretanto, valendo-se das disposições contidas no art. 45
da Lei nº 8.212/91 (com a redação conferida pela Lei nº 9.032/95) impõe que o pagamento tenha
como base de incidência a atual remuneração do segurado. 7 - A matéria em discussão encontra-
se pacificada no C. Superior Tribunal de Justiça, o qual firmou entendimento no sentido de que os
critérios a serem adotados, na apuração dos valores de tal indenização, devem ser aqueles
existentes no momento ao qual se refere a contribuição devida pelo segurado. Convém ressaltar,
por oportuno, que referida orientação permaneceu inalterada, mesmo após as mudanças
legislativas impostas à norma que disciplina o tema ora debatido (art. 45 da Lei nº 8.212/91/Lei
Complementar nº 128/2008). Precedentes do STJ. 8 - Quanto aos juros moratórios e à multa,
previstos no então vigente § 4º do art. 45 da Lei 8.212/91, há entendimento consolidado no
sentido da sua não incidência no cálculo da indenização referente a período anterior à edição da
MP 1.523, de 11/10/96. Precedentes do STJ. 9 - Ausente a condenação em honorários
advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 25, da Lei nº 12.016/09. 10 - Remessa necessária
e apelação do INSS desprovidas. Sentença mantida na íntegra. (TRF3, AMS n.
00034154720004036183, Relator Des. Fed. CARLOS DELGADO, 7ª Turma, j. 03/04/2017, e-
DJF3 DATA: 19/04/2017).
PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO
DAS CONTRIBUIÇÕES. PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. VALOR DA INDENIZAÇÃO.
LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DA PRESTAÇÃO DO LABOR. 1. Não se tratando de crédito
tributário, a ser pago a destempo, não há que se falar em prescrição e decadência. 2. Por não ser
compulsória, fica ao alvedrio do segurado adimplir ou não o pagamento, a qualquer momento, da
indenização referente às parcelas atrasadas devidas a título de contribuição previdenciária, como
condição para a averbação do seu tempo de trabalho. 3. A legislação aplicável para efeito de
cálculo do valor a ser recolhido é aquela em vigência à época da prestação do labor. Precedentes

do STJ. 4. Tendo a autoria decaído de parte do pedido, é de se aplicar a regra contida no Art. 86
do CPC. 5. Apelação provida em parte. (TRF3, AC n. 00034835020074036183/SP, Relator Des.
Fed. BAPTISTA PEREIRA, 10ª Turma, j. 12/07/2016, e-DJF3 DATA: 21/07/2016).

Cumpre observar que no Recurso Especial nº 1.682.678/SP, a Primeira Seção do Superior
Tribunal de Justiça deliberou se art. 55, § 2º, da Lei 8.213/91, que dispensa o pagamento de
contribuições previdenciárias para fins de comprovação do tempo de serviço rural anterior à
vigência da Lei 8.213/91, se estenderia ou não, ao caso em que o beneficiário pretende utilizar o
tempo de serviço para contagem recíproca no regime estatutário, ou se estaria restrito ao regime
geral de previdência (Tema/Repetitivon. 609), fixando a seguinte tese: "o segurado que tenha
provado o desempenho de serviço rurícola em período anterior à vigência da Lei n. 8.213/1991,
embora faça jus à expedição de certidão nesse sentido para mera averbação nos seus
assentamentos, somente tem direito ao cômputo do aludido tempo rural, no respectivo órgão
público empregador, para contagem recíproca no regime estatutário se, com a certidão de tempo
de serviço rural, acostar o comprovante de pagamento das respectivas contribuições
previdenciárias, na forma da indenização calculada conforme o dispositivo do art. 96, IV, da Lei n.
8.213/1991".

