
| D.E. Publicado em 08/02/2018 |
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Décima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação e à remessa necessária, negar provimento ao recurso adesivo e fixar, de ofício, os consectários legais, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Desembargador Federal
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APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 0038735-97.2016.4.03.9999/SP
RELATÓRIO
O Exmo. Desembargador Federal Nelson Porfirio (Relator): Trata-se de ação pelo procedimento ordinário objetivando a conversão de auxílio-doença previdenciário em auxílio-doença por acidente de trabalho e o seu restabelecimento ou, sucessivamente, a concessão de auxílio-acidente por acidente de trabalho.
Sentença pela procedência do pedido, condenando o INSS a restabelecer em favor da parte autora o auxílio-doença previdenciário, desde 29/08/2014, excluídos das respectivas competências os valores eventualmente recebidos em virtude do desenvolvimento de trabalho remunerado, fixando a sucumbência e a remessa necessária (fls. 85/86).
O INSS interpôs, tempestivamente, o recurso de apelação, arguindo, em preliminar, a incompetência absoluta do juízo por se tratar de ação decorrente de acidente de trabalho, bem como a nulidade da sentença por julgamento extra petita em razão de haver sido concedido benefício previdenciário. No mérito, postula a reforma da sentença ao argumento de que a parte autora não comprovou os requisitos necessários à concessão do benefício pleiteado. Em caso de manutenção da sentença, requer sejam os juros e a correção monetária fixados na forma da Lei nº 11.960/09 (fls. 90/101).
A parte autora, por sua vez, apresentou recurso adesivo por meio do qual postula a nulidade da sentença, bem como a conversão do julgamento em diligência, com reabertura da instrução processual, pois pretende comprovar a ocorrência de acidente de trabalho de modo que o benefício previdenciário seja convertido em benefício por acidente de trabalho (fls. 108/110).
Sem as contrarrazões, subiram os autos a esta Corte.
É o relatório.
VOTO
O Exmo. Desembargador Federal Nelson Porfirio (Relator): Inicialmente, embora a parte autora tenha pleiteado o benefício de auxílio-doença acidentário, nota-se que o MM. Juiz de origem houve por bem em restabelecer o benefício de auxílio-doença previdenciário, atendendo ao princípio da fungibilidade do pedido, de forma a não caracterizar julgamento extra petita e, ainda, a incompetência desta Corte para análise do presente recurso uma vez que, implementados os requisitos necessários, tendo em vista o caráter social que está presente nesta ação, deve ser concedido o benefício que seja mais adequado. Confira-se, a esse respeito, os seguintes julgados:
Afastada a matéria preliminar, passo à análise do benefício concedido, qual seja, auxílio-doença, conforme previsto no art. 59 e seguintes da Lei nº 8.213/91.
Como se vê da petição inicial, embora a ação veicule pedido fundado em causa de pedir decorrente de acidente de trabalho, este não restou comprovado uma vez que inexistente comunicação de acidente de trabalho - CAT, relacionada ao infortúnio, bem como prova do nexo de causalidade, cuja ausência, ademais, foi atestada pelo laudo pericial (fls. 56/69).
O benefício de auxílio-doença consta do art. 59 e seguintes do referido diploma legal, a saber:
Os requisitos do benefício postulado são, portanto, a incapacidade laboral, a qualidade de segurado e a carência, esta fixada em 12 contribuições mensais, nos termos do art. 25 e seguintes da Lei nº 8.213/91.
Quanto à qualidade de segurado, estabelece o art. 15 da Lei nº 8.212/91, que mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração.
O prazo mencionado será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já houver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.
No caso dos autos, verifica-se do extrato do CNIS, em anexo, ao voto, que a parte autora satisfaz os requisitos necessários à concessão do benefício pleiteado (carência e qualidade).
Quanto à incapacidade laboral da parte autora, o perito atestou que apresenta entorse grave do tornozelo esquerdo com lesão ligamentar tíbio-talar anterior e posterior, sem qualquer nexo de causalidade com o labor, o que lhe causa incapacidade total e temporária, a partir de 29/08/2014 (fls. 56/69).
De acordo com os artigos 42 e seguintes da Lei nº 8.213/91, o benefício de aposentadoria por invalidez é devido ao segurado que ficar incapacitado total e permanentemente para o exercício de suas atividades profissionais habituais.
Desse modo, do exame acurado do conjunto probatório depreende-se que a parte autora faz jus ao benefício de auxílio-doença previdenciário, conforme corretamente decidido.
Quanto ao termo inicial, a sentença recorrida merece reparo uma vez que a parte autora somente apresentou requerimento administrativo em 16/01/2015, não sendo possível fixá-lo em momento anterior, ainda que a incapacidade já existisse. Assim, a data de início do benefício deve ser estabelecida a partir do requerimento administrativo (16/01/2015 - fl. 24).
O benefício de auxílio-doença tem presumidamente caráter temporário, ou seja, ainda que concedido por determinação judicial, sua manutenção é passível de ser revista periodicamente em perícia médica designada a critério do INSS, nos termos do art. 71 do Plano de Custeio da Seguridade Social.
A teor do art. 101 da Lei nº 8.213/91, na redação dada pela Lei nº 9.032/95, é obrigatório o comparecimento do segurado aos exames médicos periódicos, sob pena de suspensão do benefício, assim como a submissão aos programas de reabilitação profissional ou tratamentos prescritos e custeados pela Previdência Social, ressalvadas as intervenções cirúrgicas e transfusões sanguíneas, porque facultativas.
Desta forma, o termo final do benefício será definido somente através de nova perícia a ser realizada pelo INSS, considerando que é prerrogativa da autarquia submeter a parte autora a exames periódicos de saúde, consoante art. 101, da Lei nº 8.213/91.
A correção monetária deverá incidir sobre as prestações em atraso desde as respectivas competências e os juros de mora desde a citação, observada eventual prescrição quinquenal, nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução nº 267/2013, do Conselho da Justiça Federal (ou aquele que estiver em vigor na fase de liquidação de sentença). Os juros de mora deverão incidir até a data da expedição do PRECATÓRIO/RPV, conforme entendimento consolidado pela colenda 3ª Seção desta Corte. Após a expedição, deverá ser observada a Súmula Vinculante 17.
Embora o INSS seja isento do pagamento de custas processuais, deverá reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora e que estejam devidamente comprovadas nos autos (Lei nº 9.289/96, artigo 4º, inciso I e parágrafo único).
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO DA PARTE AUTORA, DOU PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO DO INSS e À REMESSA NECESSÁRIA para fixar a data de início do benefício em 16/01/2015 (DIB), bem como seu termo final, a partir da realização de nova perícia a ser realizada pelo INSS e FIXO, DE OFÍCIO, OS CONSECTÁRIOS LEGAIS.
É o voto.
NELSON PORFIRIO
Desembargador Federal
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