Processo
ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL / SP
5002392-25.2017.4.03.6105
Relator(a)
Desembargador Federal TORU YAMAMOTO
Órgão Julgador
7ª Turma
Data do Julgamento
26/03/2020
Data da Publicação/Fonte
e - DJF3 Judicial 1 DATA: 30/03/2020
Ementa
E M E N T A
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO EM APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE ESPECIAL NÃO
COMPROVADA. PRELIMINAR REJEITADA. SENTENÇA MANTIDA.
1. Dispõe o artigo 57 da Lei nº 8.213/91 que a aposentadoria especial será devida, uma vez
cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
2. Da análise do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP (id 62954255 - Pág. 1/6) e, de acordo
com a legislação previdenciária vigente à época, o autor não comprovou o exercício da atividade
especial nos períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987, 23/05/2001 a
19/11/2003 e 17/12/2013 a 12/02/2014.
3. Os períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987 devem ser computados
como tempo de serviço comum. Quanto ao período de 23/05/2001 a 19/11/2003 (ID 62954258 -
Pág. 42/46), o autor ficou exposto a ruído abaixo de 90 dB(A), conforme exigência do Decreto nº
2.172/97, devendo, portanto, ser computado como tempo de serviço comum.
4. E sobre o período de 17/12/2013 a 12/02/2014, o PPP juntado aos autos foi emitido em
16/12/2013 e o reconhecimento da atividade especial está limitado à data da emissão do PPP, eis
que referido documento não tem o condão de comprovar a especialidade de período posterior a
sua elaboração. Não se pode supor que tais condições perduraram após a data em que o
documento foi expedido, sob pena de haver julgamento fundado em hipótese que, apesar de
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
possível, não se encontra comprovada nos autos.
5. Não cumprindo os requisitos legais, fica mantida a r. sentença que julgou improcedente o
pedido de conversão do benefício NB 42/163.902.340-0 em aposentadoria especial.
6. Preliminar rejeitada. Apelação do autor improvida.
Acórdao
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5002392-25.2017.4.03.6105
RELATOR:Gab. 23 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: EDSON ANTONIO ELIAS
Advogados do(a) APELANTE: DENIS APARECIDO DOS SANTOS COLTRO - SP342968-A,
LUCAS RAMOS TUBINO - SP202142-A, GABRIELA DE SOUSA NAVACHI - SP341266-A
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
OUTROS PARTICIPANTES:
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5002392-25.2017.4.03.6105
RELATOR:Gab. 23 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: EDSON ANTONIO ELIAS
Advogados do(a) APELANTE: DENIS APARECIDO DOS SANTOS COLTRO - SP342968-A,
LUCAS RAMOS TUBINO - SP202142-A, GABRIELA DE SOUSA NAVACHI - SP341266-A
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
OUTROS PARTICIPANTES:
R E L A T Ó R I O
O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL TORU YAMAMOTO (RELATOR):
Trata-se de ação previdenciária ajuizada por EDSON ANTONIO ELIAS em face do INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL-INSS, objetivando a concessão do benefício de aposentadoria
especial.
A r. sentença julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial em face do Instituto Nacional
do Seguro Social, resolvendo o mérito do feito nos termos do artigo 487, inciso I, do CPC.
Condenou o autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, arbitrando
estes em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, restando suspenso o pagamento dessas
verbas a teor do artigo 98, parágrafo 3º do CPC. Oportunamente, com o trânsito em julgado e
nada mais sendo requerido, arquivem-se os autos, com as cautelas de praxe.