Confira-se o acórdão recurso repetitivo:
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. DESCABIMENTO. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STF.
CONTAGEM RECÍPROCA. SERVIDOR PÚBLICO. TRABALHO RURÍCOLA PRESTADO EM
PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N. 8.213/1991.
DIREITO À EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO. CABIMENTO. CÔMPUTO DO TEMPO PARA
CONTAGEM RECÍPROCA. EXIGÊNCIA DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES NA
FORMA PREVISTA PELO ART. 96, IV, DA LEI N. 8.213/1991. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO EM PARTE E, NESSA EXTENSÃO, NÃO PROVIDO. RECURSO JULGADO SOB
A SISTEMÁTICA DO ART. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015, C/C O ART. 256-N E
SEGUINTES DO REGIMENTO INTERNO DO STJ.
1. Na situação em exame, os dispositivos legais cuja aplicação é questionada nos cinco recursos
especiais, com a tramitação que se dá pela sistemática dos repetitivos (REsps 1.676.865/RS,
1.682.671/SP, 1.682.672/SP, 1.682.678/SP e 1.682.682/SP), terão sua resolução efetivada de
forma conjunta.
2. Não se pode conhecer da insurgência na parte em que pleiteia o exame de matéria
constitucional, sob pena de, assim procedendo, esta Corte usurpar a competência do STF.
3. Reconhecido o tempo de serviço rural, não pode o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
se recusar a cumprir seu dever de expedir a certidão de tempo de serviço. O direito à certidão
simplesmente atesta a ocorrência de um fato, seja decorrente de um processo judicial
(justificação judicial), seja por força de justificação de tempo de serviço efetivada na via
administrativa, sendo questão diversa o efeito que essa certidão terá para a esfera jurídica do
segurado.
4. Na forma da jurisprudência consolidada do STJ, "nas hipóteses em que o servidor público
busca a contagem de tempo de serviço prestado como trabalhador rural para fins de contagem
recíproca, é preciso recolher as contribuições previdenciárias pertinentes que se buscam averbar,
em razão do disposto nos arts. 94 e 96, IV, da Lei 8.213/1991" (REsp 1.579.060/SP, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 23/2/2016, DJe 30/5/2016).
5. Descabe falar em contradição do art. 96, IV, com o disposto pelo art. 55, § 2º, da Lei n.
8.213/1991, visto que são coisas absolutamente diversas: o art. 96, IV, relaciona-se às regras da

contagem recíproca de tempo de serviço, que se dá no concernente a regimes diferenciados de
aposentadoria; o art. 55 refere-se às regras em si para concessão de aposentadoria por tempo de
serviço dentro do mesmo regime, ou seja, o Regime Geral da Previdência Social.
6. É descabido o argumento trazido pelo amicus curiae de que a previsão contida no art. 15, I e II,
da Lei Complementar n. 11/1971, quando já previa a obrigatoriedade de contribuição
previdenciária, desfaz a premissa de que o tempo de serviço rurícola anterior à vigência da Lei n.
8.213/1991 não seria contributivo. É que a contribuição prevista no citado dispositivo legal se
reporta a uma das fontes de custeio da Previdência Social, cuja origem decorre das contribuições
previdenciárias de patrocinadores, que não os próprios segurados. Ora, acolher tal argumento
significaria dizer que, quanto aos demais benefícios do RGPS, por existirem outras fontes de
custeio (inclusive receitas derivadas de concursos de prognósticos), o sistema já seria
contributivo em si, independentemente das contribuições obrigatórias por parte dos segurados.
7. Não se há de falar em discriminação entre o servidor público e o segurado vinculado ao
Regime Geral de Previdência Social, porque, para o primeiro, no tocante ao tempo de serviço
rurícola anterior a 1991, há recolhimento das contribuições previdenciárias, o que não é exigido
para o segundo. Cuida-se de regimes diferentes, e, no caso do segurado urbano e do rurícola,
nada obstante as diferenças de tratamento quanto à carência e aos requisitos para a obtenção
dos benefícios, ambos se encontram vinculados ao mesmo Regime Geral da Previdência Social,
o que não ocorre para o servidor estatutário.
8. Tese jurídica firmada: O segurado que tenha provado o desempenho de serviço rurícola em
período anterior à vigência da Lei n.
8.213/1991, embora faça jus à expedição de certidão nesse sentido para mera averbação nos
seus assentamentos, somente tem direito ao cômputo do aludido tempo rural, no respectivo órgão
público empregador, para contagem recíproca no regime estatutário se, com a certidão de tempo
de serviço rural, acostar o comprovante de pagamento das respectivas contribuições
previdenciárias, na forma da indenização calculada conforme o dispositivo do art. 96, IV, da Lei n.
8.213/1991.
9. Na hipótese dos autos, o aresto prolatado pelo Tribunal de origem está em conformidade com
o posicionamento desta Corte Superior, porque, da leitura do voto condutor e do acórdão que
resultou das suas premissas, não há determinação para que o tempo de serviço constante da
respectiva certidão seja contado como tal para o caso de contagem recíproca, pelo que não tem
esse efeito, salvo se houver o recolhimento das contribuições.
10. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, não provido.
11. Recurso julgado sob a sistemática do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015 e do art. 256-N e
seguintes do Regimento Interno do STJ.
(REsp 1682678/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2018,
DJe 30/04/2018)

