Processo
AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO / SP
5007264-60.2020.4.03.0000
Relator(a)
Desembargador Federal WILSON ZAUHY FILHO
Órgão Julgador
1ª Turma
Data do Julgamento
15/04/2021
Data da Publicação/Fonte
e - DJF3 Judicial 1 DATA: 20/04/2021
Ementa
E M E N T A
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO,
OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. PRETENSÃO DE
PREQUESTIONAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração destinam-se a sanar omissão, obscuridade, contradição ou erro
material de que esteja eivado o julgado. Ausentes tais hipóteses, não merece acolhimento o
recurso.
2. A decisão, devidamente fundamentada, apreciou e decidiu a matéria submetida a julgamento,
tendo abordado as questões relevantes para a solução da controvérsia.
3. Denota-se o objetivo infringente que se pretende dar aos embargos, com o revolvimento da
matéria já submetida a julgamento, sem que se vislumbre quaisquer das hipóteses autorizadoras
do manejo dos aclaratórios.
4. Sequer a pretensão de alegado prequestionamento da matéria viabiliza a oposição dos
embargos de declaração, os quais não prescindem, para o seu acolhimento, mesmo em tais
circunstâncias, da comprovação da existência de obscuridade, contradição, omissão ou ainda
erro material a serem sanados. A simples menção a artigos de lei que a parte entende terem sido
violados não permite a oposição dos aclaratórios.
5. De todo modo, há de se atentar para o disposto no artigo 1.025 do novo CPC/2015, que
estabelece: "Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade", que se aplica ao caso presente, já que os embargos foram atravessados na
vigência do novel estatuto.
6. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.
Acórdao
AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº5007264-60.2020.4.03.0000
RELATOR:Gab. 02 - DES. FED. WILSON ZAUHY
AGRAVANTE: SÓ GELO INDÚSTRIA E COMÉRCIO EIRELI
Advogado do(a) AGRAVANTE: OCTAVIO TEIXEIRA BRILHANTE USTRA - SP196524-A
AGRAVADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
OUTROS PARTICIPANTES:
AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº5007264-60.2020.4.03.0000
RELATOR:Gab. 02 - DES. FED. WILSON ZAUHY
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R E L A T Ó R I O
Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO (ID 142804467) contra acórdão assim
ementado (ID 141084615):
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONCESSÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO. CABIMENTO NA ESPÉCIE. DECISÃO AGRAVADA REFORMADA. AGRAVO
PROVIDO.
1. O C. STJ possui entendimento consolidado de que o artigo 739-A, § 1º do CPC/1973 é
aplicável aos processos de execução fiscal.
2. A concessão de efeito suspensivo aos embargos do devedor dependem do preenchimento de
quatro requisitos, a saber (i) requerimento expresso do embargante, (ii) garantia da execução, (iii)
relevância da fundamentação (probabilidade do direito) e (iv) perigo de dano irreparável ou de
difícil reparação.
3. Quanto ao primeiro requisito, observo que há pedido expresso para atribuição de efeito
suspensivos aos embargos à execução. Quanto à garantia da execução, verifico que na decisão
agravada o juízo de origem entendeu pela possibilidade de recebimento dos embargos à
execução fiscal independente a garantia integral do juízo em razão da comprovada “momentânea
incapacidade patrimonial da parte Embargante”. Quanto ao perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação a decisão agravada consignou o entendimento de que “Não há risco de dano grave de
difícil ou incerta reparação, uma vez que os argumentos apresentados giram apenas em torno de
consequências ordinárias do procedimento executório, sem a apresentação de circunstâncias
extraordinárias que justificassem o reconhecimento do requisito em exame”.
4. A ausência de efeito suspensivo aos embargos autoriza a agravada/exequente a dar
prosseguimento aos atos executórios com a designação de leilão dos bens penhorados e
consequente alienação judicial antes que seja julgado o mérito da ação. Evidente, portanto, a
possibilidade de que os agravantes venham a sofrer dano irreparável ou de difícil reparação,
restando igualmente comprovado o preenchimento deste requisito.
5. Relevância da fundamentação aduzida nos embargos à execução. Impossibilidade de
incidência da contribuição previdenciária sobre verbas indenizatórias. Análise da natureza das
verbas debatidas pela agravante.
6. A natureza do aviso prévio indenizado –, todavia, não é salarial, já que não é pago em
retribuição ao trabalho prestado ao empregador e sim como ressarcimento pelo não gozo de um
direito concedido pela lei de, mesmo sabendo da demissão, ainda trabalhar na empresa por um
período e receber por isso.
7. O C. STJ firmou o entendimento no julgamento do REsp nº 1.230.957/RS de que os valores
pagos nos quinze primeiros dias de afastamento por motivo de doença ostentam natureza
indenizatória.
8. As férias gozadas constituem licença autorizada do empregado expressamente prevista pelo
artigo 129 da CTL, sendo que neste período o empregado fará jus ao recebimento da
remuneração. Nestas condições, os valores pagos sob este título ostentam evidente natureza
salarial, de modo que sua inclusão na base de cálculo da contribuição é legítima.
