Processo
ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL / SP
5001045-12.2017.4.03.6119
Relator(a)
Desembargador Federal CARLOS EDUARDO DELGADO
Órgão Julgador
7ª Turma
Data do Julgamento
06/01/2020
Data da Publicação/Fonte
e - DJF3 Judicial 1 DATA: 21/01/2020
Ementa
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. VIDREIRO.
CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. APOSENTADORIA ESPECIAL CONCEDIDA. TERMO
INICIAL. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
VERBA HONORÁRIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. APELAÇÃO DO INSS
PARCIALMENTE PROVIDA.
1 - A aposentadoria especial foi instituída pelo artigo 31 da Lei n. 3.807, de 26.08.1960 (Lei
Orgânica da Previdência Social, LOPS). Sobreveio a Lei n. 5.890, de 08.06.1973, que revogou o
artigo 31 da LOPS, e cujo artigo 9º passou regrar esse benefício. A benesse era devida ao
segurado que contasse 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme a atividade
profissional, de serviços para esse efeito considerados penosos, insalubres ou perigosos, por
decreto do Poder Executivo.
2 - O Decreto nº 53.831/64 foi o primeiro a trazer a lista de atividades especiais para efeitos
previdenciários, tendo como base a atividade profissional ou a exposição do segurado a agentes
nocivos. Já o Decreto nº 83.080/79 estabeleceu nova lista de atividades profissionais, agentes
físicos, químicos e biológicos presumidamente nocivos à saúde, para fins de aposentadoria
especial, sendo que, o Anexo I classificava as atividades de acordo com os agentes nocivos
enquanto que o Anexo II trazia a classificação das atividades segundo os grupos profissionais.
3 - Logo, até a edição da Lei nº 9.032/95, era possível o reconhecimento da atividade especial:
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
(a) com base no enquadramento na categoria profissional, desde que a atividade fosse indicada
como perigosa, insalubre ou penosa nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 ou 83.080/79
(presunção legal); ou (b) mediante comprovação da submissão do trabalhador,
independentemente da atividade ou profissão, a algum dos agentes nocivos, por qualquer meio
de prova, exceto para ruído e calor.
4 - A apresentação de laudo pericial, Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP ou outro
formulário equivalente para fins de comprovação de tempo de serviço especial, somente passou a
ser exigida a partir de 06.03.1997 (Decreto nº. 2.172/97), exceto para os casos de ruído e calor,
em que sempre houve exigência de laudo técnico para verificação do nível de exposição do
trabalhador às condições especiais.
5 - Especificamente quanto ao reconhecimento da exposição ao agente nocivo ruído, por
demandar avaliação técnica, nunca prescindiu do laudo de condições ambientais.
6 - Considera-se insalubre a exposição ao agente ruído acima de 80dB, até 05/03/1997; acima de
90dB, no período de 06/03/1997 a 18/11/2003; e superior a 85 dB, a partir de 19/11/2003.
7 - O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), instituído pela Lei nº 9.528/97, emitido com base
nos registros ambientais e com referência ao responsável técnico por sua aferição, substitui, para
todos os efeitos, o laudo pericial técnico, quanto à comprovação de tempo laborado em condições
especiais.
8 - Saliente-se ser desnecessário que o laudo técnico seja contemporâneo ao período em que
exercida a atividade insalubre. Precedentes deste E. TRF 3º Região.
9 - A desqualificação em decorrência do uso de EPI vincula-se à prova da efetiva neutralização
do agente, sendo que a mera redução de riscos e a dúvida sobre a eficácia do equipamento não
infirmam o cômputo diferenciado. Cabe ressaltar, também, que a tese consagrada pelo C. STF
excepcionou o tratamento conferido ao agente agressivo ruído, que, ainda que integralmente
neutralizado, evidencia o trabalho em condições especiais.
10 - A apresentação de laudos técnicos de forma extemporânea não impede o reconhecimento da
especialidade, eis que de se supor que, com o passar do tempo, a evolução da tecnologia tem
aptidão de redução das condições agressivas. Portanto, se constatado nível de ruído acima do
permitido, em períodos posteriores ao laborado pela parte autora, forçoso concluir que, nos anos
anteriores, referido nível era superior.
