APELAÇÃO CÍVEL Nº 5019081-75.2017.4.04.9999/RS
RELATOR | : | LUIZ CARLOS CANALLI |
APELANTE | : | LINDAMIR ZANARDI DE MATOS |
ADVOGADO | : | Róger da Rosa |
: | JEFERSON ZANELLA | |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL INCONCLUSIVO. NULIDADE DA SENTENÇA. REABERTURA DA INSTRUÇÃO.
I. Nas ações em que se objetiva a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o julgador, via de regra, firma sua convicção por meio da prova pericial.
II. Se o laudo pericial é inconclusivo quanto à capacidade laboral da segurada, impõe-se declarar a nulidade da sentença para determinar a reabertura da instrução processual.
III. Apelação provida.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação para declarar a nulidade da sentença, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 22 de agosto de 2017.
Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI
Relator
| Documento eletrônico assinado por Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9076190v6 e, se solicitado, do código CRC CF0204FF. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Luiz Carlos Canalli |
| Data e Hora: | 23/08/2017 17:54 |
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5019081-75.2017.4.04.9999/RS
RELATOR | : | LUIZ CARLOS CANALLI |
APELANTE | : | LINDAMIR ZANARDI DE MATOS |
ADVOGADO | : | Róger da Rosa |
: | JEFERSON ZANELLA | |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
RELATÓRIO
Trata-se de ação ordinária ajuizada em face do INSS, visando a parte autora a concessão de benefício por incapacidade.
A sentença julgou improcedente o pedido, condenando a demandante ao pagamento de honorários advocatícios ao procurador da parte adversa, fixados em 15% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, § 2°, do CPC, observada a Assistência Judiciária Gratuita.
Apela a autora, pugnando pela realização de nova avaliação pericial pelo mesmo profissional atuante nos autos, considerando que o próprio perito assinalou a necessidade de ser refeita a perícia, pois restaram dúvidas quanto à conclusão da pretensão autoral. Prossegue afirmando a sua incapacidade para as atividades laborais, consignando que a imensa quantidade de atestados médicos juntados aos autos comprovam seu real estado clínico. Discorre sobre a data de início da incapacidade e defende a concessão do benefício, invocando a legislação de regência e precedentes e propugnando pela reforma da sentença.
Sem contrarrazões, subiram os autos a este Tribunal.
É o breve relatório.
VOTO
Do pedido de realização de nova perícia
Questiona a autora a ausência de laudo pericial conclusivo sobre sua incapacidade.
No ponto, verifica-se que a perícia realizada em 16-06-2014, assinada pelo médico perito Dr. Rodrigo Dall"Agnol (LAUDOPERI22), foi elaborada no seguinte sentido:
O EXAME FÍSICO E OS EXAMES COMPLEMENTARES COMPROVAM INCAPACIDADE LABORAL SOMENTE A CONTAR DE 27/05/2014, DATA DE EXAME DE RNM QUE ASSOCIADO AO TRATAMENTO REALIZADO, COMPROVADAMENTE, A PARTIR DESTA DATA, ATESTAM PATOLOGIA INCAPACITANTE. NÃO E POSSÍVEL AFIRMAR INCAPACIDADE EM DATA PRETÉRITA. PORTANTO, SUGIRO AFASTAMENTO POR 180 DIAS A CONTAR DE 27/05/2014.
Em 04-05-2015, foi emitido laudo pelo mesmo médico (LAUDOPERI35), nos seguintes termos:
A ANÁLISE PERICIAL CONSTATOU QUE A PATOLOGIA LOMBAR DA AUTORA ENCONTRA-SE ESTÁVEL, CORROBORADA PELO EXAME DE RNM DE 19/03/2015. A AUTORA AINDA RELATA DOR LOMBAR, CONTUDO NÃO APRESENTOU A PERÍCIA COMPROVAÇÃO DE TRATAMENTO REGULAR TANTO MEDICAMENTOSOS, QUANTO FISIOTERÁPICO PARA A PATOLOGIA EM QUESTÃO, SOMENTE DUAS RECEITAS MÉDICAS DATADAS DE 02/02/2015 E 27/03/2015. PORTANTO EM FACE POUCA UTILIZAÇÃO DE TRATAMENTO, SUBENTENDO QUE A PATOLOGIA ENCONTRA-SE CONTROLADA E A INCAPACIDADE LABORAL INEXISTENTE.