9. No tocante às férias indenizadas e seu respectivo adicional constitucional de férias
(indenizadas), a própria Lei nº 8.212/91, ao tratar das parcelas que compõem a base de cálculo
das contribuições previdenciárias, exclui expressamente tais prestações percebidas pelos
empregados. O próprio legislador exclui as parcelas recebidas a título de férias indenizadas e seu
respectivo terço constitucional da base de cálculo das contribuições previdenciárias, de modo
que, quanto a tais valores, deve ser reconhecida a pertinência do pedido.
10. Com relação aos valores pagos a título de adicional noturno, periculosidade e insalubridade
tanto o C. STJ quanto esta Egrégia Corte Regional têm se manifestado no sentido de que tais
verbas integram a remuneração do empregado, representando, assim, base de cálculo para as
contribuições previdenciárias previstas pela Lei nº 8.212/1991.
11. O pagamento de adicional às horas extraordinárias é previsto pelo artigo 7º, XVI da
Constituição Federal e deve corresponder, no mínimo, a cinquenta por cento do valor da hora
normal. Trata-se de verdadeiro acréscimo à hora normal de trabalho como retribuição ao trabalho
além da jornada normal, restando evidenciada sua natureza remuneratória. Nestas condições
afigura-se legítima a incidência tributária sobre o respectivo valor.
12. Legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de 13º salário,
ante sua evidente natureza remuneratória.
13. O simples fato de a lei engendrar um mecanismo de composição financeira para a retribuição
à segurada empregada de seus rendimentos, durante o gozo da licença maternidade, não
desnatura esse rendimento de sua condição de parcela salarial.
14. O descanso semanal remunerado possui evidente natureza remuneratória, de modo que a
incidência combatida pela agravante se afigura legítima.
15. Legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre as horas in intinere, conforme
entendimento consolidado desta E. Corte Regional.
16. Em relação aos prêmios e gratificações eventuais, a incidência da contribuição é afastada,
conforme a dicção do artigo 28, § 9º, "e", 7 da Lei nº 8.212/91. No entanto, a apreciação do
pedido relativo à não-incidência das contribuições em questão sobre os valores pagos sobre tais
rubricas demanda a investigação sobre a natureza eventual ou não dos valores pagos sob estas
rubricas, não se prestando para tanto a mera alegação genérica de versar sobre montantes
indenizatórios.
17. Em relação ao auxílio creche, a Lei nº 8.212/91, ao tratar das parcelas que compõem a base
de cálculo das contribuições previdenciárias, exclui expressamente esta prestação percebida
pelos empregados. O próprio legislador exclui as parcelas recebidas a título de auxílio-creche da
base de cálculo das contribuições previdenciárias, desde que pago em conformidade com a
legislação trabalhista e com a observância do limite máximo de seis anos de idade, tudo com a
devida comprovação das despesas.
18. O próprio diploma legal instituidor do auxílio-transporte prevê expressamente que referida
verba não possui natureza salarial, entendimento que não se altera caso benefício seja pago em
pecúnia, conforme entendimento do E. STJ.
19. Há evidente relevância da fundamentação utilizada nos embargos à execução, não se
afigurando razoável que se autorize o prosseguimento da execução, sob pena de cobrança de
valores indevidos.
20. Agravo provido para atribuir efeito suspensivo aos embargos à execução opostos pela
agravante na origem.
A embargante pleiteia a supressão de omissões e contradições para que seja revogado o efeito
suspensivo concedido aos embargos de devedor.
A embargada apresentou resposta aos embargos de declaração (ID 149775001).
É o relatório.
AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº5007264-60.2020.4.03.0000
RELATOR:Gab. 02 - DES. FED. WILSON ZAUHY
AGRAVANTE: SÓ GELO INDÚSTRIA E COMÉRCIO EIRELI
Advogado do(a) AGRAVANTE: OCTAVIO TEIXEIRA BRILHANTE USTRA - SP196524-A
AGRAVADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
OUTROS PARTICIPANTES:
V O T O
Os presentes embargos de declaração foram opostos na vigência do novo Código de Processo
Civil de 2015, que dispõe, em seu artigo 1.022, sobre as hipóteses de cabimento dos aclaratórios:
a existência, na decisão judicial, de obscuridade, contradição, omissão ou ainda erro material a
serem sanados pelo Juízo.
A embargante pleiteia a supressão de omissões e contradições para que seja revogado o efeito
suspensivo concedido aos embargos de devedor.
Primeiramente, em relação ao salário-maternidade, recente decisão do Supremo Tribunal Federal
apreciando o Tema 72 da repercussão geral, deu provimento ao Recurso Extraordinário nº
576967, para declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da incidência de contribuição
previdenciária sobre o salário maternidade, prevista no art. 28, §2º, da Lei nº 8.212/91, e a parte
final do seu §9º, alínea a, em que se lê "salvo o salário-maternidade", nos termos do voto do
Relator, vencidos os Ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e
Dias Toffoli (Presidente), que negavam provimento ao recurso. Foi fixada a seguinte tese: "É
inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o salário
maternidade". Entretanto, mantenho o entendimento adotado no acórdão embargado, pela
incidência da contribuição previdenciária, em observância ao princípio do non reformatio in pejus.
