A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que pode ampliar o acesso dos segurados especiais aos benefícios previdenciários

A proposta autoriza que agricultores familiares, pescadores artesanais e outros segurados especiais possam receber pensão por morte acima de um salário mínimo sem perder essa condição, algo que hoje é proibido pela legislação.

O que muda com o projeto?

Atualmente, o segurado especial só pode receber pensão por morte, auxílio-acidente e auxílio-reclusão limitados ao salário mínimo. Caso ultrapasse esse valor, perde automaticamente sua condição de segurado especial, que garante acesso facilitado a diversos benefícios previdenciários.

O projeto aprovado altera:

  • Lei Orgânica da Seguridade Social, e
  • Lei de Benefícios da Previdência Social.

A mudança permitiria que o valor da pensão por morte fosse maior que o mínimo, sem causar perda da categoria.

Versão aprovada mantém objetivo do projeto original

O texto votado é o substitutivo do relator, deputado Bohn Gass (PT-RS), ao Projeto de Lei 265/24, de autoria do deputado Pezenti (MDB-SC). A nova redação conserva o objetivo central da proposta inicial e ajusta a legislação à realidade constitucional atual.

Segundo o relator, a alteração é necessária porque a Emenda Constitucional 103/2019 já permite o acúmulo entre aposentadoria e pensão por morte até o teto do INSS. “A legislação é hoje mais limitadora do que a Constituição”, afirmou Bohn Gass.

Qual é o impacto para o pequeno agricultor

O deputado Pezenti destacou que a mudança corrige uma injustiça histórica com os agricultores familiares e demais segurados especiais.

“A atual previsão legal restringe o acesso à cobertura previdenciária do pequeno agricultor familiar que passasse legitimamente a receber pensão por morte superior ao salário mínimo”, defendeu o parlamentar.

São considerados segurados especiais:

  • produtor rural em regime de economia familiar;
  • cônjuge ou companheiro que participe da atividade;
  • filhos maiores de 16 anos que trabalhem no campo;
  • pescador artesanal;
  • seringueiro, entre outros.

Como funciona a contribuição do segurado especial? 

A legislação atual define que o segurado especial contribui sobre a comercialização da produção própria ou do grupo familiar. Com essa contribuição, ele adquire direito a benefícios como aposentadoria por idade rural, benefícios por incapacidade, salário-maternidade e pensão por morte (limitada ao salário mínimo, regra que o projeto pretende mudar).

Próximos passos: tramitação do projeto 

O projeto tramita em caráter conclusivo na Câmara dos Deputados. Ainda precisará passar pelas Comissões de:

  • Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família;
  • Finanças e Tributação;
  • Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

Caso aprovado em todas, segue para análise do Senado.

Quem tem direito a pensão por morte?

Têm direito à pensão por morte os dependentes do segurado do INSS que falece, incluindo cônjuge, companheiro(a), filhos menores de 21 anos ou inválidos, pais (se comprovarem dependência econômica) e irmãos menores de 21 anos ou inválidos, desde que comprovem dependência e o segurado tenha qualidade de segurado na data do óbito.

 

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