11 - A r. sentença monocrática reconheceu o labor especial desempenhado de 01/03/1985 a
31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987, 07/01/1993 a 28/04/1995,
29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010. A comprovar a especialidade de seu
trabalho nos períodos de 01/03/1985 a 31/03/1986 e de 01/07/1986 a 29/08/1986, o autor juntou
aos autos os formulários de fls. 46/47 e 48/49, que dão conta de que ele desempenhou a função
de fazedor de pé, junto à Industria Paulista de Cristais Ltda.. Na descrição de suas atividades
profissionais consta que o requerente “....trabalha na posição sentado, cortando a ‘bola’ de vidro
recebida do colhedor de pé e com o copo recebido do passador, girando a cânula e apoiando-a
em aparador apropriado confecciona o pé do copo, cortando o vidro com um tesourão apropriado
fazendo a modelação necessária, utilizando-se de um equipamento denominado ferrete. Exerce
sua função no setor de fabricação...”. Assim, possível o enquadramento de sua atividade
profissional nos itens 2.5.2 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 e 2.5.5 do Decreto nº 83.080/79.
12 - No tocante aos lapsos de 15/12/1986 a 02/02/1987 e de 07/01/1993 a 28/04/1995, os
formulários de fls. 62 e 63 demonstram que o requerente, desempenhou a função de vidreiro e
vidreiro-soprador junto à Multividro Indústria e Comércio Ltda. Descrevem os formulários que, em
suas atividades profissionais, o requerente “...colhia vidro no apêndice utilizando-se de um
dispositivo chamado cana, pré moldava a massa colhida e conformava o produto em uma forma
via aplicação de sopro de ar através da cana...”, o que permite, igualmente, o enquadramento da
atividade nos itens 2.5.2 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 e 2.5.5 do Decreto nº 83.080/79.
13 - Quanto ao interregno de 29/04/1995 a 01/02/1997, o formulário de fl. 64 e o laudo técnico
pericial de fls. 65/66 dão conta de que o requerente exerceu a função de vidreiro-soprador junto à
Multividro Indústria e Comércio Ltda., exposto a ruído de 92dB, o que permite o reconhecimento
por ele pretendido.
14 - Quanto à 04/12/1998 a 17/06/2010, o PPP de fls. 67/68 e o laudo técnico pericial de fls.
70/73 demonstram que o postulante laborou como vidreiro junto à Decorcris Comércio e
Decoração de Vidros Ltda., exposto a ruído de 93,0dB e 94,6dB, sendo possível o seu
reconhecimento como especial.
15 - Assim sendo, à vista do conjunto probatório, enquadrado como especial os lapsos de
01/03/1985 a 31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987, 07/01/1993 a
28/04/1995, 29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010.
16 - Vale destacar que foi reconhecida a especialidade das atividades desempenhadas de
11/08/1977 a 10/06/1978, 01/06/1978 a 19/11/1978, 01/04/1979 a 31/07/1979, 01/08/1979 a
08/10/1979, 01/01/1980 a 20/02/1981, 01/11/1982 a 28/02/1985, 01/09/1986 a 10/12/1986,
13/03/1987 a 01/06/1987, 24/08/1987 a 19/09/1989 e de 23/10/1990 a 04/08/1992 na seara
administrativa, conforme Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de Contribuição de fls.
133/138.
17 - Logo, somando-se a especialidade reconhecida nesta demanda aos admitidos em sede
administrativa, verifica-se que o autor contava com 26 anos, 07 meses e 22 dias de atividade
desempenhada em condições especiais no momento do requerimento administrativo (20/12/2010
- fls. 133/138), fazendo jus ao benefício de aposentadoria especial, concedido na origem.
18 - Quanto ao termo inicial do benefício, ressalvado o entendimento deste Relator, este deve ser
mantido na data do requerimento administrativo (20/12/2010 – fls. 133/138), observada a
prescrição quinquenal, consoante preleciona o art. 57, §2º, da Lei de Benefícios.
19 - Correção monetária dos valores em atraso calculada de acordo com o Manual de Orientação
de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal até a promulgação da Lei nº 11.960/09, a
partir de quando será apurada, conforme julgamento proferido pelo C. STF, sob a sistemática da
repercussão geral (Tema nº 810 e RE nº 870.947/SE), pelos índices de variação do IPCA-E,
tendo em vista os efeitos ex tunc do mencionado pronunciamento.