Com relação ao terço constitucional de férias, recente decisão do Supremo Tribunal Federal
apreciando o Tema 985 da repercussão geral, deu parcial provimento ao Recurso Extraordinário
nº 1.072.485 interposto pela União, assentando a incidência de contribuição previdenciária sobre
valores pagos pelo empregador a título de terço constitucional de férias gozadas, nos termos do
voto do Relator. Foi fixada a seguinte tese: “É legítima a incidência de contribuição social sobre o
valor satisfeito a título de terço constitucional de férias”, nos termos do voto do Relator, vencido o
Ministro Edson Fachin, que conhecia do recurso da União apenas em relação ao capítulo do
acórdão referente ao terço constitucional de férias, para negar provimento e fixava tese diversa.
Falaram: pela recorrente, a Dra. Flávia Palmeira de Moura Coelho, Procuradora Geral da
Fazenda Nacional; e, pela interessada, o Dr. Halley Henares Neto e Dr. Nelson Mannrich. Não
participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário,
Sessão Virtual de 21.8.2020 a 28.8.2020.
Feitas essas ressalvas, a embargante não logrou êxito em demonstrar eventuais omissões,
contradições e obscuridades aptas a revogar o efeito suspensivo concedido aos embargos à
execução.
Ademais, o acórdão embargado enfrentou os temas trazidos a julgamento.
Nesse sentido, vale a transcrição do voto em que se enfrenta a matéria posta em julgamento:
“Ao tratar dos embargos do devedor, o artigo 739-A do CPC/73 previu o seguinte:
Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo.
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos
quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente
possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já
esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. (...)
Por sua vez, o CPC/2015 trouxe semelhante previsão em seu artigo 919, verbis:
Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos
quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já
esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. (...)
Em relação ao tema versado nos autos, o C. STJ possui entendimento consolidado de que o
artigo 739-A, § 1º do CPC/1973 é aplicável aos processos de execução fiscal, conforme julgado
que abaixo transcrevo:
“AGRAVO INTERNO. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO
FISCAL. EFEITO SUSPENSIVO. APLICABILIDADE DO ART. 739-A DO CPC. RESP.
1.272.827/PE, REL. MIN. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJE 31.5.2013, SUBMETIDO AO
RITO DO ART. 543-C DO CPC. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Esta
Corte Superior, no julgamento do Recurso Especial 1.272.827/PE, Rel. Min. MAURO CAMPBELL
MARQUES, DJe 31.5.2013, submetido ao rito do art. 543-C do CPC, pacificou o entendimento de
que o art. 739-A do CPC se aplica às execuções fiscais, assim, a atribuição de efeito suspensivo
aos embargos do devedor está condicionada ao cumprimento dos três requisitos legais:
apresentação de garantia; verificação pelo Juiz da relevância da fundamentação e perigo de dano
irreparável ou de difícil reparação. 2. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou,
expressamente, que: No presente caso, denota-se não terem sido preenchidos, "a priori", os
requisitos legais a ensejar a suspensão da execução fiscal, porquanto não houve o requerimento,
e ainda, a alienação dos bens penhorados não configura perigo de grave dano ao executado, pois
a execução visa à expropriação destes bens (fls. 70). Logo, a revisão desse entendimento
demanda a incursão no conteúdo fático-probatório dos autos, o que implica reexame de provas –
inviável em Recurso Especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 3. Agravo Interno desprovido.” (STJ,
Primeira Turma, AgInt no AREsp 888270/SP, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe
24/11/2016) (negritei)
Da análise dos referidos dispositivos legais é possível extrair que a concessão de efeito
suspensivo aos embargos do devedor dependem do preenchimento de quatro requisitos, a saber
(i) requerimento expresso do embargante, (ii) garantia da execução, (iii) relevância da
fundamentação (probabilidade do direito) e (iv) perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
Quanto ao primeiro requisito, observo que há pedido expresso para atribuição de efeito
suspensivos aos embargos à execução (Num. 24288053 – Pág. 70 do processo de origem).
Quanto à garantia da execução, verifico que na decisão agravada o juízo de origem entendeu
pela possibilidade de recebimento dos embargos à execução fiscal independente a garantia
integral do juízo em razão da comprovada “momentânea incapacidade patrimonial da parte
Embargante” (Num. 29418468 – Pág. 1). Quanto ao perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação a decisão agravada consignou o entendimento de que “Não há risco de dano grave de
difícil ou incerta reparação, uma vez que os argumentos apresentados giram apenas em torno de
consequências ordinárias do procedimento executório, sem a apresentação de circunstâncias
extraordinárias que justificassem o reconhecimento do requisito em exame” (Num. 29418468 –
Pág. 1 do processo de origem). Entendo, contudo, que a ausência de efeito suspensivo aos
embargos autoriza a agravada/exequente a dar prosseguimento aos atos executórios com a
designação de leilão dos bens penhorados e consequente alienação judicial antes que seja
julgado o mérito da ação. Evidente, portanto, a possibilidade de que os agravantes venham a
sofrer dano irreparável ou de difícil reparação, restando igualmente comprovado o preenchimento
deste requisito. Por fim, passo a analisar a relevância da fundamentação aduzida nos embargos à
execução. Em suas razões de embargos a agravante aduziu a impossibilidade de incidência da
contribuição previdenciária sobre verbas indenizatórias. Passo, a seguir, a analisar a natureza
das verbas debatidas pela agravante.
