D.E. Publicado em 30/06/2017 |
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Décima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento à remessa oficial e à apelação do réu e dar provimento à apelação do autor, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Desembargador Federal
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APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 0010096-52.2008.4.03.6183/SP
RELATÓRIO
Trata-se de remessa oficial e apelações em ação de conhecimento objetivando computar como atividade especial os trabalhos de 08/01/1958 a 20/01/1959, 02/02/1959 a 27/10/1961, 01/12/1961 a 15/04/1963, 18/04/1963 a 27/05/1963 e 28/04/1964 a 30/12/1965, e o tempo de serviço comum nos períodos de 22/06/1955 a 21/09/1955, 05/03/1956 a 30/12/1957, 11/03/1963 a 26/11/1963, 19/12/1963 a 26/04/1964, 03/01/1966 a 16/10/1969, 01/03/1970 a 31/01/1976, 01/02/1976 a 30/10/1977, 01/11/1977 a 31/05/1981, 01/10/1984 a 31/12/1986, 02/01/1987 a 31/10/1992, 01/05/1995 a 31/12/1995 e 02/01/1996 a 30/09/1998, cumulado com pedido de aposentadoria integral por tempo de contribuição.
O MM. Juízo a quo julgou parcialmente o pedido para reconhecer os períodos de 02/02/1959 a 27/10/1961, 01/12/1961 a 15/04/1963 e 28/04/1964 a 30/12/1965 como tempo especial, e os lapsos comuns de 22/06/1955 a 21/09/1955, 05/03/1956 a 30/12/1957, 08/01/1958 a 20/01/1959, 18/04/1963 a 27/05/1963, 11/06/1963 a 26/11/1963, 19/12/1963 a 26/04/1964, 03/01/1966 a 16/10/1969, 01/03/1970 a 31/01/1976, 01/02/1976 a 30/10/1977, 01/11/1977 a 31/05/1981, 01/10/1984 a 31/12/1986, 02/01/1987 a 31/10/1992, 01/05/1995 a 31/12/1995 e 02/01/1996 a 30/09/1998 e somando-os, conceder à parte autora a aposentadoria por tempo de serviço/contribuição desde a data da entrada do requerimento, ou seja, a partir de 29/10/1998, com o pagamento das parcelas desde então, respeitada a prescrição quinquenal, com correção monetária e juros de mora, estes a partir da citação, além dos honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação até a sentença.
O autor apela pleiteando que seja afastada a prescrição quinquenal e reconhecido o direito ao montante apurado desde o requerimento administrativo em 29/10/1998.
A autarquia apela pugnando pela improcedência do pedido inicial, argumentando, em síntese, que os períodos reconhecidos pela sentença não merecem ser considerados especiais; que o autor não comprovou o trabalho em atividade especial como exige a legislação específica; que o tempo de serviço que não constam do CNIS devem ser corroborados por outros elementos de prova e, subsidiariamente, o reconhecimento da prescrição das parcelas vencidas antes do lapso temporal que antecede o ajuizamento da demanda, a redução da verba honorária para o percentual de 5% (cinco por cento) e que os juros de mora e a correção monetária sejam fixados nos termos do Art. 1º-F da Lei 9.494/97 com a redação da Lei 11.960/09.
Sem contrarrazões, subiram os autos.
É o relatório.
VOTO
Anoto que o autor formulou seu requerimento administrativo de aposentadoria por tempo de serviço NB 42/111.533.442-2 com a DER em 29/10/1998 (fls. 67/68 e 94), indeferido conforme Acórdão nº 9179/2006 proferido aos 11/10/2006 pela 13ª Junta de Recursos do CRPS (fls. 431/434) e procedimento reproduzido às fls. 47/436, e ajuizou a ação, inicialmente, autuada em 12/04/2007 no JEF/SP, a qual por decisão proferida aos 14/08/2008 foi redistribuída a uma das Varas Previdenciárias da JF/SP - Capital (fls. 35/40).
