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TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA. ART. 534 DO CPC. PROSSEGUIMENTO. TRF4. 5059226-95.2020....

Data da publicação: 17/03/2021, 07:01:47

EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA. ART. 534 DO CPC. PROSSEGUIMENTO. A prova que instrui a exordial executiva, consistente nos contracheques do exequente, é a prova do recolhimento da exação acessível ao autor, suficiente ao ajuizamento da execução em razão da presunção relativa que gera. Eventual certeza quanto ao efetivo recolhimento ao fisco da contribuição deve ser suprida judicialmente - seja por requisição, seja invertendo-se o ônus probatório -, vez que não se pode exigir do empregado a apresentação de documento ao qual não tem acesso, produzido pelo empregador. Agravo de instrumento provido para determinar o prosseguimento do cumprimento de sentença. (TRF4, AG 5059226-95.2020.4.04.0000, SEGUNDA TURMA, Relatora MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, juntado aos autos em 09/03/2021)

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, 6º andar - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51) 3213-3161 - Email: gmfatima@trf4.gov.br

Agravo de Instrumento Nº 5059226-95.2020.4.04.0000/RS

RELATORA: Desembargadora Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

AGRAVANTE: ANDERSON DE OLIVEIRA RODRIGUES

ADVOGADO: CARLOS PAIVA GOLGO (OAB RS066149)

ADVOGADO: ALICIA ROSLER NELSIS (OAB RS109593)

AGRAVADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

RELATÓRIO

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto por ANDERSON DE OLIVEIRA RODRIGUES, em face de decisão proferida no processo originário, nos seguintes termos:

1. Defiro o benefício da gratuidade de justiça. Anote-se na capa dos autos.

2. Diante dos contracheques acostados na inicial do cumprimento de sentença, intime-se a parte exequente para que traga aos autos a comprovação do desconto havido sobre o terço de férias, uma vez que da rubrica "INSS NORMAL" não é possível depreender quanto, efetivamente, foi descontado sobre as férias.

Alega a parte agravante, em síntese, que interpôs o presente recurso em razão de ação coletiva manejada por entidade sindical. Diz que o pedido foi feito com todos os documentos necessários, e que há precedente do TRF4 no sentido de que embora o CNIS traga informações sobre a remuneração do empregado, não discrimina os valores pagos a título de terço constitucional de férias, o que torna imprescindível a juntada de contracheques para o cálculo do valor devido. Diante disso, requer a reforma da decisão agravada.

O pedido de atribuição de efeito suspensivo ao recurso foi indeferido, bem como ulterior pedido de reconsideração.

Com contrarrazões.

É o relatório.

VOTO

Relativamente a Cumprimento de Sentença em que reconhecida a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública, assim dispõe o CPC:

Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:

I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente;

II - o índice de correção monetária adotado;

III - os juros aplicados e as respectivas taxas;

IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;

V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.

§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 113 .

§ 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.

No caso dos autos, a parte exequente instruiu a inicial (evento 1 na origem) com os seguintes documentos, dentre outros:

- Parecer contábil;

- Cálculo da Alíquota do INSS;

- Apuração e atualização do INSS retido;

- Contra-cheques com nome, CPF, mês e ano, identificação das rubricas "FERIAS NORMAIS 1/3", "ABONO PECUNIÁRIO DE FÉRIAS", "ABONO FERIAS 1/3", valores;

Em princípio, com base na documentação acostada, percebe-se que resta demonstrada a ocorrência de desconto do salário do exequente da contribuição previdenciária incidente sobre o terço de férias, e. g. o contracheque relativo ao mês de novembro de 2018 (evento 1 dos autos originários, INF5, pág. 18), no qual o salário de contribuição do INSS se identifica com o total dos proventos, entre os quais se insere a rubrica "FERIAS NORMAIS 1/3".

Entendo que a prova que instrui a exordial executiva, consistente nos contracheques do exequente, é a prova do recolhimento da exação acessível ao autor, suficiente ao ajuizamento da execução em razão da presunção relativa que gera. Eventual certeza quanto ao efetivo recolhimento ao fisco da contribuição deve ser suprida judicialmente - seja por requisição, seja invertendo-se o ônus probatório -, vez que não se pode exigir do empregado a apresentação de documento ao qual não tem acesso, produzido pelo empregador.

