Apelação Cível Nº 5004473-44.2019.4.04.7108/RS
RELATORA: Desembargadora Federal TAIS SCHILLING FERRAZ
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
APELADO: ZILMAR GOLFETTO (AUTOR)
ADVOGADO: ANDREIA SARETTO (OAB RS084464)
ADVOGADO: Alcindo Rodrigues (OAB RS086495)
RELATÓRIO
Trata-se de de apelação contra sentença publicada na vigência do Código de Processo Civil de 2015, em que foram julgados parcialmente procedentes os pedidos, com dispositivo de seguinte teor:
Ante o exposto, julgo procedentes os pedidos nos termos do art. 487, inciso I, do CPC/2015, resolvendo o mérito do processo, para o fim de condenar o réu a:
a) acima descritos, bem como conversão em tempo comum pela aplicação do fator, 1,4, nos termos da fundamentação;
b) conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (NB 42/180.437.817-5) a contar da DER, mediante a aplicação da legislação mais vantajosa, nos termos da fundamentação;
c) pagar as parcelas vencidas e vincendas corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de mora, de acordo com os critérios da fundamentação, observada eventual incidência de prescrição e descontando-se eventuais valores recebidos, no período, a título de benefício previdenciário.
Condeno o INSS ao pagamento dos honorários advocatícios, em percentual a ser fixado por ocasião da liquidação de sentença (art. 85, §4º, II, do CPC/2015), sobre o valor condenação, excluídas as parcelas que se vencerem após a prolação da sentença (Súmula nº 111 do STJ)
Sem custas, a teor do art. 4º, inciso II, da Lei nº 9.289/96.
Apelou o INSS sustentando não ter sido comprovado o exercício de labor especial nos períodos reconhecidos em sentença, não sendo possível o enquadramento por categoria profissional (trabalhador na indústria calçadista). Sustentou, ainda, não comprovada a exposição a ruído em nível acima do limite de tolerância, aduzindo inviável a perícia por similaridade e asseverou que a metodologia utilizada para aferição do ruído não respeitou a legislação vigente à época (após 18/11/2003). Afirmou inviável a alusão genérica ao agente nocivo. Requer o afastamento da capitalização dos juros de mora, bem como a condenação da parte autora ao pagamento de honorários advocatícios.
Com contrarrazões, subiram os autos ao Tribunal para julgamento.
É o relatório.
VOTO
Juízo de admissibilidade
O apelo preenche os requisitos legais de admissibilidade.
MÉRITO
Não estando o feito submetido ao reexame necessário, a controvérsia no plano recursal restringe-se:
- ao reconhecimento da especialidade das atividades desenvolvidas nos períodos de 27/06/1979 a 26/03/1980, 02/10/1981 a 26/01/1984 e 06/09/1984 a 18/09/1985; 20/07/1981 a 04/08/1981; 02/09/1981 a 23/09/1981; 06/02/1984 a 30/08/1984; 18/09/1985 a 25/07/1986; 01/09/1986 a 03/11/1986; 05/11/1987 a 12/01/1990; 02/07/1990 a 04/10/1991; 02/09/2002 a 20/02/2003; 21/02/2003 a 07/09/2006 e 01/02/2007 a 07/11/2008; 11/09/2006 a 09/11/2006; 04/05/2009 a 02/06/2009; 01/07/2009 a 04/08/2016 e de 26/08/2016 a 12/12/2016 .
- à consequente concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, a contar da DER (12/12/2016).
Tempo de serviço especial
O tempo de serviço especial é disciplinado pela lei vigente à época em que exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Desse modo, uma vez prestado o serviço, o segurado adquire o direito à sua contagem pela legislação então vigente, não podendo ser prejudicado pela lei nova, cuja previsão legislativa expressa se deu com a edição do Decreto n.º 4.827/03, que inseriu o § 1º no art. 70 do Decreto n.º 3.048/99. Nesse sentido é a orientação adotada pela Terceira Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (AR 3320/PR, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe 24/9/2008; EREsp 345554/PB, Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, DJ 8/3/2004; AGREsp 493.458/RS, Quinta Turma, Relator Ministro Gilson Dipp, DJU 23/6/2003; e REsp 491.338/RS, Sexta Turma, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, DJU 23/6/2003).
Isso assentado, e tendo em vista a diversidade de diplomas legais que se sucederam na disciplina da matéria, necessário definir qual a legislação aplicável ao caso concreto, ou seja, qual a legislação vigente quando da prestação da atividade pela parte autora.
