
10ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5058929-23.2022.4.03.9999
RELATOR: Gab. 34 - DES. FED. BAPTISTA PEREIRA
APELANTE: ADEMILSON COSTADELLI, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Advogado do(a) APELANTE: CRISTINA DE SOUZA MERLINO MANESCHI - SP206224-N
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ADEMILSON COSTADELLI
Advogado do(a) APELADO: CRISTINA DE SOUZA MERLINO MANESCHI - SP206224-N
OUTROS PARTICIPANTES:
10ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5058929-23.2022.4.03.9999
RELATOR: Gab. 34 - DES. FED. BAPTISTA PEREIRA
APELANTE: ADEMILSON COSTADELLI, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Advogado do(a) APELANTE: CRISTINA DE SOUZA MERLINO MANESCHI - SP206224-N
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ADEMILSON COSTADELLI
Advogado do(a) APELADO: CRISTINA DE SOUZA MERLINO MANESCHI - SP206224-N
OUTROS PARTICIPANTES:
R E L A T Ó R I O
Trata-se de remessa oficial, havida como submetida, e apelações em ação de conhecimento objetivando o computo dos períodos comuns, com registro, de 05/01/1994 a 10/03/1997, 22/04/1999 a 28/10/1999, 04/04/2000 a 20/10/2000, 22/01/2001 a 11/06/2001,15/06/2001 a 15/12/2001,01/02/2002 a 30/10/2002, 17/02/2003 a 27/10/2003, 04/04/2005 a 03/11/2005, 01/02/2006 a 01/03/2006, 05/11/2018 a 07/03/2019, bem como o reconhecimento da especialidade dos períodos de 19/06/1984 a 17/11/1984, 18/05/1985 a 21/05/1989,01/06/1989 a 12/07/1989, 02/05/1990 a 18/03/1993, 22/03/1993 a 29/11/1993, 05/01/1994 a 10/03/1997, 22/04/1999 a 28/10/1999, 04/04/2000 a 20/10/2000, 22/01/2001 a 11/06/2001, 15/06/2001 a 15/12/2001, de 01/02/2002 a 30/10/2002,17/02/2003 a 27/10/2003, 01/11/2003 a 22/03/2005, 04/04/2005 a 03/11/2005, 01/02/2006 a 01/03/2006, 03/03/2006 a 06/05/2010, 01/11/2010 a 05/06/2014, 02/03/2015 a 16/09/2015, 17/09/2015 a 30/09/2015, 05/01/2016 a 30/04/2018, 05/01/2018 a 07/03/2019,13/05/2019 a 12/11/2019, cumulado com pedido de aposentadoria especial ou subsidiariamente, aposentadoria por tempo de contribuição, sem incidência do fator previdenciário, desde a DER em 18/11/2019.
O MM. Juízo a quo, em sentença declarada, julgou parcialmente procedente o pedido, reconhecendo o exercício da atividade comum, com registro de 05/01/1994 a 10/03/1997,22/04/1999 a 28/10/1999,04/04/2000 a 20/10/2000, 22/01/2001 a 11/06/2001,15/06/2001 a 15/12/2001,01/02/2002 a 30/10/2002,17/02/2003 a 27/10/2003, 04/04/2005 a 03/11/2005, 01/02/2006 a 01/03/2006, 05/11/2018 a 07/03/2019, e sob condições especiais nos períodos de 01/06/1989 a 12/07/1989, 02/05/1990 a 18/03/1993, 22/03/1993 a 29/11/1993, 05/01/1994 a 10/03/1997, 22/04/1999 a 28/10/1999, 04/04/2000 a 20/10/2000, 22/01/2001 a 11/06/2001,04/04/2005 a 03/11/2005, 01/02/2006 a 01/03/2006, 01/11/2010 a 05/06/2014, 05/01/2016 a 30/04/2018, devendo o réu proceder à averbação do tempo especial, bem como, conceder à parte autora o benefício aposentadoria especial, ou subsidiariamente, aposentadoria por tempo de contribuição, caso comprovado o preenchimento dos requisitos necessários, a partir da data do requerimento administrativo (18/11/2019), e pagar os valores em atraso devidamente corrigidos, fixando sucumbência recíproca, observada a gratuidade.
