APELAÇÃO CÍVEL Nº 5007699-51.2018.4.04.9999/SC
RELATOR | : | CELSO KIPPER |
APELANTE | : | EMAGDA DE FATIMA RINCON RADKE |
ADVOGADO | : | AGLAIR TERESINHA KNOREK SCOPEL |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERÍCIA. NOMEAÇÃO DE MÉDICO ESPECIALISTA. AUSÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE. INCAPACIDADE LABORAL. AUSÊNCIA.
1. Tratando-se de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o Julgador firma sua convicção, via de regra, por meio da prova pericial.
2. Para a avaliação da existência de incapacidade laboral, não é necessária, como regra, a nomeação de especialista na área da patologia a ser examinada, especialmente nos casos de (a) inexistência de médico especialista na localidade (b) ou ausência de confiança do magistrado no trabalho do perito especialista existente.
3. Considerando as conclusões do perito judicial de que a parte autora não está incapacitada para o exercício de atividades laborativas e não havendo qualquer documento médico a afirmar o contrário, não são devidos quaisquer dos benefícios pleiteados.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Turma Regional suplementar de Santa Catarina do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação da parte autora, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Florianópolis, 17 de maio de 2018.
Des. Federal CELSO KIPPER
Relator
| Documento eletrônico assinado por Des. Federal CELSO KIPPER, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9369565v18 e, se solicitado, do código CRC 7A34CFE7. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Celso Kipper |
| Data e Hora: | 28/05/2018 14:23 |
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5007699-51.2018.4.04.9999/SC
RELATOR | : | CELSO KIPPER |
APELANTE | : | EMAGDA DE FATIMA RINCON RADKE |
ADVOGADO | : | AGLAIR TERESINHA KNOREK SCOPEL |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
RELATÓRIO
Cuida-se de ação ordinária ajuizada por Emagda de Fatima Rincon Radke, por meio da qual postula a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, a contar da DER, em 31-11-2016.
Contestado e instruído o feito, foi prolatada sentença de improcedência da ação (evento 02, SENT41), em razão do não preenchimento do requisito da incapacidade laboral, com condenação da parte vencida em custas e honorários advocatícios, estes fixados em R$ 900,00 (novecentos e reais), observada a gratuidade de justiça.
Em suas razões, a parte autora sustenta, preliminarmente, que se faz necessária a realização de perícia com especialista em ortopedia, sob pena de cerificar-se o cerceamento de defesa. Quanto à matéria de fundo, defende ser devido o benefício previdenciário por incapacidade, considerando que a doença continua se agravando, mesmo após intervenção cirúrgica, a qual não é certeza de obtenção de êxito, tendo em vista que a higidez da coluna não se reconstitui e gera atrito de uma vértebra e outra, causando severas dores. Aduz que os diversos atestados médicos juntados aos autos com a inicial comprovam que o recorrente não possuiu condições físicas para trabalhar.
Oportunizadas as contrarrazões, vieram os autos a esta Corte para julgamento.
É o relatório.
VOTO
Preliminarmente
Requer a demandante a realização de nova perícia médica judicial com especialista em ortopedia, devido à natureza de sua moléstia.
Com efeito, na petição inicial e nas posteriores manifestações da autora, foram suscitadas moléstias de natureza ortopédica, além do que os documentos médicos presentes nos autos estão relacionados ao aparelho locomotor (discopatia degenerativa de coluna vertebral - M51).
Em sede de apelação a autora reforça o argumento de que as supostas incapacidades seriam eminentemente de natureza ortopédica, requerendo, bem por isso, a realização de nova perícia por especialista nessa área.
Cabe ressaltar que a simples discordância com as conclusões periciais não autoriza a repetição da prova.
A análise do douto perito é clara quanto ao tratamento das doenças ortopédicas do segurado, tendo sido esclarecida a evolução e cura da moléstia, de sorte que não há razão suficiente para justificar a realização de nova perícia técnica, a qual é pleiteada com base em alegações genéricas, relacionadas à ausência de conhecimento específico do médico na área específica, sem qualquer argumento idôneo a sugerir a imprestabilidade do laudo.
Destaco, ainda, (i) que as respostas do perito judicial (como adiante se verá) foram claras e fundamentadas; e que (ii) que a doença da autora não é complexa a ponto de exigir exame de médico especializado.
Some-se a isso o fato de que o perito em questão é especialista em perícias médicas (além de ser membro da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas, de acordo com o evento 02, PET 28, fl. 38), e possui considerável experiência profissional, suficiente, a meu sentir, para a análise do presente caso.
Considerando, então, que há nos autos elementos probatórios suficientes ao deslinde da questão, revela-se desnecessária a produção da prova técnica requerida.
Passo, então, à análise do mérito.
Mérito
Qualidade de segurado e carência mínima
A qualidade de segurado e a carência mínima exigidas para a concessão do benefício não foram questionadas nos autos. Além disso, no âmbito administrativo, o Instituto Nacional do Seguro Social reconheceu o preenchimento de tais requisitos ao conceder à parte autora o benefício de auxílio-doença, no período de 17-12-2015 a 30-11-2016, conforme evento 02, OUT3.
Tenho-os, assim, por incontroversos.
