Experimente agora!
VoltarHome/Jurisprudência Previdenciária

DEVOLUÇÃO DOS VALORES. DESNECESSIDADE. PREVALÊNCIA DA BOA-FÉ. TRF4. 5084409-30.2014.4.04.7000...

Data da publicação: 03/07/2020, 00:58:27

EMENTA: DEVOLUÇÃO DOS VALORES. DESNECESSIDADE. PREVALÊNCIA DA BOA-FÉ. A devolução dos valores, na forma do artigo 115 da Lei 8.213/91, somente é de ser feita nos casos em que comprovada a má-fé no recebimento, o que não é o caso dos autos. (TRF4, APELREEX 5084409-30.2014.4.04.7000, SEXTA TURMA, Relator HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JÚNIOR, juntado aos autos em 19/11/2015)


APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5084409-30.2014.4.04.7000/PR
RELATOR
:
HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JÚNIOR
APELANTE
:
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO
:
ADAILTON SOARES DOS SANTOS (Absolutamente Incapaz (Art. 3º, II e III CC))
PROCURADOR
:
GEORGIO ENDRIGO CARNEIRO DA ROSA (DPU) DPU128
APELADO
:
ROSANGELA DO ROCIO DOS SANTOS (Curador)
PROCURADOR
:
ALEIXO FERNANDES MARTINS (DPU) DPU048
MPF
:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA
DEVOLUÇÃO DOS VALORES. DESNECESSIDADE. PREVALÊNCIA DA BOA-FÉ.
A devolução dos valores, na forma do artigo 115 da Lei 8.213/91, somente é de ser feita nos casos em que comprovada a má-fé no recebimento, o que não é o caso dos autos.

ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 6a. Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, conhecer em parte do recurso do INSS e, nesse limite, negar-lhe provimento, e negar provimento à remessa oficial, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 18 de novembro de 2015.
Juiz Federal Hermes Siedler da Conceição Júnior
Relator


Documento eletrônico assinado por Juiz Federal Hermes Siedler da Conceição Júnior, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7934368v8 e, se solicitado, do código CRC 35B1377B.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Hermes Siedler da Conceição Júnior
Data e Hora: 18/11/2015 22:10




APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5084409-30.2014.4.04.7000/PR
RELATOR
:
HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JÚNIOR
APELANTE
:
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO
:
ADAILTON SOARES DOS SANTOS (Absolutamente Incapaz (Art. 3º, II e III CC))
PROCURADOR
:
GEORGIO ENDRIGO CARNEIRO DA ROSA (DPU) DPU128
APELADO
:
ROSANGELA DO ROCIO DOS SANTOS (Curador)
PROCURADOR
:
ALEIXO FERNANDES MARTINS (DPU) DPU048
MPF
:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RELATÓRIO
Trata-se de remessa oficial e apelação contra sentença que julgou procedente o pedido, nos seguintes termos:
(...) Pelo exposto, acolho o pedido inicial na forma do art. 269, I, do CPC, para determinar ao INSS que se abstenha de efetuar qualquer desconto ou cobrança relativa ao NB87/108.805.281-6, nos moldes da fundamentação.
Condeno o INSS, ainda, ao pagamento de honorários ao advogado do autor, que fixo em 10% do valor atualizado da causa, a qual fica sujeita ao reexame necessário.(...)

O INSS apela alegando, em síntese, que o STF declarou inconstitucional a antiga redação do artigo 130 da Lei 8.213/1991, que dispensava os segurados da previdência social de restituir os valores que fossem recebidos por força de decisão judicial que viesse a ser revertida. Requer, por fim, a aplicação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97 para fins de correção monetária e juros de mora, alegando que a sentença aplicou índices incorretos.
Oportunizada a apresentação de contrarrazões, vieram os autos a esta Corte para julgamento.
Nesta instância, a Procuradoria Regional da República da 4ª Região opinou pelo não provimento da apelação.

É o relatório.
VOTO
Por estar em consonância com o entendimento desta Relatoria quanto às questões deduzidas, a sentença recorrida merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos, os quais transcrevo, in verbis:

(...)

Os fatos se sucederam da seguinte forma: O autor requereu benefício assistencial NB87/108.805.281-6, em data de 06/03/98, que lhe foi deferido com início de vigência a contra de 24/03/98.

Em 10/04/92, foi feita uma revisão na concessão do benefício, e após, parecer favorável à manutenção.

O pai, Adir Soares dos Santos, recebia auxílio-doença NB31/535.865.794-7, com DIB 08/06/2009, transformada para invalidez NB32/536.150.411-0, em 19/06/2009.

Em data de 26/01/2011, consta ofício de defesa enviado pelo INSS a respeito da irregularidade identificada, consistindo no fato de que o pai recebia invalidez, e a renda somada ao restante da renda familiar, tornaria o benefício do autor irregular, por motivo de renda per capita superior a 1/4 do SM. O autor não apresentou defesa na via administrativa, ante o que foi expedido ofício de recurso em 14/10/2013. Houve recurso (fl. 42) e intimação para que a representante do autor comparecesse em perícia. Foi dado provimento parcial ao recurso, mas com conclusão para que não houvesse a manutenção, devendo o autor efetuar a devolução dos valores recebidos irregularmente.

O Infben demonstra que o autor recebeu o benefício, através da mãe representante legal, de 24/03/98 (DIB) a 01/02/2011 (DCB).

No documento da fl. 20 do PA, verifica-se que foi preenchida Tabela de dados para avaliação das condições socioeconômicas da pessoa portadora de deficiência - BPC - LOAS, onde ficou constando "renda familiar percapita mensal inferior a 1/4 do salário mínimo".

