Processo
ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL / SP
5565928-37.2019.4.03.9999
Relator(a)
Desembargador Federal TORU YAMAMOTO
Órgão Julgador
7ª Turma
Data do Julgamento
20/12/2019
Data da Publicação/Fonte
e - DJF3 Judicial 1 DATA: 28/01/2020
Ementa
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/AUXÍLIO-DOENÇA. DOENÇA
PREEXISTENTE. REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. BENEFICIO NÃO CONCEDIDO.
1. A concessão de aposentadoria por invalidez reclama que o requerente seja segurado da
Previdência Social, tenha cumprido o período de carência de 12 (doze) contribuições, e esteja
incapacitado, total e definitivamente, ao trabalho (art. 201, I, da CR/88 e arts. 18, I, "a"; 25, I e 42
da Lei nº 8.213/91). Idênticos requisitos são exigidos à outorga de auxílio-doença, cuja diferença
centra-se na duração da incapacidade (arts. 25, I, e 59 da Lei nº 8.213/91).
2. In casu, no que se refere ao requisito da incapacidade, o laudo pericial, elaborado em
10.11.2018, atestou que a parte autora, com 74 anos, é portadora de ruptura do menisco,
gonartrose primária bilateral, derrame articular e cisto sinovial do espaço poplíteo (Baker),
restando caracterizada a incapacidade laborativa total e temporária, com início da incapacidade
fixada em 18.04.2018.
3. No caso presente, em consulta às informações do sistema CNIS/DATAPREV, presentes nos
autos, verifica-se que a parte autora apresenta registro de vínculo empregatício, no período de
08.09.1997 a 03/1998 e recolhimentos previdenciários, como autônomo e contribuinte individual,
nos períodos de: 01.04.1989 a 30.06.1989, 01.09.2005 a 30.04.2006, 01.12.2006 a 30.04.2007 e
01.02.2017 a 30.09.2018, bem como recebeu auxílio doença, no intervalo de 08.05.2006 a
30.11.2006 e amparo social ao idoso, no período de 01.04.2009 a 17.06.2013.
4. Desse modo, tendo a incapacidade sido fixada em 18.04.2018, forçoso concluir que a autora já
se encontrava incapaz no momento de sua nova filiação à Previdência Social, ocorrida em
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
01.02.2017, considerando a natureza das moléstias e o quanto atestado no laudo pericial.
5. Portanto, sendo a enfermidade preexistente à filiação da demandante ao Regime Geral de
Previdência Social, indevido o benefício pleiteado.
6. Apelação do INSS provida.
Acórdao
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5565928-37.2019.4.03.9999
RELATOR:Gab. 23 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO: TEREZINHA MAMEDIO DANTAS
Advogados do(a) APELADO: AGOSTINHO ANTONIO PAGOTTO - SP70339-N, HOSANA
APARECIDO CARNEIRO GONCALVES - SP226575-N
OUTROS PARTICIPANTES:
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5565928-37.2019.4.03.9999
RELATOR:Gab. 23 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO: TEREZINHA MAMEDIO DANTAS
Advogados do(a) APELADO: AGOSTINHO ANTONIO PAGOTTO - SP70339-N, HOSANA
APARECIDO CARNEIRO GONCALVES - SP226575-N
OUTROS PARTICIPANTES:
R E L A T Ó R I O
Trata-se de ação previdenciária ajuizada em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
objetivando a concessão de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença.
A r. sentença julgou procedente o pedido, condenando o INSS a conceder à parte autora o
benefício aposentadoria por invalidez desde 03.09.2018 (data do requerimento administrativo).
Sobre as prestações vencidas, incidirão juros de mora e correção monetária. Condenou ainda o
INSS ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor
das prestações vencidas até a data da sentença, nos termos da Súmula 111 do STJ, isentando-o,
porém, do pagamento de custas. Foi concedida tutela antecipada.
Sentença não submetida ao reexame necessário.
Inconformado, o INSS apelou, requerendo a reforma da r. sentença, uma vez que não restaram
comprovados os requisitos legais para a concessão do benefício pleiteado, de modo que requer a
suspensão da tutela antecipada. Se esse não for o entendimento, requer a concessão do auxílio
doença, considerando que a incapacidade não é total e, no tocante à correção monetária, a
incidência da TR, nos termos da Lei 11.960/09.
Com contrarrazões, subiram os autos a este E. Tribunal.
É o relatório.