Assim, não ha que se falar em prescrição quinquenal, vez que a petição inicial da ação foi protocolada a menos de 05 (cinco) anos do julgamento pedido administrativo pela 13ª Junta de Recursos do CRPS (fls. 431/434).
No mais, para a obtenção da aposentadoria integral exige-se o tempo mínimo de contribuição (35 anos para homem, e 30 anos para mulher) e será concedida levando-se em conta somente o tempo de serviço, sem exigência de idade ou pedágio, nos termos do Art. 201, § 7º, I, da CF.
Por sua vez, a Emenda Constitucional 20/98 assegura, em seu Art. 3º, a concessão de aposentadoria proporcional aos que tenham cumprido os requisitos até a data de sua publicação, em 16/12/98. Neste caso, o direito adquirido à aposentadoria proporcional, faz-se necessário apenas o requisito temporal, ou seja, 30 (trinta) anos de trabalho no caso do homem e 25 (vinte e cinco) no caso da mulher, requisitos que devem ser preenchidos até a data da publicação da referida emenda, independentemente de qualquer outra exigência.
Em relação aos segurados que se encontram filiados ao RGPS à época da publicação da EC 20/98, mas não contam com tempo suficiente para requerer a aposentadoria - proporcional ou integral - ficam sujeitos as normas de transição para o cômputo de tempo de serviço. Assim, as regras de transição só encontram aplicação se o segurado não preencher os requisitos necessários antes da publicação da emenda. O período posterior à Emenda Constitucional 20/98 poderá ser somado ao período anterior, com o intuito de se obter aposentadoria proporcional, se forem observados os requisitos da idade mínima (48 anos para mulher e 53 anos para homem) e período adicional (pedágio), conforme o Art. 9º, da EC 20/98.
A par do tempo de serviço, deve o segurado comprovar o cumprimento da carência, nos termos do Art. 25, II, da Lei 8213/91. Aos já filiados quando do advento da mencionada lei, vige a tabela de seu Art. 142 (norma de transição), em que, para cada ano de implementação das condições necessárias à obtenção do benefício, relaciona-se um número de meses de contribuição inferior aos 180 exigidos pela regra permanente do citado Art. 25, II.
Quanto ao tempo de contribuição, a carteira de trabalho e previdência social - CTPS reproduzida às fls. 519/530, registra os contratos de trabalhos do autor, nos seguintes períodos e cargos: de 22/06/1955 a 21/09/1955 - aprendiz fosforeiro, de 05/03/1956 a 30/12/1957 - aprendiz de forneiro, de 08/01/1958 a 20/01/1959 - aprendiz mecânica, de 02/02/1959 a 27/10/1961 - caldeireiro, de 01/12/1961 a 15/04/1963 - caldeireiro, de 18/04/1963 a 27/05/1963 - funileiro especializado, de 11/06/1963 a 26/11/1963 - caldeireiro, de 19/12/1963 a 24/04/1964 - caldeireiro, de 28/04/1964 a 30/12/1965 - caldeireiro, de 03/01/1966 a 16/10/1969 - caldeireiro, de 02/01/1987 a 31/10/1992 - encarregado manutenção, e de 02/01/1996 a 30/09/1998 - funileiro/soldador.
A propósito, os contratos de trabalhos registrados na CTPS, independente de constarem ou não dos dados assentados no CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais, devem ser contados, pela Autarquia Previdenciária, como tempo de contribuição, em consonância com o comando expresso no Art. 19, do Decreto 3.048/99 e no Art. 29, § 2º, letra "d", da Consolidação das Leis do Trabalho, assim redigidos:
Nesse sentido é a jurisprudência desta Corte Regional como exemplificam os recentes julgados, in verbis:
No procedimento administrativo, o INSS computou os períodos de serviços comuns constantes dos recolhimentos previdenciários do autor, na qualidade de segurado autônomo/empresário/contribuinte individual, nos meses de março de 1970 a janeiro de 1976, fevereiro de 1976 a outubro de 1977, novembro de 1977 a maio de 1981, outubro de 1984 a dezembro de 1986 e maio de 1995 a dezembro de 1995, conforme planilha de resumo de documentos para cálculo de tempo de contribuição reproduzida às fls. 47/51.
