Processo
ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL / SP
5366059-93.2019.4.03.9999
Relator(a)
Desembargador Federal GILBERTO RODRIGUES JORDAN
Órgão Julgador
9ª Turma
Data do Julgamento
10/07/2019
Data da Publicação/Fonte
Intimação via sistema DATA: 12/07/2019
Ementa
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. TRABALHADOR URBANO. ÚLTIMO VÍNCULO
CESSADO EM 08/11/2000. ÓBITO EM 2013, NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 8213/91. CÔNJUGE.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO.
PERÍCIA MÉDICA INDIRETA. INAPLICÁVEL O ARTIGO 102, §2º DA LEI DE BENEFÍCIOS.
- O óbito de Francisco Carlos de Camargo, ocorrido em 24 de fevereiro de 2013, foi comprovado
pela respectiva certidão.
- A dependência econômica do cônjuge é presumida, segundo o art. 16, I, § 4º, da Lei de
Benefícios.
- Entre a data da cessação do último vínculo empregatício e o óbito, transcorreu prazo superior a
12 (doze) anos e 03 (dez) meses, acarretando a perda da qualidade de segurado, nos termos do
art. 15, II da Lei de Benefícios, ainda que fossem aplicadas à espécie as ampliações do período
de graça previstas nos §§1º e 2º do aludido dispositivo legal (contribuições por mais de 120
meses e recebimento de seguro- desemprego).
- O laudo de perícia médica indireta esclareceu que, ao tempo do falecimento, Francisco Carlos
de Camargo se encontrava acometido de enfermidades que o incapacitavam ao exercício de
atividade laborativa, sem concluir, no entanto, que estas teriam eclodido em momento em que ele
ainda ostentava a qualidade de segurado.
- Conquanto duas informantes inquiridas em Juízo, em audiência realizada em 17/07/2018,
tenham assegurado que o de cujus padecia de alcoolismo, não é possível concluir que a ausência
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
de contribuições previdenciárias e, consequentemente, a perda da qualidade de segurado,
tivessem sido provocadas pela incapacidade laborativa do de cujus.
- Inaplicável à espécie o teor do artigo 102, § 2º da Lei de Benefícios, uma vez que o de cujus não
preenchia os requisitos necessários ao deferimento de qualquer benefício previdenciário.
- Honorários advocatícios majorados ante a sucumbência recursal, observando-se o limite legal,
nos termos do §§ 2º e 11 do art. 85 do CPC/2015.
- Apelação da parte autora a qual se nega provimento.
Acórdao
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5366059-93.2019.4.03.9999
RELATOR: Gab. 33 - DES. FED. GILBERTO JORDAN
APELANTE: BENEDITA APARECIDA JEREMIAS
Advogados do(a) APELANTE: CLEBER RODRIGO MATIUZZI - SP211741-N, TIAGO MATIUZZI -
SP253770-N
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5366059-93.2019.4.03.9999
RELATOR: Gab. 33 - DES. FED. GILBERTO JORDAN
APELANTE: BENEDITA APARECIDA JEREMIAS
Advogados do(a) APELANTE: CLEBER RODRIGO MATIUZZI - SP211741-N, TIAGO MATIUZZI -
SP253770-N
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
R E L A T Ó R I O
Trata-se de apelação interposta em ação ajuizada por BENEDITA APARECIDA JEREMIAS DE
CAMARGO em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando o
benefício de pensão por morte, em decorrência do falecimento do cônjuge, Francisco Carlos de
Camargo, ocorrido em 24 de fevereiro de 2013.
A r. sentença recorrida julgou improcedente o pedido, ao reputar não comprovada a qualidade de
segurado do de cujus (id 40828818 – p. 1/2).
Em suas razões recursais, pugna a parte autora pela reforma da sentença, com o decreto de
procedência do pleito, ao argumento de que restaram preenchidos os requisitos necessários à
concessão do benefício. Aduz que o de cujus era portador de alcoolismo e outras enfermidades,
as quais o incapacitara de forma total e permanente, quando ele ainda ostentava a qualidade de
segurado (id 40828821 – p. 1/5).
Sem contrarrazões.
Devidamente processado o recurso, subiram os autos a esta instância para decisão.
É o relatório.