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5565928-37.2019.4.03.9999
RELATOR:Gab. 23 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO: TEREZINHA MAMEDIO DANTAS
Advogados do(a) APELADO: AGOSTINHO ANTONIO PAGOTTO - SP70339-N, HOSANA
APARECIDO CARNEIRO GONCALVES - SP226575-N
OUTROS PARTICIPANTES:
V O T O
Verifico, em juízo de admissibilidade, que o recurso ora analisado se mostra formalmente regular,
motivado (artigo 1.010 CPC) e com partes legítimas, preenchendo os requisitos de adequação
(art. 1009 CPC) e tempestividade (art. 1.003 CPC). Assim, presente o interesse recursal e
inexistindo fato impeditivo ou extintivo, recebo-o e passo a apreciá-lo nos termos do artigo 1.011
do Código de Processo Civil.
A concessão de aposentadoria por invalidez reclama que o requerente seja segurado da
Previdência Social, tenha cumprido o período de carência de 12 (doze) contribuições, e esteja
incapacitado, total e definitivamente, ao trabalho (art. 201, I, da CR/88 e arts. 18, I, "a"; 25, I e 42
da Lei nº 8.213/91). Idênticos requisitos são exigidos à outorga de auxílio-doença, cuja diferença
centra-se na duração da incapacidade (arts. 25, I, e 59 da Lei nº 8.213/91).
No que concerne às duas primeiras condicionantes, vale recordar premissas estabelecidas pela
lei de regência, cuja higidez já restou encampada na moderna jurisprudência: o beneficiário de
auxílio-doença mantém a condição de segurado, nos moldes estampados no art. 15 da Lei nº
8.213/91; o desaparecimento da condição de segurado sucede, apenas, no dia 16 do segundo
mês seguinte ao término dos prazos fixados no art. 15 da Lei nº 8.213/91 (os chamados períodos
de graça); eventual afastamento do labor, em decorrência de enfermidade, não prejudica a
outorga da benesse, quando preenchidos os requisitos, à época, exigidos; durante o período de
graça, a filiação e consequentes direitos, perante a Previdência Social, ficam mantidos.
In casu, no que se refere ao requisito da incapacidade, o laudo pericial, elaborado em 10.11.2018,
atestou que a parte autora, com 74 anos, é portadora de ruptura do menisco, gonartrose primária
bilateral, derrame articular e cisto sinovial do espaço poplíteo (Baker), restando caracterizada a
incapacidade laborativa total e temporária, com início da incapacidade fixada em 18.04.2018.
Cumpre averiguar, ainda, a existência da qualidade de segurado da parte autora quando do início
da incapacidade laborativa.
Isso porque a legislação previdenciária exige, para a concessão de benefício previdenciário, que
a parte autora tenha adquirido a qualidade de segurado (com o cumprimento da carência de doze
meses para obtenção do benefício - artigo 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91), bem como que a
mantenha até o início da incapacidade, sob pena de incidir na hipótese prevista no artigo 102 da
Lei nº 8.213/91.
No caso presente, em consulta às informações do sistema CNIS/DATAPREV, presentes nos
autos, verifica-se que a parte autora apresenta registro de vínculo empregatício, no período de
08.09.1997 a 03/1998 e recolhimentos previdenciários, como autônomo e contribuinte individual,
nos períodos de: 01.04.1989 a 30.06.1989, 01.09.2005 a 30.04.2006, 01.12.2006 a 30.04.2007 e
01.02.2017 a 30.09.2018, bem como recebeu auxílio doença, no intervalo de 08.05.2006 a
30.11.2006 e amparo social ao idoso, no período de 01.04.2009 a 17.06.2013.
Desse modo, tendo a incapacidade sido fixada em 18.04.2018, forçoso concluir que a autora já se
encontrava incapaz no momento de sua nova filiação à Previdência Social, ocorrida em
01.02.2017, considerando a natureza das moléstias e o quanto atestado no laudo pericial.
Portanto, sendo a enfermidade preexistente à filiação da demandante ao Regime Geral de
Previdência Social, indevido o benefício pleiteado.
A propósito, trago à colação os seguintes julgados desta Corte:
"PREVIDENCIÁRIO - AGRAVO LEGAL - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AUXÍLIO
DONÇA - PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADA - OCORRÊNCIA - DOENÇA PRÉ-
EXISTENTE. I. Para concessão de aposentadoria por invalidez é necessário comprovar a
condição de segurado, o cumprimento da carência, salvo quando dispensada, e a incapacidade
total e permanente para o trabalho. O auxílio-doença tem os mesmos requisitos, ressalvando-se a
incapacidade, que deve ser total e temporária. II. Considerando que as patologias diagnosticadas
são de caráter crônico e degenerativo, restou evidenciado que, ao ingressar ao Regime Geral da
Previdência Social, na qualidade de contribuinte facultativo, no período de 01/07/2003 a 06/2004,
a autora já estava incapacitada. III. Considerando a data da incapacidade fixada nos autos
(meados de 08/2008), e a última contribuição vertida pela autora (09/06/2004 - 06/2004), teria
sido consumada a perda da qualidade de segurada, conforme disposto no art. 15, II, e §4°, da Lei
8.213/91, uma vez que também não houve o recolhimento das quatro contribuições necessárias,
após tal perda, nos termos do art. 24, par. único, da LBPS. IV. Agravo legal improvido."