O autor ofertou apelação, alegando, a princípio, cerceamento de defesa o indeferimento do
pedido de produção de prova pericial, para o fim de comprovação da atividade especial. Requer
seja reformada a r. sentença, para considerar como especial o período que ativou nas empresas
José Dias Dutra e Tivoli Veículos na função de Auxiliar de Mecânico, de 10/04/1984 a 31/07/1984,
e 16/01/1985 a 12/09/1987 e empresa EATON Ltda. de 23/05/2001 a 18/11/2003 e 17/12/2013 a
12/02/2014, nas funções de inspetor técnico e de qualidade, declarando expressamente a
extinção do julgamento sem resolução do mérito nos períodos não considerados como especiais,
conforme se depreende do julgamento do RESP Nº 1.352.721 - SP (2012/0234217-1), relatoria
do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Prequestionada a matéria para fins de eventual
interposição de recurso junto à instância superior.
Sem contrarrazões, subiram os autos a esta Corte.
É o relatório.
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5002392-25.2017.4.03.6105
RELATOR:Gab. 23 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: EDSON ANTONIO ELIAS
Advogados do(a) APELANTE: DENIS APARECIDO DOS SANTOS COLTRO - SP342968-A,
LUCAS RAMOS TUBINO - SP202142-A, GABRIELA DE SOUSA NAVACHI - SP341266-A
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
OUTROS PARTICIPANTES:
V O T O
O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL TORU YAMAMOTO (RELATOR):
Verifico, em juízo de admissibilidade, que o recurso ora analisado mostra-se formalmente regular,
motivado (artigo 1.010 CPC) e com partes legítimas, preenchendo os requisitos de adequação
(art. 1009 CPC) e tempestividade (art. 1.003 CPC). Assim, presente o interesse recursal e
inexistindo fato impeditivo ou extintivo, recebo-o e passo a apreciá-lo nos termos do artigo 1.011
do Código de Processo Civil.
De início, rejeito a preliminar arguida pelo autor, pois não há que se falar em nulidade da
sentença por cerceamento da defesa, o indeferimento da produção de prova pericial, vez que
cabe ao Magistrado, no uso do seu poder instrutório, deferir ou não, determinada prova, de
acordo com a necessidade e para a formação do seu convencimento. Ademais, conforme dispõe
o artigo 434 do novo CPC, incumbe à parte instruir a petição inicial com os documentos
destinados a provar suas alegações.
In casu, a parte autora recebe benefício de aposentadoria por tempo de contribuição NB
42/163.902.340-0, concedido pelo INSS em 12/02/2014.
Contudo, alega que faz jus à conversão do seu benefício em aposentadoria especial (espécie 46),
pois trabalhou por mais de 25 (vinte e cinco) anos em atividade insalubre.
O INSS homologou a atividade especial exercida pelo autor nos períodos de 01/08/1988 a
02/12/1998 (id 62954259 - Pág. 30), 03/12/1998 a 22/05/2001 e 18/11/2003 a 16/12/2013 (id
62954259 - Pág. 43/46), restando, assim, incontroversos.
Portanto, a controvérsia nos presentes autos restringe-se ao reconhecimento da atividade
especial exercida nos períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987,
23/05/2001 a 19/11/2003 e 17/12/2013 a 12/02/2014.
Atividade Especial:
A aposentadoria especial foi instituída pelo artigo 31 da Lei nº 3.807/60.
Por sua vez, dispõe o artigo 57 da Lei nº 8.213/91 que a aposentadoria especial será devida, uma
vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
O critério de especificação da categoria profissional com base na penosidade, insalubridade ou
periculosidade, definidas por Decreto do Poder Executivo, foi mantido até a edição da Lei nº
8.213/91, ou seja, as atividades que se enquadrassem no decreto baixado pelo Poder Executivo
seriam consideradas penosas, insalubres ou perigosas, independentemente de comprovação por
laudo técnico, bastando, assim, a anotação da função em CTPS ou a elaboração do então
denominado informativo SB-40.
Foram baixados pelo Poder Executivo os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79, relacionando os
serviços considerados penosos, insalubres ou perigosos.
Embora o artigo 57 da Lei nº 8.213/91 tenha limitado a aposentadoria especial às atividades
profissionais sujeitas a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, o
critério anterior continuou ainda prevalecendo.