Tem-se, então, a seguinte evolução legislativa quanto ao tema:
a) no período de trabalho até 28-04-1995, quando vigente a Lei n.º 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social) e suas alterações e, posteriormente, a Lei n.º 8.213/91 (Lei de Benefícios), em sua redação original (arts. 57 e 58), possível o reconhecimento da especialidade do trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade profissional enquadrável como especial nos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial ou quando demonstrada a sujeição do segurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova, exceto quanto à exposição a ruído e calor, em que necessária sempre a aferição de seus níveis (decibéis/ºC IBUTG), por meio de parecer técnico trazido aos autos ou, simplesmente, referido no formulário padrão emitido pela empresa;
b) a partir de 29-04-1995, inclusive, foi definitivamente extinto o enquadramento por categoria profissional - à exceção das atividades a que se refere a Lei 5.527/1968, cujo enquadramento por categoria deve ser feito até 13-10-1996, data imediatamente anterior à publicação da Medida Provisória 1.523, de 14-10-1996, que a revogou expressamente, de modo que, no interregno compreendido entre essas datas e 05-03-1997, em que vigentes as alterações introduzidas pela Lei n.º 9.032/95 no art. 57 da Lei de Benefícios, necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer meio de prova, considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de formulário padrão preenchido pela empresa, sem a exigência de embasamento em laudo técnico, ressalvados os agentes nocivos ruído e calor, em relação aos quais é imprescindível a realização de perícia técnica, conforme visto acima;
c) após 06-03-1997, quando vigente o Decreto n.º 2.172/97, que regulamentou as disposições introduzidas no art. 58 da Lei de Benefícios pela Lei n.º 9.528/97, passou-se a exigir, para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a comprovação da efetiva sujeição do segurado a agentes agressivos por meio da apresentação de formulário padrão, embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica.
Essa interpretação das sucessivas normas que regulam o tempo de serviço especial está conforme à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (EDcl no REsp 415.298/SC, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 06/04/2009; AgRg no Ag 1053682/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJe 08/09/2009; REsp 956.110/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ 22/10/2007; AgRg no REsp 746.102/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJe 07/12/2009).
Observo, ainda, quanto ao enquadramento das categorias profissionais, que devem ser considerados os Decretos 53.831/1964 (Quadro Anexo - 2ª parte), 72.771/1973 (Quadro II do Anexo) e 83.080/1979 (Anexo II) até 28/4/1995, data da extinção do reconhecimento da atividade especial por presunção legal, ressalvadas as exceções acima mencionadas. Já para o enquadramento dos agentes nocivos, devem ser considerados os Decretos 53.831/1964 (Quadro Anexo - 1ª parte), 72.771/1973 (Quadro I do Anexo) e 83.080/1979 (Anexo I) até 5/3/1997, e os Decretos 2.172/1997 (Anexo IV) e 3.048/1999 a partir de 6/3/1997, ressalvado o agente nocivo ruído, ao qual se aplica também o Decreto 4.882/2003. Além dessas hipóteses de enquadramento, sempre possível também a verificação da especialidade da atividade no caso concreto, por meio de perícia técnica, nos termos da Súmula 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos (STJ, AGRESP 228832/SC, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJU de 30/6/2003).
Exame do tempo especial no caso concreto
A r. sentença proferida pela MM. Juíza Federal Substituta Catarina Volkart Pinto bem analisou as questões controvertidas, devendo ser mantida por seus próprios fundamentos, os quais adoto como razões de decidir, in verbis:
"(...)
Entendo que deve ser reconhecida a especialidade dos seguintes períodos:
Empresa | Reichert S/A Calçados. (inativa) |
Período | 27/06/1979 a 26/03/1980, 02/10/1981 a 26/01/1984 e 06/09/1984 a 18/09/1985 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 10/11), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 1), PPP com indicação de responsável técnico (PROCADM1 – evento 11 – fl.39/40) e LRA 1993/1994 (LAUDO12 – evento 1). |
Cargo/Setor | Trilho – pré-fabricado e modelagem / montagem e pré-fabricado. |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Enquadramento por categoria profissional (trabalhador na indústria calçadista), conforme fundamentação acima. |
Empresa | Calçados Supimpa Ltda. (inativa) |
Período | 20/07/1981 a 04/08/1981 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 10), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 2), PPP preenchido pelo síndico da massa falida (PROCADM1 – evento 11 – fl. 11/12) e LRA 1993/1994 similar - Reichert e LRA 1993 similar – Juçara (LAUDO11 e LAUDO12 – evento 1) e LRA 1985 similar - Cairú (LAUDO2 – evento 55). |
