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PREVIDENCIÁRIO. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543-C, § 7º, INC. II, DO CPC/73 (ART. 1. 040, INC. II, DO CPC/15). APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. NÃO...

Data da publicação: 11/07/2020, 19:20:08

PREVIDENCIÁRIO. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543-C, § 7º, INC. II, DO CPC/73 (ART. 1.040, INC. II, DO CPC/15). APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO LABOR RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO. I- O C. STJ, no julgamento proferido no Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.354.908 (art. 543-C do CPC/73), firmou posicionamento "no sentido de que o segurado especial tem que estar laborando no campo, quando completar a idade mínima para se aposentar por idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício. Se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, §1º, da Lei 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade rural, sem ter atendido a regra transitória da carência, não fará jus à aposentadoria por idade rural pelo descumprimento de um dos dois únicos critérios legalmente previstos para a aquisição do direito." II- Cumpre ressaltar que não se discute, neste julgamento, a validade ou não dos documentos apresentados como início de prova material, sob pena de extrapolar os limites da controvérsia a ser analisada em sede de juízo de retratação. III- In casu, a presente ação foi ajuizada em 12/3/09, sendo que a parte autora implementou o requisito etário em 25/2/09. Na exordial, consta que o demandante "começou a trabalhar com seus pais na lavoura de subsistência e depois passou a trabalhar como volante. O Reqte. sempre viveu de lavoura e continua até hoje trabalhando na lavoura em sítio próprio, sem empregados, em regime de economia familiar" (fls. 3). Entretanto, o próprio requerente, em seu depoimento pessoal, asseverou "que sempre laborou na roça como diarista, sem registro em carteira. que trabalha na lavoura de feijão para o empreiteiro Sinezio Soares. Que nesse mês laborou na lida rural, na lavoura de feijão para o turmeiro José da Silva" (fls. 68). Por sua vez, a primeira testemunha afirmou em audiência realizada em 12/8/09 "que conhece o autor há mais de 30 anos, sendo que ele sempre trabalhou na roça. O autor ainda hoje trabalha na roça. Há cerca de 20 anos atrás o depoente trabalhou com o autor no Bairro do Turvo, na fazenda de João Cuã" (fls. 69). Contudo, a segunda informou "que conhece o autor há 30 anos, sendo que ele sempre laborou na roça. O depoente já trabalhou com o autor na roça. Que dias atrás trabalhou com o autor na Fazenda de João Cuã, colhendo milho. Que o autor também trabalhou na cultura de feijão para Davilson. Que o nome do empreiteiro que o autor trabalha é José Silva" (fls. 70). IV- Dessa forma, as provas exibidas não constituem um conjunto harmônico de molde a formar a convicção no sentido de que a parte autora tenha exercido atividades no campo no período imediatamente anterior ao implemento do requisito etário, máxime no presente caso, no qual os depoimentos das testemunhas arroladas e do próprio autor mostram-se genéricos, inconsistentes e contraditórios, inclusive com a exordial, motivo pelo qual não há como possa ser concedido o benefício pleiteado. V- Agravo provido. (TRF 3ª Região, OITAVA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1508681 - 0016494-42.2010.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA, julgado em 17/10/2016, e-DJF3 Judicial 1 DATA:03/11/2016 )


Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

D.E.

Publicado em 04/11/2016
AGRAVO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 0016494-42.2010.4.03.9999/SP
2010.03.99.016494-1/SP
RELATOR:Desembargador Federal NEWTON DE LUCCA
AGRAVANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
AGRAVADO:DECISÃO DE FLS. 138/140vº
APELANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
ADVOGADO:SP233283 JOSE ALFREDO GEMENTE SANCHES
:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
APELADO(A):ALCEU DE OLIVEIRA
ADVOGADO:SP160800 ALTEVIR NERO DEPETRIS BASSOLI
No. ORIG.:09.00.00046-2 4 Vr ITAPETININGA/SP

