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PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE LABOR RURAL. CTPS. PROVA MATERIAL CORROBORADA POR FIRME PROVA TESTEMUNHAL. HONORÁRIOS RECURSAIS. TRF3. 5245897-35.2020.4.03...

Data da publicação: 14/04/2021, 03:01:12

E M E N T A PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE LABOR RURAL. CTPS. PROVA MATERIAL CORROBORADA POR FIRME PROVA TESTEMUNHAL. HONORÁRIOS RECURSAIS. I - A comprovação do tempo de serviço em atividade rural, seja para fins de concessão de benefício previdenciário ou para averbação de tempo de serviço, deve ser feita mediante a apresentação de início de prova material, conforme preceitua oartigo 55, § 3º, da Lei de Benefícios, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, entendimento cristalizado na Súmula nº 149, do C. STJ: "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção do benefício previdenciário". II - Dentro desse contexto, considerando as precárias condições em que se desenvolve o trabalho do lavrador e as dificuldades na obtenção de prova material do seu labor, quando do julgamento do REsp. 1.321.493/PR, realizado segundo a sistemática de recurso representativo da controvérsia (CPC, art. 543-C), abrandou-se a exigência da prova admitindo-se início de prova material sobre parte do lapso temporal pretendido, a ser complementada por idônea e robusta prova testemunhal. III - Conforme entendimento jurisprudencial sedimentado, a prova testemunhal possui aptidão para ampliar a eficácia probatória da prova material trazida aos autos, sendo desnecessária a sua contemporaneidade para todo o período de carência que se pretende comprovar (Recurso Especial Repetitivo 1.348.633/SP, (Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Seção, DJe 5/12/2014) e Súmula 577 do Eg. STJ. IV - No caso, a autora acostou aos autos robusta prova documental que foi corroborada pela prova testemunhal. V - Para o cálculo dos juros de mora e correção monetária, devem ser aplicados os índices previstos no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pelo Conselho da Justiça Federal, à exceção da correção monetária a partir de julho de 2009, período em que deve ser observado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-e, critério estabelecido pelo Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 870.947/SE, realizado em 20/09/2017, na sistemática de Repercussão Geral, e confirmado em 03/10/2019, com a rejeição dos embargos de declaração opostos pelo INSS. VI - Desprovido o apelo do INSS interposto na vigência da nova lei, os honorários fixados na sentença devem ser majorados em 2%, nos termos do artigo 85, parágrafo 11, do CPC/2015. VII – Apelo desprovido. Sentença reformada, em parte, de ofício. (TRF 3ª Região, 7ª Turma, ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL - 5245897-35.2020.4.03.9999, Rel. Desembargador Federal INES VIRGINIA PRADO SOARES, julgado em 25/03/2021, Intimação via sistema DATA: 05/04/2021)


Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5245897-35.2020.4.03.9999

RELATOR: Gab. 22 - DES. FED. INÊS VIRGÍNIA

APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

APELADO: ERINEU CARRETERO SANCHES

Advogado do(a) APELADO: REGIANE SILVINA FAZZIO GONZALEZ THIAGO - SP220431-N

OUTROS PARTICIPANTES:

 


APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5245897-35.2020.4.03.9999

RELATOR: Gab. 22 - DES. FED. INÊS VIRGÍNIA

APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

 

APELADO: ERINEU CARRETERO SANCHES

Advogado do(a) APELADO: REGIANE SILVINA FAZZIO GONZALEZ THIAGO - SP220431-N

OUTROS PARTICIPANTES:

 

 

 

 

 

R E L A T Ó R I O

A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL

INÊS VIRGÍNIA

: Trata-se de  apelação interposta

pelo INSS

em face  da sentença  que julgou

PROCEDENTE

a ação de reconhecimento do labor rural e concessão de benefício previdenciário nos seguintes termos:

“Diante do exposto,

JULGO PROCEDENTES

os pedidos deduzidos por

ERINEU CARRETERO SANCHES

em face do

INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO

SOCIAL - INSS

, resolvendo, assim, o mérito da contenda, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, o que faço para:

(a) RECONHECER

o período de trabalho rural exercido pelo autor entre 26 de setembro de 1971 a 01 de janeiro de 1995; e

(b) CONDENAR

o Instituto Réu a conceder ao autor o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, no valor equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, e abono anual, a partir do requerimento administrativo (22/02/2018 – fls. 57), sem a incidência de fator previdenciário. As parcelas atrasadas deverão ser pagas de uma só vez, corrigidas monetariamente a partir do momento em que se tornaram devidas, acrescidas de juros moratórios, nos termos legais. Os juros de mora são devidos a partir da citação (súmula 204 do STJ), e devem ser calculados de acordo com o índice de remuneração da caderneta de poupança, nos termos do art.

