
| D.E. Publicado em 18/08/2017 |
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, NÃO CONHECER do agravo retido interposto pela parte autora, NEGAR PROVIMENTO ao agravo retido interposto pela autarquia previdenciária e DAR PARCIAL PROVIMENTO tanto ao recurso de apelação da autarquia previdenciária como ao recurso de apelação da parte autora, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Desembargador Federal
| Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: | |
| Signatário (a): | FAUSTO MARTIN DE SANCTIS:66 |
| Nº de Série do Certificado: | 62312D6500C7A72E |
| Data e Hora: | 08/08/2017 11:26:22 |
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0000441-66.2012.4.03.6102/SP
RELATÓRIO
O Senhor Desembargador Federal FAUSTO DE SANCTIS:
Trata-se de apelações interpostas tanto pela parte autora (fls. 448/463) como pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (fls. 465/479) em face da r. sentença (fls. 440/444) que julgou parcialmente procedente pedido para reconhecer a especialidade do labor desempenhado entre 10/03/1978 e 01/10/1980, entre 01/02/1981 e 26/08/1981, entre 03/11/1981 e 12/04/1982, entre 02/08/1982 e 04/10/1982, entre 18/10/1982 e 03/07/1992, entre 03/11/1992 e 31/03/1993, entre 16/08/1993 e 14/10/1993, entre 03/01/1994 e 04/07/1994, entre 07/07/1994 e 06/09/1994, entre 04/10/1994 e 27/12/1994 e entre 02/01/1995 e 27/11/2003, determinando que a autarquia implante o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição à parte autora, a partir do ajuizamento desta demanda, devendo arcar com as parcela em atraso acrescidas de juros e de correção monetária, impondo que os honorários advocatícios deverão ser liquidados em fase processual oportuna - houve a determinação de que o ente previdenciário restitua as despesas adiantadas a título de honorários periciais.
Sustenta a parte autora, preliminarmente, a ocorrência de cerceamento do seu direito de produzir prova (atinente à complementação do laudo pericial judicial e à colheita de prova testemunhal), de modo que deveria ser anulado o r. provimento judicial recorrido - no mérito, aduz ter comprovado o exercício de atividade especial para os lapsos rechaçados pelo Ilustre Magistrado sentenciante, razão pela qual argumenta ter direito a se aposentar na forma especial desde a data do requerimento formulado na via administrativa - subsidiariamente, caso não adimplidos os requisitos para a concessão da prestação, pugna pela incidência do art. 493, do Código de Processo Civil.
Por sua vez, o ente previdenciário, preliminarmente, reitera seu agravo retido (de fls. 361/367 - tirado em face da r. decisão que permitiu a realização de perícia por similaridade / indireta) e, no mérito, aduz que a parte autora não teria comprovado a especialidade do labor nos interregnos assentados pelo Ilustre Magistrado sentenciante - subsidiariamente, postula a alteração dos critérios de juros e de correção monetária e do termo inicial do benefício deferido, almejando, ainda, o assentamento da ocorrência de prescrição quinquenal.
Subiram os autos com contrarrazões.
Consta a interposição de agravo retido pela parte autora (fls. 330/338), todavia não reiterado.
É o relatório.
VOTO
O Senhor Desembargador Federal FAUSTO DE SANCTIS:
Primeiramente, recebo os recursos de apelação interpostos tanto pela parte autora como pela autarquia previdenciária sob a égide da sistemática instituída pelo Código de Processo Civil de 2015 e, em razão de suas regularidades formais (atestadas pela certidão de fls. 503), possível se mostra a apreciação da pretensão neles veiculada, o que passa a ser feito a partir de agora.
De plano, não conheço do agravo retido interposto pela parte autora (fls. 330/338), vez que não reiterado expressamente, conforme disposto no art. 523, § 1º, do Código de Processo Civil de 1973, aplicável à espécie em razão do princípio do tempus regit actum. Por outro lado, porque devidamente reiterado (fls. 465/479), possível se mostra o conhecimento do agravo retido manejado pela autarquia previdenciária (fls. 361/367) tirado em face da r. decisão que permitiu a realização de perícia para fins de aferição de submissão da parte autora a agentes agressivos por similaridade ou de forma indireta - com efeito, não vislumbro qualquer irregularidade na possibilidade de aferição de condições especiais de labor por meio da realização de perícia por similaridade ou indireta desde que o expert nomeado atente para a necessidade de que os ambientes de trabalho sejam equivalentes - nesse diapasão, tendo em vista o cumprimento de tal aspecto pelo perito nomeado pelo juízo (conforme documento de fls. 402/412), reputo escorreita a prova levada a efeito, motivo pelo qual nego provimento ao agravo retido autárquico.
