Processo
ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL / MS
5000673-58.2020.4.03.9999
Relator(a)
Desembargador Federal NELSON DE FREITAS PORFIRIO JUNIOR
Órgão Julgador
10ª Turma
Data do Julgamento
25/05/2021
Data da Publicação/Fonte
Intimação via sistema DATA: 28/05/2021
Ementa
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. PRELIMINARES. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO.
NULIDADE DA SENTENÇA REJEITADA. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE.
REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS.
1. Afastada a preliminar de nulidade da sentença por cerceamento de defesa, em razão de não
ter ocorrido ilegal indeferimento de realização de nova perícia médica com médico especialista.
Cabe destacar que a prova produzida foi suficientemente elucidativa, não merecendo qualquer
complementação ou reparos a fim de reabrir questionamentos, os quais foram oportunizados e
realizados em consonância com os princípios do contraditório e da ampla defesa.
2. Olaudo médico produzido nestes autos foi elaborado por médico perito de confiança do juízo,
tratando-se, antes de qualquer especialização, de médico apto à realização de perícia médica
judicial, não sendo cabível a nomeação de médico especialista para cada doença apresentada
pela parte. Ademais, o laudo colacionado aos autos foi bem fundamentado, não tendo o perito
sugerido a realização de nova perícia com médico de outra especialidade.
3. No tocante à suspeição do perito, nos termos do art. 146, do CPC, deverão ser deduzidas
dentro de 15(quinze) dias, “a contar do conhecimento do fato”. Dessa maneira, cabia à parte
autora, assim que nomeado o perito judicial, ter arguido seu impedimento/suspeição no prazo
assinalado. Não o fez, tendo ocorrido o fenômeno da preclusão quanto a matéria.
4. São requisitos dos benefícios postulados a incapacidade laboral, a qualidade de segurado e a
carência, esta fixada em 12 contribuições mensais, nos termos do art. 25 e seguintes da Lei nº
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
8.213/91.
5. Não restando comprovada a incapacidade laboral da parte autora, desnecessária a análise dos
demais requisitos exigidos para a concessão do benefício pleiteado.
6. Preliminares rejeitadas. Apelação desprovida.
Acórdao
PODER JUDICIÁRIOTribunal Regional Federal da 3ª Região
10ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5000673-58.2020.4.03.9999
RELATOR:Gab. 37 - DES. FED. NELSON PORFIRIO
APELANTE: DORALICE SCHEIFER SILVA
Advogado do(a) APELANTE: ARNO ADOLFO WEGNER - MS12714-A
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR: PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
OUTROS PARTICIPANTES:
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5000673-58.2020.4.03.9999
RELATOR:Gab. 37 - DES. FED. NELSON PORFIRIO
APELANTE: DORALICE SCHEIFER SILVA
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APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR: PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
R E L A T Ó R I O
O Exmo. Desembargador Federal Nelson Porfírio (Relator): Trata-se de ação pelo procedimento
ordinário objetivando a concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por
invalidez.
Sentença de mérito pela improcedência do pedido, considerando a ausência de incapacidade,
condenando a parte autora ao pagamento das custas e despesas processuais, além de
honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) do valor da causa, suspendendo-se a
exigibilidade por se tratar de beneficiário da gratuidade da justiça (ID 125517949).
Inconformada, apela a parte autora, postulando, preliminarmente, o reconhecimento da nulidade
da sentença, por cerceamento de defesa, uma vez que pretendia a realização de nova perícia
judicial, bem como a decretação da suspeição do perito. No mérito, requer a reforma da
sentença, já que restaram satisfeitos os requisitos necessários à concessão do benefício (ID
125517949).
Sem as contrarrazões, subiram os autos a esta Corte.
É o relatório.
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº5000673-58.2020.4.03.9999
RELATOR:Gab. 37 - DES. FED. NELSON PORFIRIO
APELANTE: DORALICE SCHEIFER SILVA
Advogado do(a) APELANTE: ARNO ADOLFO WEGNER - MS12714-A
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR: PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
V O T O
O Exmo. Desembargador Federal Nelson Porfirio (Relator): Inicialmente, não merece prosperar
a preliminar de cerceamento de defesa arguida pela parte autora, no sentido de ser necessária
a realização de nova perícia com médico especialista, uma vez que o laudo médico produzido
nestes autos foi elaborado por médico perito de confiança do juízo, tratando-se, antes de
qualquer especialização, de médico apto à realização de perícia médica judicial, não sendo
cabível a nomeação de médico especialista para cada doença apresentadapela parte.
Ademais, o laudo colacionado aos autos foi bem fundamentado, não tendo o perito sugerido a
realização de nova perícia com médico de outra especialidade.
No mesmo sentido, o entendimentodesta E. Turma:
"DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AGRAVO LEGAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. CAPACIDADE
LABORATIVA. NOVA PERÍCIA MÉDICA. DESNECESSIDADE. RECURSO DESPROVIDO.
1. Não há que se falar em cerceamento de defesa, eis que o Juízo sentenciante entendeu
suficientes os elementos contidos no laudo pericial apresentado, o qual concluiu pela ausência
de incapacidade para o trabalho.
2. No caso em exame, a enfermidade sofrida pela agravante, por si só, não justifica a indicação
de médico perito com habilitação especializada. Também não restou demonstrada a ausência
de capacidade técnica da profissional nomeada pelo Juízo, tendo em vista não ser obrigatória a
especialização médica para cada uma das doenças apresentadas pela segurada. Precedentes
desta Corte.
