APELAÇÃO CÍVEL Nº 5009596-36.2013.4.04.7107/RS
RELATOR | : | JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA |
APELANTE | : | CASSIANO NASCIMENTO MONTEIRO |
ADVOGADO | : | João Francisco Zanotelli |
: | KARINE FALKENBACH FERREIRA | |
: | Marcelo Goellner | |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. AÇÃO IMPROCEDENTE.
Mantida a sentença que julgou improcedente o pedido de auxílio-acidente, pois esse benefício somente é devido quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, o que não é o caso dos autos.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 6a. Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 10 de junho de 2015.
Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA
Relator
| Documento eletrônico assinado por Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7507480v3 e, se solicitado, do código CRC 7E7B29F9. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | João Batista Pinto Silveira |
| Data e Hora: | 12/06/2015 16:19 |
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5009596-36.2013.404.7107/RS
RELATOR | : | JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA |
APELANTE | : | CASSIANO NASCIMENTO MONTEIRO |
ADVOGADO | : | João Francisco Zanotelli |
: | KARINE FALKENBACH FERREIRA | |
: | Marcelo Goellner | |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
RELATÓRIO
Cuida-se de apelação de sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-acidente.
Recorre a parte autora, alegando, em suma, que No presente caso, claramente se observa que o Juízo a quo baseou-se tão somente na conclusão pericial de que a redução da capacidade se dá em grau baixo e do não enquadramento da limitação da Parte Autora nas situações descritas no Anexo III do Decreto 3.048/99 como fundamento para a improcedência do pedido da Parte Recorrente, desconsiderando a redução da capacidade laboral que ela realmente apresenta. Por isso, a sentença deve ser modificada, pois se deve considerar a existência de uma lesão adquirida por acidente e a redução da capacidade laboral por esta lesão, ainda que em grau mínimo, conforme concluiu a perícia médica. Assim, a Parte Recorrente preenche os requisitos para o benefício pleiteado. Requer a concessão do auxílio-acidente desde a cessação do auxílio-doença.
Sem contrarrazões, subiram os autos a este TRF.
É o Relatório.
VOTO
Controverte-se, na espécie, sobre o acerto ou não da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-acidente.
Da perícia judicial, realizada em 10-03-14, extraem-se as seguintes informações (E32):
(...)
8. PATOLOGIAS
A inicial menciona o(s) seguinte(s) diagnóstico(s) ortopédico(s):
PATOLOGIA CID 10
Fratura de 5º metacarpo da mão esquerda S62
9. RELATO DO QUADRO DE SAÚDE ATUAL
9.1 RELATO DO ACIDENTE, SOCORROS E QUADRO DE SAÚDE
9.2 TRATAMENTOS
Refere que sofreu um acidente de moto no dia 26/11/08 na cidade de Caxias do Sul.
Relatou que houve colisão com um automóvel. Refere que foi socorrido pelo SAMU.
Foi atendido na Emergência do Hospital Pompéia da cidade de Caxias do Sul.
Nega traumatismo crânio-encefálico. Nega perda de consciência.
Nega internação na UTI. Nega lesão de vísceras / esplenectomia.
Nega fratura exposta. Refere fratura da mão esquerda.
Refere ter sido submetido a tratamento cirúrgico no dia seguinte ao trauma.
Refere melhora parcial depois da cirurgia realizada,
Refere imobilização com tala gessada. Refere que realizou sessões de fisioterapia.
Nega o uso atual de medicações.
O autor informa como queixa atual refere perda de força da mão por causa dos parafusos.
10. EXAME FÍSICO
Ao exame, o paciente apresenta-se em bom estado geral, respondendo às perguntas de forma lúcida, orientada e coerente. Cooperativo ao exame.
Assumiu atitude adequada durante a entrevista. É destro.
A inspeção das mãos revelou a presença de exuberantes calosidades palmares, hiperceratose e resíduos subungueais, indicativos de trabalho recente.
Altura: 1,89 m Peso: 114 kg
MÃO ESQUERDA
Inspeção estática - cicatriz de incisão cirúrgica em região dorsal do 5º raio. Pequeno desvio rotacional do 5º metacarpo. Cicatriz de ferimento cortante que fechou por segunda intenção.
Inspeção dinâmica - mobilidade preservada.
Muscular - sem hipotrofia aparente.
Neurológico - sem alterações.
Testes especiais - pegas, pinças e agarres preservados.
11. DOCUMENTOS SUBSIDIÁRIOS E EXAMES COMPLEMENTARES
11.1 NOS AUTOS DO PROCESSO
O Boletim de Ocorrência emitido pela Secretaria de Segurança Pública (cópia) datado de 26/11/08, mencionando acidente em 26/11/08 às 11h30min, ocorrido no município de Caxias do Sul foi anexada no evento 01.