20 - Juros de mora, incidentes até a expedição do ofício requisitório, fixados de acordo com o
Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, por refletir as
determinações legais e a jurisprudência dominante.
21 - Honorários advocatícios mantidos no percentual mínimo do §3º do artigo 85 do CPC, de
acordo com o inciso correspondente ao valor da condenação, após a devida liquidação,
consideradas as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença (Súmula 111, STJ), uma
vez que, sendo as condenações pecuniárias da autarquia previdenciária suportadas por toda a
sociedade, a verba honorária deve, por imposição legal (art. 85, §2º, do CPC), ser fixada
moderadamente.
22 - Apelação do INSS parcialmente provida.
Acórdao
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5001045-12.2017.4.03.6119
RELATOR:Gab. 25 - DES. FED. CARLOS DELGADO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO: MARCELO JOSE DE SOUZA
Advogado do(a) APELADO: EURICO NOGUEIRA DE SOUZA - SP152031-A
OUTROS PARTICIPANTES:
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5001045-12.2017.4.03.6119
RELATOR:Gab. 25 - DES. FED. CARLOS DELGADO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO: MARCELO JOSE DE SOUZA
Advogado do(a) APELADO: EURICO NOGUEIRA DE SOUZA - SP152031-A
OUTROS PARTICIPANTES:
R E L A T Ó R I O
O EXMO. SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS DELGADO (RELATOR):
Trata-se de apelação interposta pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em
ação previdenciária ajuizada por MARCELO JOSÉ DE SOUSA, objetivando a concessão de
aposentadoria especial, mediante o reconhecimento de trabalho em condições especiais.
A r. sentença de fls. 257/261, julgou procedente o pedido, para declarar como especial, os
períodos de 01/03/1985 a 31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987,
07/01/1993 a 28/04/1995, 29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010, bem como
para condenar o réu a conceder ao autor o benefício previdenciário de aposentadoria especial, a
partir do requerimento administrativo (20/12/2010 – fls. 133/138). Condenou a Autarquia, também,
ao pagamento das parcelas atrasadas, corrigidas monetariamente e com juros moratórios.
Condenou-a, ainda, ao pagamento de honorários advocatícios, fixados no percentual mínimo do
art. 85, §3º, tendo por base o valor da condenação. Concedida tutela provisória, determinando a
implantação do benefício concedido. Decisão não submetida a remessa necessária.
O INSS interpôs apelação às fls. 292/302, na qual sustenta ser indevido o reconhecimento da
especialidade, ao argumento de que não restou comprovado o trabalho em condições nocivas à
saúde. Prossegue aduzindo que houve uso de EPI eficaz, apto a elidir a agressividade dos
agentes. Subsidiariamente, insurge-se quanto à verba honorária fixada, juros de mora e correção
monetária.
Intimado, o autor apresentou contrarrazões de fls. 304/312.
Devidamente processado o recurso, foram os autos remetidos a este Tribunal Regional Federal.
É o relatório.
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5001045-12.2017.4.03.6119
RELATOR:Gab. 25 - DES. FED. CARLOS DELGADO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO: MARCELO JOSE DE SOUZA
Advogado do(a) APELADO: EURICO NOGUEIRA DE SOUZA - SP152031-A
OUTROS PARTICIPANTES:
V O T O
O EXMO. SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS DELGADO (RELATOR):
A aposentadoria especial foi instituída pelo artigo 31 da Lei n. 3.807, de 26.08.1960 (Lei Orgânica
da Previdência Social, LOPS). Sobreveio a Lei n. 5.890, de 08.06.1973, que revogou o artigo 31
da LOPS, e cujo artigo 9º passou regrar esse benefício. A benesse era devida ao segurado que
contasse 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme a atividade profissional, de
serviços para esse efeito considerados penosos, insalubres ou perigosos, por decreto do Poder
Executivo.
O Decreto nº 53.831/64 foi o primeiro a trazer a lista de atividades especiais para efeitos
previdenciários, tendo como base a atividade profissional ou a exposição do segurado a agentes
nocivos.
Já o Decreto nº 83.080/79 estabeleceu nova lista de atividades profissionais, agentes físicos,
químicos e biológicos presumidamente nocivos à saúde, para fins de aposentadoria especial,
sendo que, o Anexo I classificava as atividades de acordo com os agentes nocivos enquanto que
o Anexo II trazia a classificação das atividades segundo os grupos profissionais.