Indo adiante, no que tange à preliminar de cerceamento do direito de produzir prova arguida pela parte autora (consistente na complementação do laudo pericial judicial, bem como na colheita de testemunhos), cumpre salientar que o sistema processual civil assegura ao juiz, condutor do processo, a análise das provas pertinentes ao deslinde dos pontos controvertidos nos autos - assim, cabe ao magistrado de 1º grau a averiguação da pertinência da realização das provas (inclusive sua complementação), não havendo que se falar em cerceamento do direito de defesa na hipótese de indeferimento, razão pela qual refuto a preliminar em comento.
DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO E DA APOSENTADORIA ESPECIAL
A aposentadoria por tempo de serviço foi assegurada no art. 202, da Constituição Federal, que dispunha, em sua redação original:
A regulamentação da matéria sobreveio com a edição da Lei de Benefícios, de 24 de julho de 1991, que tratou em vários artigos da aposentadoria por tempo serviço. Nesse contexto, o benefício em tela será devido, na forma proporcional, ao segurado que completar 25 (vinte e cinco) anos de serviço, se do sexo feminino, ou 30 (trinta) anos de serviço, se do sexo masculino (art. 52, da Lei nº 8.213/91). Comprovado o exercício de mais de 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e 30 (trinta) anos, se mulher, concede-se a aposentadoria em tela na forma integral (art. 53, I e II, da Lei nº 8.213/91).
A Lei nº 8.213/91 estabeleceu período de carência de 180 (cento e oitenta) contribuições, revogando o § 8º do art. 32 da Lei Orgânica da Previdência Social - LOPS (que fixava, para a espécie, período de carência de 60 - sessenta - meses). Destaque-se que a Lei nº 9.032/95, reconhecendo a necessidade de disciplinar a situação dos direitos adquiridos e ainda da expectativa de direito que possuíam os filiados ao regime previdenciário até 24 de julho de 1991 (quando publicada com vigência imediata a Lei nº 8.213/91), estabeleceu regra de transição aplicável à situação desses filiados, prevendo tabela progressiva de períodos de carência mínima para os que viessem a preencher os requisitos necessários às aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial, desde o ano de 1991 (quando necessárias as 60 - sessenta - contribuições fixadas pela LOPS) até o ano de 2.011 (quando se exige 180 - cento e oitenta - contribuições).
A Emenda Constitucional nº 20/1998, que instituiu a reforma da previdência, estabeleceu o requisito de tempo mínimo de contribuição de 35 (trinta e cinco) anos para o segurado e de 30 (trinta) anos para a segurada, extinguindo o direito à aposentadoria proporcional e criando o fator previdenciário (tudo a tornar mais vantajosa a aposentação tardia). Importante ser dito que, para os filiados ao regime até sua publicação e vigência (em 15 de dezembro de 1998), foi assegurada regra de transição, de forma a permitir a aposentadoria proporcional - para tanto, previu-se o requisito de idade mínima de 53 (cinquenta e três) anos para os homens e de 48 (quarenta e oito) anos para as mulheres e um acréscimo de 40% (quarenta por cento) do tempo que faltaria para atingir os 30 (trinta) ou 35 (trinta e cinco) anos necessários nos termos da nova legislação.
Tal Emenda, em seu art. 9º, também previu regra de transição para a aposentadoria integral, estabelecendo idade mínima nos termos acima tratados e percentual de 20% (vinte por cento) do tempo faltante para a aposentação. Contudo, tal regra, opcional, teve seu sentido esvaziado pelo próprio Constituinte derivado, que a formulou de maneira mais gravosa que a regra permanente das aposentadorias integrais (que não exige idade mínima nem tempo adicional).
Já a aposentadoria especial (art. 57, caput, da Lei nº 8.213/91) difere da aposentadoria por tempo de serviço, porquanto pressupõe o exercício de atividade considerada especial pelo tempo de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, cabendo, ainda, considerar que sua renda mensal inicial será equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, não estando submetida à inovação legislativa promovida pela Emenda Constitucional nº 20/1998 (assim, inexiste pedágio ou exigência de idade mínima, nem se submete ao fator previdenciário, conforme art. 29, II, da Lei nº 8.213/91). Diferentemente, na aposentadoria por tempo de serviço, há tanto o exercício de atividade comum como o exercício de atividade especial (convertida em tempo comum, aumentando, assim, o tempo de serviço do trabalhador) e, conforme a data em que o segurado preencher os requisitos, deverá cumprir as regras da Emenda Constitucional nº 20/1998.
