Na década de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, o Japão controlava a maior parte das regiões produtoras de borracha. Os Estados Unidos precisavam de alternativas para manter a produção de pneus, esteiras de tanques, entre outros itens essenciais para a guerra. Foi quando o governo brasileiro recrutou os chamados soldados da borracha para reforçar a produção na Amazônia e abastecer a indústria bélica dos países aliados.

O Plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira, em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição que dá indenização de R$ 25 mil e estabelece pensão vitalícia de R$ 1500 por mês, que será atualizada pelo mesmo índice usado pelo INSS para reajustar aposentadorias, aos soldados da borracha. Os beneficiários recebem hoje dois salários mínimos por mês, ou R$ 1.356.

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O texto aprovado foi o que teve acordo com o governo. Inicialmente, o relatório da deputada Perpétua Almeida, do PCdoB do Acre, previa um benefício de sete salários mínimos, hoje R$ 4.746, para os ex-seringueiros.

A cineasta Eva Neide, filha de soldado da borracha, veio à Câmara acompanhar a votação. Ela buscava uma compensação maior.

“Quando a guerra acabou, meu pai, como todos os outros, foram abandonados na Amazônia, nem sequer foram levados de volta ao Nordeste. O governo, em vez de dar a equiparação que daria para eles, sete salários mínimos, como ganham os pracinhas, eles querem aumentar uma pensão que eles já têm de dois salários mínimos, que não é nada comparado com os R$ 4,5 mil que ganham os pracinhas, o governo quer aumentar R$ 144.”

Relatora, a deputada Perpétua Almeida comemorou a aprovação, depois de mais de dez anos de apresentada a proposta. Também filha de ex-seringueiro, ela acredita que os soldados da borracha entendem que o texto final aprovado na Câmara foi o melhor possível.

“Eles sabem que podia ser mais, mas eles também sabem que foi o possível. Sabem também que por esta Casa passaram muitos presidentes, e nós nunca pautamos essa PEC. Eles também sabem que pela Presidência da República já passaram muitos presidentes desde a Segunda Guerra Mundial, e só agora a companheira Dilma topou votar a PEC dos Soldados da Borracha. Não é o que queríamos, mas é o que foi possível na mesa de negociação.”

A proposta que dá indenização aos soldados da borracha segue agora para análise do Senado Federal.

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