Atualmente, a aposentadoria especial encontra previsão no art. 57 da Lei nº 8.213/91, cuja
redação prevê que "(...) será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado
que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei (Redação
dada pela Lei nº 9.032, de 1995)". (grifos nossos)
Logo, até a edição da Lei nº 9.032/95, era possível o reconhecimento da atividade especial: (a)
com base no enquadramento na categoria profissional, desde que a atividade fosse indicada
como perigosa, insalubre ou penosa nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 ou 83.080/79
(presunção legal); ou (b) mediante comprovação da submissão do trabalhador,
independentemente da atividade ou profissão, a algum dos agentes nocivos, por qualquer meio
de prova, exceto para ruído e calor.
A apresentação de laudo pericial, Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP ou outro formulário
equivalente para fins de comprovação de tempo de serviço especial, somente passou a ser
exigida a partir de 06.03.1997 (Decreto nº. 2.172/97), exceto para os casos de ruído e calor, em
que sempre houve exigência de laudo técnico para verificação do nível de exposição do
trabalhador às condições especiais.
Especificamente quanto ao reconhecimento da exposição ao agente nocivo ruído, por demandar
avaliação técnica, nunca prescindiu do laudo de condições ambientais.
O Quadro Anexo do Decreto nº 53.831/64, código 1.1.6, fixou o nível mínimo em 80dB. Por força
do Quadro I do Anexo do Decreto nº 72.771/73, de 06/09/1973, esse nível foi elevado para 90dB.
O Quadro Anexo I do Decreto nº 83.080/79, mantido pelo Decreto nº 89.312/84, considera
insalubres as atividades que expõem o segurado a níveis de pressão sonora superiores a 90
decibéis, de acordo com o Código 1.1.5. Essa situação foi alterada pela edição dos Decretos nºs
357, de 07/12/1991 e 611, de 21/07/1992, que incorporaram, a um só tempo, o Anexo I do
Decreto nº 83.080, de 24/01/1979, que fixou o nível mínimo de ruído em 90dB e o Anexo do
Decreto nº 53.831, de 25/03/1964, que fixava o nível mínimo de 80dB, de modo que prevalece
este, por ser mais favorável.
De 06/03/1997 a 18/11/2003, na vigência do Decreto nº 2.172/97, e de 07/05/1999 a 18/11/2003,
na vigência do Decreto nº 3.048/99, o limite de tolerância voltou a ser fixado em 90 dB.
A partir de 19/11/2003, com a alteração ao Decreto nº 3.048/99, Anexo IV, introduzida pelo
Decreto nº 4.882/03, o limite de tolerância do agente nocivo ruído caiu para 85 dB.
Observa-se que no julgamento do REsp 1398260/PR (Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira
Seção, j. 14/05/2014, DJe 05/12/2014), representativo de controvérsia, o STJ reconheceu a
impossibilidade de aplicação retroativa do índice de 85 dB para o período de 06/03/1997 a
18/11/2003, devendo ser aplicado o limite vigente ao tempo da prestação do labor, qual seja,
90dB.
Assim, temos o seguinte quadro:
Período Trabalhado
Enquadramento
Limites de Tolerância
Até 05/03/1997
1. Anexo do Decreto nº 53.831/64. 2. Decretos nºs 357/91 e 611/92
80 dB
De 06/03/1997 a 18/11/2003
Anexo IV do Decreto nº 2.172/97 Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, redação original
90dB
A partir de 19/11/2003
Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, com a alteração do Decreto nº 4.882/03
85 dB
Importante ressaltar que o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), instituído pela Lei nº
9.528/97, emitido com base nos registros ambientais e com referência ao responsável técnico por
sua aferição, substitui, para todos os efeitos, o laudo pericial técnico, quanto à comprovação de
tempo laborado em condições especiais.
Saliente-se, mais, e na esteira de entendimento deste E. TRF, "a desnecessidade de que o laudo
técnico seja contemporâneo ao período em que exercida a atividade insalubre, em face de
inexistência de previsão legal para tanto, e desde que não haja mudanças significativas no
cenário laboral" (TRF-3, APELREEX 0004079-86.2012.4.03.6109, OITAVA TURMA, Rel. Des.
Fed. TANIA MARANGONI, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 15/05/2015). No mesmo sentido: TRF 3ª
Região, SÉTIMA TURMA, AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1423903 - 0002587-92.2008.4.03.6111, Rel.
DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO DOMINGUES, julgado em 24/10/2016, e-DJF3 Judicial 1
DATA:04/11/2016).
Por derradeiro, no que se refere ao uso de equipamento de proteção individual, verifica-se que o
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do ARE 664.335/SC, em sede de
repercussão geral, fixou duas teses:
"(...) a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a
efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for
realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria
especial. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas
pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida
sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a
Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria
especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para
descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete";
(...)
a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do
trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito
do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de
Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria"
(STF, ARE 664.335, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, j. 04/12/2014, DJe n. 29, de 11.02.2015,
public. 12.02.2015)" (grifos nossos).
Destarte, a desqualificação em decorrência do uso de EPI vincula-se à prova da efetiva
neutralização do agente, sendo que a mera redução de riscos e a dúvida sobre a eficácia do
equipamento não infirmam o cômputo diferenciado. Cabe ressaltar, também, que a tese
consagrada pelo C. STF excepcionou o tratamento conferido ao agente agressivo ruído, que,
ainda que integralmente neutralizado, evidencia o trabalho em condições especiais.
Saliente-se que, conforme declinado alhures, a apresentação de laudos técnicos de forma
extemporânea não impede o reconhecimento da especialidade, eis que de se supor que, com o
passar do tempo, a evolução da tecnologia tem aptidão de redução das condições agressivas.
Portanto, se constatado nível de ruído acima do permitido, em períodos posteriores ao laborado
pela parte autora, forçoso concluir que, nos anos anteriores, referido nível era superior.
Do caso concreto.
A r. sentença monocrática reconheceu o labor especial desempenhado de 01/03/1985 a
31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987, 07/01/1993 a 28/04/1995,
29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010.
A comprovar a especialidade de seu trabalho nos períodos de 01/03/1985 a 31/03/1986 e de
01/07/1986 a 29/08/1986, o autor juntou aos autos os formulários de fls. 46/47 e 48/49, que dão
conta de que ele desempenhou a função de fazedor de pé, junto à Industria Paulista de Cristais
Ltda.. Na descrição de suas atividades profissionais consta que o requerente “....trabalha na
posição sentado, cortando a ‘bola’ de vidro recebida do colhedor de pé e com o copo recebido do
passador, girando a cânula e apoiando-a em aparador apropriado confecciona o pé do copo,
cortando o vidro com um tesourão apropriado fazendo a modelação necessária, utilizando-se de
um equipamento denominado ferrete. Exerce sua função no setor de fabricação...”. Assim,
possível o enquadramento de sua atividade profissional nos itens 2.5.2 do Anexo do Decreto nº
53.831/64 e 2.5.5 do Decreto nº 83.080/79.
No tocante aos lapsos de 15/12/1986 a 02/02/1987 e de 07/01/1993 a 28/04/1995, os formulários
de fls. 62 e 63 demonstram que o requerente, desempenhou a função de vidreiro e vidreiro-
soprador junto à Multividro Indústria e Comércio Ltda. Descrevem os formulários que, em suas
atividades profissionais, o autor “...colhia vidro no apêndice utilizando-se de um dispositivo
chamado cana, pré moldava a massa colhida e conformava o produto em uma forma via
aplicação de sopro de ar através da cana...”, o que permite, igualmente, o enquadramento da
atividade nos itens 2.5.2 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 e 2.5.5 do Decreto nº 83.080/79.
Quanto ao interregno de 29/04/1995 a 01/02/1997, o formulário de fl. 64 e o laudo técnico pericial
de fls. 65/66 dão conta de que o requerente exerceu a função de vidreiro-soprador junto à
Multividro Indústria e Comércio Ltda., exposto a ruído de 92dB, o que permite o reconhecimento
por ele pretendido.
Por fim, quanto à 04/12/1998 a 17/06/2010, o PPP de fls. 67/68 e o laudo técnico pericial de fls.
70/73 demonstram que o postulante laborou como vidreiro junto à Decorcris Comércio e
Decoração de Vidros Ltda., exposto a ruído de 93,0dB e 94,6dB, sendo possível o seu
reconhecimento como especial.
Assim sendo, à vista do conjunto probatório, enquadrado como especial os lapsos de 01/03/1985
a 31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987, 07/01/1993 a 28/04/1995,
29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010.
