Processo
AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO / SP
5022428-70.2017.4.03.0000
Relator(a)
Desembargador Federal CARLOS EDUARDO DELGADO
Órgão Julgador
7ª Turma
Data do Julgamento
04/04/2018
Data da Publicação/Fonte
e - DJF3 Judicial 1 DATA: 09/04/2018
Ementa
E M E N T A
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. PRINCÍPIO DA FIDELIDADE AO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA
LEI Nº 11.960/09. PREVISÃO EXPRESSA. RECURSO DO INSS PROVIDO.
1 - O então vigente art. 475-G do Código de Processo Civil, com a redação atribuída pela Lei nº
11.235/05, ao repetir os termos do revogado art. 610, consagrou o princípio da fidelidade ao titulo
executivo judicial, pelo qual se veda, em sede de liquidação, rediscutir a lide ou alterar os
elementos da condenação. Assim, a execução deve limitar-se aos exatos termos do título que a
suporta, não se admitindo modificá-los ou mesmo neles inovar, em respeito à coisa julgada.
2 - O título judicial formado na ação de conhecimento determinou, expressamente, que tanto a
correção monetária quanto os juros de mora observassem o disposto no art. 1º-F da Lei nº
9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09.
3 - Inviável o acolhimento das memórias de cálculo ofertadas tanto pela credora quanto pela
Contadoria Judicial, na medida em que se valeram de índices de correção monetária diversos
daquele contemplado no julgado exequendo.
4 – Noutro giro, tendo em vista que não foi carreado ao presente recurso os cálculos de
liquidação elaborados pelo INSS, fica prejudicada sua aferição.
Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos
5 - De rigor, portanto, o refazimento dos cálculos, observado o período abrangido pela
condenação anteriormente à implantação do benefício (02 de abril de 2013 a 25 de maio de
2015), com a incidência de correção monetária pelos critérios definidos pelo título executivo
judicial.
6 - Agravo de instrumento do INSS provido.
Acórdao
AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5022428-70.2017.4.03.0000
RELATOR: Gab. 25 - DES. FED. CARLOS DELGADO
AGRAVANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
AGRAVADO: APARECIDA DUARTE PEREIRA
Advogado do(a) AGRAVADO: KATIA CRISTINA DE MOURA - SP128157
AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5022428-70.2017.4.03.0000
RELATOR: Gab. 25 - DES. FED. CARLOS DELGADO
AGRAVANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
AGRAVADO: APARECIDA DUARTE PEREIRA
Advogado do(a) AGRAVADO: KATIA CRISTINA DE MOURA - SP128157
R E L A T Ó R I O
O EXMO. SENHOR. DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS DELGADO (RELATOR):
Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
– INSS contra decisão proferida pelo Juízo de Direito da 2ª Vara da Comarca de Tietê/SP que,
em ação ajuizada por APARECIDA DUARTE PEREIRA, objetivando a concessão de benefício
assistencial, acolheu parcialmente a impugnação ao cumprimento de sentença, determinando que
o impugnante apresente novos cálculos de liquidação, respeitando, no tocante à atualização
monetária do débito e incidência de juros, as teses fixadas no julgamento do Recurso
Extraordinário 870.947.
Em suas razões, pugna o agravante pelo acolhimento da memória de cálculo por ele
apresentada, a qual contempla, para efeito de correção monetária, a incidência da Lei nº
11.960/09, em conformidade com o título judicial.
Houve apresentação de resposta (ID 1606377).
Parecer do Ministério Público Federal (ID 1679010), no sentido do desprovimento do recurso.
É o relatório.
AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5022428-70.2017.4.03.0000
RELATOR: Gab. 25 - DES. FED. CARLOS DELGADO
AGRAVANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
AGRAVADO: APARECIDA DUARTE PEREIRA
Advogado do(a) AGRAVADO: KATIA CRISTINA DE MOURA - SP128157
V O T O
O EXMO. SENHOR. DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS DELGADO (RELATOR):
O então vigente art. 475-G do Código de Processo Civil, com a redação atribuída pela Lei nº
11.235/05, ao repetir os termos do revogado art. 610, consagrou o princípio da fidelidade ao titulo
executivo judicial, pelo qual se veda, em sede de liquidação, rediscutir a lide ou alterar os
elementos da condenação.
Assim, a execução deve limitar-se aos exatos termos do título que a suporta, não se admitindo
modificá-los ou mesmo neles inovar, em respeito à coisa julgada.
Outra não é a orientação desta Turma:
"PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. APELAÇÃO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
INCORPORAÇÃO. RENDAS MENSAIS. COISA JULGADA. RELATIVIZAÇÃO. MEDIDA
PROVISÓRIA N. 2.180-35, DE 24 DE AGOSTO DE 2001. RESP Nº 1.189.619/PE.
INAPLICABILIDADE. CONTA DA SEÇÃO DE CÁLCULOS DESTE TRF ACOLHIDA.
(...)
III. A orientação pretoriana é firme no sentido de não admitir processos de execução que se
divorciem dos mandamentos fixados no processo de conhecimento, que tem força de lei nos
limites da lide e das questões decididas em respeito ao princípio da fidelidade ao título judicial.