No caso em tela, para obtenção de certidão de contagem de tempo de serviço rural, o INSS
adotou como base de cálculo da indenização o vencimento atual do impetrante no serviço
público, fazendo incidir ainda juros de mora e multa.
O juiz a quo ponderou que “a base de incidência será a remuneração sobre a qual incidem as
contribuições para o regime específico da Previdência Social a que estiver filiado o interessado,
ou seja, a atual remuneração do interessado”, afastando a aplicação dos juros e multa, por não
haver previsão legal de juros e multa antes da MP 1523/96, que acrescentou o §4º ao art. 45 da
Lei 8212/91, não podendo a lei previdenciária retroagir para prejudicar os segurados.
Consoante a tese firmada no Tema/Repetitivo n. 609, para o autor averbar o tempo de serviço
rural no serviço público, ainda que referente a período anterior à vigência da Lei n. 8.213/91, para

a contagem recíproca no regime estatutário, é necessária a comprovação do recolhimento das
respectivas contribuições previdenciárias, na forma da indenização calculada conforme o
dispositivo do art. 96, IV, da Lei n. 8.213/1991, qual seja, “indenização da contribuição
correspondente ao período respectivo”.
Dessa forma, para a contagem do tempo de serviço rural, deve prevalecer a norma vigente no
momento da prestação do serviço, e não a norma vigente na data do requerimento administrativo.
Para o cálculo do valor da indenização das contribuições previdenciárias recolhidas em atraso,
deve ser observada a legislação em vigor por ocasião do fato gerador, no caso, os períodos de
11/1980 a 02/1986 e 03/1989 a 06/1991, afastando-se a aplicação retroativa das alterações
conferidas no artigo 45 da Lei n. 8.213/91 pela Lei nº 9.032/95,pela MP 1523/96, e pela LC
128/2008.
Assim, considerando que o paragrafo 2º ao artigo 45 da Lei nº 8.212/91, que previa como base de
cálculo a média aritmética simples dos 36 últimos salários de contribuição do segurado, somente
foi introduzido com a vigência da Lei 9.032/95, e que a legislação em vigor à época do fato
gerador previa que o pagamento de contribuições recolhidasem atraso seria feita com base no
salário do período trabalhado, a base de cálculo relativo aos períodos pretendidos pelo impetrante
deve corresponder ao valor do salário mínimo vigente em cada competência a ser indenizada.
E considerado que a incidência de juros de mora e multa, prevista no § 4.º do art. 45 da Lei n.º
8.212/91, surgiu apenas com a edição da MP n.º 1.523/96, de 12/11/1996, convertida na Lei n°
9.528/97, que é incabível a retroatividade da lei previdenciária para prejudicar o segurado, e que
o impetrante pretende averbar período de serviço rural anterior à edição referida medida
provisória, Indevida a cobrança de juros de mora e multa no cálculo da indenização.
Nesse sentido, registro os seguintes precedentes:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANDADO DE
SEGURANÇA. CONTAGEM RECÍPROCA. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO DE
CONTRIBUIÇÕES. ART. 45, §§ 3º e 4º, DA LEI N. 8.212/1991. BASE DE CÁLCULO DA
INDENIZAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR À EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.523/1996.
JUROS E MULTA INCABÍVEIS.OMISSÃO E OBSCURIDADE. INOCORRÊNCIA.
I - No que tange à forma de cálculo das contribuições devidas pelo impetrante, deve ser levado
em consideração o valor devido no período a ser averbado, tendo em vista que a expressão
"contribuições correspondentes" constante da redação do § 1º do artigo 45 da Lei nº 8.212/91
refere-se às contribuições devidas à época em que foi exercida a atividade, sendo,
consequentemente, apuradas com base na legislação vigente à época do fato gerador.
II - O § 4º do artigo 45 da Lei n. 8.212/91 não pode retroagir para alcançar período anterior a sua
vigência, devendo ser afastados os juros e a multa do cálculo da indenização devida pelo
impetrante, uma vez que tais acréscimos só passaram a ser devidos a partir da edição da Medida
Provisória nº 1.523/96.
III - A pretensão deduzida pela embargante consiste em novo julgamento da ação, o que não é
possível em sede de embargos
de declaração.
IV - Embargos de declaração opostos pelo INSS rejeitados.
(TRF 3ª Região, 10ª Turma, ApReeNec - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO - 5000143-
64.2018.4.03.6106, Rel. Desembargador Federal SERGIO DO NASCIMENTO, julgado em
01/04/2019, Intimação via sistema DATA: 03/04/2019)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. RECOLHIMENTO
EXTEMPORÂNEO DE CONTRIBUIÇÕES. LEGITIMIDADE AD CAUSAM DO INSS. ART. 45, §§