DO TEMPO EXERCIDO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS
O tempo de serviço prestado sob condições especiais poderá ser convertido em tempo de atividade comum independente da época trabalhada (art. 70, § 2º, do Decreto nº 3.048/99). Desta forma, não prevalece mais qualquer tese de limitação temporal de conversão, seja em períodos anteriores à vigência da Lei nº 6.887/80, seja em períodos posteriores à Lei nº 9.711/98, sendo certo que o art. 57, § 5º, da Lei nº 8.213/91, foi elevado à posição de Lei Complementar pelo art. 15, da Emenda Constitucional nº 20/98, de modo que somente por Lei Complementar poderá ser alterado.
Importante ser consignado que, na conversão do tempo especial em comum, aplica-se a legislação vigente à época da prestação laboral; na ausência desta e na potencial agressão à saúde do trabalhador, deve ser dado o mesmo tratamento para aquele que hoje tem direito à concessão da aposentadoria (STF, RE 392.559/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 07.02.06).
Cumpre salientar que a conversão do tempo de trabalho em atividades especiais era concedida com base na categoria profissional classificada de acordo com os anexos dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79, sendo que, a partir da Lei nº 9.032/95, faz-se necessário comprovar o exercício da atividade prejudicial à saúde por meios de formulários ou de laudos. É pacífico o entendimento jurisprudencial de que o rol de atividades consideradas insalubres, perigosas ou penosas é meramente exemplificativo (portanto, não exaustivo), motivo pelo qual a ausência do enquadramento da atividade tida por especial não é óbice à concessão de aposentadoria especial, consoante o entendimento da Súmula 198, do extinto TFR: "Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em Regulamento".
Portanto, o reconhecimento de outras atividades insalubres, penosas e perigosas é admissível, caso exercidas sob ditas condições especiais; porém, tais especialidades não se presumem (como ocorre com aquelas categorias arroladas na legislação pertinente).
A partir de 10 de dezembro de 1997, com a edição da Lei nº 9.528, passou-se a ser necessária a apresentação de laudo técnico para a comprovação de atividade insalubre, documento este que deve demonstrar efetiva exposição do segurado ao agente nocivo, mediante formulário estabelecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com base em laudo técnico do ambiente de trabalho, expedido por médico do trabalho ou por engenheiro de segurança do trabalho, com exceção de ruído (que sempre exigiu a apresentação de referido laudo para caracterizá-lo como agente agressor). Registro, por oportuno, que o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP substitui o laudo técnico em comento, sendo, assim, documento suficiente para aferição das atividades nocivas a que esteve sujeito o trabalhador.
Destaque-se que a extemporaneidade do documento (formulário, laudo técnico ou Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP) não obsta o reconhecimento de tempo de trabalho sob condições especiais, pois a situação em época remota era pior ou ao menos igual à constatada na data de elaboração de tais documentos (tendo em vista que as condições do ambiente de trabalho somente melhoram com a evolução tecnológica).
Saliente-se que os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79 têm aplicação simultânea até 05 de março de 1997, de modo que, verificada divergência entre tais diplomas, deve prevalecer a regra mais benéfica (como, por exemplo, ocorre na constatação de insalubridade em razão de ruído com intensidade igual ou superior a 80 dB, que atrai a incidência do Decreto nº 53.831/64).
Especificamente com relação ao agente agressivo ruído, importante ser dito que até 05 de março de 1997 entendia-se insalubre a atividade desempenhada exposta a 80 dB ou mais. Posteriormente, o Decreto nº 2.172/97 revogou os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79, passando a considerar insalubre o labor desempenhado com nível de ruído superior a 90 dB. Mais tarde, em 18 de novembro de 2003, o Decreto nº 4.882/03 reduziu tal patamar para 85 dB. Ressalte-se que o C. Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp 1.398.260/PR (representativo da controvérsia - Rel. Min. Herman Benjamin, 1ª Seção, DJe de 05/12/2014), firmou entendimento no sentido da impossibilidade de retroação do limite de 85 dB para alcançar fatos praticados sob a égide do Decreto nº 2.172/97.