Vale destacar que foi reconhecida a especialidade das atividades desempenhadas de 11/08/1977
a 10/06/1978, 01/06/1978 a 19/11/1978, 01/04/1979 a 31/07/1979, 01/08/1979 a 08/10/1979,
01/01/1980 a 20/02/1981, 01/11/1982 a 28/02/1985, 01/09/1986 a 10/12/1986, 13/03/1987 a
01/06/1987, 24/08/1987 a 19/09/1989 e de 23/10/1990 a 04/08/1992 na seara administrativa,
conforme Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de Contribuição de fls. 133/138.
Logo, somando-se a especialidade reconhecida nesta demanda aos admitidos em sede
administrativa, verifica-se que o autor contava com 26 anos, 07 meses e 22 dias de atividade
desempenhada em condições especiais no momento do requerimento administrativo (20/12/2010
- fls. 133/138), fazendo jus ao benefício de aposentadoria especial, concedido na origem.
Quanto ao termo inicial do benefício, ressalvado o entendimento deste Relator, este deve ser
mantido na data do requerimento administrativo (20/12/2010 – fls. 133/138), observada a
prescrição quinquenal, consoante preleciona o art. 57, §2º, da Lei de Benefícios.
A correção monetária dos valores em atraso deverá ser calculada de acordo com o Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal até a promulgação da Lei nº
11.960/09, a partir de quando será apurada, conforme julgamento proferido pelo C. STF, sob a
sistemática da repercussão geral (Tema nº 810 e RE nº 870.947/SE), pelos índices de variação
do IPCA-E, tendo em vista os efeitos ex tunc do mencionado pronunciamento.
Os juros de mora, incidentes até a expedição do ofício requisitório, devem ser fixados de acordo
com o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, por refletir
as determinações legais e a jurisprudência dominante.
Honorários advocatícios mantidos no percentual mínimo do §3º do artigo 85 do CPC, de acordo
com o inciso correspondente ao valor da condenação, após a devida liquidação, consideradas as
parcelas vencidas até a data da prolação da sentença (Súmula 111, STJ), uma vez que, sendo as
condenações pecuniárias da autarquia previdenciária suportadas por toda a sociedade, a verba
honorária deve, por imposição legal (art. 85, §2º, do CPC), ser fixada moderadamente.
Diante do exposto, dou parcial provimento à apelação do INSS para determinar que a correção
monetária dos valores em atraso deverá ser calculada de acordo com o Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal até a promulgação da Lei nº 11.960/09, a
partir de quando será apurada pelos índices de variação do IPCA-E, e que os juros de mora,
incidentes até a expedição do ofício requisitório, serão fixados de acordo com o mesmo Manual,
para que seja observada a prescrição quinquenal e que os honorários advocatícios, mantidos no
percentual mínimo do §3º do artigo 85 do CPC, de acordo com o inciso correspondente ao valor
da condenação, após a devida liquidação, incidam sobre as parcelas vencidas até a data da
prolação da sentença (Súmula 111, STJ), mantendo, no mais, a r. sentença.
É como voto.
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. VIDREIRO.
CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. APOSENTADORIA ESPECIAL CONCEDIDA. TERMO
INICIAL. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
VERBA HONORÁRIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. APELAÇÃO DO INSS
PARCIALMENTE PROVIDA.
1 - A aposentadoria especial foi instituída pelo artigo 31 da Lei n. 3.807, de 26.08.1960 (Lei
Orgânica da Previdência Social, LOPS). Sobreveio a Lei n. 5.890, de 08.06.1973, que revogou o
artigo 31 da LOPS, e cujo artigo 9º passou regrar esse benefício. A benesse era devida ao
segurado que contasse 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme a atividade
profissional, de serviços para esse efeito considerados penosos, insalubres ou perigosos, por
decreto do Poder Executivo.
2 - O Decreto nº 53.831/64 foi o primeiro a trazer a lista de atividades especiais para efeitos
previdenciários, tendo como base a atividade profissional ou a exposição do segurado a agentes
nocivos. Já o Decreto nº 83.080/79 estabeleceu nova lista de atividades profissionais, agentes
físicos, químicos e biológicos presumidamente nocivos à saúde, para fins de aposentadoria
especial, sendo que, o Anexo I classificava as atividades de acordo com os agentes nocivos
enquanto que o Anexo II trazia a classificação das atividades segundo os grupos profissionais.