3º e 4º, DA LEI N. 8.212/1991. BASE DE CÁLCULO DA INDENIZAÇÃO. JUROS E MULTA.
CABIMENTO SOMENTE NO PERÍODO POSTERIOR À EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N.
1.523/1996.
I - Rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelo INSS, pois o presente writ
objetiva a declaração do direito do impetrante de aplicar a legislação vigente à época da
prestação do labor, sem a incidência de juros e multa, relativamente a contribuições
previdenciárias a cargo da Autarquia, sem qualquer relação quanto à autuação fiscal feita pela
Receita Federal.
II - No cálculo do valor a ser recolhido, para fins do disposto no art. 45, §§ 1º e 2º, da Lei n.
8.212/91, deve ser levado em consideração o valor das contribuições efetivamente devidas no
período a ser averbado.
III - Não há dúvidas que a expressão "contribuições correspondentes" refere-se às contribuições
devidas à época em que foi exercida a atividade, sendo, consequentemente, apuradas com base
na legislação vigente à época do fato gerador.
IV - A aparente incompatibilidade entre o § 1º e o § 2º do art. 45 da Lei n. 8.212/91 é resolvida
com a interpretação sistemática e teleológica desses dispositivos legais, tendo em vista que
esses métodos de interpretação do direito apontam para a aplicação do § 2º do art. 45 da Lei n.
8.212/91 tão somente nas situações passíveis de lançamento por aferição indireta.
V - No caso em tela, não é aplicável o § 2º do art. 45 da Lei n. 8.212/91, com a redação dada pela
Lei n. 9.032/95, pois deve ser considerado o salário-base do período objeto da indenização
referente ao tempo de serviço prestado pelo impetrante na qualidade de trabalhador rural,
devendo, assim, prevalecer o valor do salário mínimo vigente à época.
VI – O § 4º do artigo 45 da Lei n. 8.212/91 não pode retroagir para alcançar período anterior a sua
vigência, devendo ser afastados os juros e a multa do cálculo da indenização devida pelo
impetrante, uma vez que tais acréscimos só passaram a ser devidos a partir da edição da Medida
Provisória nº 1.523/96.
VII – In casu, são devidos juros e multa, porém apenas no que tange à contribuições
previdenciárias relativas a período a partir do advento da Medida Provisória nº 1.523/96, ou seja,
11.10.1996.
VIII – Preliminar rejeitada. Apelação do INSS e remessa oficial parcialmente providas.
(TRF 3ª Região, 10ª Turma, ApReeNec - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO - 5002193-
73.2017.4.03.6114, Rel. Desembargador Federal SERGIO DO NASCIMENTO, julgado em
14/03/2019, Intimação via sistema DATA: 19/03/2019)