(i) Aviso Prévio Indenizado
No que diz respeito ao aviso prévio, imperioso recordar que consiste na comunicação feita pelo
empregador ou pelo empregado à parte contrária, com a antecedência prevista em lei, de sua
intenção de rescindir o contrato de trabalho (CLT, artigo 487). Na hipótese em que o empregador
não respeitar essa antecedência, o empregado receberá os "salários correspondentes ao prazo
do aviso", na exata dicção da Consolidação das Leis do Trabalho (§1º do citado artigo). A
natureza desse valor recebido pelo empregado – aviso prévio indenizado –, todavia, não é
salarial, já que não é pago em retribuição ao trabalho prestado ao empregador e sim como
ressarcimento pelo não gozo de um direito concedido pela lei de, mesmo sabendo da demissão,
ainda trabalhar na empresa por um período e receber por isso. Nesse sentido, transcrevo:
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SIMPLES
REITERAÇÃO DAS ALEGAÇÕES VEICULADAS NO RECURSO ANTERIOR. MANDADO DE
SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO. LC 118/05. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE
VERBAS INDENIZATÓRIAS. COMPENSAÇÃO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA
DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. SÚMULA N. 83/STJ. I – É pacífico o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, consolidado em julgamento na 1ª Seção desta Corte no julgamento,
em 26.02.2014, do Recurso Especial n. 1.230.957/RS, sedimentou entendimento, inclusive sob o
rito do art. 543-C do Código de Processo Civil, segundo o qual não incide a mencionada
contribuição sobre o terço constitucional de férias, aviso prévio indenizado, bem como sobre o
valor pago pelo empregador, nos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do empregado, por
doença ou acidente. (...) IV – Agravo regimental improvido." (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp
1486025/PR, Relatora Ministra Regina Helena Costa, DJe 28/09/2015)
(ii) 15 primeiros dias que antecedem a concessão do auxílio-doença
O C. STJ firmou o entendimento no julgamento do REsp nº 1.230.957/RS de que os valores
pagos nos quinze primeiros dias de afastamento por motivo de doença ostentam natureza
indenizatória. Neste sentido:
"TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. IMPORTÂNCIA PAGA PELA EMPRESA
NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIO-DOENÇA E TERÇO CONSTITUCIONAL.
NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JULGADA SOB O RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. RESP
1.230.957/RS. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. NÃO VIOLAÇÃO. 1. A Primeira Seção
desta Corte, no julgamento do REsp 1.230.957/RS, processado nos termos do art. 543-C do
Código de Processo Civil, firmou a compreensão no sentido de que não incide a contribuição
previdenciária sobre: (I) a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros
quinze dias de afastamento do empregado por motivo de doença, por não se enquadrar na
hipótese de incidência da exação, que exige verba de natureza remuneratória, haja vista que "a
importância paga não é destinada a retribuir o trabalho, sobretudo porque no intervalo dos quinze
dias consecutivos ocorre a interrupção do contrato de trabalho, ou seja, nenhum serviço é
prestado pelo empregado"; (II) o adicional de férias relativo às férias indenizadas, visto que nesse
caso a não incidência decorre de expressa previsão legal (art. 28, § 9º, "d", da Lei 8.212/91 -
redação dada pela Lei 9.528/97) e relativamente "ao adicional de férias concernente às férias
gozadas, tal importância possui natureza indenizatória/compensatória". 2. Não há falar em ofensa
à cláusula de reserva de plenário (art. 97 da CF) e ao enunciado 10 da Súmula vinculante do
Supremo Tribunal Federal quando não haja declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos
legais tidos por violados, tampouco afastamento desses, mas tão somente a interpretação do
direito infraconstitucional aplicável ao caso, com base na jurisprudência desta Corte.
Precedentes. 3. Agravos regimental desprovido." (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp
1306726/DF, Relator Ministro Sérgio Kukina, Dje 20/10/2014)
(iii) Férias gozadas, Indenizadas e Terço Constitucional
As férias gozadas constituem licença autorizada do empregado expressamente prevista pelo
artigo 129 da CTL, sendo que neste período o empregado fará jus ao recebimento da
remuneração. Nestas condições, os valores pagos sob este título ostentam evidente natureza
salarial, de modo que sua inclusão na base de cálculo da contribuição é legítima. Ademais, houve
o c. Superior Tribunal de Justiça, a fim de conformar as orientações ao decido no REsp
1.230.957/RS, por rever e sedimentar a matéria conforme se verifica:
"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOBRE VALOR
PAGO, AO EMPREGADO, A TÍTULO DE FÉRIAS GOZADAS, SALÁRIO-MATERNIDADE,
SALÁRIO-PATERNIDADE, REPOUSO SEMANAL REMUNERADO, HORAS EXTRAS.