De notar que, da edição da Lei nº 3.807/60 até a última CLPS, que antecedeu à Lei nº 8.213/91, o
tempo de serviço especial foi sempre definido com base nas atividades que se enquadrassem no
decreto baixado pelo Poder Executivo como penosas, insalubres ou perigosas,
independentemente de comprovação por laudo técnico.
A própria Lei nº 8.213/91, em suas disposições finais e transitórias, estabeleceu, em seu artigo
152, que a relação de atividades profissionais prejudiciais à saúde ou à integridade física deverá
ser submetida à apreciação do Congresso Nacional, prevalecendo, até então, a lista constante da
legislação em vigor para aposentadoria especial.
Os agentes prejudiciais à saúde foram relacionados no Decreto nº 2.172, de 05/03/1997 (art. 66 e
Anexo IV), mas por se tratar de matéria reservada à lei, tal decreto somente teve eficácia a partir
da edição da Lei n 9.528, de 10/12/1997.
Destaque-se que o artigo 57 da Lei nº 8.213/91, em sua redação original, deixou de fazer alusão
a serviços considerados perigosos, insalubres ou penosos, passando a mencionar apenas
atividades profissionais sujeitas a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, sendo que o artigo 58 do mesmo diploma legal, também em sua redação original,
estabelecia que a relação dessas atividades seria objeto de lei específica.
A redação original do artigo 57 da Lei nº 8.213/91 foi alterada pela Lei nº 9.032/95 sem que até
então tivesse sido editada lei que estabelecesse a relação das atividades profissionais sujeitas a
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, não havendo dúvidas até
então que continuavam em vigor os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79. Nesse sentido, confira-
se a jurisprudência: STJ; Resp 436661/SC; 5ª Turma; Rel. Min. Jorge Scartezzini; julg.
28.04.2004; DJ 02.08.2004, pág. 482.
É de se ressaltar, quanto ao nível de ruído, que a jurisprudência já reconheceu que o Decreto nº
53.831/64 e o Decreto nº 83.080/79 vigeram de forma simultânea, ou seja, não houve revogação
daquela legislação por esta, de forma que, constatando-se divergência entre as duas normas,
deverá prevalecer aquela mais favorável ao segurado (STJ - REsp. n. 412351/RS; 5ª Turma; Rel.
Min. Laurita Vaz; julgado em 21.10.2003; DJ 17.11.2003; pág. 355).
O Decreto nº 2.172/97, que revogou os dois outros decretos anteriormente citados, passou a
considerar o nível de ruídos superior a 90 dB(A) como prejudicial à saúde.
Por tais razões, até ser editado o Decreto nº 2.172/97, considerava-se a exposição a ruído
superior a 80 dB(A) como agente nocivo à saúde.
Todavia, com o Decreto nº 4.882, de 18/11/2003, houve nova redução do nível máximo de ruídos
tolerável, uma vez que por tal decreto esse nível voltou a ser de 85 dB(A) (art. 2º do Decreto nº
4.882/2003, que deu nova redação aos itens 2.01, 3.01 e 4.00 do Anexo IV do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99).
Houve, assim, um abrandamento da norma até então vigente, a qual considerava como agente
agressivo à saúde a exposição acima de 90 dB(A), razão pela qual vinha adotando o
entendimento segundo o qual o nível de ruídos superior a 85 dB(A) a partir de 05/03/1997
caracterizava a atividade como especial.
Ocorre que o C. STJ, no julgamento do Recurso Especial nº 1.398.260/PR, sob o rito do artigo
543-C do CPC, decidiu não ser possível a aplicação retroativa do Decreto nº 4.882/03, de modo
que no período de 06/03/1997 a 18/11/2003, em consideração ao princípio tempus regit actum, a
atividade somente será considerada especial quando o ruído for superior a 90 dB(A). (g.n.)