No recurso apresentado pelo autor, ou melhor, a representante legal, já que o requerente é incapaz, constou as seguintes alegações:

"O Adailton é uma pessoa que precisa de cuidados frequentes, tudo ele depende de alguém, não toma banho sozinho nem escova os dentes para tudo depende de mim. Quando o pessoal do INSS vinha na minha casa fazer visitas, eu sempre questionei se não havia problemas em relação ao salário do pai do Adailton e eles respondia: não pois ele é especial e sempre terá direito, pois nunca irá trabalhar. Se o pai dele aposentou é porque contribuiu, mais jamais nós queriamos isso, antes os dois fossem saudável."

No caso em tela, flagrante é o recebimento indevido do benefício assistencial, pelo autor, ainda que incapaz, em razão do recebimento à época, e posteriormente (períodos de 01/03/99 a 30/06/2000, 01/04/2003 a 05/2003, 03/04/2004 a 20/03/2004, 24/02/2005 a 28/02/2009 e a partir de 08/06/2009), de rendimento pelo genitor em valor superior a renda per capita de 1/4 SM. Contudo, é de se convir a precariedade do sistema previdenciário também que, desde o início, ou logo após, não chegou a constatar que o genitor possuia rendimento e, veio a se aposentar com valor que supostamente garantia o sustento da família, mesmo tendo dependente inválido.

Chegou a ser feita uma revisão administrativa, em 10/04/92, na concessão do benefício, mas teve parecer favorável à manutenção. Não ficou provada má-fé por parte do autor, ou da representante legal, no caso, a mãe. Presume-se a boa-fé dos autores que, como alegam, agiram leigamente, e foram orientados a respeito do direito ao recebimento.

(...)

Entendo que o que restou comprovado nos autos, uma vez presumida a boa-fé do requerente, é o erro administrativo, aliado à precariedade do sistema previdenciário, que fez com que o autor recebesse por mais de 10 anos benefício que não lhe era devido.

Ademais, a condição de saúde do autor (incapaz), aliada à hipossuficiência, baixa escolaridade, condição econômica dos genitores e representante legal, e aos fatos (precariedade do sistema do INSS) levam a crer a boa-fé do requerente ao recebimento indevido do benefício apontado (NB87/108.805.281-6).

O MPF foi favorável à procedência da demanda.

Assim, determino a inexigibilidade por parte do INSS do débito previdenciário decorrente do recebimento indevido do NB87/108.805.281-6, devendo o réu abster-se de efetuar qualquer desconto ou cobrança referente ao mesmo benefício.

Não houve requerimento de reiteração da antecipação de tutela, uma vez indeferido inicialmente (evento 8).

(...)

Assim, deverá ser mantida a sentença ora guerreada.

Consectários

Não conheço do apelo em relação aos juros e correção monetária, uma vez que não houve condenação nesse sentido, em razão de que o pleito é tão somente da inexigibilidade da restituição de valores recebidos pela parte autora a título de benefício.

Prequestionamento
Para fins de possibilitar o acesso das partes às Instâncias Superiores dou por prequestionadas as matérias constitucionais e legais alegadas em recurso pelas partes, nos termos das razões de decidir já externadas no voto, deixando de aplicar dispositivos constitucionais ou legais não expressamente mencionados e/ou tidos como aptos a fundamentar pronunciamento judicial em sentido diverso do declinado.
Dispositivo
Ante o exposto, voto por conhecer em parte do recurso do INSS e, nesse limite, negar-lhe provimento, e negar provimento à remessa oficial.
Juiz Federal Hermes Siedler da Conceição Júnior
Relator


Documento eletrônico assinado por Juiz Federal Hermes Siedler da Conceição Júnior, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7934366v15 e, se solicitado, do código CRC 635639F6.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Hermes Siedler da Conceição Júnior
Data e Hora: 18/11/2015 22:10




EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 18/11/2015
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5084409-30.2014.4.04.7000/PR
ORIGEM: PR 50844093020144047000
RELATOR
:
Juiz Federal HERMES S DA CONCEIÇÃO JR
PRESIDENTE
:
Desembargadora Federal Vânia Hack de Almeida
PROCURADOR
:
Procurador Regional da República Adriana Zawada Melo
APELANTE
:
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
APELADO
:
ADAILTON SOARES DOS SANTOS (Absolutamente Incapaz (Art. 3º, II e III CC))
PROCURADOR
:
GEORGIO ENDRIGO CARNEIRO DA ROSA (DPU) DPU128
APELADO
:
ROSANGELA DO ROCIO DOS SANTOS (Curador)
PROCURADOR
:
ALEIXO FERNANDES MARTINS (DPU) DPU048
MPF
:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 18/11/2015, na seqüência 1485, disponibilizada no DE de 05/11/2015, da qual foi intimado(a) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.
Certifico que o(a) 6ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU CONHECER EM PARTE DO RECURSO DO INSS E, NESSE LIMITE, NEGAR-LHE PROVIMENTO, E NEGAR PROVIMENTO À REMESSA OFICIAL.
RELATOR ACÓRDÃO
:
Juiz Federal HERMES S DA CONCEIÇÃO JR
VOTANTE(S)
:
Juiz Federal HERMES S DA CONCEIÇÃO JR
:
Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA
:
Des. Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA
Gilberto Flores do Nascimento
Diretor de Secretaria


Documento eletrônico assinado por Gilberto Flores do Nascimento, Diretor de Secretaria, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 7987782v1 e, se solicitado, do código CRC 31EAC0CF.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Gilberto Flores do Nascimento
Data e Hora: 19/11/2015 09:20




O Prev já ajudou mais de 140 mil advogados em todo o Brasil.Faça cálculos ilimitados e utilize quantas petições quiser!

Experimente agora