Cargo/Setor | Serviços gerais / montagem. |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Enquadramento por categoria profissional (trabalhador na indústria calçadista), conforme fundamentação acima. |
Empresa | Schmidt Irmãos Calçados Ltda. (ativa) |
Período | 02/09/1981 a 23/09/1981 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 10), PPP (PROCADM1 – evento 11 – fl. 33) e LTCAT 1994/1995 (LAUDO3 – evento 55). |
Cargo/Setor | Auxiliar de corte / corte |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Enquadramento por categoria profissional (trabalhador na indústria calçadista), conforme fundamentação acima. |
Empresa | Calçados Juçara Ltda. (inativa) |
Período | 06/02/1984 a 30/08/1984 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 11), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 4), PPP com indicação de responsável técnico (PROCADM1 – evento 11 – fl. 41 e 46) e LRA 1993 (LAUDO11 e LAUDO12 – evento 1). |
Cargo/Setor | Serviços gerais / modelagem - amostra |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Enquadramento por categoria profissional (trabalhador na indústria calçadista), conforme fundamentação acima. |
Empresa | Procorte Indústria e Comércio de Navalhas para Calçados Ltda. (inativa) |
Período | 18/09/1985 a 25/07/1986 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 11), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 5/6), PPP preenchido com informações do próprio autor (PROCADM1 – evento 11 – fl. 52/53) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha (LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | Serviços gerais e ajustador (conforme CTPS) |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Laudo técnico similar informa a hidrocarbonetos e poeiras para a atividade (hidrocarbonetos aromáticos), o que autoriza o enquadramento pelo cód. 1.2.10, do Anexo I, do Dec. 83.080/79. De ressaltar que a avaliação da nocividade dos hidrocarbonetos aromáticos é qualitativa, já que constam do Anexo 13 da NR-15 do MTE. |
Empresa | Metalúrgica Nef Ltda. (inativa) |
Período | 01/09/1986 a 03/11/1986 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 11), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 7), PPP preenchido com informações do próprio autor (PROCADM1 – evento 11 – fl. 52/53) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha (LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | Colocador, vazador e ajustador (conforme CTPS) |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Laudo técnico similar informa a hidrocarbonetos e poeiras para a atividade (hidrocarbonetos aromáticos), o que autoriza o enquadramento pelo cód. 1.2.10, do Anexo I, do Dec. 83.080/79. De ressaltar que a avaliação da nocividade dos hidrocarbonetos aromáticos é qualitativa, já que constam do Anexo 13 da NR-15 do MTE. |
Empresa | Navalhas do Vale Ltda. (inativa) |
Período | 05/11/1987 a 12/01/1990 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 11), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 8), DSS 8030 preenchido por sindicato (PROCADM1 – evento 11 – fl. 38) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha (LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | soldador (conforme CTPS) |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Enquadramento por atividade – soldador – nos termos do cód. 2.5.3, do Anexo II, do Dec. 83.080/79. Laudo técnico similar informa ruído de 91,2 a 94 dB para a atividade, o que está acima do limite de 80 dB vigente no período (Dec. 53.831/64). |
Empresa | Serralheria Trentin Ltda./Loane Maus e Cia Ltda. (inativa) |
Período | 02/07/1990 a 04/10/1991 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 12), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 9), PPP (PROCADM1 – evento 11 – fl. 36/37) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha (LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | soldador |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade – Enquadramento por atividade – soldador – nos termos do cód. 2.5.3, do Anexo II, do Dec. 83.080/79. Laudo técnico similar informa ruído de 91,2 a 94 dB para a atividade, o que está acima do limite de 80 dB vigente no período (Dec. 53.831/64). |
Empresa | Navalhas R.B. Ltda. (inativa) |
Período | 02/09/2002 a 20/02/2003 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 12), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 10) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha(LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | soldador (conforme CTPS) |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade. Laudo técnico similar informa ruído de 91,2 a 94 dB para a atividade, o que está acima do limite de 90 dB vigente no período (Dec. 2.172/97). |
Empresa | Navalhas Venturini Ltda. (inativa) |
Período | 21/02/2003 a 07/09/2006 e 01/02/2007 a 07/11/2008 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 13), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 11), PPP’s preenchidos com informações prestadas pelo autor (PROCADM1 – evento 1 1- fl. 54/57) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha (LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | soldador (conforme CTPS) |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade. Laudo técnico similar informa ruído de 91,2 a 94 dB para a atividade, o que está acima dos limites de 90 e 85 dB vigentes no período (Dec. 2.172/97 e Dec. 4.882/03). |