Recorre o réu, pleiteando a reforma da r. sentença.
A autoria apela, arguindo, em preliminar, cerceamento de defesa. No mérito, pleiteia a reforma da r. sentença.
Com contrarrazões do autor, subiram os autos.
É o relatório.
10ª Turma
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5058929-23.2022.4.03.9999
RELATOR: Gab. 34 - DES. FED. BAPTISTA PEREIRA
APELANTE: ADEMILSON COSTADELLI, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
Advogado do(a) APELANTE: CRISTINA DE SOUZA MERLINO MANESCHI - SP206224-N
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ADEMILSON COSTADELLI
Advogado do(a) APELADO: CRISTINA DE SOUZA MERLINO MANESCHI - SP206224-N
OUTROS PARTICIPANTES:
V O T O
Define-se como atividade especial aquela desempenhada sob certas condições peculiares - insalubridade, penosidade ou periculosidade - que, de alguma forma cause prejuízo à saúde ou integridade física do trabalhador.
Para o reconhecimento da especialidade, o Art. 58, §§ 1º a 4º, da Lei 8.213/91, impõe aos empregadores a obrigação de fornecer os formulários, com base em laudos técnicos elaborados por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, especificando os agentes nocivos com as respectivas quantidades e níveis, se existentes no ambiente de trabalho.
A parte autora anexou aos autos PPPs, para fins de demonstração do seu tempo de exposição aos agentes nocivos, que alega estarem preenchidos de forma irregular, uma vez que não houve menção a vibração de corpo inteiro.
Realizada perícia, não houve a analise quanto a vibração de corpo inteiro, motivo pelo qual o autor pleiteia o retorno nos autos para a complementação da perícia realizada.
Ressalvado o meu ponto de vista, em situações análogas, esta Décima Turma tem entendido pela necessidade da produção de prova pericial:
"PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. PRELIMINAR ACOLHIDA.
1. Os documentos apresentados não contêm informações suficientes para se apurar se a parte autora efetivamente foi submetida à ação de agentes agressivos durante todos os períodos em que laborou nas empresas elencadas na peça inaugural, sendo imprescindível, para o fim em apreço, a realização da perícia técnica.
2. A inexistência de prova pericial, com prévio julgamento da lide por valorização da documentação acostada aos autos caracterizou, por conseguinte, cerceamento de defesa.
3. Sentença anulada a fim de restabelecer a ordem processual e assegurar os direitos e garantias constitucionalmente previstos.
4. Preliminar acolhida para anular a sentença. Prejudicada a análise do mérito do recurso adesivo da parte autora, bem como da apelação do INSS.
(APELAÇÃO CÍVEL / SP; 5002790-17.2018.4.03.6111, Desembargador Federal NELSON DE FREITAS PORFIRIO JUNIOR, e - DJF3 Judicial 1 DATA: 29/10/2019);
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE DA SENTENÇA.
I - É cediço que o motorista de ônibus fica exposto a vibrações mecânicas durante a jornada de trabalho.
II – A perícia judicial é relevante para a resolução do litígio, uma vez que subsidiará o magistrado na formação de sua convicção sobre o pedido formulado pelo autor, conforme ilação extraída do artigo 480 do Novo Código de Processo Civil/2015.
III - Há que se declarar a nulidade da sentença, a fim de que seja retomado o regular andamento do processo, com a devida instrução e produção de prova pericial, bem como prolação de nova sentença.
IV - Sentença declarada nula de ofício. Determinado o retorno dos autos ao Juízo de origem. Prejudicada a apelação do autor.
(APELAÇÃO CÍVEL / SP; 5001426-85.2018.4.03.6183, Desembargador Federal SERGIO DO NASCIMENTO, e - DJF3 Judicial 1 DATA: 04/04/2019);
PROCESSO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CERCEAMENTO DE DEFESA. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. NÃO COMPROVAÇÃO DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DO AUTOR. CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRÊNCIA.