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. CONTRIBUIÇÃO. INDENIZAÇÃO. JUROS E MULTA.
ART. 45, § 4.º, DA LEI N.º 8.212/91. INCIDÊNCIA NO PERÍODO POSTERIOR À MEDIDA
PROVISÓRIA N.º 1.523/96. IRRETROATIVIDADE DA LEI. ARTIGO 6º DA LINDB. AGRAVO
INTERNO IMPROVIDO.
- No cálculo da indenização de contribuições previdenciárias para fins de contagem de tempo de
serviço, devem ser levados em consideração os critérios legais existentes nos períodos sobre os
quais se referem as exações.
- A incidência de juros e multa, prevista no § 4.º do art. 45 da Lei n.º 8.212/91, deu-se, apenas,
com a edição da MP n.º 1.523/96, que acrescentou tal parágrafo à referida norma. 3. No caso,
como o período que se pretende averbar é anterior à edição da MP n.º 1.523/96, é incabível a
retroatividade da lei previdenciária para prejudicar o segurado. Por isso que é inviável a aplicação
da LC 128/2008, consoante lição de teoria geral do direito (artigo 6º da LINDV). Precedentes do
Superior Tribunal de Justiça.
- Tal entendimento vem sendo confirmado em sucessivas decisões monocráticas no mesmo

Tribunal Superior: AREsp 696994, Relator Ministro SÉRGIO KUKINA, DP 29/11/2016; REsp
1638886 Relatora Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, Data da Publicação 30/11/2016; REsp
1635960, Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data da Publicação 18/11/2016;
REsp 1739474, Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data da Publicação
29/05/2018; REsp 1751854, Relator(a) Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, Data da Publicação
13/08/2018.
- Agravo interno improvido.
(TRF 3ª Região, 9ª Turma, ApReeNec - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO - 5000357-
35.2017.4.03.6124, Rel. Juiz Federal Convocado RODRIGO ZACHARIAS, julgado em
26/12/2018, Intimação via sistema DATA: 09/01/2019)

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO
EM ATRASO. CONTAGEM RECÍPROCA EM REGIME PRÓPRIO. CÁLCULO DA
INDENIZAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DA PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO. APELAÇÃO DO INSS IMPROVIDA.
1. Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o cálculo da indenização das
contribuições previdenciárias devidas pelo segurado deve ser elaborado de acordo com a
legislação vigente à época em que exercida a atividade laborativa.
2. No caso dos autos, o período que se pretende averbar é anterior à edição da Lei 9.032/95,
razão pela qual deve ser afastada a incidência de suas disposições para o cálculo do valor a ser
recolhido pelo segurado, que deve observar a legislação vigente no período em que realizada a
atividade laborativa a ser averbada.
3. Portanto, de rigor a manutenção de procedência do pedido, com a condenação do INSS ao
recálculo do valor da indenização, tendo como base o salário mínimo da época, sem a incidência
de juros moratórios e multa.
4. Apelação do INSS improvida.
(TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2191940 - 0032190-
11.2016.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL TORU YAMAMOTO, julgado em
12/11/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:22/11/2018 )

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA.
CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. INDENIZAÇÃO. BASE DE CÁLCULO, JUROS E MULTA. CRITÉRIOS DE
CÁLCULO COM BASE NA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS. AFASTADA A
APLICAÇÃO DO ARTIGO 45-A DA LEI N° 8.212/91.
1. O mandado de segurança é ação constitucional que obedece a procedimento célere e encontra
regulamentação básica no art. 5º, LXIX, da Constituição Federal: "conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça".
2. Na presente a ação, discute-se a forma de cálculo da indenização de contribuições
previdenciárias para fins de contagem de tempo de serviço - sem registro em CTPS, mas
reconhecido judicialmente -, envolvendo a definição acerca da aplicação dos critérios legais
vigentes no momento em que eram devidas as exações ou daqueles vigentes no momento do
requerimento administrativo de cálculo, o que implica na incidência ou no afastamento dos juros
moratórios e da multa, previstos no art. 45-A, §§1º e 2º da Lei nº 8.212/91.
3. Os critérios a serem adotados, na apuração dos valores da indenização devem ser aqueles

vigentes à época em eram devidas as contribuições previdenciárias pelo segurado.
Jurisprudência firme no âmbito do STJ e do TRF-3.
4. Considerando que as contribuições previdenciárias devidas se referem a tempo rural exercido
em regime de economia familiar e a competências anteriores à Medida Provisória nº 1.523/96,
convertida na Lei n° 9.528/97, e à Lei Complementar n° 128/08, já em vigor na data do
requerimento administrativo, impõe-se como base de cálculo o valor do salário mínimo vigente à
época em que eram devidas as contribuições previdenciárias, sem a incidência dos juros e da
multa, afastando-se o disposto no artigo 45-A da Lei nº 8.212/91.
5. Remessa necessária e apelação do INSS não providas. Recurso adesivo da parte autora
parcialmente provido.
(TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, ApelRemNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA -
347770 - 0010558-86.2012.4.03.6112, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO
DOMINGUES, julgado em 30/07/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:10/08/2018 )

"PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. ART. 557, § 1º, DO CPC. AVERBAÇÃO
DE TEMPO DE SERVIÇO. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO DAS CONTRIBUIÇÕES.
CÁLCULO DO VALOR A SER RECOLHIDO. CRITÉRIO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO VIGENTE
NO PERÍODO EM QUE REALIZADA A ATIVIDADE LABORATIVA.
I - Não obstante a edição da Lei Complementar n.º 128/2008, que introduziu na Lei nº 8.212/91 o
artigo 45-A, permanece o entendimento do E. STJ quanto à aplicabilidade das normas que
estabelecem critérios de cálculo do valor a ser recolhido apenas para as contribuições posteriores
à sua edição, no sentido de que para se apurar os valores da indenização devem ser
considerados os critérios legais existentes ao momento sobre o qual se refere a contribuição,
sendo irrelevante que a matéria tenha sido agora tratada por lei complementar, ou seja, a matéria
reservada à lei complementar é apenas a relativa à decadência e prescrição.
II - Agravo do INSS improvido (art. 557, § 1º, do CPC)."
(TRF - 3ª Região, 10ª Turma, Relator Desembargador Federal Sergio Nascimento, MS 0000184-
89.2012.4.03.6183/SP, julgado em 02.04.2013, e-DJF3 Judicial 1 de 10.04.2013).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. OFENSA AO ART. 1.022 DO CPC/2015 NÃO
CONFIGURADA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EM ATRASO. CONTAGEM
RECÍPROCA. INDENIZAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 282/STF. JUROS E MULTA. PERÍODO ANTERIOR À MP 1.523/1996. NÃO
INCIDÊNCIA DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art.
1.022 do CPC/2015.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido de que a exigência de
juros e multa somente tem lugar quando o período a ser indenizado é posterior à edição da
Medida Provisória 1.523/1996.
3. Recurso Especial conhecido em parte, e nessa parte, não provido.
(REsp 1681403/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/09/2017, DJe 09/10/2017)


Dessa forma, a sentença do juiz a quo merece parcial reforma, para que seja concedida a ordem,
devendo a indenização ser calculada com base no valor do salário mínimo vigente ao tempo do
fato gerador, sem a incidência dos juros de mora e multa.

Dispositivo

Por estas razões, nego provimento à apelação do INSS e dou provimento à remessa oficial e ao
apelo do autor para conceder a ordem, para que o valor da indenização seja recalculada com
base no valor do salário mínimo vigente ao tempo de cada competência a ser indenizada, sem a
incidência dos juros de mora e multa.
É o voto.