INCIDÊNCIA. 1. Apesar de a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o
Recurso Especial 1.322.945/DF, em julgamento realizado em 27.2.2013, ter decidido pela não
incidência de contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade e as férias usufruídas, é
certo que, em posteriores Embargos de Declaração, acolhidos, com efeitos infringentes, reformou
o aresto embargado, para conformá-lo ao decidido no Recurso Especial 1.230.957/CE,
representativo de controvérsia, e à reiterada jurisprudência do STJ. 2. De outra parte, mesmo
após o julgamento do Recurso Especial 1.322.945/DF, ambas as Turmas que compõem a
Primeira Seção do STJ proferiram julgamentos em que afirmado o caráter remuneratório do valor
pago, ao empregado, a título de férias gozadas, o que implica na incidência de contribuições
previdenciárias sobre tal quantia. Em igual sentido os precedentes da Primeira Seção do STJ:
AgRg nos EDcl nos EREsp 1.352.146/RS, Rel. Ministro Og Fernandes, DJe de 14/10/2014; AgRg
nos EREsp 1.355.594/PB, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe de 17/09/2014; AgRg nos
EAREsp 138.628/AC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, DJe de 18/08/2014. (...) 6. Recurso Especial
não provido." (REsp 1607529/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 02/08/2016, DJe 08/09/2016)
No tocante às férias indenizadas e seu respectivo adicional constitucional de férias (indenizadas),
a própria Lei nº 8.212/91, ao tratar das parcelas que compõem a base de cálculo das
contribuições previdenciárias, exclui expressamente tais prestações percebidas pelos
empregados. Confira a redação do texto legal:
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no
art. 23, é de: (...)
§ 2º Não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28. (...)
Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: (...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...)
d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional,
inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da
Consolidação das Leis do Trabalho-CLT; (...)
Como se vê, o próprio legislador exclui as parcelas recebidas a título de férias indenizadas e seu
respectivo terço constitucional da base de cálculo das contribuições previdenciárias, de modo
que, quanto a tais valores, deve ser reconhecida a pertinência do pedido.
(iv) Adicional de horas extras, insalubridade, periculosidade e noturno
Com relação aos valores pagos a título de adicional noturno, periculosidade e insalubridade tanto
o C. STJ quanto esta Egrégia Corte Regional têm se manifestado no sentido de que tais verbas
integram a remuneração do empregado, representando, assim, base de cálculo para as
contribuições previdenciárias previstas pela Lei nº 8.212/1991. Nesse sentido:
"TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS EMPREGADORES. ARTS. 22 E 28 DA
LEI N.° 8.212/91. SALÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. DÉCIMO-TERCEIRO SALÁRIO.
ADICIONAIS DE HORA-EXTRA, TRABALHO NOTURNO, INSALUBRIDADE E
PERICULOSIDADE. NATUREZA SALARIAL PARA FIM DE INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO
DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ART. 195, I, DA CF/88. SÚMULA 207
DO STF. ENUNCIADO 60 DO TST. 1. A jurisprudência deste Tribunal Superior é firme no sentido
de que a contribuição previdenciária incide sobre o total das remunerações pagas aos
empregados, inclusive sobre o 13º salário e o salário-maternidade (Súmula n.° 207/STF). 2. Os
adicionais noturno, hora-extra, insalubridade e periculosidade possuem caráter salarial. Iterativos
precedentes do TST (Enunciado n.° 60). 3. A Constituição Federal dá as linhas do Sistema
Tributário Nacional e é a regra matriz de incidência tributária. 4. O legislador ordinário, ao editar a
Lei n.° 8.212/91, enumera no art. 28, § 9°, quais as verbas que não fazem parte do salário-de-
contribuição do empregado, e, em tal rol, não se encontra a previsão de exclusão dos adicionais
de hora-extra, noturno, de periculosidade e de insalubridade. 5. Recurso conhecido em parte, e
nessa parte, improvido." (STJ, 1ª Turma, RESP – RECURSO ESPECIAL – 486697/ PR, Processo
nº 200201707991, Relator Min. DENISE ARRUDA, Data da Decisão: 07/12/2004, DJ DATA:
17/12/2004 PG: 00420). (negritei)
"LEI Nº 8.212/91 – CONTRIBUIÇÃO À SEGURIDADE SOCIAL – INCIDÊNCIA – ADICIONAL
NOTURNO – PERICULOSIDADE – INSALUBRIDADE – HORAS EXTRAS – SALÁRIO-
MATERNIDADE – NÃO-INCIDÊNCIA – ABONO ÚNICO. 1. O que caracteriza a natureza da
parcela é a habitualidade, que lhe confere o caráter remuneratório e autoriza a incidência de
contribuição previdenciária. 2. Na esteira do Resp 486697/PR, é pacífico no âmbito do Colendo
Superior Tribunal de Justiça que incide contribuição previdenciária sobre os adicionais noturno
(Súmula n° 60), de insalubridade, de periculosidade e sobre as horas-extraordinárias de trabalho,
em razão do seu caráter salarial: 3. O STJ pacificou entendimento no sentido de que o salário-
maternidade constitui parcela remuneratória, sobre a qual incide a contribuição previdenciária,
mas não sobre o pagamento dos quinze dias que antecedem o benefício de auxílio-doença. 4.
