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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE RECONHECIDA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. LIMIT...

Data da publicação: 14/10/2020, 23:03:31

E M E N T A PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE RECONHECIDA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. LIMITES DO PEDIDO RECURSAL. - Não conhecimento do reexame necessário, conforme disposto no art. 496, § 3.º, inciso I, do Código de Processo Civil, que afasta a exigência do duplo grau de jurisdição quando a condenação ou o proveito econômico for inferior a 1.000 salários mínimos. - Satisfeitos os requisitos legais previstos no art. 42 da Lei n° 8.213/91 - quais sejam, qualidade de segurado, incapacidade total e permanente e cumprimento do período de carência (12 meses) - é de rigor a concessão de aposentadoria por invalidez. - O fato de a parte autora ter deixado de contribuir por mais de doze meses até a data da propositura da ação não importa perda da qualidade de segurado se o afastamento decorreu do acometimento de doença grave. - Necessária a contextualização do indivíduo para a aferição da incapacidade laborativa. Impossibilidade de exigir a reabilitação de trabalhador com baixo grau de instrução, a atividade diversa de sua habitual. Incapacidade total e permanente configurada. Precedentes do STJ. - Reconhecimento da procedência do pedido de aposentadoria por invalidez, a partir da data do laudo médico pericial. (TRF 3ª Região, 8ª Turma, ApelRemNec - APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA - 0040602-28.2016.4.03.9999, Rel. Desembargador Federal THEREZINHA ASTOLPHI CAZERTA, julgado em 01/10/2020, e - DJF3 Judicial 1 DATA: 06/10/2020)


Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) Nº 0040602-28.2016.4.03.9999

RELATOR: Gab. 27 - DES. FED. THEREZINHA CAZERTA

APELANTE: ERONDINA RAMOS ARAUJO, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Advogado do(a) APELANTE: JOAO VINICIUS RODIANI DA COSTA MAFUZ - SP249201-N

APELADO: ERONDINA RAMOS ARAUJO, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Advogado do(a) APELADO: JOAO VINICIUS RODIANI DA COSTA MAFUZ - SP249201-N

OUTROS PARTICIPANTES:

 


APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) Nº 0040602-28.2016.4.03.9999

RELATOR: Gab. 27 - DES. FED. THEREZINHA CAZERTA

APELANTE: ERONDINA RAMOS ARAUJO, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Advogado do(a) APELANTE: JOAO VINICIUS RODIANI DA COSTA MAFUZ - SP249201-N

APELADO: ERONDINA RAMOS ARAUJO, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Advogado do(a) APELADO: JOAO VINICIUS RODIANI DA COSTA MAFUZ - SP249201-N

OUTROS PARTICIPANTES:

 

 

R E L A T Ó R I O

"Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;

IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

VI - até (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.

§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.

§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos."

“Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no artigo 26:

I – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;”

“PREVIDENCIÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL.  APOSENTADORIA  POR INVALIDEZ. A PREEXISTÊNCIA DE DOENÇA OU LESÃO NÃO IMPEDE A CONCESSÃO DE BENEFÍCIO POR  INCAPACIDADE,  SE  COMPROVADA  QUE  A  INCAPACIDADE DECORREU DO AGRAVAMENTO  OU PROGRESSÃO DA DOENÇA OU LESÃO. LAUDO MÉDICO NÃO PODE SER  USADO  PARA  FIXAR  O MARCO INICIAL DA AQUISIÇÃO DE DIREITOS. O TERMO  INICIAL  DA  APOSENTADORIA  POR  INVALIDEZ CORRESPONDE AO DIA SEGUINTE  À  CESSAÇÃO  DO  BENEFÍCIO  ANTERIORMENTE  CONCEDIDO OU DO PRÉVIO   REQUERIMENTO   ADMINISTRATIVO.   SUBSIDIARIAMENTE,   QUANDO AUSENTES  AS  CONDIÇÕES  ANTERIORES,  O MARCO INICIAL PARA PAGAMENTO SERÁ  A DATA DA CITAÇÃO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE NEGA PROVIMENTO. RECURSO ESPECIAL DA SEGURADA PROVIDO.

1. Os benefícios por incapacidade foram idealizados com o intuito de amparar o Trabalhador em situações excepcionais, quando, por eventos cujas ocorrências não podem ser controladas, o Segurado tem reduzida sua  capacidade para exercer sua atividade de trabalho. Concretizam, assim,  a  proteção  garantida  ao Trabalhador no contrato de seguro firmado com a Previdência Social.