1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09. Anoto que para fins de atualização monetária deverão ser utilizados os índices de correção do INPC, conforme decidido pelo STJ no julgamento proferido em 22/02/2018 no Resp 1.495.146-MG (TEMA 905), de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques. Sucumbente, arcará o Instituto réu com as despesas processuais não abrangidas pela isenção de que goza, bem como com os honorários advocatícios, estimados estes em dez por cento sobre o valor da condenação, até a data desta sentença, afastada a incidência nas vincendas, em razão do disposto na Súmula 111 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Sentença não sujeita ao reexame necessário, tendo em vista que o valor das

prestações, considerando o início do benefício, certamente não ultrapassará 1.000 (mil)

salários mínimos, nos termos do artigo 496, parágrafo 3º, inciso I, do Novo Código de

Processo Civil.

O INSS apelou alegando que os documentos apresentados como prova material não se referem a todo o período reconhecido judicialmente e pede a improcedência da ação.

Regularmente processado o feito, os autos subiram a este Eg. Tribunal.

É o relatório.

 

 

 


APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5245897-35.2020.4.03.9999

RELATOR: Gab. 22 - DES. FED. INÊS VIRGÍNIA

APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

 

APELADO: ERINEU CARRETERO SANCHES

Advogado do(a) APELADO: REGIANE SILVINA FAZZIO GONZALEZ THIAGO - SP220431-N

OUTROS PARTICIPANTES:

 

 

 

V O T O

Recebo a apelação interposta sob a égide do Código de Processo Civil/2015 e, em razão de sua regularidade formal, possível sua apreciação, nos termos do artigo 1.011 do Codex processual.

A comprovação do tempo de serviço em atividade rural, seja para fins de concessão de benefício previdenciário ou para averbação de tempo de serviço, deve ser feita mediante a apresentação de início de prova material, conforme preceitua oartigo  55, § 3º, da Lei de Benefícios, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, entendimento cristalizado na  Súmula nº 149, do C. STJ:  "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção do benefício previdenciário".

Dentro desse contexto, considerando as precárias condições em que se desenvolve o trabalho do lavrador e as dificuldades na obtenção de prova material do seu labor, quando do julgamento do REsp. 1.321.493/PR, realizado segundo a sistemática de recurso representativo da controvérsia (CPC, art. 543-C), abrandou-se a exigência da prova admitindo-se início de prova material sobre parte do lapso temporal pretendido, a ser complementada por idônea e robusta prova testemunhal.

Conforme entendimento jurisprudencial sedimentado, a prova testemunhal possui aptidão para ampliar  a eficácia probatória da prova material trazida aos autos, sendo   desnecessária a sua contemporaneidade  para  todo o período de carência   que se pretende comprovar (Recurso  Especial Repetitivo 1.348.633/SP, (Rel. Ministro  Arnaldo  Esteves  Lima, Primeira Seção, DJe 5/12/2014) e  Súmula 577 do Eg. STJ.

CASO CONCRETO

No presente caso, o autor objetiva o reconhecimento do trabalho rural desenvolvido no período entre 26 de setembro de 1971 a 01 de janeiro de 1995, a fim de que, somado com o tempo de atividade urbano, lhe seja concedida a aposentadoria por tempo de serviço. Para comprovar suas alegações, acostou (a) certidão de matrícula de imóvel rural, contendo o requerente como um dos proprietários e qualificado como lavrador, referente ao ano de 1994 (fls. 16); (b) escritura pública datada de 28 de dezembro de 1994, em que consta o autor e seus irmãos qualificados como lavradores; (c) certidão do Posto Fiscal de Jales, constando o irmão do autor, Sr. Adelino Sanches, inscrito como produtor rural, tendo como condôminos o autor e seus outros irmãos, referente ao período de 09/03/1973 a 03/08/1978; (d) notas fiscais de produtor da propriedade rural em que o autor residia, referente ao período de 1974 a 1986; (e) certidão do Posto Fiscal de Jales, constando a mãe do autor, Sra. Maria Carretero Garbes, inscrita como produtora rural, referente ao período de 01/06/1978 a 11/04/1995; (f) certidão de casamento, datada de 26 de setembro de 1981, qualificando o autor como lavrador; (g) certidão do Posto Fiscal de Jales constando o autor como produtor rural, com data de início em 01/04/1981; e (h) notas ficais de produtor, emitidas pelo "Sítio Irmãos Sanches"e "Sítio Carreteiro", referentes ao período de 1988, 1989 e 1993.