O E. Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Agravo em RE nº 664.335/RS (com repercussão geral da questão constitucional reconhecida), pacificou o entendimento de que, havendo prova da real eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI (vale dizer, efetiva capacidade de neutralizar a nocividade do labor), não há que se falar em respaldo constitucional à concessão de aposentadoria especial. Todavia, em caso de dúvida em relação à neutralização da nocividade, assentou que a Administração e o Poder Judiciário devem seguir a premissa do reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial, pois o uso do EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submeteu - destaque-se que se enfatizou, em tal julgamento, que a mera informação da empresa sobre a eficácia do EPI não é suficiente para descaracterizar a especialidade do tempo de serviço para fins de aposentadoria. Ainda em indicado precedente, analisando a questão sob a ótica do agente agressivo ruído, o Supremo estabeleceu que não se pode garantir a eficácia real do EPI em eliminar os efeitos agressivos ao trabalhador, destacando que são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, não abrangendo apenas perdas auditivas, pelo que é impassível de controle, seja pelas empresas, seja pelos trabalhadores.
Por fim, no tocante à alegada necessidade de prévia fonte de custeio, em se tratando de empregado, sua filiação ao sistema previdenciário é obrigatória, bem como o recolhimento das contribuições respectivas, cabendo ao empregador vertê-las, nos termos do art. 30, I, da Lei nº 8.212/91. Dentro desse contexto, o trabalhador não pode ser penalizado se tais recolhimentos não foram efetuados corretamente, porquanto a autarquia previdenciária possui meios próprios para receber seus créditos.
DO CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS
Da atividade especial: Pugna a parte autora pelo reconhecimento como especial do labor exercido entre 14/09/1976 e 31/08/1977, entre 14/09/1977 e 10/02/1978, entre 10/03/1978 e 01/10/1980, entre 01/02/1981 e 26/08/1981, entre 03/11/1981 e 12/04/1982, entre 02/08/1982 e 04/10/1982, entre 18/10/1982 e 03/07/1992, entre 03/11/1992 e 31/03/1993, entre 16/08/1993 e 14/10/1993, entre 03/01/1994 e 04/07/1994, entre 07/07/1994 e 06/09/1994, entre 04/10/1994 e 27/12/1994 e entre 02/01/1995 e 27/11/2003. Cumpre analisar cada interregno separadamente:
- Período de 14/09/1976 a 31/08/1977: Verifica-se, de acordo com o laudo produzido por assistente técnico (fls. 419/433), que acolho ante a demonstração de equívoco em que analisados os dados pelo expert judicial (nos termos em que aventados em sede de razões de apelação autoral - fls. 448/463), que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 85,7 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 14/09/1977 a 10/02/1978: Verifica-se, de acordo com a CTPS de fls. 87 e 275, que a parte autora laborava como auxiliar de torneiro (mecânico). Com efeito, os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79 não dispõem de previsão legal acerca das atividades de "torneiro mecânico"; todavia, a jurisprudência, inclusive desta E. Corte, vem entendendo que cada rol existente nos referidos Decretos é meramente exemplificativo, motivo pelo qual, embora a atividade em tela não conste expressamente nos códigos 2.5.1 - INDÚSTRIAS METALÚRGICAS E MECÂNICAS, 2.5.2 - FERRARIAS, ESTAMPARIAS DE METAL À QUENTE E CALDEIRARIA e 2.5.3 - OPERAÇÕES DIVERSAS, todos do Decreto nº 83.080/79, a ela é equiparada - nesse sentido:
Desta forma, faz jus a parte autora ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 10/03/1978 a 01/10/1980: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 01/02/1981 a 26/08/1981: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 03/11/1981 a 12/04/1982: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 02/08/1982 a 04/10/1982: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 18/10/1982 a 03/07/1992: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade entre 80,6 dB e 82 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 03/11/1992 a 31/03/1993: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 16/08/1993 a 14/10/1993: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 03/01/1994 a 04/07/1994: De início, nota-se que a autarquia previdenciária não levou em consideração o vínculo em tela quando da apuração total de tempo de serviço da parte autora (fls. 124/125) - todavia, consta a inscrição do contrato em Carteira de Trabalho (fls. 105 e 293), cabendo salientar a existência de presunção de veracidade da avença em tais hipóteses somente afastável por meio de prova em sentido contrário (não existente neste feito). Desta forma, reputo válido o vínculo em comento, o que permite analisar sua especialidade. Nesse contexto, verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 07/07/1994 a 06/09/1994: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade de 84 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável à época, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 04/10/1994 a 27/12/1994: Verifica-se, de acordo com a CTPS de fls. 97 e 285, que a parte autora laborava como torneiro mecânico. Nos termos do entendimento anteriormente exposto, a parte autora faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada.