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5366059-93.2019.4.03.9999
RELATOR: Gab. 33 - DES. FED. GILBERTO JORDAN
APELANTE: BENEDITA APARECIDA JEREMIAS
Advogados do(a) APELANTE: CLEBER RODRIGO MATIUZZI - SP211741-N, TIAGO MATIUZZI -
SP253770-N
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
V O T O
Tempestivo o recurso e respeitados os demais pressupostos de admissibilidade recursais, passo
ao exame da matéria objeto de devolução.
DA PENSÃO POR MORTE
O primeiro diploma legal brasileiro a prever um benefício contra as consequências da morte foi a
Constituição Federal de 1946, em seu art. 157, XVI. Após, sobreveio a Lei n.º 3.807, de 26 de
agosto de 1960 (Lei Orgânica da Previdência Social), que estabelecia como requisito para a
concessão da pensão o recolhimento de pelo menos 12 (doze) contribuições mensais e fixava o
valor a ser recebido em uma parcela familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da
aposentadoria que o segurado percebia ou daquela a que teria direito, e tantas parcelas iguais,
cada uma, a 10% (dez por cento) por segurados, até o máximo de 5 (cinco).
A Constituição Federal de 1967 e sua Emenda Constitucional n.º 1/69, também disciplinaram o
benefício de pensão por morte, sem alterar, no entanto, a sua essência.
A atual Carta Magna estabeleceu em seu art. 201, V, que:
"A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, nos termos da lei a:
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no § 2º."
A Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991 e seu Decreto Regulamentar n.º 3048, de 06 de maio de
1999, disciplinaram em seus arts. 74 a 79 e 105 a 115, respectivamente, o benefício de pensão
por morte, que é aquele concedido aos dependentes do segurado, em atividade ou aposentado,
em decorrência de seu falecimento ou da declaração judicial de sua morte presumida.
Depreende-se do conceito acima mencionado que para a concessão da pensão por morte é
necessário o preenchimento de dois requisitos: ostentar o falecido a qualidade de segurado da
Previdência Social, na data do óbito e possuir dependentes incluídos no rol do art. 16 da
supracitada lei.
A qualidade de segurado, segundo Wladimir Novaes Martinez, é a:
"denominação legal indicativa da condição jurídica de filiado, inscrito ou genericamente atendido
pela previdência social. Quer dizer o estado do assegurado, cujos riscos estão
previdenciariamente cobertos." (Curso de Direito Previdenciário. Tomo II - Previdência Social.
São Paulo: LTr, 1998, p. 594).
Mantém a qualidade de segurado aquele que, mesmo sem recolher as contribuições, conserve
todos os direitos perante a Previdência Social, durante um período variável, a que a doutrina
denominou "período de graça", conforme o tipo de segurado e a sua situação, nos termos do art.
15 da Lei de Benefícios, a saber:
"Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de
segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;
VI - até (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo."
É de se observar, ainda, que o § 1º do supracitado artigo prorroga por 24 (vinte e quatro) meses
tal período de graça aos que contribuíram por mais de 120 (cento e vinte) meses.
Em ambas as situações, restando comprovado o desemprego do segurado perante o órgão do
Ministério do Trabalho ou da Previdência Social, os períodos serão acrescidos de mais 12 (doze)
meses. A comprovação do desemprego pode se dar por qualquer forma, até mesmo oral, ou pela
percepção de seguro-desemprego.
Convém esclarecer que, conforme disposição inserta no § 4º do art. 15 da Lei nº 8.213/91, c.c. o
art. 14 do Decreto Regulamentar nº 3.048/99, com a nova redação dada pelo Decreto nº
4.032/01, a perda da qualidade de segurado ocorrerá no 16º dia do segundo mês seguinte ao
término do prazo fixado no art. 30, II, da Lei nº 8.212/91 para recolhimento da contribuição,
acarretando, consequentemente, a caducidade de todos os direitos previdenciários.
Conforme já referido, a condição de dependentes é verificada com amparo no rol estabelecido
pelo art. 16 da Lei de Benefícios, segundo o qual possuem dependência econômica presumida o
cônjuge, o(a) companheiro(a) e o filho menor de 21 (vinte e um) anos, não emancipado ou
inválido. Também ostentam a condição de dependente do segurado, desde que comprovada a
dependência econômica, os pais e o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido.