Mutatis mutandis, é o que se depreende do precedente que colaciono a seguir:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE RURAL E URBANA. CONSECTÁRIOS. IMPLANTAÇÃO. 1. Reconhecido o exercício de atividade rural por início de prova material, complementado por prova testemunhal idônea, é passível seu cômputo para fins previdenciários. 2. A anotação regular em CTPS faz prova suficiente do vínculo empregatício nela registrado, sendo o recolhimento das contribuições previdenciárias responsabilidade do empregador. Precedentes deste Tribunal. 3. Correção monetária desde cada vencimento pelo INPC. Juros desde a citação, pelos mesmos índices aplicados à caderneta de poupança. 4. Honorários de advogado a cargo do INSS, incidentes sobre as parcelas vencidas até a data deste acórdão. Cobrança de custas conforme a legislação estadual do Rio Grande do Sul. 5. Ordem para imediata implantação do benefício. (TRF4, AC 5009648-56.2018.4.04.7107, QUINTA TURMA, Relatora GISELE LEMKE, juntado aos autos em 12/06/2020)

Destarte, é caso de prover o agravo e determinar o regular processamento do Cumprimento de Sentença, nos termos dos arts. 534 e 535 do CPC, e demais dispositivos legais pertinentes.

Ante o exposto, voto por dar provimento ao agravo de instrumento.



Documento eletrônico assinado por MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, Desembargadora Federal Relatora, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40002356761v12 e do código CRC c60b57e1.Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
Data e Hora: 9/3/2021, às 19:9:55


5059226-95.2020.4.04.0000
40002356761.V12


Conferência de autenticidade emitida em 17/03/2021 04:01:47.

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, 6º andar - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51) 3213-3161 - Email: gmfatima@trf4.gov.br

Agravo de Instrumento Nº 5059226-95.2020.4.04.0000/RS

RELATORA: Desembargadora Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

AGRAVANTE: ANDERSON DE OLIVEIRA RODRIGUES

ADVOGADO: CARLOS PAIVA GOLGO (OAB RS066149)

ADVOGADO: ALICIA ROSLER NELSIS (OAB RS109593)

AGRAVADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

EMENTA

tributário. agravo de instrumento. cumprimento de sentença contra a fazenda pública. ação coletiva. art. 534 do cpc. prosseguimento.

A prova que instrui a exordial executiva, consistente nos contracheques do exequente, é a prova do recolhimento da exação acessível ao autor, suficiente ao ajuizamento da execução em razão da presunção relativa que gera. Eventual certeza quanto ao efetivo recolhimento ao fisco da contribuição deve ser suprida judicialmente - seja por requisição, seja invertendo-se o ônus probatório -, vez que não se pode exigir do empregado a apresentação de documento ao qual não tem acesso, produzido pelo empregador.

Agravo de instrumento provido para determinar o prosseguimento do cumprimento de sentença.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 09 de março de 2021.



Documento eletrônico assinado por MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, Desembargadora Federal Relatora, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40002356762v4 e do código CRC 5999d363.Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
Data e Hora: 9/3/2021, às 19:9:55


5059226-95.2020.4.04.0000
40002356762 .V4


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Poder Judiciário
Tribunal Regional Federal da 4ª Região

EXTRATO DE ATA DA SESSÃO Virtual DE 02/03/2021 A 09/03/2021

Agravo de Instrumento Nº 5059226-95.2020.4.04.0000/RS

RELATORA: Desembargadora Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

PRESIDENTE: Desembargadora Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

PROCURADOR(A): ANDREA FALCÃO DE MORAES

AGRAVANTE: ANDERSON DE OLIVEIRA RODRIGUES

ADVOGADO: CARLOS PAIVA GOLGO (OAB RS066149)

ADVOGADO: ALICIA ROSLER NELSIS (OAB RS109593)

AGRAVADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

Certifico que este processo foi incluído na Pauta da Sessão Virtual, realizada no período de 02/03/2021, às 00:00, a 09/03/2021, às 16:00, na sequência 1, disponibilizada no DE de 19/02/2021.

Certifico que a 2ª Turma, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, proferiu a seguinte decisão:

A 2ª TURMA DECIDIU, POR UNANIMIDADE, DAR PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.

RELATORA DO ACÓRDÃO: Desembargadora Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

Votante: Desembargadora Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE

Votante: Desembargador Federal RÔMULO PIZZOLATTI

Votante: Juiz Federal FRANCISCO DONIZETE GOMES

IMPEDIDO: Juiz Federal ALEXANDRE ROSSATO DA SILVA ÁVILA

MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA

Secretária



Conferência de autenticidade emitida em 17/03/2021 04:01:47.

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