D.E. Publicado em 04/04/2017 |
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, rejeitar a matéria preliminar e, no mérito, negar provimento à apelação da parte autora, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Desembargador Federal Relator
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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0003301-32.2015.4.03.6103/SP
RELATÓRIO
O SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA (RELATOR): Trata-se de ação ajuizada em face do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social visando ao restabelecimento do auxílio doença "desde a data da cessação do benefício anterior, em 30/04/2007, até a data em que houver a cessação da incapacidade da parte autora para o trabalho", ou a concessão de aposentadoria por invalidez, "com pagamento a contar da data da cessação do benefício anterior, em 30/04/2007" (fls. 5vº). Pleiteia, ainda, a tutela antecipada.
Foram deferidos à parte autora os benefícios da assistência judiciária gratuita, e postergada a análise da antecipação dos efeitos da tutela (fls. 70/72).
O Juízo a quo julgou improcedente o pedido, sob os fundamentos de ausência de constatação no laudo pericial de incapacidade laborativa.
Inconformada, apelou a parte autora, sustentando, em síntese:
a) Preliminarmente:
- o cerceamento de defesa, e a nulidade da R. sentença, tendo em vista que houve impugnação ao laudo pericial, não tendo sido apreciado os pedidos de esclarecimentos da Sra. Perita, nova avaliação pericial por médico especialista em seu problema de saúde e produção de prova testemunhal para comprovar as suas condições pessoais.
b) No mérito:
- a existência de incapacidade total e permanente, consoante os atestados e exames médicos juntados aos autos;
- que apesar de o laudo pericial confirmar a existência das patologias, mostrou-se contraditório quanto ao resultado, atestando sua capacidade, em discrepância com os documentos médicos apresentados;
- a resposta afirmativa da Sra. Perita de que não há a possibilidade de recuperação ou reabilitação da pericianda para atividade que lhe garanta a subsistência, ao quesito nº 11 do Juízo;
- a impossibilidade de contratação de pessoas portadoras de feridas abertas, requerendo curativos diários;
- a necessidade de ser levado em consideração o nível sociocultural, sua função habitual, a idade avançada, aliados às limitações do corpo devido às doenças, impedindo sua recolocação no mercado de trabalho ou a sua reabilitação profissional, para aferição da incapacidade laborativa e
- a manutenção da qualidade de segurada, tendo deixado de contribuir para a Previdência Social por estar incapacitada ao labor.
Com contrarrazões, subiram os autos a esta E. Corte.
É o breve relatório.
Inclua-se o presente feito em pauta de julgamento (art. 931, do CPC/15).
Desembargador Federal Relator
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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0003301-32.2015.4.03.6103/SP
VOTO
O SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA (RELATOR): Inicialmente, observo que a perícia médica foi devidamente realizada por Perita nomeada pelo Juízo a quo, tendo sido apresentado o parecer técnico a fls. 75/79, motivo pelo qual não merece prosperar o pedido de realização de nova prova pericial. O laudo encontra-se devidamente fundamentado e com respostas claras e objetivas, sendo despicienda a necessidade de esclarecimentos ou a realização de novo exame por profissional especializado na moléstia alegada pela parte autora.
Ademais, não merece prosperar a alegação de cerceamento de defesa arguida por ausência de realização da prova testemunhal, tendo em vista que a comprovação da alegada deficiência da parte autora demanda prova pericial, a qual foi devidamente produzida.
Cumpre ressaltar ainda que, em face do princípio do poder de livre convencimento motivado do juiz quanto à apreciação das provas, pode o magistrado, ao analisar o conjunto probatório, concluir pela dispensa de outras provas. Nesse sentido já se pronunciou o C. STJ (AgRg no Ag. n.º 554.905/RS, 3ª Turma, Relator Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 25/5/04, v.u., DJ 2/8/04).
Passo, então, ao exame do mérito.
Nos exatos termos do art. 42 da Lei n.º 8.213/91, in verbis:
Com relação ao auxílio doença, dispõe o art. 59, caput, da referida Lei:
Dessa forma, depreende-se que os requisitos para a concessão da aposentadoria por invalidez compreendem: a) o cumprimento do período de carência, quando exigida, prevista no art. 25 da Lei n° 8.213/91; b) a qualidade de segurado, nos termos do art. 15 da Lei de Benefícios e c) incapacidade definitiva para o exercício da atividade laborativa. O auxílio doença difere apenas no que tange à incapacidade, a qual deve ser temporária.
In casu, a alegada invalidez da parte autora não ficou caracterizada na perícia médica realizada em 4/8/15, conforme parecer técnico elaborado pela Perita (fls. 75/79). Afirmou a esculápia encarregada do exame que a demandante, de 61 anos, declarando haver laborado como cozinheira até o ano de 2007 e, após, como babá sem registro, função que exerce até o momento (item II - Histórico - fls. 76), é portadora de hipertensão, diabetes e "pequena úlcera em membro inferior esquerdo de 2,0cm em processo de cicatrização" (item IV - Exame médico - fls. 76), porém, com base nos relatos, exame clínico e documentos apresentados, esclareceu tratar-se de "doenças controladas com uso de medicação", concluindo não apresentar incapacidade laborativa (item V - Impressão diagnóstica - fls. 77). Recomentou, ainda, que deve "Tomar medicação contínua, (fazer) uso de meias compressivas e fazer curativo na úlcera até cicatrização" (resposta ao quesito nº 5 da requerente - fls. 77).
Como bem asseverou o MM. Juiz a quo a fls. 109, "Vejo que a documentação médica acostada aos autos vai ao encontro das asserções do perito, que confirmou o diagnóstico, apenas não se lhe atribuindo qualificação de incapacitante. Deve prevalecer, portanto, a conclusão médica pericial deste Juízo, pois: a) o laudo pericial confirma a avaliação médica formulada pelo INSS em sede administrativa; e b) o médico perito é profissional qualificado e da confiança do Juízo e, como visto, seu laudo está suficientemente fundamentado, razão pela qual é desnecessária a realização de nova perícia, ou complementação da já realizada."
Versando sobre a matéria em análise, merecem destaque os acórdãos abaixo, in verbis:
Assim sendo, não comprovando a parte autora a alegada incapacidade, não há como possa ser deferida a aposentadoria por invalidez ou o auxílio doença.
No tocante à análise dos requisitos da carência e da qualidade de segurado, entendo ser tal discussão inteiramente anódina, tendo em vista a circunstância de que, conforme acima exposto, a parte autora não comprovou a incapacidade para o exercício de atividade laborativa, requisito este indispensável para a concessão dos benefícios.
Deixo consignado que entre o laudo do perito oficial e os atestados e exames médicos apresentados pela própria parte autora, há que prevalecer o primeiro, tendo em vista a equidistância, guardada pelo Perito nomeado pelo Juízo, em relação às partes.
Ante o exposto, rejeito a matéria preliminar e, no mérito, nego provimento à apelação da parte autora.
É o meu voto.
Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator
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Data e Hora: | 20/03/2017 19:06:23 |