A adesão à paralisação dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), realizada ontem, foi de 90% na Região Metropolitana, segundo a associação gaúcha da categoria. No Interior, no entanto, o apoio foi considerado baixo pela organização. Os profissionais cobram a criação da jornada de 20 horas, prometida em novembro pelo Ministério da Previdência Social, e a contratação de mais profissionais.

A estimativa é de que pelo menos 1.350 perícias tenham deixado se ser realizadas. Quem tinha o serviço agendado para ontem deve procurar as agências para remarcá-lo.

Os peritos se reuniram na sede do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), em Porto Alegre. O protesto seria repetido hoje, mas foi transferido para o próximo dia 26. Em assembleia, os manifestantes decidiram realizar a paralisação em conjunto com os servidores administrativos do INSS, que farão um movimento nacional nesse dia.

O presidente da Associação Gaúcha de Médicos Peritos e diretor do Simers, Francisco Luciani, afirma que, apesar da promessa do Ministério da Previdência, a União não detalhou em quais condições seria empregada a nova jornada. Os profissionais pedem o piso de R$ 10.472,00, estipulado pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam), para atuarem 20 horas por semana. Atualmente, recebem, em média, de R$ 6 mil a R$ 7 mil, entre salário e gratificações, para uma jornada de 40 horas. Para Luciani, a nova carga horária de trabalho possibilitaria, inclusive, que os peritos mantivessem um segundo emprego.

O Rio Grande do Sul conta com 367 médicos peritos. Conforme a associação gaúcha da categoria, é necessário, no mínimo, o dobro de especialistas para a realização das perícias em até 15 dias. Hoje, o prazo ultrapassa dois meses, gerando atrasos no pagamento de benefícios. “O INSS não foi nem capaz de definir o número ideal de peritos”, critica Luciani.

Desde 2010, foram cerca de 1,7 mil exonerações ou aposentadorias. Para o médico perito, a carreira é vista como pouco atrativa. “Há casos de profissionais que atuam por dois ou três meses e pedem exoneração por considerarem a carreira ruim”, revela o dirigente. “A carência se agrava a cada dia no número de médicos, tanto para realizar os laudos quanto as demais avaliações, como perícias de ambientes de trabalho e de aposentadorias especiais”, completa Clarissa Bassin, vice-presidente da associação e diretora do Simers.

Fonte: Jornal do Comércio

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