3 - Logo, até a edição da Lei nº 9.032/95, era possível o reconhecimento da atividade especial:
(a) com base no enquadramento na categoria profissional, desde que a atividade fosse indicada
como perigosa, insalubre ou penosa nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 ou 83.080/79
(presunção legal); ou (b) mediante comprovação da submissão do trabalhador,
independentemente da atividade ou profissão, a algum dos agentes nocivos, por qualquer meio
de prova, exceto para ruído e calor.
4 - A apresentação de laudo pericial, Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP ou outro
formulário equivalente para fins de comprovação de tempo de serviço especial, somente passou a
ser exigida a partir de 06.03.1997 (Decreto nº. 2.172/97), exceto para os casos de ruído e calor,
em que sempre houve exigência de laudo técnico para verificação do nível de exposição do
trabalhador às condições especiais.
5 - Especificamente quanto ao reconhecimento da exposição ao agente nocivo ruído, por
demandar avaliação técnica, nunca prescindiu do laudo de condições ambientais.
6 - Considera-se insalubre a exposição ao agente ruído acima de 80dB, até 05/03/1997; acima de
90dB, no período de 06/03/1997 a 18/11/2003; e superior a 85 dB, a partir de 19/11/2003.
7 - O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), instituído pela Lei nº 9.528/97, emitido com base
nos registros ambientais e com referência ao responsável técnico por sua aferição, substitui, para
todos os efeitos, o laudo pericial técnico, quanto à comprovação de tempo laborado em condições
especiais.
8 - Saliente-se ser desnecessário que o laudo técnico seja contemporâneo ao período em que
exercida a atividade insalubre. Precedentes deste E. TRF 3º Região.
9 - A desqualificação em decorrência do uso de EPI vincula-se à prova da efetiva neutralização
do agente, sendo que a mera redução de riscos e a dúvida sobre a eficácia do equipamento não
infirmam o cômputo diferenciado. Cabe ressaltar, também, que a tese consagrada pelo C. STF
excepcionou o tratamento conferido ao agente agressivo ruído, que, ainda que integralmente
neutralizado, evidencia o trabalho em condições especiais.
10 - A apresentação de laudos técnicos de forma extemporânea não impede o reconhecimento da
especialidade, eis que de se supor que, com o passar do tempo, a evolução da tecnologia tem
aptidão de redução das condições agressivas. Portanto, se constatado nível de ruído acima do
permitido, em períodos posteriores ao laborado pela parte autora, forçoso concluir que, nos anos
anteriores, referido nível era superior.
11 - A r. sentença monocrática reconheceu o labor especial desempenhado de 01/03/1985 a
31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987, 07/01/1993 a 28/04/1995,
29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010. A comprovar a especialidade de seu
trabalho nos períodos de 01/03/1985 a 31/03/1986 e de 01/07/1986 a 29/08/1986, o autor juntou
aos autos os formulários de fls. 46/47 e 48/49, que dão conta de que ele desempenhou a função
de fazedor de pé, junto à Industria Paulista de Cristais Ltda.. Na descrição de suas atividades
profissionais consta que o requerente “....trabalha na posição sentado, cortando a ‘bola’ de vidro
recebida do colhedor de pé e com o copo recebido do passador, girando a cânula e apoiando-a
em aparador apropriado confecciona o pé do copo, cortando o vidro com um tesourão apropriado
fazendo a modelação necessária, utilizando-se de um equipamento denominado ferrete. Exerce
sua função no setor de fabricação...”. Assim, possível o enquadramento de sua atividade
profissional nos itens 2.5.2 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 e 2.5.5 do Decreto nº 83.080/79.
12 - No tocante aos lapsos de 15/12/1986 a 02/02/1987 e de 07/01/1993 a 28/04/1995, os
formulários de fls. 62 e 63 demonstram que o requerente, desempenhou a função de vidreiro e
vidreiro-soprador junto à Multividro Indústria e Comércio Ltda. Descrevem os formulários que, em
suas atividades profissionais, o requerente “...colhia vidro no apêndice utilizando-se de um
dispositivo chamado cana, pré moldava a massa colhida e conformava o produto em uma forma
via aplicação de sopro de ar através da cana...”, o que permite, igualmente, o enquadramento da
atividade nos itens 2.5.2 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 e 2.5.5 do Decreto nº 83.080/79.