Nesse sentido, segue a ementa do referido julgado:
"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E
RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. TEMPO ESPECIAL. RUÍDO.
LIMITE DE 90DB NO PERÍODO DE 6.3.1997 A 18.11.2003. DECRETO 4.882/2003. LIMITE DE
85 DB. RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE À ÉPOCA DA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
Controvérsia submetida ao rito do art. 543-C do CPC
1. Está pacificado no STJ o entendimento de que a lei que rege o tempo de serviço é aquela
vigente no momento da prestação do labor. Nessa mesma linha: REsp 1.151.363/MG, Rel.
Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 5.4.2011; REsp 1.310.034/PR, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Primeira Seção, DJe 19.12.2012, ambos julgados sob o regime do art. 543-C do CPC.
2. O limite de tolerância para configuração da especialidade do tempo de serviço para o agente
ruído deve ser de 90 dB no período de 6.3.1997 a 18.11.2003, conforme Anexo IV do Decreto
2.172/1997 e Anexo IV do Decreto 3.048/1999, sendo impossível aplicação retroativa do Decreto
4.882/2003, que reduziu o patamar para 85 dB, sob pena de ofensa ao art. 6º da LINDB (ex-
LICC). Precedentes do STJ. Caso concreto
3. Na hipótese dos autos, a redução do tempo de serviço decorrente da supressão do acréscimo
da especialidade do período controvertido não prejudica a concessão da aposentadoria integral.
4. Recurso Especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e
da Resolução STJ 8/2008." (STJ, REsp 1398260/PR, Primeira Seção, Rel. Min. HERMAN
BENJAMIN, DJe 05/12/2014)
Destaco, ainda, que o uso de equipamento de proteção individual não descaracteriza a natureza
especial da atividade a ser considerada, uma vez que tal tipo de equipamento não elimina os
agentes nocivos à saúde que atingem o segurado em seu ambiente de trabalho, mas somente
reduz seus efeitos. Nesse sentido, precedentes desta E. Corte (AC nº 2000.03.99.031362-0/SP;
1ª Turma; Rel. Des. Fed. André Nekatschalow; v.u; J. 19.08.2002; DJU 18.11) e do Colendo
Superior Tribunal de Justiça: REsp 584.859/ES, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta
Turma, julgado em 18/08/2005, DJ 05/09/2005 p. 458).
Cumpre observar, por fim, que, por ocasião da conversão da Medida Provisória nº 1.663/98 na
Lei nº 9.711/98, permaneceu em vigor o parágrafo 5º do artigo 57 da Lei nº 8.213/91, razão pela
qual continua sendo plenamente possível a conversão do tempo trabalhado em condições
especiais em tempo de serviço comum relativamente a qualquer período, incluindo o posterior a
28/05/1998. (STJ, AgRg no Resp nº 1.127.806-PR, 5ª Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe
05/04/2010)
No presente caso, da análise do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP (id 62954255 - Pág.
1/6) e, de acordo com a legislação previdenciária vigente à época, o autor não comprovou o
exercício da atividade especial nos períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a
12/09/1987, 23/05/2001 a 19/11/2003 e 17/12/2013 a 12/02/2014.
Quanto à função exercida pelo autor como auxiliar de mecânico e mecânico de 10/04/1984 a
31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987, assim tem julgado esta Corte:
“PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.
ATIVIDADES ESPECIAIS. DECRETOS Nº 53.831/64, Nº 83.080/79. LEI Nº 9.032/95. AUSÊNCIA
DE DOCUMENTOS. APELAÇÃO DO AUTOR DESPROVIDA.
1 - Trata-se ação objetivando a conversão da aposentadoria por tempo de contribuição em
aposentadoria especial, mediante o reconhecimento de períodos especiais.
2 - O pedido formulado pela parte autora encontra previsão legal, especificamente na Lei de
Benefícios.