3. O laudo produzido apresenta com clareza e objetividade as respostas aos quesitos
formulados, de modo que não há motivos para se questionar o parecer do perito quanto à
capacidade laborativa da agravante.
4. Recurso desprovido."(AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0001594-
39.2014.4.03.0000/SP, 10ª Turma, Rel. Des. Fed. Baptista Pereira, DJe em 22.04.2014)
Deve-se destacar, por fim, quea prova produzida foi suficientemente elucidativa, não
merecendo qualquer complementação ou reparos a fim de reabrir questionamentos, os quais
foram oportunizados e realizados em consonância com os princípios do contraditório e da
ampla defesa.
Quanto à preliminar de nulidade da perícia médica, em razão das alegações de suspeição/
impedimento do perito, nos termos do art. 146, do CPC, deverão ser deduzidas dentro de 15
(quinze) dias, “a contar do conhecimento do fato”. Dessa maneira, cabia à parte autora, assim
que nomeado o perito judicial, ter arguido seu impedimento/ suspeição no prazo assinalado.
Não o fez, tendo ocorrido o fenômeno da preclusão quanto a matéria.
Rejeito, portanto, as preliminares arguidas.
Passo ao exame do mérito.
O benefício da aposentadoria por invalidez está previsto no art. 42 e seguintes da Lei nº
8.213/91, pelo qual:
"[...] A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,
será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a
subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de
incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o
segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança [...]".
Por sua vez, o benefício de auxílio-doença consta do art. 59 e seguintes do referido diploma
legal, a saber:
"[...] será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência
exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por
mais de 15 (quinze) dias consecutivos [...]".
Os requisitos do benefício postulado são, portanto, a incapacidade laboral, a qualidade de
segurado e a carência, esta fixada em 12 contribuições mensais, nos termos do art. 25 e
seguintes da Lei nº 8.213/91.
No tocante à incapacidade, o sr. perito atestou: “Exame Físico: Periciada encontra-se em bom
estado geral, ativa, consciente e orientada. Coluna lombar: sem desvio patológico da coluna
vertebral, sem dor e contratura da musculatura para vertebral lombar, sem limitação na
amplitude dos movimentos de flexão, extensão, inclinação lateral à direita e a esquerda e
rotação da coluna lombar, exame neurológico periférico preservado (sensibilidade, força e
reflexos), sem sinais de compressão radicular (Laségue) negativo. A autora apresenta dor
lombar CID M 54. Não há incapacidade laborativa” (ID 125517949).
Considerando que a presença de uma doença não é necessariamente sinônimo de
incapacidade, bem como observada que não restou comprovada a incapacidade laboral em
grau suficiente para a concessão dos benefícios pleiteados, deixo de analisar os demais
requisitos exigidos para a sua concessão. No mesmo sentido:
"AGRAVO (ART. 557, § 1º, DO CPC). PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIVEZ
OU AUXÍLIO-DOENÇA. A AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE.
I- A alegada incapacidade da parte autora não ficou comprovada pela perícia médica.
II- Não preenchidos, de forma indubitável, os requisitos necessários à obtenção de qualquer um
dos benefícios previdenciários pretendidos (artigos 42 e 59 da Lei nº 8.213/91), não há de ser
concedido nenhum deles.
III- O art. 557, caput, do CPC confere poderes ao Relator para, monocraticamente, negar
seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto
com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal
Federal, ou de Tribunal Superior.
IV- agravo improvido." (AC nº 0038412-05.2010.4.03.9999; 8ª Turma; Relator Desembargador
Federal Paulo Fontes; TRF3 CJ1, 16/02/2012).”
Ante o exposto, rejeito as matérias preliminares e, no mérito, nego provimento à apelação.
É o voto.
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. PRELIMINARES. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO.
NULIDADE DA SENTENÇA REJEITADA. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE.
REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS.
1. Afastada a preliminar de nulidade da sentença por cerceamento de defesa, em razão de não
ter ocorrido ilegal indeferimento de realização de nova perícia médica com médico especialista.
Cabe destacar que a prova produzida foi suficientemente elucidativa, não merecendo qualquer
complementação ou reparos a fim de reabrir questionamentos, os quais foram oportunizados e
realizados em consonância com os princípios do contraditório e da ampla defesa.
2. Olaudo médico produzido nestes autos foi elaborado por médico perito de confiança do juízo,
tratando-se, antes de qualquer especialização, de médico apto à realização de perícia médica
judicial, não sendo cabível a nomeação de médico especialista para cada doença apresentada
pela parte. Ademais, o laudo colacionado aos autos foi bem fundamentado, não tendo o perito
sugerido a realização de nova perícia com médico de outra especialidade.
3. No tocante à suspeição do perito, nos termos do art. 146, do CPC, deverão ser deduzidas
dentro de 15(quinze) dias, “a contar do conhecimento do fato”. Dessa maneira, cabia à parte
autora, assim que nomeado o perito judicial, ter arguido seu impedimento/suspeição no prazo
assinalado. Não o fez, tendo ocorrido o fenômeno da preclusão quanto a matéria.
4. São requisitos dos benefícios postulados a incapacidade laboral, a qualidade de segurado e
a carência, esta fixada em 12 contribuições mensais, nos termos do art. 25 e seguintes da Lei
nº 8.213/91.
5. Não restando comprovada a incapacidade laboral da parte autora, desnecessária a análise
dos demais requisitos exigidos para a concessão do benefício pleiteado.
6. Preliminares rejeitadas. Apelação desprovida. ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Décima Turma, por
unanimidade, decidiu rejeitar as matérias preliminares e, no mérito, negar provimento à
apelação, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente
julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