A questão tratada nos autos também diz respeito ao reconhecimento do tempo trabalhado em condições especiais com a conversão em tempo comum.
Define-se como atividade especial aquela desempenhada sob certas condições peculiares - insalubridade, penosidade ou periculosidade - que, de alguma forma cause prejuízo à saúde ou integridade física do trabalhador.
A contagem do tempo de serviço rege-se pela legislação vigente à época da prestação do serviço.
Até 29/4/95, quando entrou em vigor a Lei 9.032/95, que deu nova redação ao Art. 57, § 3º, da Lei 8.213/91, a comprovação do tempo de serviço laborado em condições especiais era feita mediante o enquadramento da atividade no rol dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, nos termos do Art. 295 do Decreto 357/91; a partir daquela data até a publicação da Lei 9.528/97, em 10.12.1997, por meio da apresentação de formulário que demonstre a efetiva exposição de forma permanente, não ocasional nem intermitente, a agentes prejudiciais a saúde ou a integridade física; após 10.12.1997, tal formulário deve estar fundamentado em laudo técnico das condições ambientais do trabalho, assinado por médico do trabalho ou engenheiro do trabalho, consoante o Art. 58 da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei 9.528/97. Quanto aos agentes ruído e calor, é de se salientar que o laudo pericial sempre foi exigido.
Nesse sentido:
Atualmente, no que tange à comprovação de atividade especial, dispõe o § 2º, do Art. 68, do Decreto 3.048/99, que:
Assim sendo, não é mais exigido que o segurado apresente o laudo técnico, para fins de comprovação de atividade especial, basta que forneça o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, assinado pela empresa ou seu preposto, o qual reúne, em um só documento, tanto o histórico profissional do trabalhador como os agentes nocivos apontados no laudo ambiental que foi produzido por médico ou engenheiro do trabalho.
Por fim, ressalte-se que o formulário extemporâneo não invalida as informações nele contidas. Seu valor probatório remanesce intacto, haja vista que a lei não impõe seja ele contemporâneo ao exercício das atividades. A empresa detém o conhecimento das condições insalubres a que estão sujeitos seus funcionários e por isso deve emitir os formulários ainda que a qualquer tempo, cabendo ao INSS o ônus probatório de invalidar seus dados.
Cabe ressaltar ainda que o Decreto 4.827 de 03/09/03 permitiu a conversão do tempo especial em comum ao serviço laborado em qualquer período, alterando os dispositivos que vedavam tal conversão.
Em relação ao agente ruído, os Decretos 53.831/64 e 83.080/79 consideravam nociva à saúde a exposição em nível superior a 80 decibéis. Com a alteração introduzida pelo Decreto n. 2.172, de 05.03.1997, passou-se a considerar prejudicial aquele acima de 90 dB. Posteriormente, com o advento do Decreto 4.882, de 18.11.2003, o nível máximo tolerável foi reduzido para 85 dB (Art. 2º, do Decreto n. 4.882/2003, que deu nova redação aos itens 2.01, 3.01 e 4.00 do Anexo IV do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99).
Estabelecido esse contexto, esclareço que, anteriormente, manifestei-me no sentido de admitir como especial a atividade exercida até 05/03/1997, em que o segurado ficou exposto a ruídos superiores a 80 decibéis, e a partir de tal data, aquela em que o nível de exposição foi superior a 85 decibéis, em face da aplicação do princípio da igualdade.
Contudo, em julgamento recente, a Primeira Seção do C. Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar a questão submetida ao rito do Art. 543-C do CPC, decidiu que no período compreendido entre 06.03.1997 e 18.11.2003, considera-se especial a atividade com exposição a ruído superior a 90 dB, nos termos do Anexo IV do Decreto 2.172/97 e do Anexo IV do Decreto 3.048/1999, não sendo possível a aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003, que reduziu o nível para 85 dB (REsp 1398260/PR, Relator Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, j. 14/05/2014, DJe 05/12/2014).