Quando os abonos caracterizam a condição de salário e têm natureza remuneratória, incide a
contribuição. Quando são isolados, únicos, não se incorporam ao salário e sobre eles não incide
contribuição. 5. Apelação da autora parcialmente provida." (TRF 3ª Região, 2ª Turma, AC –
APELAÇÃO CÍVEL – 1112852/SP, Processo nº 200261140052810, Rel. JUIZ HENRIQUE
HERKENHOFF, Julgado em 03/06/2008, DJF3 DATA: 19/06/2008) (negritei)
Por sua vez, o pagamento de adicional às horas extraordinárias é previsto pelo artigo 7º, XVI da
Constituição Federal e deve corresponder, no mínimo, a cinquenta por cento do valor da hora
normal. Trata-se de verdadeiro acréscimo à hora normal de trabalho como retribuição ao trabalho
além da jornada normal, restando evidenciada sua natureza remuneratória. Nestas condições
afigura-se legítima a incidência tributária sobre o respectivo valor. Neste sentido:
“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ART. 535, II DO CPC:
OMISSÃO INEXISTENTE. TRIBUTÁRIO. INCIDE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O
ADICIONAL DE HORAS EXTRAS, POIS DETÉM NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESP.
1.358.281/SP, REL. MIN. HERMAN BENJAMIN, DJE 05.12.14, FEITO SOB O RITO DO ART.
543-C DO CPC. DESCABE O SOBRESTAMENTO DO PRESENTE FEITO EM RAZÃO DO
RECONHECIMENTO, PELO STF, DE REPERCUSSÃO GERAL EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Trata-se, na origem, de
Mandado de Segurança em que se busca afastar a incidência de contribuição previdenciária
sobre o valor pago a título de horas extras, afirmando seu caráter indenizatório. (...) 3. Ao julgar o
REsp. 1.358.281/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 05.12.14, representativo da
controvérsia, esta Corte assentou o entendimento de que incide contribuição previdenciária sobre
o adicional de horas extras, dada sua natureza remuneratória. 4. Outrossim, cumpre asseverar
que o reconhecimento da repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal não enseja o
sobrestamento do julgamento dos Recursos Especiais que tramitam no Superior Tribunal de
Justiça. Veja-se: AgRg no REsp. 1.222.246/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe
17.12.2012. 5. Agravo Regimental desprovido.” (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp
1341537/CE, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 21/05/2015) (negritei)
(v) 13º salário
Legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de 13º salário,
ante sua evidente natureza remuneratória. Neste sentido:
"DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE DÉCIMO TERCEIRO
SALÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 688/STF. PRECEDENTES. 1. Nos termos da jurisprudência
da Corte, é legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o décimo terceiro salário. 2.
Agravo regimental a que se nega provimento." (STF, Primeira Turma, ARE 883705 AgR/SC,
Relator Ministro Roberto Barroso, DJe 11/09/2015) (negritei)
(vi) Salário-maternidade
Em relação ao salário-maternidade, não obstante seja a sua execução um ato complexo que
envolve a atuação tanto do empregador quanto do INSS, a verdade é que em tais hipóteses se
estabelece apenas uma forma solidária de compor os rendimentos da trabalhadora, durante o
período da licença. O artigo 72 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1.991, em sua redação anterior
à Lei nº 10.710/2003, era bem preciso quanto à forma de retribuição à empregada afastada de
suas atividades em razão do gozo da licença maternidade, verbis:
Art. 72. O salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá
numa renda mensal igual à sua remuneração integral e será pago pela empresa, efetivando-se a
compensação quando do recolhimento das contribuições, sobre a folha de salários.
Ora, na verdade o empregador não sofre nesse caso nenhum prejuízo de ordem financeira, não
podendo alegar que está a indenizar a empregada durante o gozo da licença, dado que os
valores despendidos são prontamente compensados na apuração da contribuição incidente sobre
a folha de salários. Assim, o simples fato de a lei engendrar esse mecanismo de composição
financeira para a retribuição à segurada empregada de seus rendimentos, durante o gozo da
licença maternidade, não desnatura esse rendimento de sua condição de parcela salarial. Neste
sentido, transcrevo recente julgado do C. STJ:
“TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. SALÁRIO MATERNIDADE,
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS GOZADAS. PRECEDENTES. 1. A Primeira Seção
desta Corte, no julgamento do REsp 1.230.957/RS, processado nos termos do art. 543-C do
Código de Processo Civil, firmou a compreensão no sentido de que o salário maternidade tem
natureza salarial, devendo sobre ele incidir a contribuição previdenciária. 2. Nos termos da
jurisprudência desta Corte, o pagamento de férias gozadas possui natureza remuneratória (art.