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 543-C, § 7º, INC. II, DO CPC/73 (ART. 1.040, INC. II, DO CPC/15). APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO LABOR RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO.
I- O C. STJ, no julgamento proferido no Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.354.908 (art. 543-C do CPC/73), firmou posicionamento "no sentido de que o segurado especial tem que estar laborando no campo, quando completar a idade mínima para se aposentar por idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício. Se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, §1º, da Lei 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade rural, sem ter atendido a regra transitória da carência, não fará jus à aposentadoria por idade rural pelo descumprimento de um dos dois únicos critérios legalmente previstos para a aquisição do direito."
II- Cumpre ressaltar que não se discute, neste julgamento, a validade ou não dos documentos apresentados como início de prova material, sob pena de extrapolar os limites da controvérsia a ser analisada em sede de juízo de retratação.
III- In casu, a presente ação foi ajuizada em 12/3/09, sendo que a parte autora implementou o requisito etário em 25/2/09. Na exordial, consta que o demandante "começou a trabalhar com seus pais na lavoura de subsistência e depois passou a trabalhar como volante. O Reqte. sempre viveu de lavoura e continua até hoje trabalhando na lavoura em sítio próprio, sem empregados, em regime de economia familiar" (fls. 3). Entretanto, o próprio requerente, em seu depoimento pessoal, asseverou "que sempre laborou na roça como diarista, sem registro em carteira. que trabalha na lavoura de feijão para o empreiteiro Sinezio Soares. Que nesse mês laborou na lida rural, na lavoura de feijão para o turmeiro José da Silva" (fls. 68). Por sua vez, a primeira testemunha afirmou em audiência realizada em 12/8/09 "que conhece o autor há mais de 30 anos, sendo que ele sempre trabalhou na roça. O autor ainda hoje trabalha na roça. Há cerca de 20 anos atrás o depoente trabalhou com o autor no Bairro do Turvo, na fazenda de João Cuã" (fls. 69). Contudo, a segunda informou "que conhece o autor há 30 anos, sendo que ele sempre laborou na roça. O depoente já trabalhou com o autor na roça. Que dias atrás trabalhou com o autor na Fazenda de João Cuã, colhendo milho. Que o autor também trabalhou na cultura de feijão para Davilson. Que o nome do empreiteiro que o autor trabalha é José Silva" (fls. 70).
IV- Dessa forma, as provas exibidas não constituem um conjunto harmônico de molde a formar a convicção no sentido de que a parte autora tenha exercido atividades no campo no período imediatamente anterior ao implemento do requisito etário, máxime no presente caso, no qual os depoimentos das testemunhas arroladas e do próprio autor mostram-se genéricos, inconsistentes e contraditórios, inclusive com a exordial, motivo pelo qual não há como possa ser concedido o benefício pleiteado.
V- Agravo provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, em sede de juízo de retratação, dar provimento ao agravo, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.



São Paulo, 17 de outubro de 2016.
Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator


Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
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Data e Hora: 17/10/2016 17:41:11



AGRAVO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 0016494-42.2010.4.03.9999/SP
2010.03.99.016494-1/SP
RELATOR:Desembargador Federal NEWTON DE LUCCA
AGRAVANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
AGRAVADO:DECISÃO DE FLS. 138/140vº
APELANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
ADVOGADO:SP233283 JOSE ALFREDO GEMENTE SANCHES
:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
APELADO(A):ALCEU DE OLIVEIRA
ADVOGADO:SP160800 ALTEVIR NERO DEPETRIS BASSOLI
No. ORIG.:09.00.00046-2 4 Vr ITAPETININGA/SP

RELATÓRIO

O SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA (RELATOR): Os autos retornaram da E. Vice-Presidência desta Corte, com fundamento no art. 543-C, § 7º, inc. II, do CPC/73, a fim de que fosse reexaminada a questão referente à comprovação do labor rural no período imediatamente anterior ao implemento do requisito etário, tendo em vista o julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.354.908-SP.

Trata-se de ação ajuizada em 12/3/09 em face do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social visando à concessão de aposentadoria rural por idade.

Foram deferidos os benefícios da assistência judiciária gratuita.

O Juízo a quo julgou procedente o pedido, concedendo o benefício pleiteado a partir da citação, acrescido de correção monetária e juros de mora. Os honorários advocatícios foram arbitrados em 10% sobre o valor da condenação, excluídas as parcelas vincendas.

Inconformado, apelou o INSS, requerendo, preliminarmente, o recebimento do recurso no duplo efeito e, no mérito, a reforma integral da R. sentença, julgando-se improcedente o pedido. Caso não seja esse o entendimento, pleiteia a fixação do termo inicial do benefício na data da citação, bem como a redução da verba honorária pra 5% sobre o valor das prestações vencidas até a data da sentença.

Por sua vez, a parte autora recorreu adesivamente, requerendo a majoração dos honorários advocatícios para 20% sobre o valor da liquidação, para 2 salários mínimos ou para que não seja inferior ao mínimo legal.