Empresa | Ricardo da Silva (inativa) |
Período | 11/09/2006 a 09/11/2006 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 11), comprovante de baixa da empresa (SITCADCNPJ3 – evento 22 – fl. 13) e PPRA 2013 similar – Navalhas Rocha(LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | soldador (conforme CTPS) |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade. Laudo técnico similar informa ruído de 91,2 a 94 dB para a atividade, o que está acima do limite de 85 dB vigente no período (Dec. 4.882/03). |
Empresa | Navalhas Rocha Ltda. (ativa) |
Período | 04/05/2009 a 02/06/2009 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 14), PPP preenchido com dados fornecidos pelo autor (PPP3 – evento 3 e PPP2 – evento 38) e PPRA 2013 (LAUDO4 – evento 31). |
Cargo/Setor | Gerente / setor produtivo |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade. Laudo técnico informa exposição a fumos metálicos, poeiras e hidrocarbonetos aromáticos no setor produtivo da empresa, o que autoriza o enquadramento pelo cód. 1.2.10, do Anexo I, do Dec. 83.080/79 e cód. 1.0.19, do Anexo IV, Dec. 3.048/99. De ressaltar que a avaliação da nocividade dos hidrocarbonetos aromáticos é qualitativa, já que constam do Anexo 13 da NR-15 do MTE. |
Empresa | Navalhas Golfetto Ltda. (ativa) |
Período | 01/07/2009 a 04/08/2016 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 14), PPP com indicação de responsável técnico (PROCADM1 – evento 11 – fl. 60) |
Cargo/Setor | Soldador / produção - verniz |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade. PPP informa exposição a ruído de 86,1 a 90,1 dB até 26/04/2014, o que autoriza o enquadramento por exposição a ruído superior ao limite de 85 dB vigente no intervalo (Dec. 4.882/30). Além disso, o PPP informa exposição a fumos metálicos e hidrocarbonetos aromáticos no setor produtivo da empresa, o que autoriza o enquadramento pelo cód. 1.2.10, do Anexo I, do Dec. 83.080/79 e cód. 1.0.19, do Anexo IV, Dec. 3.048/99. De ressaltar que a avaliação da nocividade dos hidrocarbonetos aromáticos é qualitativa, já que constam do Anexo 13 da NR-15 do MTE. |
Empresa | C S Navalhas Ltda. (ativa) |
Período | 26/08/2016 a 12/12/2016 |
Provas | Anotações na CTPS (PROCADM1 – evento 11 – fl. 14), PPP com indicação de responsável técnico (PPP5 – evento 31) e LTCAT16 (LAUDO6 – evento 31). |
Cargo/Setor | Soldador / produção – verniz |
Enquadramento | Caracterizada a especialidade. PPP regularmente emitido informa exposição a fumos metálicos, tolueno e outros hidrocarbonetos aromáticos sem uso de EPI máscara e/ou respirador, o que autoriza o enquadramento pelo cód. 1.2.10, do Anexo I, do Dec. 83.080/79 e cód. 1.0.19, do Anexo IV, Dec. 3.048/99. De ressaltar que a avaliação da nocividade dos hidrocarbonetos aromáticos é qualitativa, já que constam do Anexo 13 da NR-15 do MTE. |
Ressalto que os laudos similares juntados pelo INSS (evento 31) não se referem às atividades exercidas pela parte autora.
Frente ao recém evidenciado, reconhecidos como laborados em atividade especial 22 anos, 08 meses e 04 dias.
(...)"
Serviços gerais em indústria calçadista
Em relação ao labor prestado junto a empresas calçadistas, em cargo de denominação genérica, como serviços gerais ou semelhante, impõe-se avaliar se é possível a utilização de laudo pericial por similaridade para aferição das condições ambientais do labor.
Ainda que haja excessiva generalidade da função registrada, a dificultar a delimitação das específicas atribuições do segurado, é fato registrado nos inúmeros laudos de empresas do ramo, que nesse tipo de local de trabalho os operários contratados como serviços gerais desenvolvem atividades inerentes à cadeia produtiva dos calçados, em suas várias etapas industriais, laborando, portanto, em ambiente fabril e, por consequência, expondo-se aos agentes nocivos presentes no setor. Em diversas dessas hipóteses registra-se, inclusive, como fator ínsito à cadeia produtiva de calçados, a exposição a hidrocarbonetos.
Merece relevo, ainda, a circunstância de que grande número de indústrias calçadistas encontra-se atualmente desativada, razão por que a utilização de prova técnica por similaridade representa, em muitos casos, o único meio disponível ao segurado para comprovar a especialidade de suas atividades.
Nesse sentido vêm decidindo as turmas da 3ª Seção (APELREEX n.º 0025291-38.2014.404.9999, 6ª Turma, Relatora Des. Federal Salise Monteiro Sanchotene; APELREEX n.º 5000373-67.2015.4.04.7211, 5ª Turma, Relator Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz; AC n.º 0016220-41.2016.4.04.9999, 6ª Turma, Relator Des. Federal João Batista Pinto Silveira; AC n.º 0008531-43.2016.4.04.9999, 5ª Turma, Relator Juiz Federal Francisco Donizete Gomes; APELREEX n.º 0013644-12.2015.4.04.9999, 5ª Turma, Relator Des. Federal Roger Raupp Rios).