Incapacidade laboral
Resta, pois, averiguar a existência de incapacidade laboral que justifique a concessão do(s) benefício(s) postulados.
Tratando-se de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o Julgador firma sua convicção, via de regra, por meio da prova pericial.
No caso concreto, a parte autora, com idade atual de 44 anos, possui ensino médio completo e desempenhou a profissão de cozinheira, segundo o laudo pericial.
A autora foi submetida à perícia judicial, efetuada por especialista em perícias médicas, em 23-04-2017 (evento 02, PET28). O laudo do perito informa diagnóstico de discopatia degenerativa da coluna verteral, com com início da doença no ano de 2013.
O exame, porém, é conclusivo no sentido da ausência de incapacidade da pericianda, em razão da doença gástrica, tendo o expert esclarecido que "Houve incapacidade pregressa, de duração temporária, que já cessou, compatível com DCB". Informou, ainda, que "não há redução da capacidade laborativa atual, eis que o exame físico encontra-se dentro da normalidade", além do que "no momento, não apresenta incapacidade laborativa para a função informada".
Com efeito, cumpre esclarecer que o perito judicial é o profissional de confiança do juízo, cujo compromisso é examinar a parte com imparcialidade. Por oportuno, cabe referir que, a meu juízo, embora seja certo que o juiz não fica adstrito às conclusões do perito, a prova em sentido contrário ao laudo judicial, para prevalecer, deve ser suficientemente robusta e convincente, o que, a meu sentir, não ocorreu no presente feito.
Vale registrar, em atenção à insurgência da apelante quanto à apreciação de outros fatores, como escolaridade, idade e profissão, além de exames clínicos e atestados de médicos particulares, que não há razão para reconhecer-se a incapacidade laboral no caso concreto, diante da prova técnica, produzida de forma equidistante das partes, e mesmo cotejando as condições pessoais da autora. Assim, tendo em vista tratar-se de pessoa com razoável formação (ensido médico compelteo), que desempenhou já a profissão de cozinheira e com idade atual de 44 anos, tenho que possui condições de reinserção no mercado de trabalho.
Por tais razões, entendo que deve ser mantida a sentença de improcedência.
Considerando que a sentença foi publicada após 18-03-2016, data definida pelo Plenário do STJ para início da vigência do NCPC (Enunciado Administrativo nº 1-STJ), bem como o Enunciado Administrativo n. 7 - STJ (Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC), aplica-se ao caso a sistemática de honorários advocatícios ora vigente.
Desse modo, considerando a manutenção da sentença de primeiro grau e tendo em conta o disposto no § 11 do art. 85 do NCPC, bem como recentes julgados do STF e do STJ acerca da matéria (v.g.ARE971774 AgR, Relator p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, PrimeiraTurma, DJe 19-10-2016; ARE 964330 AgR, Relator p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe 25-10-2016; AgIntno AREsp 829.107/RJ, Relator p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, Quarta Turma, DJe 06-02-2017 e AgInt nos EDcl no REsp1357561/MG, Relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Terceira Turma, DJe 19-04-2017), majoro a verba honorária de R$ 900,00 (novecentos) para R$ 1.080,00 (mil e oitenta reais) restando suspensa a sua exigibilidade, por ser a parte beneficiária da AJG.
Por fim, dou por prequestionados os dispositivos legais e constitucionais mencionados pela parte apelante, entendendo que nenhum deles é violado com esta decisão nem altera o conteúdo do que foi decidido.
Dispositivo
Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação da parte autora.
Des. Federal CELSO KIPPER
Relator
| Documento eletrônico assinado por Des. Federal CELSO KIPPER, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9369564v16 e, se solicitado, do código CRC 6F21C5C2. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Celso Kipper |
| Data e Hora: | 28/05/2018 14:23 |
EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 17/05/2018
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5007699-51.2018.4.04.9999/SC
ORIGEM: SC 03043328720168240015
RELATOR | : | Des. Federal CELSO KIPPER |
PRESIDENTE | : | Paulo Afonso Brum Vaz |
PROCURADOR | : | Dr. Fábio Nesi Venzon |
APELANTE | : | EMAGDA DE FATIMA RINCON RADKE |
ADVOGADO | : | AGLAIR TERESINHA KNOREK SCOPEL |
APELADO | : | INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS |
Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 17/05/2018, na seqüência 84, disponibilizada no DE de 02/05/2018, da qual foi intimado(a) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.
Certifico que o(a) Turma Regional suplementar de Santa Catarina, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO DA PARTE AUTORA.
RELATOR ACÓRDÃO | : | Des. Federal CELSO KIPPER |
VOTANTE(S) | : | Des. Federal CELSO KIPPER |
: | Des. Federal JORGE ANTONIO MAURIQUE | |
: | Des. Federal PAULO AFONSO BRUM VAZ |
Ana Carolina Gamba Bernardes
Secretária
| Documento eletrônico assinado por Ana Carolina Gamba Bernardes, Secretária, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 9406909v1 e, se solicitado, do código CRC 4482443F. | |
| Informações adicionais da assinatura: | |
| Signatário (a): | Ana Carolina Gamba Bernardes |
| Data e Hora: | 18/05/2018 16:03 |
