Experimente agora!
VoltarHome/Jurisprudência Previdenciária

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. PERÍCIA. PRELIMINAR REJEITADA. AUSÊNCIA DE SEQUELA OU INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. TRF3. 0022094-97.20...

Data da publicação: 14/07/2020, 15:36:54

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. PERÍCIA. PRELIMINAR REJEITADA. AUSÊNCIA DE SEQUELA OU INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. - Rejeitada a matéria preliminar, por não identificar qualquer comprometimento do trabalho do perito, a despeito da regra contida no artigo 93 do Código de Ética. O laudo apresentado pelo perito (f. 109/117 e 138/143), assaz fundamentados e instruídos por fotografias, indicam trabalho realizado com seriedade e isenção, portanto apto a instruir este processo. Desnecessária a realização de outra perícia, na forma do artigo 437 do CPC/73. - Previsto no artigo 86 da Lei nº 8.213/91, trata-se de benefício previsto como indenização de natureza previdenciária, e não civil e depende da consolidação das lesões decorrentes do sinistro. Tem natureza compensatória para compensar o segurado da redução de sua capacidade laboral. - Perícia médica contrária. - Ausência de incapacidade laborativa ou redução da capacidade. - Apelação não provida. (TRF 3ª Região, NONA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2252778 - 0022094-97.2017.4.03.9999, Rel. JUIZ CONVOCADO RODRIGO ZACHARIAS, julgado em 21/03/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:09/04/2018 )


Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

D.E.

Publicado em 10/04/2018
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0022094-97.2017.4.03.9999/SP
2017.03.99.022094-0/SP
RELATOR:Juiz Federal Convocado Rodrigo Zacharias
APELANTE:JACQUELINE APARECIDA DE ASSIS
ADVOGADO:SP294721 SANDRO LUIS CLEMENTE
APELADO(A):Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
No. ORIG.:11.00.00074-1 2 Vr CACAPAVA/SP

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. PERÍCIA. PRELIMINAR REJEITADA. AUSÊNCIA DE SEQUELA OU INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. APELAÇÃO NÃO PROVIDA.
- Rejeitada a matéria preliminar, por não identificar qualquer comprometimento do trabalho do perito, a despeito da regra contida no artigo 93 do Código de Ética. O laudo apresentado pelo perito (f. 109/117 e 138/143), assaz fundamentados e instruídos por fotografias, indicam trabalho realizado com seriedade e isenção, portanto apto a instruir este processo. Desnecessária a realização de outra perícia, na forma do artigo 437 do CPC/73.
- Previsto no artigo 86 da Lei nº 8.213/91, trata-se de benefício previsto como indenização de natureza previdenciária, e não civil e depende da consolidação das lesões decorrentes do sinistro. Tem natureza compensatória para compensar o segurado da redução de sua capacidade laboral.
- Perícia médica contrária.
- Ausência de incapacidade laborativa ou redução da capacidade.
- Apelação não provida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Nona Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.


São Paulo, 21 de março de 2018.
Rodrigo Zacharias
Juiz Federal Convocado


Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
Signatário (a): RODRIGO ZACHARIAS:10173
Nº de Série do Certificado: 11A21709124EAE41
Data e Hora: 22/03/2018 19:50:36



APELAÇÃO CÍVEL Nº 0022094-97.2017.4.03.9999/SP
2017.03.99.022094-0/SP
RELATOR:Juiz Federal Convocado Rodrigo Zacharias
APELANTE:JACQUELINE APARECIDA DE ASSIS
ADVOGADO:SP294721 SANDRO LUIS CLEMENTE
APELADO(A):Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
No. ORIG.:11.00.00074-1 2 Vr CACAPAVA/SP

RELATÓRIO

O Exmo. Sr. Juiz Federal Convocado Rodrigo Zacharias: Trata-se de apelação interposta em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-acidente à parte autora.

O recorrente busca a reforma do julgado e a concessão do benefício. Em preliminar alega a suspeição do perito, uma vez que já a operou e lhe ministrou tratamento médico. No mérito, pugna pela reforma do julgado.

Sem as contrarrazões, encaminharam-se os autos ao egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, que declinou da competência e remeteu o feito a esta colenda Corte.

Ante a ausência da primeira folha da petição inicial, a parte autora foi intimada a promover sua regularização (f. 195/196).

Diante do descumprimento, determinei nova intimação, sob pena de julgamento no estado em que os autos se encontravam (f. 197/198).

Decorrido o prazo, sem qualquer manifestação da parte autora, vieram-me os autos conclusos para julgamento (f. 200).

É o relatório.


VOTO

O Exmo. Sr. Juiz Federal Convocado Rodrigo Zacharias: Conheço da apelação porque presentes os requisitos de admissibilidade.

Rejeito a matéria preliminar, por não identificar qualquer comprometimento do trabalho do perito, a despeito da regra contida no artigo 93 do Código de Ética.

O laudo apresentado pelo perito (f. 109/117 e 138/143), assaz fundamentados e instruídos por fotografias, indicam trabalho realizado com seriedade e isenção, portanto apto a instruir este processo.

Desnecessária a realização de outra perícia, na forma do artigo 437 do CPC/73.

Passo à análise do mérito.

Quanto ao benefício de auxílio-acidente, é cabível consoante os termos do artigo 86 da Lei nº 8.213/91.

"Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinquenta por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de 1997)."

Trata-se de benefício previsto como indenização de natureza previdenciária, e não civil e depende da consolidação das lesões decorrentes do sinistro. Tem natureza compensatória para compensar o segurado da redução de sua capacidade laboral.

A lei, hoje, prevê a concessão do benefício em caso de acidente de qualquer natureza, o que é bastante amplo, não mais mencionando a lei apenas acidente de trabalho.

É benefício personalíssimo: em caso de falecimento do segurado, não será transferido para os dependentes. E será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria (poderá ser acidentária, por tempo de serviço, por idade, especial, do anistiado etc).

No caso em análise, em 27/03/2012, foi realizada perícia por fisioterapeuta, que explicou que a autora sofreu acidente de trânsito em 03/01/2010 e, enquanto em recuperação, recebeu auxílio-doença desde 16/01/2010 até 11/01/2011. Salienta que a autora, então com 25 anos, não apresenta sequelas estéticas, tem o ensino médio completo. Tem quadro álgico com diminuição da amplitude de movimento do ombro direito e diminuição de grau de força muscular.

Aduz que exames complementares mostraram um quadro de pseudoartrose na região da clavícula em decorrência da má consolidação da fratura, não se descartando a possibilidade de realização de nova perícia para a resolução do problema. Concluiu pela incapacidade parcial e temporária, dada a existência de recursos clínicos para a sua recuperação (f. 69).

Já o perito judicial concluiu pela ausência de incapacidade laborativa, pois a autora possui fratura da clavícula consolidada, em decorrência de acidente de moto. Frisa que a autora encontra-se em plena atividade física e mental, sem que tenha sido apontada incapacidade funcional. Aduz que a incapacidade foi parcial e temporária, mas a fratura já se encontrava consolidada.

Registra o perito que, embora realizada a perícia em março de 2013, foram apresentados e visualizados exames de 2010. Salienta, outrossim, que não há sinais de pseudoartrose no exame de raio X da clavícula, realizado em 25/02/2013.

À f. 139, explica que uma fixação realizada do osso da clavícula devolveu à autora sua capacidade funcional novamente, sem que tenha deixado qualquer sequela funcional.

Assim, não está patenteada a contingência necessária à concessão de benefício por incapacidade.

O magistrado não está adstrito ao laudo, consoante o artigo 479 do NCPC.

Nestes autos, contudo, o conjunto probatório não autoriza convicção em sentido diverso do laudo pericial.

É o que expressa a orientação jurisprudencial predominante:


PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE JULGADO IMPROCEDENTE PELO TRIBUNAL DE ORIGEM POR AUSÊNCIA DE LESÃO E INCAPACIDADE LABORAL. BENEFÍCIO INDEVIDO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Para que seja concedido o auxílio-acidente, necessário que o segurado empregado, exceto o doméstico, o trabalhador avulso e o segurado especial (art. 18, § 1o. da Lei 8.213/91), tenha redução na sua capacidade laborativa em decorrência de acidente de qualquer natureza. 2. O art. 20, I da Lei 8.213/91, por sua vez, considera como acidente do trabalho a doença profissional, proveniente do exercício do trabalho peculiar à determinada atividade, enquadrando-se, nesse caso, as lesões decorrentes de esforços repetitivos. 3. O Tribunal a quo, soberano na análise fático-probatória da causa, julgou improcedente o pedido inicial por entender que não ficou comprovado nos autos lesão e redução da capacidade laboral do segurado, o que torna indevida a concessão da benesse previdenciária ora pleiteada. 4. Agravo Regimental desprovido (AGARESP 201202236485, AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - 246719, Relator(a) NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, STJ, PRIMEIRA TURMA, Fonte DJE DATA:20/08/2014).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. INOCORRÊNCIA. BENEFÍCIO INDEVIDO. ENTENDIMENTO DO RESP 1.109.591/SC, JULGADO SOB O RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. No REsp 1.109.591/SC, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, a Terceira Seção do STJ fixou entendimento de que: "exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão, decorrente de acidente do trabalho, que implique redução da capacidade para o labor habitualmente exercido". 2. A Corte de origem, ao analisar o conjunto fático-probatório, concluiu que a lesão sofrida pelo segurado não reduziu a sua capacidade para o trabalho. Revisar tal entendimento implica revolvimento de matéria fático-probatória, o que não é possível, tendo em vista o enunciado da Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido (AGRESP 201400084845, AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - 1430548, Relator(a) BENEDITO GONÇALVES, STJ, PRIMEIRA TURMA, Fonte DJE DATA:21/05/2014).

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO.

Considerando que a sentença foi publicada na vigência do CPC/1973, não incide ao presente caso a regra de seu artigo 85, §§ 1º e 11, do NCPC, que determina a majoração dos honorários de advogado em instância recursal.

É o voto.


Rodrigo Zacharias
Juiz Federal Convocado


Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
Signatário (a): RODRIGO ZACHARIAS:10173
Nº de Série do Certificado: 11A21709124EAE41
Data e Hora: 22/03/2018 19:50:33



O Prev já ajudou mais de 140 mil advogados em todo o Brasil.Faça cálculos ilimitados e utilize quantas petições quiser!

Experimente agora