De se registrar que, em que pese a julgadora a quo determinar o reconhecimento da especialidade por categoria profissional, na realidade o enquadramento se dá com base nas provas da exposição do trabalhador da indústria calçadista a agentes nocivos, especificamente hidrocarbonetos.
Por fim, os riscos ocupacionais gerados pela exposição a agentes químicos - tóxicos orgânicos e inorgânicos - , diferentemente do que ocorre com alguns agentes agressivos, como ruído, calor, frio ou eletricidade, não dependem, segundo os normativos aplicáveis, de análise quanto ao grau ou intensidade de exposição no ambiente de trabalho para a configuração da nocividade e reconhecimento da especialidade do labor para fins previdenciários, especificamente quando o contato é MANUAL e não apenas AÉREO.
Impõe-se, assim, reconhecer, no caso, a especialidade do labor prestado no período em que a parte autora laborou junto à empresa calçadista.
Agente Nocivo Ruído
Especificamente quanto ao agente nocivo ruído, o Quadro Anexo do Decreto n. 53.831, de 25-03-1964, o Quadro I do Decreto n. 72.771, de 06-09-1973, o Anexo I do Decreto n. 83.080, de 24-01-1979, o Anexo IV do Decreto n. 2.172, de 05-03-1997, e o Anexo IV do Decreto n. 3.048, de 06-05-1999, alterado pelo Decreto n. 4.882, de 18-11-2003, consideram insalubres as atividades que expõem o segurado a níveis de pressão sonora superiores a 80, 85 e 90 decibéis, respectivamente, de acordo com os Códigos 1.1.6, 1.1.5, 2.0.1 e 2.0.1, nos termos abaixo:
Até 05-03-1997:
1. Anexo do Decreto n. 53.831/64 - Superior a 80 dB;
2. Quadro I do Decreto n. 72.771/73 e Anexo I do Decreto n. 83.080/79 - Superior a 90 dB.
De 06-03-1997 a 06-05-1999:
Anexo IV do Decreto n. 2.172/97 - Superior a 90 dB.
De 07-05-1999 a 18-11-2003:
Anexo IV do Decreto n. 3.048/99, na redação original - Superior a 90 dB.
A partir de 19-11-2003:
Anexo IV do Decreto n. 3.048/1999 com a alteração introduzida pelo Decreto n. 4.882/2003 - Superior a 85 dB.
Embora a redução posterior do nível de ruído admissível como prejudicial à salubridade tecnicamente faça presumir ser ainda mais gravosa a situação prévia (a evolução das máquinas e das condições de labor tendem a melhorar as condições de trabalho), pacificou o egrégio Superior Tribunal de Justiça que devem limitar o reconhecimento da atividade especial os estritos parâmetros legais vigentes em cada época (RESP 1333511 - Min. Castro Meira, e RESP 1381498 - Min. Mauro Campbell).
Revisando jurisprudência desta Corte, providência do Colegiado para a segurança jurídica da final decisão esperada, passa-se a adotar o critério da egrégia Corte Superior, de modo que é tida por especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibeis até a edição do Decreto 2.172/97. Após essa data, o nível de ruído considerado prejudicial é o superior a 90 decibeis. Com a entrada em vigor do Decreto 4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância ao agente físico ruído foi reduzido para 85 decibeis (AgRg no REsp 1367806, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, vu 28-05-2013), desde que aferidos esses níveis de pressão sonora por meio de perícia técnica, trazida aos autos ou noticiada no preenchimento de formulário expedido pelo empregador.
Quanto ao método de aferição do agente nocivo ruído, esta Corte Regional tem posicionamento segundo o qual a utilização de metodologia diversa da prevista na NHO-01 da FUNDACENTRO não inviabiliza o reconhecimento da especialidade, bastando que a exposição esteja embasada em estudo técnico realizado por profissional habilitado para tanto (AC 5015224-47.2015.4.04.7200, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator PAULO AFONSO BRUM VAZ, em 19/09/2019; AC 5001695-25.2019.4.04.7101, SEXTA TURMA, Relator JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, em 06/08/2020; AC 5003527-77.2017.4.04.7129, QUINTA TURMA, Relatora GISELE LEMKE, em 08/07/2020).
Por fim, em relação ao período de 04/05/2009 a 02/06/2009, importante destacar que não se trata de laudo particular elaborado a pedido do autor, mas sim PPRA oriundo da empresa empregadora.
Assim, improcede o recurso do INSS no ponto.