3 - Infere-se, no mérito, que o labor em atividade especial exercido pelo requerente nos períodos
de 16/03/1973 a 27/12/1974 e de 01/04/1975 a 31/07/1976, na empresa Sakaguti & Cia Ltda, e
de 01/08/1976 a 01/09/1981 e de 19/04/1982 a 05/10/2006, na empresa Alfamag, não restou
comprovado.
4 - Para tentar comprovar a especialidade do labor, o autor apresentou apenas cópia de sua
CTPS (fls. 27 e 36), demonstrando que ocupou cargos de auxiliar de mecânico, mecânico e
encarregado de oficina; contudo, tais atividades não se enquadram nos anexos dos Decretos nºs
53.831/64 e 83.080/79.
5 - Com relação ao reconhecimento da atividade exercida como especial e em obediência ao
aforismo tempus regit actum, uma vez prestado o serviço sob a égide de legislação que o
ampara, o segurado adquire o direito à contagem como tal, bem como à comprovação das
condições de trabalho na forma então exigida, não se aplicando retroativamente lei nova que
venha a estabelecer restrições à admissão do tempo de serviço especial (STJ, AgRg no REsp
493.458/RS e REsp 491.338/RS; Súmula nº 13 TR-JEF-3ªR; artigo 70, § 1º, Decreto nº
3.048/1999).
6 - A Lei nº 9.032, de 29 de abril de 1995, deu nova redação ao art. 57 da Lei de Benefícios,
alterando substancialmente o seu §4º, passando a exigir a demonstração da efetiva exposição do
segurado aos agentes nocivos, químicos, físicos e biológicos, de forma habitual e permanente,
sendo suficiente a apresentação de formulário-padrão fornecido pela empresa. A partir de então,
retirou-se do ordenamento jurídico a possibilidade do mero enquadramento da atividade do
segurado em categoria profissional considerada especial, mantendo, contudo, a possibilidade de
conversão do tempo de trabalho comum em especial.
7 - O Decreto nº 53.831/64 foi o primeiro a trazer a lista de atividades especiais para efeitos
previdenciários, tendo como base a atividade profissional ou a exposição do segurado a agentes
nocivos. Já o Decreto nº 83.080/79 estabeleceu nova lista de atividades profissionais, agentes
físicos, químicos e biológicos presumidamente nocivos à saúde, para fins de aposentadoria
especial, sendo que, o Anexo I classificava as atividades de acordo com os agentes nocivos
enquanto que o Anexo II trazia a classificação das atividades segundo os grupos profissionais.
Em outras palavras, até 28/04/1995, é possível a qualificação da atividade laboral pela categoria
profissional ou pela comprovação da exposição a agente nocivo, por qualquer modalidade de
prova.
8 - Desta forma, não se enquadrando a atividade exercida como especial e, diante da ausência
de documentos, como formulário-padrão fornecido pela empresa ou laudo técnico, que
comprovem a efetiva exposição do autor aos agentes nocivos, inviável o reconhecimento do labor
como especial.
9 - Apelação do autor desprovida.” (TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL -
1772122 - 0003539-39.2010.4.03.6002, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS
DELGADO, julgado em 08/05/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA:18/05/2017) g.n.
Assim, os períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987 devem ser
computados como tempo de serviço comum.
Quanto ao período de 23/05/2001 a 19/11/2003 (ID 62954258 - Pág. 42/46), o autor ficou exposto
a ruído abaixo de 90 dB(A), conforme exigência do Decreto nº 2.172/97, devendo, portanto, ser
computado como tempo de serviço comum.
E sobre o período de 17/12/2013 a 12/02/2014, o PPP juntado aos autos foi emitido em
16/12/2013 e o reconhecimento da atividade especial está limitado à data da emissão do PPP, eis
que referido documento não tem o condão de comprovar a especialidade de período posterior a
sua elaboração. Não se pode supor que tais condições perduraram após a data em que o
documento foi expedido, sob pena de haver julgamento fundado em hipótese que, apesar de
possível, não se encontra comprovada nos autos. Nesse sentido julgou esta Corte:
"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECEBIMENTO COMO AGRAVO DO ARTIGO 1.021 DO
CPC/2015. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL INSUFICIENTE PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. AGRAVO IMPROVIDO.