A impressão diagnóstica da radiografia da mão esquerda datada de 15/01/09 foi anexada no evento 01.
Boletim de internação datado de 26/11/08 CREMERS nº 21063 - foi anexado ao e-proc ANEXOS PET INI2 no evento 01.
Atestado médico datado de 17/04/13 CREMERS nº 11562 - foi anexado ao e-proc ATESTMED4 no evento 01.
11.2 TRAZIDOS AO ATO PERICIAL
Os atestados, receitas, laudos e clichês dos exames de imagem foram visualizados no exame do ato pericial.
12. CONSIDERAÇÕES MÉDICO-LEGAIS
A patologia está consolidada e compensada.
A parte autora não é pessoa com deficiência.
Não apresenta dano funcional ou redução da capacidade funcional com extensão ou repercussão na capacidade laborativa.
13. CONCLUSÃO
Não há incapacidade laborativa do ponto de vista ortopédico.
Não houve enquadramento no Anexo III, descrito no artigo nº 104 do Decreto n° 3048/99.
14. QUESITOS
14.1 JUÍZO
1) Apresenta o autor doença ou sequela resultante do acidente de trânsito que sofreu?
A patologia está consolidada e compensada.
2) Em caso positivo, qual o estado mórbido incapacitante?
Não há incapacidade laborativa do ponto de vista ortopédico.
3) Qual o grau de comprometimento das atividades habituais do autor?
Não apresenta dano funcional ou redução da capacidade funcional com extensão ou repercussão na capacidade laborativa. (negrito)
Dos autos, colhem-se ainda as seguintes informações acerca do autor (E1, E6):
a) idade: 31 anos (nascimento em 31-10-83);
b) BO em que consta acidente de trânsito em 26-11-08 e boletim do Hospital de 26-11-08;
c) raio-x da mão E de 15-01-09 ;
d) CTPS em que consta que na época do acidente em 11/08 o autor estava desempregado, tendo o vínculo anterior sido como de fiscal e cessado em 07-08;
e) atestado médico de 17-04-13, referindo acidente de trânsito em 26-11-08 com fratura do 5º metacarpo esquerdo, operado, no momento com perda de força muscular na mão esquerda, limitação de movimento de flexão e extensão, com limitação parcial permanente para exercer sua atividade laboral;
f) histórico de benefícios: o autor gozou de auxílio-doença de 24-10-98 a 16-11-98; requereu auxílio-acidente em 09-01-13, indeferido pelo fato de não ser precedido de auxílio-doença; ajuizou a presente ação em 18-07-13.
Sobre o tema, assim dispõe a legislação previdenciária:
Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
Para fazer jus ao auxílio-acidente é necessária a comprovação de que a parte autora teve reduzida a sua capacidade laborativa, ou seja, que conseguia exercer a sua atividade habitual, mas com maior esforço/dificuldade, o que não restou demonstrado nos autos.
Realmente o laudo judicial não confirma a alegação de que a parte autora tivesse sofrido redução de sua capacidade laborativa em decorrência de sequela de acidente de trânsito em relação à atividade habitual que exercia naquela época. Ressalto que os documentos juntados pela parte autora são insuficientes para comprovar que houvesse redução da capacidade, ainda que apenas leve, como alega.
Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso.
Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA
Relator
| Documento eletrônico assinado por Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7507478v2 e, se solicitado, do código CRC AC64CD54. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | João Batista Pinto Silveira |
| Data e Hora: | 12/06/2015 16:19 |
EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 10/06/2015
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5009596-36.2013.4.04.7107/RS
ORIGEM: RS 50095963620134047107
RELATOR | : | Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA |
PRESIDENTE | : | Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA |
PROCURADOR | : | Procurador Regional da República Sérgio Cruz Arenhart |
APELANTE | : | CASSIANO NASCIMENTO MONTEIRO |
ADVOGADO | : | João Francisco Zanotelli |
: | KARINE FALKENBACH FERREIRA | |
: | Marcelo Goellner | |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 10/06/2015, na seqüência 288, disponibilizada no DE de 27/05/2015, da qual foi intimado(a) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.
Certifico que o(a) 6ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
RELATOR ACÓRDÃO | : | Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA |
VOTANTE(S) | : | Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA |
: | Des. Federal CELSO KIPPER | |
: | Des. Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA |
Gilberto Flores do Nascimento
Diretor de Secretaria
| Documento eletrônico assinado por Gilberto Flores do Nascimento, Diretor de Secretaria, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7614707v1 e, se solicitado, do código CRC BC3FB3B5. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Gilberto Flores do Nascimento |
| Data e Hora: | 11/06/2015 06:50 |