Requisitos para concessão de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição
Até 16 de dezembro de 1998, quando do advento da EC n.º 20/98, a aposentadoria por tempo de serviço disciplinada pelos arts. 52 e 53 da Lei n.º 8.213/91, pressupunha o preenchimento, pelo segurado, do prazo de carência (previsto no art. 142 da referida Lei para os inscritos até 24 de julho de 1991 e previsto no art. 25, II, da referida Lei, para os inscritos posteriormente à referida data) e a comprovação de 25 anos de tempo de serviço para a mulher e de 30 anos para o homem, a fim de ser garantido o direito à aposentadoria proporcional no valor de 70% do salário-de-benefício, acrescido de 6% por ano adicional de tempo de serviço, até o limite de 100% (aposentadoria integral), o que se dá aos 30 anos de serviço para as mulheres e aos 35 para os homens.
Com as alterações introduzidas pela EC n.º 20/98, o benefício passou denominar-se aposentadoria por tempo de contribuição, disciplinado pelo art. 201, §7º, I, da Constituição Federal. A nova regra, entretanto, muito embora tenha extinto a aposentadoria proporcional, manteve os mesmos requisitos anteriormente exigidos à aposentadoria integral, quais sejam, o cumprimento do prazo de carência, naquelas mesmas condições, e a comprovação do tempo de contribuição de 30 anos para mulher e de 35 anos para homem.
Em caráter excepcional, possibilitou-se que o segurado já filiado ao regime geral de previdência social até a data de publicação da Emenda, ainda se aposente proporcionalmente quando, I) contando com 53 anos de idade, se homem, e com 48 anos de idade se mulher - e atendido ao requisito da carência - II) atingir tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) 30 anos, se homem, e de 25 anos, se mulher; e b) e um período adicional de contribuição (pedágio) equivalente a quarenta por cento do tempo que, na data da publicação da Emenda, faltaria para atingir o mínimo de tempo para a aposentadoria proporcional (art. 9º, §1º, da EC n.º 20/98). O valor da aposentadoria proporcional será equivalente a 70% do salário-de-benefício, acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma a que se referem os itens "a" e "b" supra, até o limite de 100%.
De qualquer modo, o disposto no art. 56 do Decreto n.º 3.048/99 (§3º e 4º) expressamente ressalvou, independentemente da data do requerimento do benefício, o direito à aposentadoria pelas condições legalmente previstas à época do cumprimento de todos os requisitos, assegurando sua concessão pela forma mais benéfica, desde a entrada do requerimento.
Forma de cálculo da renda mensal inicial (RMI)
A renda mensal inicial do benefício será calculada de acordo com as regras da legislação infraconstitucional vigente na data em que o segurado completar todos os requisitos do benefício.
Assim, o segurado que completar os requisitos necessários à aposentadoria antes de 29/11/1999 (início da vigência da Lei n.º 9.876/99), terá direito a uma RMI calculada com base na média dos 36 últimos salários-de-contribuição apurados em período não superior a 48 meses (redação original do art. 29 da Lei n.º 8.213/91), não se cogitando da aplicação do "fator previdenciário", conforme expressamente garantido pelo art. 6º da respectiva lei.
Completando o segurado os requisitos da aposentadoria já na vigência da Lei nº 9.876/99 (em vigor desde 29-11-1999), o período básico do cálculo (PBC) estender-se-á por todo o período contributivo, extraindo-se a média aritmética dos 80% maiores salários-de-contribuição, a qual será multiplicada pelo "fator previdenciário" (Lei n.º 8.213/91, art. 29, I e § 7º), observando-se, no entanto, a regra de transição prevista no artigo 3º da Lei n.º 9.876/99.
A partir de 18/06/2015, data do início da vigência da Medida Provisória n.º 676/2015, convertida na Lei n.º 13.183/15, é possível ao segurado optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria. Referida MP introduziu o artigo 29-C na Lei n.º 8.213/91, com a seguinte redação:
Art. 2º A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 29-C - O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:
I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou
II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.
§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade.
§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em:
I - 31 de dezembro de 2018;
II - 31 de dezembro de 2020;
III - 31 de dezembro de 2022;
IV - 31 de dezembro de 2024; e
V - 31 de dezembro de 2026.
§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição.
§ 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo.
Direito à aposentadoria no caso concreto
Mantido o tempo de serviço, fica inalterada a sentença quanto ao preenchimento dos requisitos à aposentadoria por tempo de contribuição, a contar da DER (12/12/2016).
- Correção monetária e juros de mora
A correção monetária das parcelas vencidas dos benefícios previdenciários será calculada conforme a variação dos seguintes índices:
- IGP-DI de 05/96 a 03/2006 (art. 10 da Lei 9.711/98, combinado com o art. 20, §§5º e 6º, da Lei 8.880/94);
- INPC a partir de 04/2006 (art. 41-A da Lei 8.213/91, na redação da Lei 11.430/06, precedida da MP 316, de 11/08/2006, e art. 31 da Lei10.741/03, que determina a aplicação do índice de reajustamento dos benefícios do RGPS às parcelas pagas em atraso).