(TRF 3ª Região, AC n° 00398556420054039999, Nona Turma, Rel. Des. Federal Marisa Santos,
e-DJF3 Judicial 1:17/10/2011).
"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AGRAVO
DO ART. 557, § 1º DO CPC INTERPOSTO CONTRA DECISÃO PROFERIDA NOS TERMOS DO
ARTIGO 557 - AGRAVO IMPROVIDO. Para a concessão da aposentadoria por invalidez, mister
se faz preencher os seguintes requisitos: satisfação da carência, manutenção da qualidade de
segurado e existência de doença incapacitante para o exercício de atividade laborativa. Levando-
se em conta a natureza dos males e do concluído pelo perito judicial, verifica-se que o autor já
estava acometida de tais doenças geradoras da incapacidade quando se filiou novamente à
Previdência Social, em abril de 2004. Ora, se o autor voltou a recolher contribuições
previdenciárias somente em 2004, trata-se de caso de doença pré-existente. Outrossim, não há
que se falar em incapacidade sobrevinda pela progressão ou agravamento da doença ou lesão,
nos termos do artigo 42, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91. Agravo interposto na forma do art. 557,
§ 1º, do CPC improvido."
(TRF 3ª Região, AC n° 00158821220074039999, Sétima Turma, Rel. Des. Federal Leide Polo, e-
DJF3 Judicial 1:10/06/2011).
Impõe-se, por isso, a improcedência da pretensão e, por conseguinte, a revogação da
antecipação da tutela anteriormente concedida, que determinou a implantação do benefício em
questão, pelo que determino a expedição de ofício ao INSS, com os documentos necessários
para as providências cabíveis, independentemente do trânsito em julgado.
Ante o exposto, dou provimento à apelação do INSS, para julgar improcedente o pedido,
reformando-se a r. sentença, na forma da fundamentação.
É o voto.
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/AUXÍLIO-DOENÇA. DOENÇA
PREEXISTENTE. REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. BENEFICIO NÃO CONCEDIDO.
1. A concessão de aposentadoria por invalidez reclama que o requerente seja segurado da
Previdência Social, tenha cumprido o período de carência de 12 (doze) contribuições, e esteja
incapacitado, total e definitivamente, ao trabalho (art. 201, I, da CR/88 e arts. 18, I, "a"; 25, I e 42
da Lei nº 8.213/91). Idênticos requisitos são exigidos à outorga de auxílio-doença, cuja diferença
centra-se na duração da incapacidade (arts. 25, I, e 59 da Lei nº 8.213/91).
2. In casu, no que se refere ao requisito da incapacidade, o laudo pericial, elaborado em
10.11.2018, atestou que a parte autora, com 74 anos, é portadora de ruptura do menisco,
gonartrose primária bilateral, derrame articular e cisto sinovial do espaço poplíteo (Baker),
restando caracterizada a incapacidade laborativa total e temporária, com início da incapacidade
fixada em 18.04.2018.
3. No caso presente, em consulta às informações do sistema CNIS/DATAPREV, presentes nos
autos, verifica-se que a parte autora apresenta registro de vínculo empregatício, no período de
08.09.1997 a 03/1998 e recolhimentos previdenciários, como autônomo e contribuinte individual,
nos períodos de: 01.04.1989 a 30.06.1989, 01.09.2005 a 30.04.2006, 01.12.2006 a 30.04.2007 e
01.02.2017 a 30.09.2018, bem como recebeu auxílio doença, no intervalo de 08.05.2006 a
30.11.2006 e amparo social ao idoso, no período de 01.04.2009 a 17.06.2013.
4. Desse modo, tendo a incapacidade sido fixada em 18.04.2018, forçoso concluir que a autora já
se encontrava incapaz no momento de sua nova filiação à Previdência Social, ocorrida em
01.02.2017, considerando a natureza das moléstias e o quanto atestado no laudo pericial.
5. Portanto, sendo a enfermidade preexistente à filiação da demandante ao Regime Geral de
Previdência Social, indevido o benefício pleiteado.
6. Apelação do INSS provida.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sétima Turma, por
unanimidade, decidiu dar provimento à apelação do INSS, nos termos do relatório e voto que
ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