- Período de 02/01/1995 a 27/11/2003: Verifica-se, de acordo com a perícia judicial de fls. 402/412, que a parte autora laborava submetida ao agente agressivo ruído em intensidade entre 80,6 dB e 82 dB, limite acima do tolerado pela legislação de regência aplicável até 05/03/1997, motivo pelo qual faz jus ao reconhecimento da especialidade vindicada de 02/01/1995 a 05/03/1997. Registre-se, por oportuno, a impossibilidade de deferimento do pleito por mero enquadramento da categoria profissional ante o advento da Lei nº 9.032/95, bem como a impossibilidade de rechaçamento das conclusões a que chegou o perito judicial (para o fim de prevalecer o que restou consignado pelo assistente técnico às fls. 419/433) ante a ausência de qualquer argumento tecido pela parte autora com o escopo de afastar as conclusões do expert para o intervalo em comento, de modo que não haveria motivo apto a desqualificar as conclusões estabelecidas por auxiliar do juízo equidistante das partes e imparcial na relação processual.
DO CASO CONCRETO
Pleiteia a parte autora, como pedido principal, a concessão de aposentadoria especial e, na hipótese de rechaçamento de tal pretensão, o deferimento de aposentadoria por tempo de contribuição. Desta forma, a análise em tela se iniciará pela aferição do preenchimento dos requisitos necessários ao deferimento da aposentação especial - nesse contexto, somados os períodos ora reconhecidos como especial, perfaz a parte autora 18 anos e 06 meses de tempo de serviço exclusivamente em atividades especiais, conforme planilha que ora se determina a juntada, insuficientes para a concessão de indicada prestação.
Por sua vez, no que concerne ao pedido subsidiário (deferimento de aposentadoria por tempo de serviço / contribuição), somados os períodos incontroversos (fls. 124/125) com aqueles ora analisados, perfaz a parte autora 36 anos e 09 meses de tempo de serviço, conforme planilha que ora se determina a juntada, suficiente para conceder a prestação, a partir do requerimento administrativo (01/06/2011 - fls. 24, 129, 174, 210 e 317). Afastada a ocorrência de prescrição quinquenal uma vez que não transcorreram mais de 05 (cinco) anos entre a data do requerimento administrativo (01/06/2011 - fls. 24, 129, 174, 210 e 317) e o momento de propositura desta ação (17/01/2012 - fls. 02).
CONSECTÁRIOS
Os juros de mora e a correção monetária deverão ser calculados na forma prevista no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, sem prejuízo da aplicação da legislação superveniente, observando-se, ainda, quanto à correção monetária, o disposto na Lei n.º 11.960/2009, consoante a Repercussão Geral reconhecida no RE n.º 870.947, em 16.04.2015, Rel. Min. Luiz Fux.
A Autarquia Previdenciária está isenta das custas e emolumentos, nos termos do art. 4º, I, da Lei n.º 9.289, de 04.07.1996, do art. 24-A da Lei n.º 9.028, de 12.04.1995, com a redação dada pelo art. 3º da Medida Provisória n.º 2.180- 35 /2001, e do art. 8º, § 1º, da Lei n.º 8.620, de 05.01.1993.
Sucumbente, deve o INSS arcar com os honorários advocatícios, fixados no percentual de 12% (doze por cento), calculados sobre o valor das parcelas vencidas até a data da sentença, consoante o art. 85, § 3º, I, e § 11, do Código de Processo Civil, observada a Súm. 111/STJ.
DISPOSITIVO
Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do agravo retido interposto pela parte autora, por NEGAR PROVIMENTO ao agravo retido interposto pela autarquia previdenciária e por DAR PARCIAL PROVIMENTO tanto ao recurso de apelação da autarquia previdenciária (para afastar o reconhecimento do labor especial do lapso de 06/03/1997 a 27/11/2003 e para aclarar os critérios de juros e de correção monetária) como ao recurso de apelação da parte autora (para reconhecer o exercício de atividade especial entre 14/09/1976 e 31/08/1977 e entre 14/09/1977 e 10/02/1978 e para deferir aposentadoria por tempo de contribuição a partir do requerimento aviado na esfera administrativa), nos termos anteriormente expendidos.
Fausto De Sanctis
Desembargador Federal
| Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: | |
| Signatário (a): | FAUSTO MARTIN DE SANCTIS:66 |
| Nº de Série do Certificado: | 62312D6500C7A72E |
| Data e Hora: | 08/08/2017 11:26:19 |