De acordo com o § 2º do supramencionado artigo, o enteado e o menor tutelado são equiparados
aos filhos mediante declaração do segurado e desde que comprovem a dependência econômica.
DO CASO DOS AUTOS
O óbito de Francisco Carlos de Camargo, ocorrido em 24 de fevereiro de 2013, está comprovado
pela respectiva Certidão (id 40828773 – p. 1).
A dependência econômica do cônjuge é presumida, segundo o art. 16, I, § 4º, da Lei de
Benefícios.
Consoante se depreende das informações constantes nos extratos do CNIS, o último vínculo
empregatício do de cujus dera-se junto a Elicon Serviços Ltda., de 07 de fevereiro de 2000 a 08
de novembro de 2000.
Entre a data da cessação do último contrato de trabalho e o óbito, transcorreu prazo superior a 12
(doze) anos e 03 (três) meses, o que implicou na perda da qualidade de segurado, ainda que
incidissem à espécie as ampliações do período de graça preconizadas pelo artigo 15, §§ 1º e 2º
da Lei nº 8.213/91.
Sustenta a parte autora que seu falecido esposo padecia de enfermidades que o incapacitava ao
trabalho, as quais eclodiram em momento em que ele ainda ostentava a qualidade de segurado.
Foi propiciada a realização de perícia médica indireta, a fim de se aferir o início das enfermidades
e da incapacidade laborativa. No laudo pericial, com data de 22/08/2017 (id 40828800 – p. 1/2), o
expert assim descreveu no item histórico e conclusão médico pericial:
"(..)
O Sr. Francisco Carlos de Camargo era portador de Transtornos mentais e comportamentais
devido ao uso de álcool – CID F10, com atendimentos ambulatoriais desde 30.08.01, no Serviço
de Saúde Mental de Salto, um segundo atendimento em 2008 e, a partir de 2010, constam relato
de internação em Araçoiaba da Serra, com fuga, porém, sem comprovação documental nos
autos.
A única internação levada a termo e documentada conforme fls. 12, ocorreu na data de 16.02.13,
na Sociedade Beneficente S. Camilo, com quadro de insuficiência renal crônica, fundamentada
em níveis elevados em uréia: 237, Creatinina: 8,2 mg., podendo então nesta data ser fixada a
incapacidade laboral total e temporária até a data do óbito, ocorrido em 24.02.13.
Verifica-se que as doenças mental e hepatorenal tiveram agravação a partir de 2008, quando já
os médicos evidenciaram Anemia importante e comprometimento do Juízo Crítico”.
Em resposta aos quesitos, o expert que a incapacidade foi provocada por deterioração das
funções renais e mentais (resposta ao quesito nº 7 do INSS), e admitiu que, no momento do
óbito, o de cujus era portador de nefropatia grave (resposta ao item 11, formulado pelo INSS).
Em resposta ao quesito nº 09, que indagava quanto à data do início da incapacidade, o perito
reportou-se ao que havia discorrido no item conclusão, ou seja, 16 de fevereiro de 2013, data da
internação documentada nos autos.
Também foi propiciada a oitiva de testemunhas. Em audiência realizada em 17/07/2018, foram
colhidos os depoimentos de duas informantes, que afirmaram conhecer a parte autora e terem
vivenciado que o de cujus era alcoólatra. A esse respeito, Aparecida de Jesus da Silva asseverou
que, em razão de a cidade onde moram ser pequena, pudera vivenciar que Francisco Carlos há
cerca de vinte anos já tinha problemas com o alcoolismo. Acrescentou que, em decorrência de
excesso de ingestão de bebidas alcoólicas, ele veio a perder o asseio e a razão, pois saia pelas
ruas e pegava comida do lixo.
A depoente Aparecida Elizabete de Campos Valle asseverou conhecer a parte autora e seu
falecido esposo há cerca de cinquenta anos, esclarecendo ter vivenciado que, mesmo na época
em que exercia atividade laborativa remunerada, Francisco já tinha problemas com o alcoolismo,
chegando a faltar ao emprego, em razão de ter se embriagado nos finais de semana.