- A omissão pelo r. Juízo a quo na determinação da produção das provas necessárias ao julgamento do mérito resultou em cerceamento de defesa.
- Sentença anulada, de ofício, para determinar o retorno dos autos à Vara de origem a fim de que seja realizada prova técnica, proferindo-se, após a conclusão da prova, nova decisão, como se entender de direito. Restando prejudicada a apelação do INSS.
(APELAÇÃO CÍVEL / SP; 5361022-85.2019.4.03.9999, Desembargador Federal MARIA LUCIA LENCASTRE URSAIA, Intimação via sistema DATA: 22/11/2019)”.
Ao Tribunal, por também ser destinatário da prova, é permitido o reexame de questões pertinentes à instrução probatória, não sendo alcançado pela preclusão.
Confiram-se:
"PROCESSUAL CIVIL. PROVA TESTEMUNHAL. INDEFERIMENTO. AGRAVO DE INSTRUMENTO E AGRAVO RETIDO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. INEXISTÊNCIA.
1 - Não há preclusão para o juiz em matéria probatória, razão pela qual não viola o art. 473 do CPC o julgado do mesmo Tribunal que, ao julgar apelação, conhece e dá provimento a agravo retido, para anular a sentença e determinar a produção de prova testemunhal requerida pelo autor desde a inicial, ainda que, em momento anterior, tenha negado agravo de instrumento sobre o assunto.
2 - Interpretação teleológica do art. 130 do CPC corroborada pela efetiva e peremptória intenção do autor em produzir a prova.
3 - Recurso especial não conhecido. (grifo nosso).
(STJ, QUARTA TURMA, REsp 418971/MG, relator Ministro FERNANDO GONÇALVES, Data do Julgamento 11/10/2005, DJ 07.11.2005 p. 288, RSTJ vol. 199, p. 406) e
PROVA. DISPENSA PELAS PARTES. DILAÇÃO PROBATÓRIA DETERMINADA PELA 2ª INSTÂNCIA. ADMISSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO.
Em matéria de cunho probatório, não há preclusão para o Juiz. Precedentes do STJ. Recurso especial não conhecido. (grifo nosso).
(STJ, QUARTA TURMA, REsp 262.978 MG, relator Ministro Barros Monteiro, DJU, 30.06.2003, p. 251)".
Deste modo, para que não haja prejuízo de qualquer ordem ao autor, é de se anular a r. sentença, determinando-se o retorno dos autos ao Juízo de origem para reabertura da instrução probatória, com a expedição de ofício à empresa empregadora para que forneça o PPP preenchido com as informações detalhadas de todos os agentes nocivos a que esteve o autor exposto e a produção de prova pericial, se entender o Juízo ser esta necessária.
Acresça-se que esta 10ª Turma firmou o entendimento de que é nula a sentença que condiciona o reconhecimento do direito ao benefício de aposentadoria à análise pela autarquia previdenciária do preenchimento dos requisitos necessários.
Ante o exposto, acolhendo a questão trazida na abertura do apelo do autor, dou-lhe provimento, restando prejudicadas a remessa oficial, havida como submetida, e apelação do réu.
É o voto.
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. ATIVIDADE ESPECIAL. SENTENÇA ANULADA PARA REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA.
1. Define-se como atividade especial aquela desempenhada sob certas condições peculiares - insalubridade, penosidade ou periculosidade - que, de alguma forma cause prejuízo à saúde ou integridade física do trabalhador.
2. Para o reconhecimento da especialidade da atividade, o Art. 58, §§ 1º a 4º, da Lei 8.213/91, impõe aos empregadores a obrigação de fornecer os formulários, com base em laudos técnicos elaborados por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, especificando os agentes nocivos com as respectivas quantidades e níveis, se existentes no ambiente de trabalho.
3. Ao Tribunal, por também ser destinatário da prova, é permitido o reexame de questões pertinentes à instrução probatória, não sendo alcançado pela preclusão.
4. Sentença anulada, determinando-se o retorno dos autos ao Juízo de origem para reabertura da instrução processual.
5. Apelação da autoria provida e remessa oficial, havida como submetida, e apelação do réu prejudicadas.