Com contrarrazões, nas quais a parte autora pleiteia a manutenção da R. sentença, exceto no tocante aos honorários advocatícios, bem como a condenação da autarquia em litigância de má-fé, subiram os autos a esta E. Corte.

Em decisão proferida nos termos do art. 557 do CPC/73, a Exma. Desembargadora Federal Vera Jucovsky, então Relatora do feito, rejeitou a matéria preliminar, não conheceu de parte da apelação do INSS e, na parte conhecida, negou-lhe seguimento e negou seguimento ao recurso adesivo da parte autora, fixando a correção monetária e os juros de mora na forma explicitada na fundamentação.

O INSS interpôs agravo, requerendo a improcedência do pedido, tendo em vista a não comprovação da atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício.

A Oitava Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo.

A autarquia interpôs Recurso Especial contra o V. acórdão (fls. 151/158).

A E. Vice-Presidência desta Corte, com fundamento no art. 543-C, §7º, inc. II, do CPC/73, determinou a devolução dos autos a esta Oitava Turma para realização do juízo de retratação ou manutenção do acórdão recorrido, tendo em vista o julgamento proferido no Recurso Especial Repetitivo Representativo de Controvérsia nº 1.354.908/SP.

É o breve relatório.

Inclua-se o presente feito em pauta de julgamento (art. 931, do CPC).


Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator


Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
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Data e Hora: 17/10/2016 17:41:08



AGRAVO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 0016494-42.2010.4.03.9999/SP
2010.03.99.016494-1/SP
RELATOR:Desembargador Federal NEWTON DE LUCCA
AGRAVANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
AGRAVADO:DECISÃO DE FLS. 138/140vº
APELANTE:Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
ADVOGADO:SP233283 JOSE ALFREDO GEMENTE SANCHES
:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
APELADO(A):ALCEU DE OLIVEIRA
ADVOGADO:SP160800 ALTEVIR NERO DEPETRIS BASSOLI
No. ORIG.:09.00.00046-2 4 Vr ITAPETININGA/SP

VOTO

O SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE LUCCA (RELATOR): O C. Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.354.908-SP, firmou posicionamento "no sentido de que o segurado especial tem que estar laborando no campo, quando completar a idade mínima para se aposentar por idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício. Se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, §1º, da Lei 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade rural, sem ter atendido a regra transitória da carência, não fará jus à aposentadoria por idade rural pelo descumprimento de um dos dois únicos critérios legalmente previstos para a aquisição do direito."

Dispunha o art. 143 da Lei nº 8.213/91, in verbis:


"O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea 'a' do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, ou os seus dependentes, podem requerer, conforme o caso:
(...)
II - aposentadoria por idade, no valor de 1 (um) salário mínimo, durante 15 (quinze) anos, contados a partir da data da vigência desta Lei, desde que seja comprovado o exercício de atividade rural nos últimos 5 (cinco) anos anteriores à data do requerimento, mesmo de forma descontínua, não se aplicando, nesse período, para o segurado especial, o disposto no inciso I do art. 39."

O referido artigo foi alterado pela Lei n.º 9.063/95, in verbis:


"O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea 'a' do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de 1 (um) salário mínimo, durante 15 (quinze) anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício."

O prazo para o trabalhador rural requerer a aposentadoria prevista no artigo acima mencionado foi prorrogado até 31/12/10, nos termos do art. 2º da Lei nº 11.718, de 20/6/08.

Por sua vez, dispõe o art. 48 da Lei de Benefícios, com a redação dada pela Lei nº 11.718/08:

"A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.
§ 1º Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinquenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea "a" do inciso I, na alínea "g" do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11.
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 1º deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9º do art. 11 desta Lei.
(...)"

Da simples leitura dos dispositivos legais, depreende-se que os requisitos para a concessão da aposentadoria por idade ao trabalhador rural compreendem a idade (55 anos, se mulher, e 60 anos, se homem) e a comprovação de efetivo exercício de atividade no campo em número de meses idêntico à carência do referido benefício.

Quanto às contribuições previdenciárias, ao rurícola basta, apenas, provar o efetivo exercício de atividade no campo no período equivalente à carência, ainda que de forma descontínua.

O art. 142 da Lei nº 8.213/91 estabelece regra de transição relativa à carência a ser observada pelos segurados inscritos na Previdência Social até 24/7/91. Para aqueles que ingressaram no sistema após a referida data, aplica-se a regra permanente prevista no art. 25, inc. II, da Lei de Benefícios (180 contribuições mensais).