- INPC ou IPCA em substituição à TR, conforme se tratar, respectivamente, de débito previdenciário ou não, a partir de 30/06/2009, diante da inconstitucionalidade do uso da TR, consoante decidido pelo STF no Tema 810 e pelo STJ no tema 905.
Os juros de mora, por sua vez, devem incidir a partir da citação.
Até 29-06-2009, já tendo havido citação, deve-se adotar a taxa de 1% ao mês a título de juros de mora, conforme o art. 3º do Decreto-Lei n. 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter eminentemente alimentar, consoante firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula 75 desta Corte.
A partir de então, deve haver incidência dos juros, uma única vez, até o efetivo pagamento do débito, segundo percentual aplicado à caderneta de poupança, nos termos estabelecidos no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, na redação da Lei 11.960/2009, considerado, no ponto, constitucional pelo STF no RE 870947, decisão com repercussão geral.
Os juros de mora devem ser calculados sem capitalização, tendo em vista que o dispositivo legal em referência determina que os índices devem ser aplicados "uma única vez" e porque a capitalização, no direito brasileiro, pressupõe expressa autorização legal (STJ, AgRgno AgRg no Ag 1211604/SP).
Por fim, a partir de 09/12/2021, para fins de atualização monetária e juros de mora, deve incidir o artigo 3º da Emenda n. 13, segundo o qual, nas discussões e nas condenações que envolvam a Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, de remuneração do capital e de compensação da mora, inclusive do precatório, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), acumulado mensalmente.
Honorários advocatícios
Mantida a sentença no mérito, não há de se cogitar de condenação da parte autora em pagamento de honorários advocatícios, uma vez que julgados totalmente procedentes seus pedidos.
Em 26/08/2020, foi afetado pelo STJ o Tema 1059, com a seguinte questão submetida a julgamento: "(Im) Possibilidade de majoração, em grau recursal, da verba honorária fixada em primeira instância contra o INSS quando o recurso da entidade previdenciária for provido em parte ou quando o Tribunal nega o recurso do INSS, mas altera de ofício a sentença apenas em relação aos consectários da condenação."
Ciente da existência de determinação de suspensão nacional dos feitos em que se discute essa matéria, e considerando a necessidade de evitar prejuízo à razoável duração do processo, a melhor alternativa, no caso, é diferir, para momento posterior ao julgamento do tema, a decisão sobre a questão infraconstitucional afetada, sem prejuízo do prosseguimento do feito quanto aos demais temas, evitando-se que a controvérsia sobre consectários possa produzir impactos à prestação jurisdicional principal.
Assim, deverá ser observado pelo juízo de origem, oportunamente, o que vier a ser decidido pelo tribunal superior quanto ao ponto.
Tutela específica - implantação do benefício
Considerando a eficácia mandamental dos provimentos fundados nos artigos 497 e 536 do NCPC, quando dirigidos à Administração Pública, e tendo em vista que a presente decisão não está sujeita, em princípio, a recurso com efeito suspensivo, determino o cumprimento do acórdão no tocante à implantação do benefício da parte autora, especialmente diante do seu caráter alimentar e da necessidade de efetivação imediata dos direitos sociais fundamentais.
Resulta, todavia, facultada à parte autora a possibilidade de renúncia à implantação do benefício ora determinada.
Dados para cumprimento: (X) Concessão ( ) Restabelecimento ( ) Revisão | |
NB | 180.437.817-5 |
Espécie | 42 - aposentadoria por tempo de contribuição |
DIB | 12/12/2016 |
DIP | No primeiro dia do mês da implantação do benefício |
DCB | não se aplica |
RMI | a apurar |
Por fim, na hipótese de a parte autora já se encontrar em gozo de benefício previdenciário, deve o INSS implantar o benefício ora deferido apenas se o valor de sua renda mensal atual for superior ao daquele.
Requisite a Secretaria da 6ª Turma, à CEAB-DJ-INSS-SR3, o cumprimento da decisão e a comprovação nos presentes autos, no prazo de 20 (vinte) dias.
Conclusão
Parcialmente provida a apelação do INSS para adequar os critérios de correção monetária e juros de mora. Nos demais pontos, mantida a sentença.
DISPOSITIVO
Ante o exposto, voto por dar parcial provimento à apelação do INSS e determinar a implantação do benefício, via CEAB.
