
8ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5070912-53.2021.4.03.9999
RELATOR: Gab. 28 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
SUCEDIDO: PEDRO BORGES FERREIRA
APELADO: DIRCEU BORGES, SONIA MARIA BORGES RODRIGUES, CELIO BORGES FERREIRA, SANDRO LUIZ BORGES FERREIRA, SHIRLEY SANDRA BORGES FERREIRA VISSANI BARBOSA, PATRICIA LEANDRA BORGES FERREIRA, KELE ALEXANDRA BORGES FERREIRA, RODRIGO DA SILVA BRITO, DANILA OSAKI FERREIRA BRITO
Advogado do(a) SUCEDIDO: TAKESHI SASAKI - SP48810-N
Advogado do(a) APELADO: TAKESHI SASAKI - SP48810-N
OUTROS PARTICIPANTES:
8ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5070912-53.2021.4.03.9999
RELATOR: Gab. 28 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
SUCEDIDO: PEDRO BORGES FERREIRA
APELADO: DIRCEU BORGES, SONIA MARIA BORGES RODRIGUES, CELIO BORGES FERREIRA, SANDRO LUIZ BORGES FERREIRA, SHIRLEY SANDRA BORGES FERREIRA VISSANI BARBOSA, PATRICIA LEANDRA BORGES FERREIRA, KELE ALEXANDRA BORGES FERREIRA, RODRIGO DA SILVA BRITO, DANILA OSAKI FERREIRA BRITO
Advogado do(a) SUCEDIDO: TAKESHI SASAKI - SP48810-N
Advogado do(a) APELADO: TAKESHI SASAKI - SP48810-N
OUTROS PARTICIPANTES:
R E L A T Ó R I O
O Exmo. Desembargador Federal Toru Yamamoto (Relator):
Trata-se de ação previdenciária ajuizada em face do Instituto Nacional Do Seguro Social - INSS, objetivando a concessão do benefício de pensão por morte, decorrente do óbito de sua filha.
Consta dos autos notícia do falecimento do autor ocorrido em 14/02/2022, conforme certidão de óbito (Id. 291068689), e habilitação de seus herdeiros e sucessores.
A r. sentença julgou procedente o pedido, condenando o INSS ao pagamento do benefício pleiteado pela parte autora, a partir do óbito (28/12/2017), as parcelas vencidas serão acrescidas de correção monetária pelo IPCA e juros de mora nos índices da caderneta de poupança. Condenou ainda o INSS ao pagamento das despesas e aos honorários advocatícios fixados em 10% do valor das parcelas vencidas até a sentença. Isento de custas. Por fim concedeu a tutela antecipada.
Dispensado o reexame necessário.
O INSS interpôs apelação alegando que a autora não comprovou sua dependência em relação a falecida, devendo ser julgado improcedente o pedido.
Com as contrarrazões vieram os autos a esta E. Corte.
É o relatório.
8ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5070912-53.2021.4.03.9999
RELATOR: Gab. 28 - DES. FED. TORU YAMAMOTO
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
SUCEDIDO: PEDRO BORGES FERREIRA
APELADO: DIRCEU BORGES, SONIA MARIA BORGES RODRIGUES, CELIO BORGES FERREIRA, SANDRO LUIZ BORGES FERREIRA, SHIRLEY SANDRA BORGES FERREIRA VISSANI BARBOSA, PATRICIA LEANDRA BORGES FERREIRA, KELE ALEXANDRA BORGES FERREIRA, RODRIGO DA SILVA BRITO, DANILA OSAKI FERREIRA BRITO
Advogado do(a) SUCEDIDO: TAKESHI SASAKI - SP48810-N
Advogado do(a) APELADO: TAKESHI SASAKI - SP48810-N
OUTROS PARTICIPANTES:
V O T O
O Exmo. Desembargador Federal Toru Yamamoto (Relator):
Verifico, em juízo de admissibilidade, que o recurso ora analisado mostra-se formalmente regular, motivado (artigo 1.010 CPC) e com partes legítimas, preenchendo os requisitos de adequação (art. 1009 CPC) e tempestividade (art. 1.003 CPC). Assim, presente o interesse recursal e inexistindo fato impeditivo ou extintivo, recebo-o e passo a apreciá-lo nos termos do artigo 1.011 do Código de Processo Civil.
Objetiva a parte autora a concessão de pensão por morte, em decorrência do falecimento de sua filha, SIOMAR BORGES FERREIRA, ocorrido em 28/12/2017, conforme faz prova a certidão do óbito.
Para a obtenção do benefício da pensão por morte, faz-se necessário a presença de dois requisitos: qualidade de segurado e condição de dependência.
Assim, em obediência ao princípio do tempus regit actum, deve-se analisar o benefício pela legislação em vigor à época do óbito, no caso, a Lei nº 8.213/91, com redação dada pela Lei nº 13.135, publicada em 17/06/2015.
No que tange à qualidade de segurado, restou plenamente comprovado, em consulta ao extrato do sistema CNIS/DATAPREV, verifica-se a falecida era beneficiária de aposentadoria por invalidez desde 15/10/2013 (Id. 156876565).
Já com relação à dependência, verifica-se que o requerente não carreou para os autos início razoável de prova material para embasar sua pretensão, o documento acostado (comprovante de endereço) comprova apenas que residiam no mesmo endereço e que a falecida custava seus gastos e auxiliava na manutenção do núcleo familiar, não caracterizando sua dependência econômica.
Em consulta ao extrato do sistema CNIS/DATAPREV verifica-se que o autor era beneficiário de amparo social ao idoso no período de 26/03/2004 a 01/12/2014.
Logo, não comprovado o preenchimento dos requisitos legais para a concessão de pensão por morte, o direito que persegue a requerente não merece ser reconhecido.
Impõe-se, por isso, a improcedência da pretensão e, por conseguinte, a revogação da antecipação da tutela anteriormente concedida, deixou de determinar a expedição de ofício ao INSS, tendo em vista que o benefício foi cessado em virtude do óbito do autor.
Determino, em razão da revogação da tutela, a devolução dos valores recebidos de forma precária pela parte autora, nos moldes da questão de ordem que reafirmou a tese jurídica relativa ao Tema Repetitivo 692/STJ, a qual efetuou acréscimo redacional para ajuste à nova legislação de regência, nos seguintes termos: "A reforma da decisão que antecipa os efeitos da tutela final obriga o autor da ação a devolver os valores dos benefícios previdenciários ou assistenciais recebidos, o que pode ser feito por meio de desconto em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da importância de eventual benefício que ainda lhe estiver sendo pago".
Condeno a parte autora ao pagamento de honorários fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), cuja exigibilidade observará o disposto no artigo 12 da Lei nº 1.060/1950 (artigo 98, § 3º, do Código de Processo Civil/2015), por ser beneficiária da justiça gratuita.
Ante o exposto, dou provimento à apelação do INSS, para reformar a r. sentença e julgar improcedente o pedido inicial.
É COMO VOTO.
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. DEPENDÊNCIA NÃO COMPROVADA. BENEFICIO NÃO CONCEDIDO.
1. Para a obtenção do benefício da pensão por morte, faz-se necessário a presença de dois requisitos: qualidade de segurado e condição de dependência.
2. No que tange à qualidade de segurado, restou plenamente comprovado.
3. Já com relação à dependência, verifica-se que a requerente não carreou para os autos início razoável de prova material para embasar sua pretensão.
4. Dessa forma, as provas produzidas nos presentes autos contrariam as alegações da autora.
5. Impõe-se, por isso, a improcedência da pretensão.
6. Apelação provida.