148 da CLT), razão pela qual sobre elas incide a contribuição previdenciária. Precedentes: AgRg
no Ag 1424039/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 21/10/2011; AgRg no REsp
1272616/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28/08/201; EDcl no REsp
1.238.789/CE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 11/06/2014; AgRg no
REsp 1.437.562/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11/06/2014;
AgRg no REsp 1.240.038/PR, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 02/05/2014. (...)
4. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ, Primeira Turma, AgRg no REsp
1466424/RS, Relator Ministro Sérgio Kukina, DJe 05/11/2014)
(vii) Descanso semanal remunerado
O descanso semanal remunerado possui evidente natureza remuneratória, de modo que a
incidência combatida pela agravante se afigura legítima. Neste sentido:
"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO QUE SE FIRMA EM JURISPRUDÊNCIA
ESCASSA, PORÉM DOMINANTE. VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA.
PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. PRESERVAÇÃO POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DO
AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REPOUSO SEMANAL
REMUNERADO. INCIDÊNCIA. 1. A Segunda Turma/STJ, ao apreciar o REsp 1.444.203/SC (Rel.
Min. Humberto Martins, DJe de 24.6.2014), firmou entendimento no sentido de que incide
contribuição previdenciária sobre o descanso semanal remunerado, porquanto se trata de verba
de caráter remuneratório. (...) A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no artigo 557
do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo
regimental. Agravo regimental improvido." (STJ, Segunda Turma, AgRg no REsp 1480162/PR,
Relator Ministro Humberto Martins, DJe 17/11/2014) (negritei)
(viii) Horas in itinere
Legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre a verba em comento, conforme
entendimento consolidado desta E. Corte Regional. Neste sentido:
“TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS A OUTRAS ENTIDADES E SAT/RAT. NATUREZA
INDENIZATÓRIA OU REMUNERATÓRIA. SALÁRIO MATERNIDADE. SALÁRIO PATERNIDADE.
FÉRIAS GOZADAS (USUFRUÍDAS). HORAS EXTRAS E ADICIONAL. ADICIONAIS NOTURNO,
DE INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE. HORAS “IN ITINERE”. DESCANSO SEMANAL
REMUNERADO. ADICIONAL REVEZAMENTO. COMPENSAÇÃO. PREJUDICADA.
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA RECORRIDA. (...) 4. Quanto aos valores pagos pelo
empregador a título de horas in itinere, esta Corte Regional consolidou o entendimento de que
tais valores possuem natureza remuneratória por configurar retribuição pelo tempo à disposição
da empresa, devendo, portanto, integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias. (...)
9. Apelação não provida.” (TRF 3ª Região, Primeira Turma, ApCiv/SP 5026675-
93.2018.4.03.6100, Relator Desembargador Federal Hélio Nogueira, e – DJF3 28/10/2019)
(negritei)
(ix) Ajuda de custo, bônus, prêmios e abonos pagos em pecúnia
Em relação aos prêmios e gratificações eventuais, a incidência da contribuição é afastada,
conforme a dicção do artigo 28, § 9º, "e", 7 da Lei nº 8.212/91. No entanto, a apreciação do
pedido relativo à não-incidência das contribuições em questão sobre os valores pagos sobre tais
rubricas demanda a investigação sobre a natureza eventual ou não dos valores pagos sob estas
rubricas, não se prestando para tanto a mera alegação genérica de versar sobre montantes
indenizatórios. Neste sentido é a orientação da Colendo STJ que atentou para a necessidade de
verificação da habitualidade ou não do pagamento. Confira-se:
“TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA
EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE AS
SEGUINTES VERBAS: GRATIFICAÇÕES E PRÊMIOS PAGOS DE FORMA EVENTUAL E SOB
O SALÁRIO FAMÍLIA. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Cinge-se a controvérsia dos
autos acerca da incidência de contribuição previdenciária sobre: gratificações, prêmios e salário
família. 2. A fim de verificar se haverá ou não incidência da contribuição previdência sob as
gratificações e prêmios é necessário verificar a sua habitualidade. Havendo pagamento com
habitualidade manifesto o caráter salarial, implicando ajuste tácito entre as partes, razão pela qual
atraí a incidência da contribuição previdenciária. A propósito o STF possui entendimento firmado
por meio da Súmula 207/STF de que "as gratificações habituais, inclusive a de natal, consideram-
se tacitamente convencionadas, integrando o salário". Por outro lado, tratando-se de prêmio ou
gratificação eventual fica afastado a incidência da contribuição, conforme entendimento extraído
do disposto no art. 28, § 9º, "e", 7 da Lei nº 8.212/91. (...) 4. Recurso especial não provido. (REsp
1275695/ES, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/08/2015, DJe 31/08/2015).
(x) Auxílio-creche
Em relação ao auxílio creche, a Lei nº 8.212/91, ao tratar das parcelas que compõem a base de
cálculo das contribuições previdenciárias, exclui expressamente esta prestação percebida pelos
empregados, nos seguintes termos:
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...)
s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago
em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade,
quando devidamente comprovadas as despesas realizadas (...)