Por conseguinte, em consonância com o decidido pelo C. STJ, é de ser admitida como especial a atividade em que o segurado ficou exposto a ruídos superiores a 80 decibéis até 05/03/1997, e 90 decibéis no período entre 06/03/1997 e 18/11/2003 e, a partir de então até os dias atuais, em nível acima de 85 decibéis.
No que diz respeito ao uso de equipamento de proteção individual, insta observar que este não descaracteriza a natureza especial da atividade a ser considerada, uma vez que tal equipamento não elimina os agentes nocivos à saúde que atingem o segurado em seu ambiente de trabalho, mas somente reduz seus efeitos. Nesse sentido: TRF3, AMS 2006.61.26.003803-1, Relator Desembargador Federal Sergio Nascimento, 10ª Turma, DJF3 04/03/2009, p. 990; APELREE 2009.61.26.009886-5, Relatora Desembargadora Federal Leide Pólo, 7ª Turma, DJF 29/05/09, p. 391.
Ainda que o laudo consigne a eliminação total dos agentes nocivos, é firme o entendimento desta Corte no sentido da impossibilidade de se garantir que tais equipamentos tenham sido utilizados durante todo o tempo em que executado o serviço, especialmente quando seu uso somente tornou-se obrigatório com a Lei 9732/98.
Igualmente nesse sentido:
Por demais, em recente julgamento proferido pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, em tema com repercussão geral reconhecido pelo plenário virtual no ARE 664335/SC, restou decidido que o uso do equipamento de proteção individual - EPI, pode ser insuficiente para neutralizar completamente a nocividade a que o trabalhador esteja submetido.
A propósito, transcrevo os seguintes tópicos da ementa:
Quanto à possibilidade de conversão de atividade especial em comum, após 28/05/98, tem-se que, na conversão da Medida Provisória 1663-15 na Lei 9.711/98 o legislador não revogou o Art. 57, § 5º, da Lei 8213/91, porquanto suprimida sua parte final que fazia alusão à revogação. A exclusão foi intencional, deixando-se claro na Emenda Constitucional n.º 20/98, em seu artigo 15, que devem permanecer inalterados os artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91 até que lei complementar defina a matéria.
O E. STJ modificou sua jurisprudência e passou a adotar o posicionamento supra, conforme ementa in verbis:
Na conversão do tempo de atividade especial em tempo comum, para fins de aposentadoria por tempo de contribuição, deve ser efetuado o fator de 1,4, para o homem, e 1,2, para a mulher (Decreto 611/92), vigente à época do implemento das condições para a aposentadoria.
Importa mencionar que a necessidade de comprovação de trabalho "não ocasional nem intermitente, em condições especiais" passou a ser exigida apenas a partir de 29/4/1995, data em que foi publicada a Lei 9.032/95, que alterou a redação do Art. 57, § 3º, da lei 8.213/91, não podendo, portanto, incidir sobre períodos pretéritos. Nesse sentido: TRF3, APELREE 2000.61.02.010393-2, Relator Desembargador Federal Walter do Amaral, 10ª Turma, DJF3 30/6/2010, p. 798 e APELREE 2003.61.83.004945-0, Relator Desembargador Federal Marianina Galante, 8ª Turma, DJF3 22/9/2010, p. 445.
No mesmo sentido colaciono recente julgado do Colendo Superior Tribunal de Justiça:
O reconhecimento da contagem de tempo especial não destoa do entendimento adotado pela Corte Suprema, pois não determina que o benefício seja calculado de acordo com normas pertencentes a regimes jurídicos diversos, mas, apenas, que é dever do INSS conceder ao segurado o benefício que lhe for mais favorável, efetuando o cálculo da renda mensal inicial, desde que presentes todos os requisitos exigidos, de acordo com a legislação vigente até a data da EC 20/98, até a edição da Lei nº 9876/99 e até a DER (STF, RE 575089/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, publicado em 24/10/2008).
Tecidas essas considerações gerais a respeito da matéria, passo a análise da documentação do caso em tela.
