
| D.E. Publicado em 11/06/2018 |
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Nona Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação da parte autora e negar provimento à apelação do INSS, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Desembargadora Federal Relatora
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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0005918-09.2018.4.03.9999/SP
RELATÓRIO
Trata-se de apelações interpostas por DEBORA OLIVEIRA DE ASSIS e pelo INSS em face da r. sentença, não submetida ao reexame necessário, que julgou procedente o pedido deduzido na inicial, condenando a Autarquia Previdenciária a conceder aposentadoria por invalidez à parte autora, desde a data prevista para a cessação do auxílio-doença (06/07/2017), discriminando os consectários, fixados os honorários advocatícios em 10% do valor da condenação.
Aduz a autora que o termo inicial do benefício deve corresponder à DII fixada pelo perito judicial, ou seja, "02/2015" (fls. 91/95).
Por sua vez, sustenta o INSS a aplicabilidade da Lei n. 11.960/2009 quanto à correção monetária (fls. 104/111).
Apenas a parte autora apresentou suas contrarrazões (fls. 113/118).
É o relatório.
VOTO
Inicialmente, afigura-se correta a não submissão da r. sentença à remessa oficial.
De fato, o artigo 496, § 3º, inciso I do NCPC, que entrou em vigor em 18 de março de 2016, dispõe que a sentença não será submetida ao reexame necessário quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a 1.000 (mil) salários mínimos, em desfavor da União ou das respectivas autarquias e fundações de direito público.
In casu, considerando as datas do termo inicial do benefício (06/07/2017) e da prolação da sentença (25/05/2017), bem como o valor da benesse (RMI calculada em R$ 937,00 - fl. 121), verifica-se que a hipótese em exame não excede os 1.000 salários mínimos.
Não sendo, pois, o caso de submeter o decisum de primeiro grau ao reexame necessário, passo à análise dos recursos em seus exatos limites, uma vez que cumpridos os requisitos de admissibilidade previstos no NCPC.
Com efeito, a ação foi ajuizada em 20/05/2016 (fl. 01) visando à conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, desde a data do ajuizamento da ação, em 20/05/2016.
O INSS foi citado em 21/06/2016.
Realizada a perícia médica em 23/11/2016, o laudo apresentado considerou a autora, nascida em 27/10/1974, empregada doméstica, sem indicação do grau de instrução, total e permanentemente incapacitada para o trabalho, por ser portadora de "neoplasia da hipófise e déficit visual grave" (fls. 46/52).
O perito judicial, em resposta aos quesitos "ix" do Juízo e "3" do INSS, fixou a DII em 23/07/2015 (um ano e quatro meses antes da realização do laudo), cumprindo destacar que os documentos médicos que instruem o feito (fls. 18/20) comprovam que as patologias acompanham a vindicante desde tal data.
Desse modo, o termo inicial da benesse deve corresponder à data da propositura da ação, em 20/05/2016, uma vez que a incapacidade laborativa apresentada pela parte autora advém desde então (segundo a perícia, desde 23/07/2015), amoldando-se, assim, o julgado ao pedido expressamente formulado na petição inicial (fl. 07).
Considerando que os requisitos da qualidade de segurado e carência não foram impugnados, passo à análise dos consectários.
Cumpre esclarecer que, em 20 de setembro de 2017, o STF concluiu o julgamento do RE 870.947, definindo as seguintes teses de repercussão geral sobre a incidência da Lei n. 11.960/09: "1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09; e 2) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina."
Assim, a questão relativa à aplicação da Lei n. 11.960/2009, no que se refere à correção monetária, não comporta mais discussão, cabendo apenas o cumprimento da decisão exarada pelo STF em sede de repercussão geral.
Nesse cenário, sobre os valores em atraso incidirá correção monetária em conformidade com os critérios legais compendiados no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, observadas as teses fixadas no julgamento final do RE 870.947, de relatoria do Ministro Luiz Fux.
Tendo em vista o trabalho adicional realizado pelo advogado da parte autora, majoro os honorários advocatícios para fixa-los em 12% do valor da condenação, a teor do disposto no art. 85, § 11, do NCPC, devendo ser observado, na liquidação do julgado, o disposto no § 5º do mencionado dispositivo processual.
Ante o exposto, dou parcial provimento à apelação da parte autora, para converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, desde a data da propositura da ação, em 20/05/2016, e nego provimento à apelação do INSS, explicitando os critérios de correção monetária, majorados os honorários advocatícios.
É como voto.
ANA PEZARINI
Desembargadora Federal Relatora
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