Em 20-06-2016, o mesmo profissional assim se manifestou (LAUDPERI44):
QUESITO COMPLEMENTAR ÚNICO
NÃO HÁ COMO AFIRMAR CAPACIDADE OU NÃO, MEDIANTE A ANÁLISE SOMENTE DE DOCUMENTOS QUE FORAM COLHIDOS APÓS O EXAME FÍSICO PERICIAL DA AUTORA, DATADO DE 30/03/2015. PORTANTO HÁ A NECESSIDADE DE NOVA PERICIA CASO SE QUEIRA CONSTATAR INCAPACIDADE LABORAL.
Conforme jurisprudência dominante, nas ações em que se objetiva a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o julgador firma seu convencimento, de regra, através da prova pericial.
Ocorre que, no presente caso, a manifestação pericial não se mostra suficientemente clara quanto ao real estado de saúde da parte autora, carecendo de complementação. E em hipóteses que tais, o juiz não deve deixar de pedir esclarecimentos (art. 477, §§ 2º e 3º, do NCPC) e, se for o caso, determinar segunda perícia (art. 480 do NCPC). Neste sentido:
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DEVERES DO PERITO JUDICIAL. PODERES INSTRUTÓRIOS DO JUIZ. LAUDO OPINATIVO. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. 1. É impertinente qualquer avaliação jurídica que o perito judicial venha a empreender no laudo, não devendo o expert avaliar questões externas a sua designação, nem emitir opiniões pessoais que não se relacionem com o fato examinado, nos termos do art. 473 §2º do NCPC. 2. Quando a prova pericial não se mostrar suficientemente clara, o juiz não deve deixar de pedir esclarecimentos (art. 477, §§ 2º e 3º, do NCPC) e, se for o caso, determinar segunda perícia (art. 480 do NCPC). 3. Evidenciado que a prova técnica mostra-se insuficiente para firmar o convencimento do Juízo, ante a sua deficiência, mister se faz a reabertura da instrução processual. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº 0002647-96.2017.404.9999, 5ª TURMA, Des. Federal PAULO AFONSO BRUM VAZ, POR UNANIMIDADE, D.E. 01/06/2017, PUBLICAÇÃO EM 02/06/2017)
Assim, resta provida a apelação quanto ao ponto, restando, via de consequência, anulada a sentença de 1º grau, determinando-se a reabertura da instrução para determinação de novo exame técnico, assim como a realização de outras provas que porventura entender o magistrado singular e que sejam úteis a revelar a existência, ou não, de capacidade laborativa da parte autora, prejudicados os demais aspectos do inconformismo.
Do dispositivo
Ante o exposto, voto por dar provimento à apelação para declarar a nulidade da sentença, nos termos da fundamentação.
Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI
Relator
| Documento eletrônico assinado por Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9076189v7 e, se solicitado, do código CRC B3D6D907. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Luiz Carlos Canalli |
| Data e Hora: | 23/08/2017 17:54 |
EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 22/08/2017
Apelação Cível Nº 5019081-75.2017.4.04.9999/RS
ORIGEM: RS 00030798120138210127
RELATOR | : | Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI |
PRESIDENTE | : | Luiz Carlos Canalli |
PROCURADOR | : | Dr. Alexandre Amaral Gavronski |
APELANTE | : | LINDAMIR ZANARDI DE MATOS |
ADVOGADO | : | Róger da Rosa |
: | JEFERSON ZANELLA | |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 22/08/2017, na seqüência 55, disponibilizada no DE de 08/08/2017, da qual foi intimado(a) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.
Certifico que o(a) 5ª Turma, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO.
RELATOR ACÓRDÃO | : | Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI |
VOTANTE(S) | : | Juiz Federal LUIZ CARLOS CANALLI |
: | Juiz Federal ALTAIR ANTONIO GREGORIO | |
: | Juíza Federal GISELE LEMKE |
Lídice Peña Thomaz
Secretária de Turma
| Documento eletrônico assinado por Lídice Peña Thomaz, Secretária de Turma, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9142862v1 e, se solicitado, do código CRC 443AC529. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Lídice Peña Thomaz |
| Data e Hora: | 22/08/2017 20:37 |