Documento eletrônico assinado por JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA, Desembargadora Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40002941743v13 e do código CRC 45f14a55.Informações adicionais da assinatura:
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Apelação Cível Nº 5004473-44.2019.4.04.7108/RS
RELATORA: Desembargadora Federal TAIS SCHILLING FERRAZ
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
APELADO: ZILMAR GOLFETTO (AUTOR)
ADVOGADO: ANDREIA SARETTO (OAB RS084464)
ADVOGADO: Alcindo Rodrigues (OAB RS086495)
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE NOCIVO RUÍDO. MÉTODO DE AFERIÇÃO. agente nocivo HIDROCARBONETOS. NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CONCESSÃO.
1. O reconhecimento da especialidade e o enquadramento da atividade exercida sob condições nocivas são disciplinados pela lei em vigor à época em que efetivamente exercidos, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador.
2. Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos, admitindo-se qualquer meio de prova (exceto para ruído e calor); a partir de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional, sendo necessária a comprovação da exposição do segurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de então, através de formulário embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica.
3. A exposição a hidrocarbonetos aromáticos e a ruído em níveis superiores aos limites de tolerância vigentes à época da prestação do labor enseja o reconhecimento do tempo de serviço como especial..
4. Tratando-se de agente nocivo ruído, quando não houver indicação da metodologia, ou for utilizada metodologia diversa daquela da FUNDACENTRO, o enquadramento deve ser analisado de acordo com a aferição do ruído que for apresentada no processo. Precedentes desta Corte Regional.
5. Os riscos ocupacionais gerados pela exposição a agentes químicos não dependem, segundo os normativos aplicáveis, de análise quanto ao grau ou intensidade de exposição no ambiente de trabalho para a configuração da nocividade e reconhecimento da especialidade do labor para fins previdenciários.
6. Comprovada a exposição do segurado a agente nocivo, na forma exigida pela legislação previdenciária aplicável à espécie, possível reconhecer-se a especialidade do tempo de labor correspondente.
7. Preenchidos os requisitos legais, tem o segurado direito à obtenção de aposentadoria por tempo de contribuição.
8. O Supremo Tribunal Federal reconheceu no RE 870947, com repercussão geral, a inconstitucionalidade do uso da TR, sem modulação de efeitos.
9. O Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1495146, em precedente também vinculante, e tendo presente a inconstitucionalidade da TR como fator de atualização monetária, distinguiu os créditos de natureza previdenciária, em relação aos quais, com base na legislação anterior, determinou a aplicação do INPC, daqueles de caráter administrativo, para os quais deverá ser utilizado o IPCA-E.
10. Os juros de mora, a contar da citação, devem incidir à taxa de 1% ao mês, até 29/06/2009. A partir de então, incidem uma única vez, até o efetivo pagamento do débito, segundo o percentual aplicado à caderneta de poupança.
11. A partir de 09/12/2021, para fins de atualização monetária e juros de mora, nos termos do art. 3º da EC 113/2021, nas discussões e nas condenações que envolvam a Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, de remuneração do capital e de compensação da mora, inclusive do precatório, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, dar parcial provimento à apelação do INSS e determinar a implantação do benefício, via CEAB, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 16 de fevereiro de 2022.
Documento eletrônico assinado por JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA, Desembargadora Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40002941744v5 e do código CRC 9f92703e.Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA
Data e Hora: 17/2/2022, às 16:12:33
Conferência de autenticidade emitida em 25/02/2022 04:34:00.
EXTRATO DE ATA DA SESSÃO VIRTUAL DE 09/02/2022 A 16/02/2022
Apelação Cível Nº 5004473-44.2019.4.04.7108/RS
RELATOR: Juiz Federal JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA
PRESIDENTE: Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA
PROCURADOR(A): ALEXANDRE AMARAL GAVRONSKI
APELANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
APELADO: ZILMAR GOLFETTO (AUTOR)
ADVOGADO: ANDREIA SARETTO (OAB RS084464)
ADVOGADO: Alcindo Rodrigues (OAB RS086495)
Certifico que este processo foi incluído na Pauta da Sessão Virtual, realizada no período de 09/02/2022, às 00:00, a 16/02/2022, às 14:00, na sequência 641, disponibilizada no DE de 28/01/2022.
Certifico que a 6ª Turma, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, proferiu a seguinte decisão:
A 6ª TURMA DECIDIU, POR UNANIMIDADE, DAR PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO DO INSS E DETERMINAR A IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO, VIA CEAB.
RELATOR DO ACÓRDÃO: Juiz Federal JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA
Votante: Juiz Federal JOSÉ LUIS LUVIZETTO TERRA
Votante: Juiz Federal JULIO GUILHERME BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER
Votante: Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA
LIDICE PEÑA THOMAZ
Secretária
Conferência de autenticidade emitida em 25/02/2022 04:34:00.