IV. A Seção de Cálculos deste E. Tribunal elaborou o cálculo de liquidação, valendo-se de uma
interpretação sistemática do título executivo, aplicando coerentemente os critérios nele
determinado.
V. A Contadoria Judicial é um órgão auxiliar do Juízo, que goza de fé pública, e está equidistante
das partes.
(...)
VII. Apelação parcialmente provida."
(AC nº 2005.03.99.021624-6/SP, Rel. Des. Federal Paulo Domingues, 7ª Turma, DJe
21/02/2017).
O título judicial formado na ação de conhecimento (sentença de fls. 14/22) determinou,
expressamente, que tanto a correção monetária quanto os juros de mora observassem o disposto
no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09.
A esse respeito, assim decidiu esta Egrégia 7ª Turma:
"PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO PREVIDENCIÁRIO. EXCESSO DE
EXECUÇÃO. INEXISTÊNCIA. LEI 11.960/09. APLICAÇÃO IMEDIATA. APELAÇÃO PROVIDA.
1. As alterações do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, introduzidas pela Lei nº 11.960/09, têm
aplicação imediata aos processos em curso.
2. A respeito da matéria objeto do recurso de apelação, cumpre salientar que o E. Superior
Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº
1.205.946, adotou o entendimento de que os juros de mora e a correção monetária são
consectários legais da condenação principal e possuem natureza processual, sendo que as
alterações do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, introduzida pela Lei nº 11.960/09, têm aplicação
imediata aos processos em curso.
(...)
6. Apelação provida."
(AC nº 2012.61.83.003058-2/SP, Relator Des. Federal Toru Yamamoto, DJe 29/05/2017).
"PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO PREVIDENCIÁRIO. EXCESSO DE
EXECUÇÃO. LEI 11.960/09. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. APELAÇÃO
IMPROVIDA.
1. A partir de 30/06/2009, os juros de mora incidem de uma única vez pelo percentual de 0,5% ao
mês e a atualização monetária com base nos índices oficiais de remuneração básica da
caderneta de poupança, consoante o preconizado na Lei nº 11.960/2009, cujos cálculos devem
observar a forma prevista no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na
Justiça Federal.
2. As parcelas vencidas deverão ser corrigidas na forma do Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, naquilo que não conflitar como o disposto na
Lei nº 11.960/2009, aplicável às condenações impostas à Fazenda Pública a partir de 29 de junho
de 2009.
3. Apelação improvida."
(AC nº 2016.03.99.022855-6/SP, Rel. Des. Federal Toru Yamamoto, DE 10/04/2017).
Dessa forma, inviável o acolhimento das memórias de cálculo ofertadas tanto pela credora quanto
pela Contadoria Judicial, na medida em que se valeram de índices de correção monetária
diversos daquele contemplado no julgado exequendo.
Noutro giro, tendo em vista que não foi carreado ao presente recurso os cálculos de liquidação
elaborados pelo INSS, fica prejudicada sua aferição.
De rigor, portanto, o refazimento dos cálculos, observado o período abrangido pela condenação
anteriormente à implantação do benefício (02 de abril de 2013 a 25 de maio de 2015), com a
incidência de correção monetária pelos critérios definidos pelo título executivo judicial.
Ante o exposto, dou provimento ao agravo de instrumento interposto pelo INSS.
É como voto.
E M E N T A
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. PRINCÍPIO DA FIDELIDADE AO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA
LEI Nº 11.960/09. PREVISÃO EXPRESSA. RECURSO DO INSS PROVIDO.
1 - O então vigente art. 475-G do Código de Processo Civil, com a redação atribuída pela Lei nº
11.235/05, ao repetir os termos do revogado art. 610, consagrou o princípio da fidelidade ao titulo
executivo judicial, pelo qual se veda, em sede de liquidação, rediscutir a lide ou alterar os
elementos da condenação. Assim, a execução deve limitar-se aos exatos termos do título que a
suporta, não se admitindo modificá-los ou mesmo neles inovar, em respeito à coisa julgada.
2 - O título judicial formado na ação de conhecimento determinou, expressamente, que tanto a
correção monetária quanto os juros de mora observassem o disposto no art. 1º-F da Lei nº
9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09.
3 - Inviável o acolhimento das memórias de cálculo ofertadas tanto pela credora quanto pela
Contadoria Judicial, na medida em que se valeram de índices de correção monetária diversos
daquele contemplado no julgado exequendo.
4 – Noutro giro, tendo em vista que não foi carreado ao presente recurso os cálculos de
liquidação elaborados pelo INSS, fica prejudicada sua aferição.
5 - De rigor, portanto, o refazimento dos cálculos, observado o período abrangido pela
condenação anteriormente à implantação do benefício (02 de abril de 2013 a 25 de maio de
2015), com a incidência de correção monetária pelos critérios definidos pelo título executivo
judicial.
6 - Agravo de instrumento do INSS provido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sétima Turma, por
unanimidade, decidiu dar provimento ao agravo de instrumento interposto pelo INSS, nos termos
do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Resumo Estruturado
VIDE EMENTA