13 - Quanto ao interregno de 29/04/1995 a 01/02/1997, o formulário de fl. 64 e o laudo técnico
pericial de fls. 65/66 dão conta de que o requerente exerceu a função de vidreiro-soprador junto à
Multividro Indústria e Comércio Ltda., exposto a ruído de 92dB, o que permite o reconhecimento
por ele pretendido.
14 - Quanto à 04/12/1998 a 17/06/2010, o PPP de fls. 67/68 e o laudo técnico pericial de fls.
70/73 demonstram que o postulante laborou como vidreiro junto à Decorcris Comércio e
Decoração de Vidros Ltda., exposto a ruído de 93,0dB e 94,6dB, sendo possível o seu
reconhecimento como especial.
15 - Assim sendo, à vista do conjunto probatório, enquadrado como especial os lapsos de
01/03/1985 a 31/03/1986, 01/07/1986 a 29/08/1986, 15/12/1986 a 02/02/1987, 07/01/1993 a
28/04/1995, 29/04/1995 a 01/02/1997 e de 04/12/1998 a 17/06/2010.
16 - Vale destacar que foi reconhecida a especialidade das atividades desempenhadas de
11/08/1977 a 10/06/1978, 01/06/1978 a 19/11/1978, 01/04/1979 a 31/07/1979, 01/08/1979 a
08/10/1979, 01/01/1980 a 20/02/1981, 01/11/1982 a 28/02/1985, 01/09/1986 a 10/12/1986,
13/03/1987 a 01/06/1987, 24/08/1987 a 19/09/1989 e de 23/10/1990 a 04/08/1992 na seara
administrativa, conforme Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de Contribuição de fls.
133/138.
17 - Logo, somando-se a especialidade reconhecida nesta demanda aos admitidos em sede
administrativa, verifica-se que o autor contava com 26 anos, 07 meses e 22 dias de atividade
desempenhada em condições especiais no momento do requerimento administrativo (20/12/2010
- fls. 133/138), fazendo jus ao benefício de aposentadoria especial, concedido na origem.
18 - Quanto ao termo inicial do benefício, ressalvado o entendimento deste Relator, este deve ser
mantido na data do requerimento administrativo (20/12/2010 – fls. 133/138), observada a
prescrição quinquenal, consoante preleciona o art. 57, §2º, da Lei de Benefícios.
19 - Correção monetária dos valores em atraso calculada de acordo com o Manual de Orientação
de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal até a promulgação da Lei nº 11.960/09, a
partir de quando será apurada, conforme julgamento proferido pelo C. STF, sob a sistemática da
repercussão geral (Tema nº 810 e RE nº 870.947/SE), pelos índices de variação do IPCA-E,
tendo em vista os efeitos ex tunc do mencionado pronunciamento.
20 - Juros de mora, incidentes até a expedição do ofício requisitório, fixados de acordo com o
Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, por refletir as
determinações legais e a jurisprudência dominante.
21 - Honorários advocatícios mantidos no percentual mínimo do §3º do artigo 85 do CPC, de
acordo com o inciso correspondente ao valor da condenação, após a devida liquidação,
consideradas as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença (Súmula 111, STJ), uma
vez que, sendo as condenações pecuniárias da autarquia previdenciária suportadas por toda a
sociedade, a verba honorária deve, por imposição legal (art. 85, §2º, do CPC), ser fixada
moderadamente.
22 - Apelação do INSS parcialmente provida. ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sétima Turma, por
unanimidade, decidiu dar parcial provimento à apelação do INSS para determinar que a correção
monetária dos valores em atraso deverá ser calculada de acordo com o Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal até a promulgação da Lei nº 11.960/09, a
partir de quando será apurada pelos índices de variação do IPCA-E, e que os juros de mora,
incidentes até a expedição do ofício requisitório, serão fixados de acordo com o mesmo Manual,
para que seja observada a prescrição quinquenal e que os honorários advocatícios, arbitrados no
percentual mínimo do §3º do artigo 85 do CPC, de acordo com o inciso correspondente ao valor
da condenação, após a devida liquidação, incidam sobre as parcelas vencidas até a data da
prolação da sentença (Súmula 111, STJ), mantendo, no mais, a r. sentença, nos termos do
relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