Assim fazendo, verifico que a parte autora comprovou que exerceu atividade especial nos períodos delimitados pela r. sentença, de:
- 02/02/1959 a 27/10/1961, laborados na empresa Indústria Elétrica Brown Boveri S/A, no cargo de caldeireiro (CTPS - fls. 522, 524 e 527, ficha de registro de empregado - fls. 424/426), exposto ao agente nocivo por enquadramento da atividade prevista no item 2.5.3 do Decreto 53.831/64, e exposto a ruído de 92 dB(A), agente agressivo previsto no item 1.1.6 do Decreto 53.831/64, conforme Laudo técnico de fls. 350/351;
- 01/12/1961 a 15/04/1963, laborado na empresa Indústria e Comércio Metalúrgica Atlas S/A, no cargo de caldeireiro, exposto ao agente nocivo por enquadramento da atividade prevista no item 2.5.3 do Decreto 53.831/64, e exposto a ruído de 92 dB(A), agente agressivo previsto no item 1.1.6 do Decreto 53.831/64, conforme formulário Informações DSS-8030 de fls. 55 e Laudo técnico de fls. 352/353;
- 28/04/1964 a 30/12/1965, laborado na empresa Belgo Bekaert Arames S/A, anteriormente Cia. Ind. E Mercantil de Artefatos de Ferro, no cargo de caldeireiro, exposto ao agente nocivo por enquadramento da atividade prevista no item 2.5.3 do Decreto 53.831/64, e exposto a ruído de 82 dB(A), agente nocivo previsto no item 1.1.6 do Decreto 53.831/64, conforme formulário DIRBEN-8030 de fls. 53 e Laudo técnico de fls. 52.
O tempo total de serviço/contribuição comprovado nos autos, contado de modo não concomitante até a DER em 29/10/1998, incluídos o trabalhos em atividade especial com o acréscimo da conversão em tempo comum, e os demais serviços comuns constantes dos registros na CTPS e das contribuições na condição de autônomo/empresário/individual, corresponde a 38 (trinta e oito) anos, 08 (oito) meses e 08 (oito) dias, conforme apurado pela r. sentença, sendo o suficiente para a concessão do benefício de aposentadoria integral por tempo de serviço, com a renda mensal inicial calculada pelas regras vigentes anteriormente à EC nº 20/98.
Reconhecido o direito à aposentadoria por tempo de serviço/contribuição integral, a partir da DER (29/10/1998), passo a dispor sobre os consectários legais e os honorários advocatícios.
A correção monetária, que incide sobre as prestações em atraso desde as respectivas competências, e os juros de mora devem ser aplicados de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal e, no que couber, observando-se o decidido pelo e. Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da questão de ordem nas ADIs 4357 e 4425.
Os juros de mora incidirão até a data da expedição do precatório/RPV, conforme entendimento consolidado na c. 3ª Seção desta Corte (AL em EI nº 0001940-31.2002.4.03.610). A partir de então deve ser observada a Súmula Vinculante nº 17.
Convém alertar que das prestações vencidas devem ser descontadas aquelas pagas administrativamente ou por força de liminar, e insuscetíveis de cumulação com o benefício concedido, na forma do Art. 124, da Lei nº 8.213/91.
Os honorários advocatícios devem observar as disposições contidas no inciso II, do § 4º, do Art. 85, do CPC, e a Súmula 111, do e. STJ.
Por derradeiro, importa ressaltar que a discussão trazida nas petições formuladas às fls. 577 e seguintes, quanto ao correto valor do benefício da aposentadoria e os critérios para o cálculo da renda mensal inicial e atual do benefício, são questões a serem dirimidas em ação própria.
A antecipação dos efeitos da tutela determinada pela r. sentença (fls. 548) foi cumprida pela autarquia previdenciária, como se vê do documento de fls. 585, não havendo que se falar em imposição de multa diária.
Ante o exposto, dou parcial provimento à remessa oficial e à apelação do réu e dou provimento à apelação do autor para afastar a prescrição quinquenal e para adequar os consectários legais e os honorários advocatícios.
É o voto.
BAPTISTA PEREIRA
Desembargador Federal
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Data e Hora: | 21/06/2017 16:23:47 |