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PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACIDENTE DE TRABALHO. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL. TRF3. 0060925-35.2008.4.03.9...

Data da publicação: 16/07/2020, 09:36:45

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACIDENTE DE TRABALHO. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1 - No caso, verifica-se que a controvérsia cinge-se à comprovação dos requisitos para a concessão ou restabelecimento de benefício por incapacidade de natureza acidentária. 2 - De fato, segundo a causa de pedir delineada na petição inicial às fls. 3, a parte autora "quando exercia sua função de servente na construção civil, sofreu acidente de trabalho, ocasião que fora concedido pelo INSS, o benefício previdenciário de auxílio acidente, ou seja, 30% (trinta), sobre o salário que percebia na ocasião, que era de 19,44 URV. Acontece que o INSS, nessa época já deveria conceder o benefício de aposentadoria por invalidez, porque o acidente ocasionou sérias lesões nos olhos do requerente, como a perda da visão do olho direito e grande diminuição da visão do olho esquerdo, tornando totalmente incapacitado para o trabalho. (...)". 3 - Em consulta aos dados no Cadastro Nacional de Informações Sociais em anexo, verifica-se que, na verdade, o autor recebeu o benefício de auxílio-doença acidentário (NB 082201291-0), no período de 15/5/1992 a 31/5/1994, e, a partir de 01/6/1993, a Autarquia Previdenciária lhe concedeu o benefício de auxílio-acidente (NB 082210599-3). 4 - Por fim, no laudo médico de fls. 57/59, elaborado em 11/8/2008, o perito judicial constatou ser a incapacidade laboral resultante de "cegueira total do olho direito (usa prótese) porque no acidente de trabalho quando estava trabalhando com uma picareta e voou estilhaços de concreto no olho direito, ocorreu perfuração e extravasamento do humor vítreo". 5 - Estando a causa de pedir relacionada a acidente do trabalho, trata-se de hipótese em que a Justiça Federal é absolutamente incompetente para processar e julgar a matéria, conforme disposto no artigo 109, inciso I, da Constituição Federal. 6 - Remessa dos autos ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. (TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1379758 - 0060925-35.2008.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS DELGADO, julgado em 05/07/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA:17/07/2017 )


Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

D.E.

Publicado em 18/07/2017
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0060925-35.2008.4.03.9999/SP
2008.03.99.060925-7/SP
RELATOR:Desembargador Federal CARLOS DELGADO
APELANTE:BENEDITO XAVIER DO MONTE
ADVOGADO:SP160362 ANTONIO APARECIDO DE MATOS
APELADO(A):Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
ADVOGADO:SP104172 MARGARETE DE CASSIA LOPES GOMES DE CARVALHO
:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
No. ORIG.:07.00.00069-7 1 Vr TUPI PAULISTA/SP

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACIDENTE DE TRABALHO. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL.
1 - No caso, verifica-se que a controvérsia cinge-se à comprovação dos requisitos para a concessão ou restabelecimento de benefício por incapacidade de natureza acidentária.
2 - De fato, segundo a causa de pedir delineada na petição inicial às fls. 3, a parte autora "quando exercia sua função de servente na construção civil, sofreu acidente de trabalho, ocasião que fora concedido pelo INSS, o benefício previdenciário de auxílio acidente, ou seja, 30% (trinta), sobre o salário que percebia na ocasião, que era de 19,44 URV. Acontece que o INSS, nessa época já deveria conceder o benefício de aposentadoria por invalidez, porque o acidente ocasionou sérias lesões nos olhos do requerente, como a perda da visão do olho direito e grande diminuição da visão do olho esquerdo, tornando totalmente incapacitado para o trabalho. (...)".
3 - Em consulta aos dados no Cadastro Nacional de Informações Sociais em anexo, verifica-se que, na verdade, o autor recebeu o benefício de auxílio-doença acidentário (NB 082201291-0), no período de 15/5/1992 a 31/5/1994, e, a partir de 01/6/1993, a Autarquia Previdenciária lhe concedeu o benefício de auxílio-acidente (NB 082210599-3).
4 - Por fim, no laudo médico de fls. 57/59, elaborado em 11/8/2008, o perito judicial constatou ser a incapacidade laboral resultante de "cegueira total do olho direito (usa prótese) porque no acidente de trabalho quando estava trabalhando com uma picareta e voou estilhaços de concreto no olho direito, ocorreu perfuração e extravasamento do humor vítreo".
5 - Estando a causa de pedir relacionada a acidente do trabalho, trata-se de hipótese em que a Justiça Federal é absolutamente incompetente para processar e julgar a matéria, conforme disposto no artigo 109, inciso I, da Constituição Federal.
6 - Remessa dos autos ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, declarar a incompetência desta Corte para apreciar a apelação do autor, e determinar a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.