Como se vê, o próprio legislador exclui as parcelas recebidas a título de auxílio-creche da base
de cálculo das contribuições previdenciárias, desde que pago em conformidade com a legislação
trabalhista e com a observância do limite máximo de seis anos de idade, tudo com a devida
comprovação das despesas.
(xi) Auxílio-transporte
Por sua vez, o benefício do vale-transporte foi instituído pela Lei nº 7.418/85 que em seu artigo 2º
prevê o seguinte:
Art. 2º – O Vale-transporte –, concedido nas condições e limites definidos, nesta Lei, no que se
refere à contribuição do empregador:
a) não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos;
b) não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço;
c) não se configura como rendimento tributável do trabalhador.
Como se percebe, o próprio diploma legal instituidor do benefício prevê expressamente que
referida verba não possui natureza salarial, entendimento que não se altera caso benefício seja
pago em pecúnia, conforme entendimento do E. STJ:
"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. MEDIDA CAUTELAR. EFEITO SUSPENSIVO
ATIVO A RECURSO ESPECIAL ADMITIDO PERANTE O TRIBUNAL DE ORIGEM.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE-TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO
INCIDÊNCIA. PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS. 1. A probabilidade de êxito do
recurso especial deve ser verificada na medida cautelar, ainda que de modo superficial. 2. No
caso dos autos, foi comprovada a fumaça do bom direito apta a viabilizar o deferimento da tutela
cautelar. Isto porque a jurisprudência desta Corte Superior, alinhando-se ao entendimento
adotado pelo Pleno STF, firmou-se no sentido de que não incide da contribuição previdenciária
sobre as verbas referentes a auxílio – transporte, mesmo que pagas em pecúnia. 3. Precedentes:
REsp 1194788/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/08/2010, DJe
14/09/2010; EREsp 816.829/RJ, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em
14/03/2011, DJe 25/03/2011; AR 3394/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira Seção,
julgado em 23.6.2010, DJe 22.9.2010. Medida cautelar procedente. (MC 21.769/SP, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 03/02/2014)" (STJ,
Segunda Turma, MC 21769/SP, Relator Ministro Humberto Martins, DJe 03/02/2014)
Como se percebe, há evidente relevância da fundamentação utilizada nos embargos à execução,
não se afigurando razoável que se autorize o prosseguimento da execução, sob pena de
cobrança de valores indevidos. Diante dos argumentos expostos, dou provimento ao agravo para
atribuir efeito suspensivo aos embargos à execução opostos pela agravante na origem. É como
voto.” (ID 134531357)
Como se vê, a decisão, devidamente fundamentada, apreciou e decidiu a matéria submetida a
julgamento, tendo abordado as questões relevantes para a solução da controvérsia.
Denota-se, assim, o objetivo infringente que se pretende dar aos presentes embargos, com o
revolvimento da matéria já submetida a julgamento, sem que se vislumbre quaisquer das
hipóteses autorizadoras do manejo dos aclaratórios.
A propósito, sequer a pretensão de alegado prequestionamento da matéria viabiliza a oposição
dos embargos de declaração, os quais não prescindem, para o seu acolhimento, mesmo em tais
circunstâncias, da comprovação da existência de obscuridade, contradição, omissão ou ainda
erro material a serem sanados. A simples menção a artigos de lei que a parte entende terem sido
violados não permite a oposição dos aclaratórios.
De todo modo, há de se atentar para o disposto no artigo 1.025 do novo CPC/2015, que
estabelece: "Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade", que se aplica ao caso presente, já que estes embargos foram atravessados na
vigência do novel estatuto.
Face ao exposto, conheço dos embargos de declaração para o efeito de rejeitá-los.
É o voto.
E M E N T A
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO,
OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. PRETENSÃO DE
PREQUESTIONAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
1. Os embargos de declaração destinam-se a sanar omissão, obscuridade, contradição ou erro
material de que esteja eivado o julgado. Ausentes tais hipóteses, não merece acolhimento o
recurso.
2. A decisão, devidamente fundamentada, apreciou e decidiu a matéria submetida a julgamento,
tendo abordado as questões relevantes para a solução da controvérsia.
3. Denota-se o objetivo infringente que se pretende dar aos embargos, com o revolvimento da
matéria já submetida a julgamento, sem que se vislumbre quaisquer das hipóteses autorizadoras
do manejo dos aclaratórios.
4. Sequer a pretensão de alegado prequestionamento da matéria viabiliza a oposição dos
embargos de declaração, os quais não prescindem, para o seu acolhimento, mesmo em tais
circunstâncias, da comprovação da existência de obscuridade, contradição, omissão ou ainda
erro material a serem sanados. A simples menção a artigos de lei que a parte entende terem sido
violados não permite a oposição dos aclaratórios.
5. De todo modo, há de se atentar para o disposto no artigo 1.025 do novo CPC/2015, que
estabelece: "Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade", que se aplica ao caso presente, já que os embargos foram atravessados na
vigência do novel estatuto.
6. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados. ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Primeira Turma, por
unanimidade, conheceu dos embargos de declaração para o efeito de rejeitá-los, nos termos do
relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