E M E N T A



ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. REMESSA OFICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RECOLHIDA EM ATRASO. INDENIZAÇÃO. BASE DE
CÁLCULO, JUROS E MULTA. CÁLCULO COM BASE NA LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA
DOS FATOS. PERIODO ANTERIOR À LEI 9.032/95. BASE DE CÁLCULO. SALARIO MINIMO
VIGENTE AO TEMPO DO FATO GERADOR. PERÍODO ANTERIOR À MP 1.523/1996. NÃO
INCIDÊNCIA DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. REMESSA
OFICIAL E RECURSO DO AUTOR PROVIDO.
1. Remessa Necessária e Apelações em mandado de segurança interpostas pelo INSS e pelo
autor contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, concedendo em parte a
segurança, para fins de determinar a exclusão dos juros e multa da indenização para obtenção de
certidão de contagem de tempo de serviço, extinguindo o feito, com resolução de mérito, na forma
do art. 487, I, do Código de Processo Civil.
2. O cerne da controvérsia consiste na forma de cálculo do valor da indenização, no caso em que
o autor pretende computar tempo de serviço rural anterior à Lei n. 8.213/91, em que o trabalhador
rural não era segurado de filiação obrigatória ao Regime Geral da Previdência Social e não era
obrigado a recolher contribuição previdenciária, para fins de contagem recíproca, a ser utilizado
no serviço público federal.
3. A possibilidade de obtenção de benefício previdenciário mediante o recolhimento
extemporâneo de contribuições previdenciárias tem cunho indenizatório, nos termos do artigo 96,
IV, da Lei n. 8.213/1991. A mencionada indenização é o recolhimento voluntário das contribuições
pretéritas. Não sendo compulsórias estas contribuições, há uma opção do segurado em contribuir
ou não, assumindo a responsabilidade pelo seu ato. Mas, se exercer a referida opção, deverá
seguir a legislação em vigor, quando da opção, e não à época do fato gerador.
4. No Recurso Especial nº 1.682.678/SP, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça
deliberou se art. 55, § 2º, da Lei 8.213/91, que dispensa o pagamento de contribuições
previdenciárias para fins de comprovação do tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei
8.213/91, se estenderia ou não, ao caso em que o beneficiário pretende utilizar o tempo de
serviço para contagem recíproca no regime estatutário, ou se estaria restrito ao regime geral de

previdência (Tema/Repetitivon. 609), fixando a seguinte tese: "o segurado que tenha provado o
desempenho de serviço rurícola em período anterior à vigência da Lei n. 8.213/1991, embora faça
jus à expedição de certidão nesse sentido para mera averbação nos seus assentamentos,
somente tem direito ao cômputo do aludido tempo rural, no respectivo órgão público empregador,
para contagem recíproca no regime estatutário se, com a certidão de tempo de serviço rural,
acostar o comprovante de pagamento das respectivas contribuições previdenciárias, na forma da
indenização calculada conforme o dispositivo do art. 96, IV, da Lei n. 8.213/1991".
5. Para a contagem do tempo de serviço rural, deve prevalecer a norma vigente no momento da
prestação do serviço, e não a norma vigente na data do requerimento administrativo.
6. Para o cálculo do valor da indenização das contribuições previdenciárias recolhidas em atraso,
deve ser observada a legislação em vigor por ocasião do fato gerador, no caso, os períodos de
11/1980 a 02/1986 e 03/1989 a 06/1991, afastando-se a aplicação retroativa das alterações
conferidas no artigo 45 da Lei n. 8.213/91 pela Lei nº 9.032/95 e pela MP 1523/96, sendo
inexigível a cobrança de juros de mora e multa.
7. Considerando que o paragrafo 2º ao artigo 45 da Lei nº 8.212/91, que previa como base de
cálculo a média aritmética simples dos 36 últimos salários de contribuição do segurado, somente
foi introduzido com a vigência da Lei 9.032/95 e que a legislação em vigor à época do fato
gerador previa que o pagamento de contribuições recolhidas em atraso seria feita com base no
salário do período trabalhado, a base de cálculo relativo aos períodos pretendidos pelo impetrante
deve corresponder ao valor do salário mínimo vigente em cada competência a ser indenizada.
8. Considerado que a incidência de juros de mora e multa, prevista no § 4.º do art. 45 da Lei n.º
8.212/91, surgiu apenas com a edição da MP n.º 1.523/96, de 12/11/1996, convertida na Lei n°
9.528/97, que é incabível a retroatividade da lei previdenciária para prejudicar o segurado, e que
o impetrante pretende averbar período de serviço rural anterior à edição referida medida
provisória, indevida a cobrança de juros de mora e multa no cálculo da indenização.
9. Reforma parcial da sentença parcial reforma, para que seja concedida a ordem, devendo a
indenização ser calculada com base no valor do salário mínimo vigente ao tempo do fato gerador,
sem a incidência dos juros de mora e multa.
10. Apelação do autor e remessa oficial providas. Apelação do INSS desprovida. ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, por unanimidade, negou
provimento à apelação do INSS e deu provimento à remessa oficial e ao apelo do autor para
conceder a ordem, para que o valor da indenização seja recalculada com base no valor do salário
mínimo vigente ao tempo de cada competência a ser indenizada, sem a incidência dos juros de
mora e multa, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente
julgado.


Resumo Estruturado

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