2.  Importante  a  compreensão  de  que  o  requisito  legal  para a concessão do benefício é a existência de incapacidade para exercício da  atividade laboral e que tal incapacidade não seja preexistente à filiação  do  Segurado ao Regime Geral de Previdência.

3. Assim, não há  óbice que a doença que atinge o Segurado seja preexistente à sua filiação,  desde que tal enfermidade não interfira em sua capacidade para  o  trabalho  e  fique  comprovado que a incapacidade se deu em razão  do  agravamento  ou  da  progressão da doença ou lesão que já acometia o segurado.

4.  Na  hipótese  dos  autos,  a Corte de origem, com base no acervo probatório  dos  autos,  concluiu  que  a incapacidade da Segurada é decorrente  do  agravamento  progressivo da patologia que apresenta, não merecendo, assim, qualquer reparo o acórdão neste ponto.

5.  O  laudo  pericial  ou  o  laudo  da junta médica administrativa norteiam  somente  o  livre  convencimento  do Juiz quanto aos fatos alegados  pelas  partes,  portanto,  não  servem como parâmetro para fixar termo inicial de aquisição de direitos.

(...)

7. Agravo em Recurso Especial do INSS a que se nega provimento. Recurso  Especial  da Segurada provido para fixar o termo inicial do benefício na data do requerimento administrativo.

(STJ, PRIMEIRA TURMA, REsp. 1471461/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 16.04.2018)

Demonstrou, outrossim, ter atendido à exigência legal de recolhimento de 12 contribuições previdenciárias, para ensejar direito ao benefício em questão (art. 25 da Lei n.° 8.213/91).

Não obstante a incapacidade se restrinja à atividade específicas, considerando a idade da autora (68 anos) as limitações que as patologias lhe impõem são grandes e restringem em muito a possibilidade de colocação no mercado de trabalho, sobretudo diante de prolongado afastamento do mercado de trabalho e recebimento de benefícios previdenciários desde 1999.

Desse modo, o conjunto probatório restou suficiente para a concessão de aposentadoria por invalidez.

Nos limites da matéria devolvida à apreciação desta Corte, o benefício de auxílio-doença dever ser mantido de 10/9/2008, nos termos da sentença, até a data do laudo médico pericial, 23/10/2011, convertendo-se em aposentadoria por invalidez a partir de então, devendo ser compensados os valores porventura já recebidos.

Considerado, por outro lado, o recebimento do benefício de auxílio-acidente e o quanto previsto no art. 86, §1º, da Lei n.º 8.213/91 – “O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado”, deverá ser cessado na véspera da data da aposentadoria por invalidez concedida.

 Posto isso, dou provimento à apelação da autora para converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez a partir de 23/10/2011, devendo ser compensados os valores recebidos desde então, e nego provimento ao recurso do INSS.

É o voto.

 

THEREZINHA CAZERTA
Desembargadora Federal Relatora



E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE RECONHECIDA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. LIMITES DO PEDIDO RECURSAL.

- Não conhecimento do reexame necessário, conforme disposto no art. 496, § 3.º, inciso I, do Código de Processo Civil, que afasta a exigência do duplo grau de jurisdição quando a condenação ou o proveito econômico for inferior a 1.000 salários mínimos.

- Satisfeitos os requisitos legais previstos no art. 42 da Lei n° 8.213/91 - quais sejam, qualidade de segurado, incapacidade total e permanente e cumprimento do período de carência (12 meses) - é de rigor a concessão de aposentadoria por invalidez.

- O fato de a parte autora ter deixado de contribuir por mais de doze meses até a data da propositura da ação não importa perda da qualidade de segurado se o afastamento decorreu do acometimento de doença grave.

- Necessária a contextualização do indivíduo para a aferição da incapacidade laborativa. Impossibilidade de exigir a reabilitação de trabalhador com baixo grau de instrução, a atividade diversa de sua habitual. Incapacidade total e permanente configurada. Precedentes do STJ.

- Reconhecimento da procedência do pedido de aposentadoria por invalidez, a partir da data do laudo médico pericial.


 

ACÓRDÃO


Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Oitava Turma, por unanimidade, decidiu dar provimento à apelação da autora e negar provimento ao recurso do INSS, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

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