Quadra mencionar que o § 1º do art. 3º da Lei nº 10.666/03 dirige-se ao trabalhador urbano (e não ao trabalhador rural), conforme posicionamento firmado pela Terceira Seção do C. Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Incidente de Uniformização (Petição nº 7.476/PR), em sessão de 13/12/10. O E. Ministro Relator para acórdão Jorge Mussi deixou bem explicitada a regra que se deve adotar ao afirmar: "se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, § 1º, da Lei n. 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade como rurícola sem ter atendido a citada regra de carência, não fará jus à aposentação rural pelo descumprimento de um dos dois únicos critérios legalmente previstos para a aquisição do direito. (...) O que não se mostra possível é conjugar de modo favorável ao trabalhador rural a norma do § 1º do art. 3º da Lei n. 10.666/2003, que permitiu a dissociação da comprovação dos requisitos para os benefícios que especificou: aposentadoria por contribuição, especial e por idade urbana, os quais pressupõem contribuição" (grifos meus).


Passo à análise do caso concreto.


Inicialmente, observo que o V. acórdão recorrido considerou como início de prova material do labor rural a CTPS do autor, onde consta um registro como trabalhador rural no período de 1º/5/71 a 13/11/72.


Cumpre ressaltar que não se discute, neste julgamento, a validade ou não dos documentos apresentados como início de prova material, sob pena de extrapolar os limites da controvérsia a ser analisada em sede de juízo de retratação.

A presente ação foi ajuizada em 12/3/09, sendo que a parte autora implementou o requisito etário em 25/2/09 (fls. 9).

Na exordial, consta que o demandante "começou a trabalhar com seus pais na lavoura de subsistência e depois passou a trabalhar como volante. O Reqte. sempre viveu de lavoura e continua até hoje trabalhando na lavoura em sítio próprio, sem empregados, em regime de economia familiar" (fls. 3, grifos meus).

Observo, entretanto, que o próprio requerente, em seu depoimento pessoal, asseverou "que sempre laborou na roça como diarista, sem registro em carteira. que trabalha na lavoura de feijão para o empreiteiro Sinezio Soares. Que nesse mês laborou na lida rural, na lavoura de feijão para o turmeiro José da Silva" (fls. 68, grifos meus).

Por sua vez, a primeira testemunha afirmou em audiência realizada em 12/8/09 "que conhece o autor há mais de 30 anos, sendo que ele sempre trabalhou na roça. O autor ainda hoje trabalha na roça. Há cerca de 20 anos atrás o depoente trabalhou com o autor no Bairro do Turvo, na fazenda de João Cuã" (fls. 69, grifos meus). Contudo, a segunda informou "que conhece o autor há 30 anos, sendo que ele sempre laborou na roça. O depoente já trabalhou com o autor na roça. Que dias atrás trabalhou com o autor na Fazenda de João Cuã, colhendo milho. Que o autor também trabalhou na cultura de feijão para Davilson. Que o nome do empreiteiro que o autor trabalha é José Silva" (fls. 70, grifos meus).

Dessa forma, as provas exibidas não constituem um conjunto harmônico de molde a formar a convicção no sentido de que a parte autora tenha exercido atividades no campo no período imediatamente anterior ao implemento do requisito etário, máxime no presente caso, no qual os depoimentos das testemunhas arroladas e do próprio autor mostram-se genéricos, inconsistentes e contraditórios, inclusive com a exordial, motivo pelo qual não há como possa ser concedido o benefício pleiteado.

Tendo em vista a improcedência do pedido, fica prejudicado o recurso adesivo da parte autora.

O beneficiário da assistência judiciária gratuita não deve ser condenado ao pagamento de custas e honorários advocatícios, conforme a jurisprudência pacífica da Terceira Seção desta E. Corte.

Ante o exposto, em sede de juízo de retratação, dou provimento ao agravo do INSS para rejeitar a matéria preliminar e, no mérito, não conhecer de parte da apelação e, na parte conhecida, dar-lhe provimento, a fim de julgar improcedente o pedido, ficando prejudicado o recurso adesivo da parte autora. Retornem os autos à E. Vice-Presidência desta Corte.

É o meu voto.


Newton De Lucca
Desembargador Federal Relator


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Data e Hora: 17/10/2016 17:41:14



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