I. Nos termos do Art. 1.022 do CPC/2015, os embargos de declaração são cabíveis quando o
decisum for obscuro, contraditório ou omisso acerca da questão posta em debate, hipótese
inexistente no caso dos autos. Embargos de declaração recebidos como agravo, em atenção aos
princípios da fungibilidade recursal e da economia processual.
II. (...).
III. Não se poderia supor que as condições especiais de trabalho perduraram após a elaboração
do PPP, sob pena de haver julgamento baseado em hipótese que, apesar de ser viável, não se
encontra comprovada nos autos.
IV. (...).
VI. Agravo improvido." (TRF 3ª Região, 9ª TURMA, APELREEX - APELAÇÃO/REMESSA
NECESSÁRIA - 2169555 - 0004052-56.2014.4.03.6102, Rel. DES. FEDERAL MARISA SANTOS,
julgado em 24/04/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 09/05/2017)
Desse modo, computando-se apenas os períodos de atividade especial reconhecidos pelo INSS
até a data do requerimento administrativo (12/02/2014) perfazem-se 22 (vinte e dois) anos, 10
(dez) meses e 20 (vinte) dias, conforme planilha anexa, insuficientes para concessão da
aposentadoria especial, prevista nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91.
Portanto, não cumprindo os requisitos legais, fica mantida a r. sentença que julgou improcedente
o pedido de conversão do benefício NB 42/163.902.340-0 em aposentadoria especial.
Determino a majoração da verba honorária em 2% (dois por cento) a título de sucumbência
recursal, nos termos do §11 do artigo 85 do CPC/2015, observando o fato de ser beneficiário da
justiça gratuita.
Ante o exposto, rejeito a matéria preliminar e no mérito,nego provimento à apelação da parte
autora, nos termos da fundamentação.
É o voto.
E M E N T A
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO EM APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE ESPECIAL NÃO
COMPROVADA. PRELIMINAR REJEITADA. SENTENÇA MANTIDA.
1. Dispõe o artigo 57 da Lei nº 8.213/91 que a aposentadoria especial será devida, uma vez
cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
2. Da análise do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP (id 62954255 - Pág. 1/6) e, de acordo
com a legislação previdenciária vigente à época, o autor não comprovou o exercício da atividade
especial nos períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987, 23/05/2001 a
19/11/2003 e 17/12/2013 a 12/02/2014.
3. Os períodos de 10/04/1984 a 31/07/1984, 16/01/1985 a 12/09/1987 devem ser computados
como tempo de serviço comum. Quanto ao período de 23/05/2001 a 19/11/2003 (ID 62954258 -
Pág. 42/46), o autor ficou exposto a ruído abaixo de 90 dB(A), conforme exigência do Decreto nº
2.172/97, devendo, portanto, ser computado como tempo de serviço comum.
4. E sobre o período de 17/12/2013 a 12/02/2014, o PPP juntado aos autos foi emitido em
16/12/2013 e o reconhecimento da atividade especial está limitado à data da emissão do PPP, eis
que referido documento não tem o condão de comprovar a especialidade de período posterior a
sua elaboração. Não se pode supor que tais condições perduraram após a data em que o
documento foi expedido, sob pena de haver julgamento fundado em hipótese que, apesar de
possível, não se encontra comprovada nos autos.
5. Não cumprindo os requisitos legais, fica mantida a r. sentença que julgou improcedente o
pedido de conversão do benefício NB 42/163.902.340-0 em aposentadoria especial.
6. Preliminar rejeitada. Apelação do autor improvida.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sétima Turma, por
unanimidade, decidiu rejeitar a matéria preliminar e, no mérito, negar provimento à apelação do
autor, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