Como se observa, a prova documental é farta e foi corroborada pela robusta prova testemunhal produzida nos autos.

A sentença bem apreciou a questão na parte a seguir colacionada:

“O autor

Erineu Carretero Sanches

, em seu depoimento pessoal, afirmou que desde a tenra idade até o ano de 1995 morou e trabalhou em propriedade rural no Córrego Da Antinha. Esclareceu que trabalhava na propriedade junto com os irmãos e plantavam café. Contou que, após 1986, passaram a plantar feijão, algodão, milho, arroz. Aduziu que, em 1995, com o falecimento da genitora, a propriedade rural foi vendida para a partilha do bem entre os irmãos. Contou que passou a exercer a função de motorista e a recolher para a previdência.

A testemunha

Antônio Genésio Zarpellon

, em Juízo, disse que morou em sítio vizinho ao do autor, desde quando ele era criança até o ano de 1994. Contou que o autor trabalhava na propriedade junto com os irmãos e plantavam café. Aduziu que, após 1986, passaram a plantar feijão, algodão, milho e arroz. Disse que, após 1994, o autor passou a morar na cidade e trabalhar como motorista de van autônomo.

A testemunha

Arlindo de Paula Ferreira

, em Juízo, disse que era vizinho de propriedade do autor. Disse que o autor residiu nessa propriedade até o ano de 1994. Contou que o autor trabalhava na propriedade junto com os irmãos e plantavam café. Aduziu que, após a geada, arrancaram os pés de café e plantaram algodão. Disse que, após 1994, o autor passou a morar na cidade e trabalhar como motorista de van autônomo.

Assim, ante as provas oral e documental, é de se concluir pelo efetivo desempenho de atividade rural pelo autor no período de 26 de setembro de 1971 a 01 de janeiro de 1995, o que totaliza 23 (vinte e três) anos, 03 (três) meses e 06 (seis) dias de tempo de labor rural.”

O INSS reconheceu 26 anos, 03 meses e 22 dias de contribuição do autor na DER (ID 131660698), que, somado ao tempo reconhecido pela sentença, autoriza a concessão do benefício, como bem decidido pelo Juízo a quo: “Desse modo, tem-se que somado o tempo de labor rural ora reconhecido com o período de trabalho registrado no documento de fl. 105, bem como reconhecido pela própria Autarquia ré administrativamente (fl. 57), o autor alcança tempo de serviço superior a 35 (trinta e cinco) anos, o que é suficiente para o deferimento do pedido de aposentadoria, nos termos pleiteados na inicial.”

Dentro desse contexto, nenhum reparo merece a sentença proferida.

Para o cálculo dos juros de mora e correção monetária, devem ser aplicados os índices previstos no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pelo Conselho da Justiça Federal, à exceção da correção monetária a partir de julho de 2009, período em que deve ser observado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-e, critério estabelecido pelo Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 870.947/SE, realizado em 20/09/2017, na sistemática de Repercussão Geral, e confirmado em 03/10/2019, com a rejeição dos embargos de declaração opostos pelo INSS.

Se a sentença determinou a aplicação de critérios de juros de mora e correção monetária diversos, ou, ainda, se ela deixou de estabelecer os índices a serem observados, pode esta Corte alterá-los ou fixá-los, inclusive de ofício, para adequar o julgado ao entendimento pacificado nos Tribunais Superiores.

Os honorários recursais foram instituídos pelo CPC/2015, em seu artigo 85, parágrafo 11, como um desestímulo à interposição de recursos protelatórios, e consistem na majoração dos honorários de sucumbência em razão do trabalho adicional exigido do advogado da parte contrária, não podendo a verba honorária de sucumbência, na sua totalidade, ultrapassar os limites estabelecidos na lei.

Isso é o que se infere da jurisprudência do C. STJ e desta C. Corte:

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA RECURSAL. FIXAÇÃO. ART. 85 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. 1. Nos termos do art. 1.022 do CPC/2015 os Embargos de Declaração são cabíveis para "esclarecer obscuridade ou eliminar contradição", "suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento" e "corrigir erro material". Dessarte, cabe acrescentar à decisão embargada capítulo referente aos honorários advocatícios. 2. In casu, verificada a existência de omissão no acórdão embargado quanto aos honorários recursais e considerando o disposto no artigo 85, § 11, do CPC, c/c o Enunciado Administrativo 7/STJ, segundo o qual "Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016 será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do NCPC"), bem como o trabalho adicional realizado em grau recursal, majoro os honorários advocatícios em 5% sobre a verba arbitrada na origem. 3. Embargos de Declaração acolhidos, sem efeito infringente. (STJ SEGUNDA TURMA EDRESP 201701362091 EDRESP - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL - 1677131 HERMAN BENJAMIN DJE DATA:02/08/2018).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO COM RELAÇÃO A FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS PELO INSS REJEITADOS. CORREÇÃO MONETÁRIA NA FORMA DETERMIANDA PELO STF. 1. São cabíveis embargos de declaração quando o provimento jurisdicional padece de omissão, contradição ou obscuridade, bem como quando há erro material a ser sanado. 2. Aplica-se a majoração dos honorários advocatícios, prevista no artigo 85, §11, do Código de Processo Civil, observados os critérios e percentuais estabelecidos nos §§ 2º e 3º do mesmo artigo. 3. É entendimento pacificado da Egrégia 10ª Turma desta Corte, que em razão da ausência de salário-de-contribuição do instituidor do benefício na data da reclusão, o valor do benefício será de um salário mínimo mensal. 4. Encontrando-se o segurado desempregado na data da prisão, não há falar em renda superior ao limite fixado na referida portaria, conforme já pacificado no Recurso Especial Repetitivo 1485417/MS, Primeira Seção, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN. J. 22/11/2017, DJe 02/02/2018. 5. A correção monetária deve ser calculada pelo IPCA-E, conforme decidido pelo E. STF no julgamento do RE 870.947, realizado em 20/09/2017. 6. Embargos de declaração do INSS não acolhidos. Embargos de declaração da parte autora parcialmente acolhidos. (TRF3 DÉCIMA TURMA Ap 00324981320174039999 Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2271278 DESEMBARGADORA FEDERAL LUCIA URSAIA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:23/05/2018).

Assim, desprovido o apelo do INSS interposto na vigência da nova lei, os honorários fixados na sentença devem ser majorados em 2%, nos termos do artigo 85, parágrafo 11, do CPC/2015.

Ante o exposto, nego provimento ao apelo do INSS, condenando-o em honorários recursais, e, de ofício, determino a alteração da correção monetária, nos termos fixados no voto.

É O VOTO.

 

 

 

 

 

 



E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE LABOR RURAL. CTPS. PROVA MATERIAL CORROBORADA POR FIRME PROVA TESTEMUNHAL. HONORÁRIOS RECURSAIS.

I - A comprovação do tempo de serviço em atividade rural, seja para fins de concessão de benefício previdenciário ou para averbação de tempo de serviço, deve ser feita mediante a apresentação de início de prova material, conforme preceitua oartigo  55, § 3º, da Lei de Benefícios, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, entendimento cristalizado na  Súmula nº 149, do C. STJ:  "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção do benefício previdenciário".

II - Dentro desse contexto, considerando as precárias condições em que se desenvolve o trabalho do lavrador e as dificuldades na obtenção de prova material do seu labor, quando do julgamento do REsp. 1.321.493/PR, realizado segundo a sistemática de recurso representativo da controvérsia (CPC, art. 543-C), abrandou-se a exigência da prova admitindo-se início de prova material sobre parte do lapso temporal pretendido, a ser complementada por idônea e robusta prova testemunhal.

III - Conforme entendimento jurisprudencial sedimentado, a prova testemunhal possui aptidão para ampliar  a eficácia probatória da prova material trazida aos autos, sendo   desnecessária a sua contemporaneidade  para  todo o período de carência   que se pretende comprovar (Recurso  Especial Repetitivo 1.348.633/SP, (Rel. Ministro  Arnaldo  Esteves  Lima, Primeira Seção, DJe 5/12/2014) e  Súmula 577 do Eg. STJ.

IV - No caso, a autora acostou aos autos robusta prova documental que foi corroborada pela prova testemunhal.

V - Para o cálculo dos juros de mora e correção monetária, devem ser aplicados os índices previstos no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pelo Conselho da Justiça Federal, à exceção da correção monetária a partir de julho de 2009, período em que deve ser observado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-e, critério estabelecido pelo Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 870.947/SE, realizado em 20/09/2017, na sistemática de Repercussão Geral, e confirmado em 03/10/2019, com a rejeição dos embargos de declaração opostos pelo INSS.

VI - Desprovido o apelo do INSS interposto na vigência da nova lei, os honorários fixados na sentença devem ser majorados em 2%, nos termos do artigo 85, parágrafo 11, do CPC/2015.

VII – Apelo desprovido. Sentença reformada, em parte, de ofício.


 

ACÓRDÃO


Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sétima Turma, por unanimidade, decidiu negar provimento ao apelo do INSS, condenando-o em honorários recursais, e, de ofício, determinar a alteração da correção monetária, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

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