São Paulo, 05 de julho de 2017.
CARLOS DELGADO
Desembargador Federal


Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
Signatário (a): CARLOS EDUARDO DELGADO:10083
Nº de Série do Certificado: 11A217031744F093
Data e Hora: 05/07/2017 19:19:15



APELAÇÃO CÍVEL Nº 0060925-35.2008.4.03.9999/SP
2008.03.99.060925-7/SP
RELATOR:Desembargador Federal CARLOS DELGADO
APELANTE:BENEDITO XAVIER DO MONTE
ADVOGADO:SP160362 ANTONIO APARECIDO DE MATOS
APELADO(A):Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
ADVOGADO:SP104172 MARGARETE DE CASSIA LOPES GOMES DE CARVALHO
:SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
No. ORIG.:07.00.00069-7 1 Vr TUPI PAULISTA/SP

RELATÓRIO

O EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FERDERAL CARLOS DELGADO (RELATOR):


Trata-se de apelação interposta por BENEDITO XAVIER DO MONTE, em ação ajuizada em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando a concessão de aposentadoria por invalidez.


A r. sentença, de fls. 71/74, julgou improcedente o pedido, sob o fundamento de que o autor não comprovara a manutenção de sua qualidade de segurado, condenando-o no pagamento de honorários advocatícios, fixados em R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais), nos termos do artigo 20, §4º, do Código de Processo Civil de 1973, bem como eventuais custas processuais, condicionando a execução dessas verbas à perda da condição de necessitado do demandante, nos termos do artigo 12 da Lei n. 1.060/50..


Em razões recursais de fls. 76/79, o autor pugna pela reforma da sentença, ao fundamento de que foram comprovados os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez.


O INSS apresentou contrarrazões às fls. 82/84.


Devidamente processado o recurso, foram os autos remetidos a este Tribunal Regional Federal.


É o relatório.


VOTO

O EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FERDERAL CARLOS DELGADO (RELATOR):


O artigo 19 da Lei nº 8.213/90 define acidente de trabalho como aquele "que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho".


Para efeito de concessão de benefícios acidentários, a referida norma equipara à acidente de trabalho determinadas circunstâncias descritas nos artigos 20 e 21, ex vi:


Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

Assim, para a caracterização do acidente do trabalho, faz-se necessária a existência de nexo entre o exercício da atividade laboral e o evento causador de lesão física ou psicológica ao trabalhador.


No caso, verifica-se que a controvérsia cinge-se à comprovação dos requisitos para a concessão de benefício por incapacidade de natureza acidentária.


De fato, segundo a causa de pedir delineada na petição inicial às fls. 3, a parte autora "quando exercia sua função de servente na construção civil, sofreu acidente de trabalho, ocasião que fora concedido pelo INSS, o benefício previdenciário de auxílio acidente, ou seja, 30% (trinta), sobre o salário que percebia na ocasião, que era de 19,44 URV. Acontece que o INSS, nessa época já deveria conceder o benefício de aposentadoria por invalidez, porque o acidente ocasionou sérias lesões nos olhos do requerente, como a perda da visão do olho direito e grande diminuição da visão do olho esquerdo, tornando totalmente incapacitado para o trabalho. (...)".


Em consulta aos dados no Cadastro Nacional de Informações Sociais em anexo, verifica-se que, na verdade, o autor recebeu o benefício de auxílio-doença acidentário (NB 082201291-0), no período de 15/5/1992 a 31/5/1994, e, a partir de 01/6/1993, a Autarquia Previdenciária lhe concedeu o benefício de auxílio-acidente (NB 082210599-3).


Por fim, no laudo médico de fls. 57/59, elaborado em 11/8/2008, o perito judicial constatou ser a incapacidade laboral resultante de "cegueira total do olho direito (usa prótese) porque no acidente de trabalho quando estava trabalhando com uma picareta e voou estilhaços de concreto no olho direito, ocorreu perfuração e extravasamento do humor vítreo".


Dessa forma, estando a causa de pedir relacionada a acidente do trabalho, trata-se de hipótese em que a Justiça Federal é absolutamente incompetente para processar e julgar a matéria, conforme disposto no artigo 109, inciso I, da Constituição Federal, in verbis:


"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidente do trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho."

Sobre o tema, o Colendo Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula nº 15, segundo a qual "compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho."


Nesse mesmo sentido, trago os seguintes julgados:


PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. CONCESSÃO. RESTABELECIMENTO. REVISÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
Nas ações em que se discute a concessão, restabelecimento ou revisão de benefício decorrente de acidente de trabalho, compete à Justiça Estadual o julgamento da demanda, ante a competência prevista no art. 109, I, da Constituição. Precedente da Terceira Seção do STJ e do STF.
Conflito conhecido para declarar a competência Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Jaú/SP.
(CC 69.900/SP, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/09/2007, DJ 01/10/2007, p. 209)
APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTÁRIA. NEXO DE CAUSALIDADE COMPROVADO. COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. Ação que objetiva benefício com base em sequela de acidente de trabalho.
2. Comprovado nexo de causalidade entre a incapacidade e o trabalho.
3. Competência absoluta da Justiça Estadual.
4. Incompetência absoluta declarada de ofício. Não conhecimento da apelação. Remessa dos autos ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
(AC 00254625120164039999, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO DOMINGUES, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:21/09/2016 ..FONTE_REPUBLICACAO:.)

Diante do exposto, reconheço, de ofício, a incompetência deste E. Tribunal Regional Federal para apreciar a apelação interposta pelo autor, devendo o presente feito ser remetido ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.


É como voto.


CARLOS DELGADO
Desembargador Federal


Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
Signatário (a): CARLOS EDUARDO DELGADO:10083
Nº de Série do Certificado: 11A217031744F093
Data e Hora: 05/07/2017 19:19:12



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