Não obstante, diante do resultado da perícia médica e, notadamente do tempo decorrido entre a
última contribuição previdenciária e o óbito (12 anos e 03 meses), não é possível concluir que a
ausência de contribuições previdenciárias e, consequentemente, a perda da qualidade de
segurado, tivessem sido provocadas pela incapacidade laborativa do de cujus.
Importa consignar que mesmo não sendo comprovada a qualidade de segurado do instituidor, se
esse já houvesse preenchido na data do óbito os requisitos para a concessão de aposentadoria, a
requerente faria jus ao benefício, nos termos do § 2º do art. 102 da Lei n.º 8.213/91.
Contudo, nada veio a demonstrar nos autos que no momento do falecimento Francisco Carlos de
Camargo fizesse jus a alguma espécie de benefício, porquanto não houvera completado a idade
mínima para a aposentadoria por idade (faleceu com 54 anos). Tampouco se produziu nos autos
prova de que estava incapacitado ao trabalho enquanto ainda ostentava a qualidade de segurado,
afastando o reconhecimento de aposentadoria por invalidez, bem como não logrou comprovar o
período mínimo de trabalho exigido em lei para a concessão de aposentadoria por tempo de
serviço, ainda que na modalidade proporcional.
Nesse contexto, se torna inviável o acolhimento do pedido, sendo de rigor a manutenção do
decreto de improcedência do pleito.
Em razão da sucumbência recursal, majoro em 100 % os honorários fixados em sentença,
observando-se o limite máximo de 20% sobre o valor da causa, a teor dos §§ 2º e 11 do art. 85
do CPC/2015, ficando suspensa sua execução, em razão de ser beneficiário da Justiça Gratuita,
enquanto persistir sua condição de miserabilidade.
DISPOSITIVO
Ante o exposto, nego provimento à apelação da parte autora e, em razão da sucumbência
recursal, majoro em 100% os honorários fixados em sentença, observando-se o limite máximo de
20% sobre o valor da causa, a teor dos §§ 2º e 11 do art. 85 do CPC/2015.
É o voto.
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. TRABALHADOR URBANO. ÚLTIMO VÍNCULO
CESSADO EM 08/11/2000. ÓBITO EM 2013, NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 8213/91. CÔNJUGE.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO.
PERÍCIA MÉDICA INDIRETA. INAPLICÁVEL O ARTIGO 102, §2º DA LEI DE BENEFÍCIOS.
- O óbito de Francisco Carlos de Camargo, ocorrido em 24 de fevereiro de 2013, foi comprovado
pela respectiva certidão.
- A dependência econômica do cônjuge é presumida, segundo o art. 16, I, § 4º, da Lei de
Benefícios.
- Entre a data da cessação do último vínculo empregatício e o óbito, transcorreu prazo superior a
12 (doze) anos e 03 (dez) meses, acarretando a perda da qualidade de segurado, nos termos do
art. 15, II da Lei de Benefícios, ainda que fossem aplicadas à espécie as ampliações do período
de graça previstas nos §§1º e 2º do aludido dispositivo legal (contribuições por mais de 120
meses e recebimento de seguro- desemprego).
- O laudo de perícia médica indireta esclareceu que, ao tempo do falecimento, Francisco Carlos
de Camargo se encontrava acometido de enfermidades que o incapacitavam ao exercício de
atividade laborativa, sem concluir, no entanto, que estas teriam eclodido em momento em que ele
ainda ostentava a qualidade de segurado.
- Conquanto duas informantes inquiridas em Juízo, em audiência realizada em 17/07/2018,
tenham assegurado que o de cujus padecia de alcoolismo, não é possível concluir que a ausência
de contribuições previdenciárias e, consequentemente, a perda da qualidade de segurado,
tivessem sido provocadas pela incapacidade laborativa do de cujus.
- Inaplicável à espécie o teor do artigo 102, § 2º da Lei de Benefícios, uma vez que o de cujus não
preenchia os requisitos necessários ao deferimento de qualquer benefício previdenciário.
- Honorários advocatícios majorados ante a sucumbência recursal, observando-se o limite legal,
nos termos do §§ 2º e 11 do art. 85 do CPC/2015.
- Apelação da parte autora a qual se nega provimento.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Nona Turma, por
unanimidade, decidiu negar provimento à apelação da parte autora, nos termos do relatório e voto
que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
